Netflix - Durante a Tormenta (Durante la tormenta) (Mirage)

3/26/2019 01:07:00 AM |

Como ser surpreendido por uma novelona espanhola (que é igualzinha as mexicanas) que mistura o estilo de "Efeito Borboleta" com uma pegada mais cheia de reviravoltas possíveis, aonde a surpresa é a virada total nos últimos atos, que chega até a arrepiar?? A resposta está prontinha para quem conferir o longa da Netflix, "Durante a Tormenta", que acaba demorando um pouco para que tudo aconteça e se desenvolva com precisão cirúrgica, mas quando resolve explodir meus amigos!!!! Diria que o longa espanhol até poderia ser mais curto, para que as situações se resolvessem mais rapidamente, mas com toda a síntese sendo pensada ao final, reflito que o longa teve o tempo correto de desenvolvimento, e que com muita sabedoria acaba nos pegando pela amarração completa de cada ponto mostrado. Ou seja, é um filme que pode cansar muitos, que alguns acabarão nem vendo o final explosivo e como consequência irão reclamar de tudo, mas confesso que tudo é tão forte na essência final, que quem suportar esperar, terá grandiosas surpresas e certamente irá ficar muito feliz com tudo.

O longa nos mostra que uma inusitada interferência entre duas épocas diferentes faz com que Vera, uma mulher casada e feliz, salve a vida de um menino que morou em sua casa há 25 anos. O ato de bondade distorce a realidade e Vera acorda em uma realidade totalmente diferente, onde sua filha nunca nasceu e ela nunca conheceu seu marido.

Chega a ser tão preciso o trabalho do diretor Oriol Paulo, que não mesmo nos enrolando por demais com tantos personagens, tantas subtramas, e até encaixes completamente desnecessários, o que torna o longa uma novela imensa dentro de duas horas, ele reverte tudo tão bem nos últimos minutos da produção, que acaba demonstrando um roteiro tão cheio de vértices, que ele até poderia ter quebrado a história pela metade e encontrado outros motes, mas não, o filme se encaixa bem na proposta, e o resultado do trabalho dele acaba ficando incrível de ver. Claro que a soma do bom roteiro, que copia muitas coisas de outros filmes, e enrosca a temática para criar algo maior do que caberia, com uma direção esperta em não entregar de cara muita coisa simples de acontecer para que no final tudo fosse revelado arrepiando o público com os encaixes, deu um ar maior do que o filme teria se visto de outra forma, ou quem sabe uma segunda vez, mas sem dúvida, o trabalho de Oriol foi ser preciso em não deixar a trama correr, pois esse é o fator que queima um filme desse estilo, e sendo assim, o acerto claro ficou a cargo do ritmo imposto, pois mesmo parecendo ser alongado e lento no começo, o filme vai sendo incrementado, e resulta em algo perfeito ao final.

Quanto das interpretações, posso dizer com toda certeza que Adriana Ugarte ralou e muito no longa com sua Vera, pois aparece em quase 90% do filme, e teve um roteiro para interpretar com tantos entremeios, tantas idas e vindas confusas, uma mistura completa de situações que como conseguiu fazer tudo tão bem feito, mereceu o destaque de protagonista, e deu show na tela com trejeitos corretos, emoções contidas e expostas de forma coerente, e acertou em não ficar para o lado nos momentos fortes. Chino Darín vem mostrando serviço a cada novo longa, e com uma desenvoltura bem pautada consegue chamar a atenção para si, de modo que seu Leiria é subjetivo na maior parte do filme, consegue ser imponente em detalhes, e no momento mais propício da trama faz por merecer os bons diálogos que lhe foram entregues, pois impõe precisão no depoimento, impõe precisão na forma de explanar sua opinião conclusiva do caso, e surpreende com trejeitos na medida, que certamente lhe colocará imensas comparações com seu pai, que embora tenha feito um filme bem fraco ultimamente, sempre será um dos melhores atores do mundo. Álvaro Morte é muito conhecido dos fãs da série "La Casa de Papel", e aqui muitos até esperavam um protagonismo maior de sua parte para com seu David, mas o que foi visto foi expressões forçadas quase virando caretas, e pouca atitude para uma desenvoltura melhor do personagem, de modo que não aparenta fluir muito os momentos, nem chamar atenção como poderia, ou seja, ficou bem escondido em todas as cenas que aparecia. Javier Gutiérrez teve cenas bem fortes para entregar com seu Ángel Prieto, e o ator foi coerente com cada uma delas, trabalhando bem a força dos atos, e criando trejeitos bem simpáticos como se fosse 100% inocente em todos os momentos, o que dá raiva por um lado, mas mostra que o ator foi preciso no que precisava. Quanto aos demais, a maioria aparece pouco e não tem grandiosos destaques, e mesmo o garotinho Julio Bohigas sendo semi-protagonista em muitas cenas com seu Nico, ele apenas fez caras e bocas se surpreendendo com a TV falando com ele, e não colocando muitos momentos para desenvolver ele, a equipe raspou de errar feio com o longa inteiro, mas a cena de aceleração de tempo foi tão bem precisa, que o show ali usando vários atores acabou agradando demais.

No conceito artístico a trama brincou bem com o visual dos anos 80/90 (que anda tanto em moda nos filmes), trabalhando bem a cenografia como a TV, a câmera, os carros, objetos das casas e tudo mais, bem como ao colocar o longa nos anos atuais, foram sutis nas mudanças não insultando o cérebro do público, mostrando que muitos lugares se mantiveram da mesma forma, mas outros deram designs mais trabalhados (uma boa comparação ficou a cargo do ultrassom que é mostrado nas duas épocas e mostram completamente a evolução do aparelho!), além disso, o filme brincou muito com o ar do toque para mudar as lembranças da protagonista, e com acelerações bem encaixadas, a equipe de arte teve de compor diversas subcenas para serem mostradas ali, o que deu um ar bacana para o filme, mas certamente custou muito do orçamento para ter tantas cenas extras a disposição dos editores. Ou seja, o filme teve uma produção grandiosa, com um orçamento baixo, e isso mostrou o grande trabalho técnico para que o filme ficasse convincente, mesmo com raios e trovões digamos estranhos.

Enfim, um longa que até a metade estava pronto para tacar todas as pedras pela enrolação aparente, mas que com a grandiosa virada no final (tá, eu esperava um pouco pelos protagonistas!) acabou mudando tanto minha opinião sobre ele, aceitando que tudo o que foi mostrado era completamente necessário, que posso dizer que ele se encaixa entre os melhores filmes da Netflix que vi até hoje, e sendo assim, quem for assinante do streaming fica a grande dica, pois se você gosta de longas com reviravoltas empolgantes, esse é um exemplo claro que vai animar seu dia. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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