quinta-feira, 21 de novembro de 2024

A História de Souleymane (L'histoire de Souleymane) (Souleymane's History)

Como falei no outro longa do Festival Varilux que também trabalhou histórias de refugiados, veremos muitas tramas trabalhando esse mote nos próximos anos, e aqui com o ganhador do prêmio do Júri e também o prêmio de Melhor Ator de Cannes 2024, "A História de Souleymane", mostra de uma forma simples e bem colocada na tela a vida de um jovem que está tentando sobreviver na capital francesa sem documentos, e os vários percalços que tem desde compra de documentos e uma história que acaba não convencendo bem aos agentes, o aluguel de contas de aplicativos para poder trabalhar, e até mesmo a correria para chegar no abrigo e o agendamento do dia seguinte, ou seja, vemos um longa corrido simples, mas ao mesmo tempo duro de sentir toda a presença do protagonista na tela com a desenvoltura encontrada. Ou seja, é um filme que faz você pensar e sentir como o jovem protagonista, longe da família e vivendo conforme a vida toca, e com um final tocante até poderia ter ido mais além, mas como longas franceses gostam de fechamentos abertos, o resultado até funciona.

A sinopse nos conta que recentemente chegado em Paris, Souleymane tenta sobreviver entregando refeições de bicicleta. Ao mesmo tempo, ele prepara uma entrevista determinante para a obtenção do asilo e de documentos para poder trabalhar. Mas ele encontra muitas pedras em seu caminho.

Diria que o diretor Boris Lojkine foi bem direto aonde desejava chegar com sua trama, pois não vemos um filme fluido na tela que você vai curtir e se envolver, mas sim um drama que tem uma pegada marcante com opinião de sofrimento, de alguém que deseja ganhar o seu dinheiro, que tem seus motivos para estar ali, e que precisa de qualquer forma conseguir, aonde o diretor coloca o protagonista sendo alguém cru, disposto a tudo, com olhares incisivos e com muita fé de que vai conseguir fazer o que precisa. Claro é um filme grande que dava para ser um pouco aparado, mas não para ficar com uma duração menor, mas sim com talvez um algo a mais, de mostrar se ele conseguiu ou não os documentos, o que fez depois dali, e isso não ocorre. Ou seja, é o famoso amplo que fica curto, e assim agrada com personalidade e dimensão.

Quanto das atuações, o filme é de Abou Sangare com seu Souleymane Sangaré, de modo que todo o restante é mero enfeite cênico para que o jovem se desenvolva na tela, e assim sendo ele trabalhou trejeitos fortes, conseguindo ter carisma e presença na mesma proporção, sabendo como se portar para que o filme chamasse a atenção e não ficasse solto na tela, ou seja, é um ator que certamente terá futuro, já começando com o pé direito no alto levando melhor ator em Cannes. Quanto aos demais, vale rápidos destaques para Nina Meurisse com sua agente da OFPRA, bem direta com o protagonista falando para ele parar de inventar a mesma história que ouviu já dezenas de vezes, e até o diretor faz uma rápida aparição como o dono do restaurante que briga com o protagonista, ou seja, quis fazer sua ponta.

Visualmente a trama tem uma pegada bem dinâmica pelas ruas de Paris, mostrando muitos atos dentro de trens, ônibus, muitas andanças de bicicleta com o protagonista, e também levando o filme para dentro dos abrigos, aonde refugiados recebem alimentação, tem suas camas para dormir e banhos tudo feito por agendamento de uma forma bem bacana de ser mostrada, sendo uma trama aonde o visual em si é dinâmico, então temos como objeto cênico mais a bicicleta do protagonista do que todo o restante.

Enfim, é um filme simples, porém muito bem feito, com uma sensibilidade bem direcionada e envolvente, aonde praticamente vivenciamos os dias mostrados do protagonista acompanhando ele em uma batalha pelo tempo e pelas dificuldades que acaba sofrendo, de modo que funciona, e agrada bastante, valendo a indicação para quem for conferir ele. E assim acabo no último dia do Festival Varilux minha saga completa de 18 filmes (não conferi apenas o clássico e o documentário como sempre costumo pular eles), e agora voltar para os filmes dos streamings, embora ainda esteja rolando Festival Italiano também, mas vamos oscilando com calma, então fiquem com meus abraços e até amanhã com mais textos.


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