Netflix - Paddleton

2/26/2019 12:36:00 AM |

Já tivemos muitos filmes que falam da famosa eutanásia, do relacionamento entre amigos, e as vezes até de desventuras envolvendo as duas situações, mas quando um diretor ou roteirista resolve que não quer engrenar, não tem solução, e ficamos durante toda a exibição do filme pensando em mudar de canal, sair da sala, ou qualquer outra coisa do tipo, mas como somos persistentes, ficamos até o final, esperando alguma leve melhora, o que não acabou acontecendo com o longa "Paddleton" da Netflix. Como todos bem sabem, costumo ir diretão, não parar um filme para nada, e tentar me concentrar ao máximo no que é exibido, seja no cinema, ou agora na TV com os filmes do streaming que ando conferindo, mas com esse não tive solução senão parar pelo menos três vezes para pensar se seguia até o final ou não, e a trama vai relutando na situação, os personagens falam em tons pacatos, e nem mesmo o conflito entre eles por seu filme de kung-fu predileto com outras pessoas conseguiu empolgar, ou seja, extremamente cansativo e indigerível.

O longa nos conta que Michael e Andy são dois homens peculiares que formam uma amizade inusitada ao se tornarem vizinhos. Quando Michael descobre que tem câncer terminal e pede a Andy para ajudá-lo a morrer antes que a doença o mate, sua amizade toma uma profundidade que eles nunca imaginaram.

Não sei até que ponto a história pode ter sido baseada em algo real para ser criada pelo ator Mark Duplass, mas faltou tanto atitude no texto, quanto na forma que Alex Lehmann escolheu para desenvolver a trama, de modo que o filme com apenas 92 minutos parece ter umas 5 horas de duração, e ainda assim o resultado não flui. Claro que a trama possui bons lemas como amizade, companheirismo, o temor em falar com pessoas, entre outros, mas tudo soou pacato demais, e nem os atores aparentaram muita vontade para entregar o que tinham para entregar, e dessa forma, ficou parecendo que não tinham um ponto mais forte em comum, e nem a eutanásia acabou sendo colocada como algo de impacto no longa, fazendo com que o filme falhasse por completo.

Quanto das atuações, já vi atores engajados em projetos, e também outros que nem ligam para o que estão apresentando, e certamente ambos os protagonistas do longa se encaixam nesse segundo grupo, pois não se vê um enfoque maior na trama, e mesmo o filme não exigindo muito deles, ambos soam fracos no decorrer, acabando mais por cansar no seu estilo do que fazendo trejeitos chamativos para os momentos. Claro que não posso culpá-los pelo fracasso do filme, mas Mark Duplass sendo um dos roteiristas da trama, poderia ter dado uma vivência mais coerente para seu Michael, de modo que o desespero da doença, juntamente com o anseio pela morte iminente fosse mais trabalhado, e não apenas alguém que está ali para o acontecimento, ou seja, ele ficou entregue demais para os diálogos, e esqueceu que um filme se faz com olhares, com sentimentos, e tudo mais, para que tudo fluísse. Ray Romano possui uma voz muito marcante, tanto que é dublador de grandes animações, mas aqui ele ficou tão introspectivo com seu Andy, que ficamos pensando qual síntese do personagem lhe foi entregue, parecendo realmente que ele é quem tinha algum problema, e não o vizinho que deseja se matar, e nessa condição o ator ficou muito abaixo de qualquer expectativa, não fluindo, e muito menos empolgando com nada, ou seja, raspou sumir dentro de um personagem exageradamente tímido. Quanto aos demais, melhor nem comentar, pois foram mais enfeites do que serviram para algo.

A desenvoltura cênica ficou bem bacana quando foram para uma cidadela turística buscar o kit de remédios para o protagonista se matar, e ali, com momentos no hotel temático, na farmácia explicativa, no momento de briga pelo cofre, e até mesmo quando estão jogando seu jogo de raquetes, ou comendo alimentos requentados enquanto montam quebra-cabeças vendo um filme antigo de kung-fu, a trama teve uma amplitude bem colocada, mas vemos esses diversos objetos cênicos e não chegamos a lugar algum com nada, o que é uma pena.

Enfim, dessa vez o algoritmo de recomendação da Netflix não foi bem encaixado, me colocando um filme bem fraco, e que não conseguiu abranger nada de envolvente na trama para tentar divertir, nem emocionar como poderia (e costuma ocorrer em filmes desse estilo), de forma que não tenho nem como recomendar nada dele para ninguém, pois mesmo as cenas bem feitinhas acabam cansando. Ou seja, esse com certeza a dica é fugir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Morte Te Dá Parabéns 2 (Happy Death Day 2U)

2/23/2019 01:51:00 PM |

Hoje fui realmente surpreendido positivamente, pois pelo trailer estava esperando a repetição completa do primeiro filme, com algumas leves mudanças, mas olha o diretor de "A Morte Te Dá Parabéns 2" conseguiu encontrar na ficção e na Física Quântica, uma brincadeira genial para envolver o público praticamente na mesma história, porém envolvendo diversas vertentes geniais, que acabam nos prendendo em um ciclo bem moldado que nos remete a diversos outros longas clássicos, como "Efeito Borboleta", "De Volta Para o Futuro", e até brinca com multiversos como o atual "Homem-Aranha no Aranhaverso", ou seja, os fãs nerds irão pirar com a trama, enquanto os que forem esperando um terror como era a ideia principal, certamente irão ficar bem tristes, pois somente a essência de um assassino e as diversas mortes (que são insanas) remetem ao gênero, mas a priori, a trama mexe mais com ficção e até pitadas romantizadas. Ou seja, temos um filme completamente diferente do original, mesmo tendo praticamente as mesmas cenas, e que com uma excelente dinâmica acaba envolvendo, divertindo e até ousando dentro do que se propõe, sendo uma grata surpresa para até darem uma continuação mais ficcional ainda.

A trama nos conta que Depois de morrer diversas vezes para quebrar o feitiço temporal que a mantinha presa no dia de seu aniversário, Tree Gelbman olha para o futuro, tentando escrever uma nova história ao lado de Carter. No entanto, quando um experimento científico dá errado, a jovem é forçada a retornar ao fluxo de repetição e, desta vez, morrer não será o bastante para escapar.

Se no primeiro filme Christopher Landon foi mais cauteloso na direção, remetendo ao filme "Um Feitiço no Tempo", agora ele se propôs completamente à ir com vértices mais ousados, pois a ideia de mexer com ciclos físicos, e brincar com o espaço-tempo não é algo que poderia se tornar imensamente confuso, e resultar numa trama bem bagunçada, aonde nada funcionaria e só teriam reclamações, mas não, o acerto técnico da ideia foi incrível, e a cada maluquice que os personagens se envolviam, ficávamos mais intrigados torcendo para tudo, e claro, de olho em possíveis furos, pois esse estilo é o que mais dá brecha para isso, mas felizmente não tiveram tantos. Ou seja, embora tenha saído completamente da essência de um terror, e até da proposta principal, o longa complementa o primeiro, e ainda projeta a franquia para algo bem mais trabalhado.


É engraçado que a história teve um incremento bem pautado, porém os personagens ainda continuaram levemente perdidos em fazer as mesmas cenas diversas vezes, mudando um ou outro ponto. E dessa forma o resultado nesse quesito soa um pouco esquisito de ver. Claro que Jessica Rothe trabalhou bem sua Tree, fazendo expressões marcantes a cada morte sua, encontrando facetas para explorar os atos, e envolvendo com personalidade os seus momentos, mas como aqui ela dependia um pouco mais dos outros, ela não teve nenhum ápice mais formatado, e assim sendo, o resultado ficou um pouco abaixo do que poderia ter entregue. Phi Vu aparentemente parecia inicialmente ser meio jogado de lado, e que mesmo o filme focando nele não iria empolgar, nem engrenar, mas assim que o longa volta para Tree como protagonista, o ator conseguiu desenvolver a personalidade nerd com bom tino, fazendo bons encaixes, e acaba agradando dentro do contexto que foi colocado com seu Ryan. Dentre os demais, todos apareceram bem, se encaixando nas cenas, alguns um pouco mais, outros menos, mas sem muito destaque, de modo que até temos Israel Broussard como o par romântico Carter vindo de uma forma mais diferenciada na outra dimensão, temos Suraj Sharma como Samar, outro mais nerd ainda, e até uma versão feminina nesse mundo também, com Sarah Yarkin bem colocada com Dre. Ainda tivemos Rachell Mathews com sua  Danielle agora completamente diferente da irritante do primeiro filme, e até Ruby Modine com sua Lori em outra pegada, o que acabou chamando um pouco a atenção pelo estilo escolhido. Agora Steve Zissis como Reitor Bronson soou um pouco exagerado demais, mas ainda assim agradou nas cenas mais divertidas.

No conceito artístico, o longa foi bem moldado agora para um lado mais cheio de desenvolturas técnicas, brincando diversas vezes com a volta no dia anterior, cada uma com uma morte mais diferente ainda, o que acaba sendo divertido de acompanhar e rico em detalhes para um longa mais estiloso, além claro de muitos efeitos especiais, já que agora colocando física quântica no meio, precisaram da Sissy, um aparelho simples estudantil, mas cheio de aparatos, que acabou chamando a atenção de um órgão do governo na cena no meio dos créditos, ou seja, a equipe precisou de muita pesquisa, e acabou entregando algo bem feito.

Enfim, é claro que temos um filme que possui diversos defeitinhos, mas que o resultado final acaba soando tão interessante, divertido e bem pontuado, que mudou completamente a minha opinião do que estava esperando dessa continuação, e dessa forma com toda certeza recomendo ele para todos, pois funcionou muito bem no que se propôs, saindo bastante do terror que muitos esperavam, mas ainda assim ficou extremamente bem feito e interessante de ser conferido. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já encerrando a semana nos cinemas, mas volto em breve com alguns filmes do streaming. Então abraços e até logo mais.

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Assunto De Família (Manbiki kazoku) (Shoplifters)

2/22/2019 02:08:00 AM |

É bem raro aparecer pelo interior longas japoneses, tirando claro os mangás e terrores clássicos, e quando costuma vir, geralmente vemos dramas bem secos, sem muita força, que sempre puxando para um ar bem clássico acaba não sendo envolvente como poderia, e indo para um ritmo calmo demais acaba mais cansando do que agradando. Mas como bem sabemos, sempre existem exceções, e "Assunto de Família" é uma das mais belas exceções que o cinema japonês já nos entregou, pois é um longa com uma proposta séria, forte e bem imposta, mas que possui uma essência doce e emocionante, que acaba sendo desenvolvida num ritmo tão coeso, que mesmo sendo quase algo de âmbito casual (que esse Coelho sempre reclama!), o resultado nos comove e ficamos torcendo para ter mais momentos belos continuando tudo o que vai sendo entregue. E sendo assim, fica fácil entender o motivo do longa ter levado a Palma de Ouro em Cannes, pois a simplicidade aliada à boa técnica, trabalhando dramaticidade em síntese bem colocada, acaba nos permitindo uma obra gostosa de ver, e que causa atitudes para vermos o quão bela pode ser uma família bagunçada. Ou seja, um filme que norteia muita beleza na essência e nas situações, e que até poderia ser mais forte, mas ao escolher a simplicidade ao invés da ousadia, o diretor acaba atingindo mais o coração do que a mente do público, e isso é algo que anda funcionando muito ultimamente.

A trama nos conta que depois de uma de suas sessões de furtos, Osamu e seu filho se deparam com uma garotinha. A princípio eles relutam em abrigar a menina, mas a esposa de Osamu concorda em cuidar dela depois de saber dos abusos que ela sofre de seus pais. Embora a família seja pobre e mal ganhem dinheiro dos pequenos crimes que cometem, eles parecem viver felizes juntos até que um incidente revela segredos escondidos, testando os laços que os unem.

Como disso no começo, é raro aparecer algo do Japão por aqui nos cinemas, mas por mais incrível que pareça, um dos poucos filmes que vieram para cá também foi do diretor e roteirista Hirokazu Koreeda, que maravilhosamente já trabalhava bem com ideias familiares lá em 2014, com "Pais e Filhos", e aqui ele conseguiu ser singelo no formato, entregou com coesão cada momento, e principalmente, soube envolver o público com praticamente seis pessoas completamente diferentes que se envolvem harmonicamente em um cubículo que chamam de lar, e brincando com ares bem determinados, ele acaba nos comovendo com cada ato, apontando diretamente onde saberia que veríamos algo além. Ou seja, seu longa poderia ser incrivelmente duro, tratando de uma formação familiar completamente incorreta, com abusos formais de integridade, mas que com muita sabedoria tratou tudo de uma forma doce, e gostosa de ver, acertando na medida com cada expressividade, e principalmente nas escolhas dos ângulos para não ficar comum.

Falar dos atores aqui é soar repetitivo, pois todos sem exceção entregaram ótimos trejeitos, trabalharam suas virtudes, e foram condizentes com cada momento para que o filme tivesse uma ótima essência visual, e com isso, desde Lily Franky com seu Osamu trambiqueiro, mas que não esconde suas virtudes como pai de família, Sakura Andô como Nobuyo, uma mulher amável, cheia de sonhos, mas que não pode ir muito além, Kirin Kiki como Hatsue, uma doce senhora, mas que esconde muitas coisas de todos, e vive bem com todos, Mayu Matsuoka como Aki, que também tem seus mistérios, mas como toda jovem sonha com um grande amor, até chegarmos nos jovens Jyo Kairi como Shota e Miyu Sasaki como Yuri, que foram tão graciosos nos seus atos, que quando fazem seus gestuais para roubarem conseguem nos comover com muita graciosidade, o que é incrível de ver. Diria que ao surgirem todos os policiais, agentes de infância e tudo mais na última parte do longa, o filme acabou ficando com um tom completamente diferente, mudando até mesmo os trejeitos dos artistas, mas ainda assim vemos nos olhares dos protagonistas que todos fizeram um longa feliz e dispostos para tudo o que o diretor propusesse.

Embora não seja um longa muito complexo de cenários, a cenografia foi bem recheada de detalhes, entregando diversos elementos cênicos para cada ato ser bem representativo, trabalhando bem as cenas nos mercados e lojinhas para os furtos, mostrando a convivência da família toda dentro de um cômodo só, e tendo claro alguns pontos fora do eixo para mostrar a vida extra-familiar de cada elemento, como o trabalho do marido, as visitas da idosa ao banco e à outra família, a jovem que frequenta o prostíbulo, a mulher na fábrica quase falida, e claro as crianças caçando cigarras, ou seja, a equipe artística foi bem coesa em cada cena, mostrando detalhes para funcionar realmente, não exagerando, e nem soando simples, deixando que a essência funcionasse realmente.

Enfim, sabia que veria um bom filme, por ter ganho Cannes, por estar indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, por ter concorrido à vários outros prêmios e tudo mais, só não lembrava do filme ser desse bom diretor que já tinha gostado no passado (e que agora ficarei bem ligado nos seus lançamentos!), e que conseguiria novamente passar uma linda mensagem familiar, que mesmo tendo seus dramas, problemas e tudo mais, consegue nos comover com sensibilidade e boa interação entre todos os personagens. E sendo assim, recomendo com toda certeza o longa para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Sai De Baixo - O Filme

2/21/2019 01:21:00 AM |

Não sou muito bom de memória, mas acho que não fiquei um Domingo sequer sem conferir o programa "Sai De Baixo" quando passava na TV, e mesmo nos episódios mais fracos, sempre ria de alguma bobeira que acontecia, de algum erro técnico, ou até mesmo dos famosos bordões colocados somente para a platéia do teatro falar junto com os grandes atores da época, e claro, os diversos convidados da esquete, que embora forçasse bem a barra para o riso (algumas vezes até com o ator parando a cena para esperar o público rir), sempre conseguia nos deixar felizes para encerrar o domingão e ir dormir pronto para a segundona brava. Pois bem, passados muitos anos desde o último episódio do seriado original (praticamente 17 anos, já que o último episódio foi ao ar em 2002, se não contarmos os especiais feitos em 2013!), resolveram que seria uma boa ideia criar um longa em cima da história, e acabaram criando um episódio alongado de 83 minutos apenas, aonde infelizmente não conseguiram manter o tino divertidíssimo que a série tinha, e o resultado praticamente vira uma tragédia de falhas técnicas, de quebras de roteiro, de falta de comicidade, e tudo mais, que até poderia ser relevado se pensássemos o quanto isso ocorria naquela época, mas lá ao menos os erros funcionavam para a esquete ficar boa com os improvisos, aqui a equipe não soube empurrar para frente, e o longa acaba soando falhado. Ou seja, não diria que foi algo completamente sem graça, pois ri muito com diversas piadas bem colocadas, espalhadas pelo filme inteiro, mas como cinema não tem como ser conivente com o desastre entregue, e sendo assim, confesso que poderiam ter caprichado melhor a mão em tudo, e talvez uma direção mais eficiente melhorasse a ideia para que os veteranos do humor não precisassem se esforçar tanto para entregar algo bagunçado como foi o caso aqui.

A sinopse nos conta que depois de uma longa temporada na prisão, Caco Antibes volta ao Largo do Arouche para descobrir que todos estão mais falidos do que nunca. A família foi despejada do apartamento e, como se não bastasse, está morando de favor com o porteiro Ribamar. Como algumas coisas nunca mudam, não demorou muito até Caco meter a família inteira em uma nova roubada. Ao lado de Magda, Ribamar, Vavá, Cassandra e Cibalena, o trambique dessa vez será a nível internacional e ninguém vai querer ficar de fora desse esquema.

Se você pegar a lista dos grandes diretores que trabalharam no seriado semanal, verá que qualquer um certamente que pegasse a obra escrita novamente por Miguel Falabella conseguiria entregar algo divertido e bem coerente, mas aqui a direção de Cris D'Amato foi algo completamente fora de eixo, jogada no meio do caminho entre coisas teatrais e tentativas de se fazer cinema, aonde cada ato parecia não estar encaixado com o outro, tendo apenas um mote de fundo que era a fuga do elenco com joias roubadas por um trambique político, ou seja, tentaram também dar uma atualizada no contexto do país, mas ainda assim o resultado não foi para lado algum. Ou seja, pode ser que tentaram trabalhar demais a esquete para que ela saindo do teatro funcionasse também como um filme, mas ao não acertar o eixo e colocar uma direção mais efetiva para que tudo o que víamos funcionando lá no passado (mesmo com falhas, pois o engraçado mesmo era ver os erros de gravação!) fosse agradável e condizente aqui, o longa acabou marcado por divertidas esquetes jogadas no vento, como se um show de stand-up fosse apresentado por alguém que nunca fez isso antes, e sendo assim, infelizmente o resultado não empolgou em momento algum, deixando o público calmo demais para uma comédia.

Quanto das atuações, podemos dizer que todos pelo menos se esforçaram para fazer seus trejeitos clássicos, mas que mesmo assim não acertaram o ritmo que faziam para divertir o público, de modo que temos o trambiqueiro Caco Antibes bem vivido por Miguel Falabella, mas se antes seu escracho era condizente, agora em um mundo completamente voltado para o politicamente correto, suas piadas não puderam ser mais tão pesadas, e com isso, o resultado soa fraco tanto para o personagem, quanto para o ator, pois ele usava demais esse estilo sujo. Marisa Orth parece que não envelheceu uma ruga, de modo que sua Magda ainda está com o tradicional corpão que exibia no programa, mas também se segurou com as piadas, de modo que mesmo fazendo suas burrices tradicionais, ainda mostrou-se esperta em diversas situações, dando uma "empolerada" como veio a dizer já no trailer, ou seja, fez bem seu papel, mas não empolgou como poderia. Tom Cavalcante como bem sabe fazer por ser humorista, usou das tradicionais câmeras duplas para brincar com mais de um personagem em cena, fazendo seu Ribamar e Dona Jaula, cada um forçando mais, entregando boas piadas, mas voltando no politicamente correto, ele não pode exagerar no seu improviso tradicional, nas suas jogadas como tradicionalmente faz de estar muito bêbado, e assim sendo, o resultado do ator pareceu meio desanimado com tudo. Lúcio Mauro Filho fez da mesma jogada de Tom, e com dois papeis acabou nem sendo uma vilã imponente com sua trambiqueira Angelita (apenas servindo para a brincadeira com o sobrenome Rollas), nem um criminoso monstruoso e vingativo como poderia ser com seu Banqueta, de modo que como casualmente faz com trejeitos para todos os lados, resultou simples demais em tudo. Do elenco original, Aracy Balabanian e Luis Gustavo estão bem velhinhos, e praticamente nem apareceram em cena, com Cassandra ainda tendo três ou quatro cenas para ter algum destaque bem colocado, mas Vavá só fez a participação mesmo no final. Dentre os demais, tanto Cacau Protásio quanto Katiúscia Canoro apenas foram desenvolvidas como pano de fundo para as confusões de Ribamar com seus diversos casos conjugais com empregadas, de modo que suas Cibalena e Sunday não chegaram nem perto do sucesso e estilo de Claudia Gimenez e Márcia Cabrita fizeram no passado, e quanto aos outros, melhor nem falar.

No conceito visual, a trama brincou bem com a ideia da perda do apartamento, e o uso do quartinho de porteiro, para dar o famoso ar pobre para Caco tanto reclamar, trabalharam bem as sacadas com apetrechos de ricos, deram uma leve jogada com as piadas de política no país (sem forçar muito), mas praticamente todo o longa se passa num hotel e no ônibus exageradamente rosa, com malas rosas, pessoas vestidas de rosa, que com toda certeza fez o diretor de fotografia usar óculos escuros para tanto reflexo na câmera, além de não abusarem cenograficamente de quase nada, o que é uma pena, pois como estávamos acostumados com um ambiente só na série, aqui com algo quase como um road-movie, o resultado não foi entregue para lado nenhum, e nem empolgou como poderia, pois não usaram os elementos simples colocados à disposição. E falando em diretor de fotografia, alguns podem até não notar, mas em muitas cenas, acabaram movimentando a câmera sem necessidade, quase como algo caindo desastrosamente, e isso embora possa funcionar como um erro cênico charmoso para o filme, nos momentos em que ocorre acaba sendo algo mais como falha técnica do que algo pensado realmente, e isso não é legal de ver numa obra cara como é o caso aqui.

Enfim, é um filme que certamente irá fazer uma boa bilheteria pelas pessoas irem pensando na saudosa diversão que o programa lhes causava, aonde todos riam muito, no dia seguinte comentavam entre os grupos, e que sempre torcíamos por reprises dos episódios, numa época aonde a internet não dominava, mas que infelizmente não posso recomendar como filme, pois não tem uma conexão bem moldada, não apresenta uma situação formada, sendo somente esquetes em movimento, que saem completamente fora do eixo divertido que o programa tanto fez. Não digo que seja o pior filme que já vi, pois como vejo tudo o que é lançado, acabo vendo altas bombas, mas aqui a expectativa era bem melhor já que tinha uma memória afetiva muito boa do programa, e apenas fazendo rir praticamente em meia dúzia de cenas, o resultado não empolga nem funciona. Bem é isso pessoal, fico por aqui agradecendo o pessoal da Difusora FM 97,1 MHz pela ótima pré-estreia, que levou muitos ouvintes para conferir a trama, e volto em breve com mais textos, então abraços e até breve.

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A Pedra da Serpente

2/19/2019 12:43:00 AM |

É engraçado como algumas produções nacionais surgem do nada com umas propostas que você para e pensa: "é impossível alguém pensar nisso" ou ainda "não tem como uma cidade dessa ter dessas coisas", principalmente por ter ido muito na infância passar as férias nessa praia, mas dando uma leve pesquisada ao chegar em casa, realmente Peruíbe é a capital nacional dos discos voadores, com diversos casos de abdução, ou seja, fizeram uma pesquisa maior que a minha e criaram um longa mostrando um caso bem maluco, mas que moldado da forma que foi acaba até sendo bem interessante e possível de se imaginar. Até aí tudo bem, termos uma boa pesquisa, e criado uma possibilidade de argumento forte para um filme, mas aí é que entra o maior problema de "A Pedra da Serpente": o amadorismo no estilo, que fez um longa curto de apenas 75 minutos, mas que contém uma abertura, diversas vezes a mesma cena apresentada, e ainda por ser capitular, entregou praticamente a mesma história vista de alguns ângulos diferentes, e sem criar muitas perspectivas para avançar, a simplicidade acabou deixando o filme raso demais, pois merecia algo muito mais elaborado com tudo o que poderia entregar. Ou seja, não digo que seja algo ruim, muito pelo contrário, das ficções que apareceram no Projeta às Sete do Cinemark, com toda certeza essa foi a que mais entreteve esse Coelho, e se pensarem em trabalhar mais a ideia do filme, certamente podem entregar em breve algo digno de assombrar as mentes de um grandioso público, pois a ideia, volto a frisar, é muito boa!

O longa nos mostra que após ter perdido um bebê nos últimos meses de gestação, Joana tira alguns dias de férias em Peruíbe, uma pequena cidade litorânea conhecida por aparições de discos voadores. Depois de uma noite de sexo casual com um desconhecido, um homem some na cidade. Joana inicia uma estranha relação com Maria, a esposa do homem desaparecido, e se vê envolvida em uma trama sobre uma abdução alienígena.

Em seu trabalho de estreia em longas-metragens, o diretor, roteirista, produtor e editor do longa, Fernando Sanches, foi muito coerente no que desejava mostrar, trabalhando tanto na ideia da culpa ser omissa quando algo não é o problema principal, quanto para mostrar vários casos alienígenas na cidade de Peruíbe, brincando com a ideia sem precisar forçar em nada, deixando que o molde capitular se fizesse sozinho pelas essências tratadas. E dessa forma ele foi bem coerente em não querer que o filme fosse alongado, tivesse subtramas, ou saísse dum único plano gerencial, tanto que algumas cenas colocadas no filme nem seriam necessárias (como a da reunião com os clientes da agência e/ou as que aparecem a dona da agência), pois ficaram mais jogadas para mostrar uma amizade que não caberia na trama principal, servindo apenas para o filme sair de um média-metragem para um longa, mas isso não é o principal erro, como disse, o fator dele se limitar a um único caso e arredondar tudo em cima dele, o filme ficou simples demais, e sendo assim o diretor não explorou nem metade do que a trama em si poderia fluir. Ou seja, para um primeiro trabalho, podemos dizer que ele alcançou o que desejava, pois conseguiu uma distribuição nacional de seu longa, e todos os louros possíveis com uma bilheteria maior, mas certamente se pudesse dar uma dica, seria ele desenvolver mais esse mote, e criar algo mais fictício e maior em cima da cidade e suas abduções, não necessitando de entrevistas, nem nada, talvez montando algo mais investigativo do que jornalístico, que aí sim o resultado seria impressionante de ver em qualquer grande telona.

Quanto das atuações, embora exagerada demais, Claudia Campolina conseguiu passar expressividade para sua Joana, sendo bem dinâmica em alguns momentos, mas sempre que precisava demonstrar tensão, ia para o lado mais surtado e gritante, o que não é bacana de ver numa telona, aparentando um vício de atrizes de teatro quando vão para o cinema, mas isso pode ser trabalhado ainda, e ao menos não deixou que o filme desandasse nas suas cenas. Gilda Nomacce deu bastante simplicidade para sua Maria, e colocou um sofrimento cênico que chegamos a ficar com pena realmente dela ser abandonada, e isso era o necessário para a personagem, ou seja, fez bem. Dentre os demais vale positivar os trejeitos marcantes do homem misterioso feito por Ricardo Gelli, e o ar curioso do youtuber interpretado por Fabio Acorsi, e nada mais, pois os demais foram enfeites também bem exagerados, alguns até tendo mais impacto do que outros como o homem atropelado, que descobrimos depois ser importante para a mente da jovem, mas a dona da pousada soou exagerada e íntima demais, a alien parteira soou misteriosa demais, e a amiga/patroa da agência era melhor nem ter aparecido, pois forçou demais.

No conceito visual, assim como ocorre em longas universitários, a equipe de arte foi didática em escolher locações simples e efetivar tudo o que pudesse ao redor, trabalhando bem a cidade de Peruíbe de modo bem fechado, mostrando alguns pontos curiosos das abduções, como a Pedra da Serpente que dá nome ao filme, o Rio Preto aonde aconteceram muitos mistérios, e claro a praia em si, afinal para mostrar para quem não sabe, que a cidade é praiana, além disso nas casas, pousadas e festas, foram bem fechados nos ângulos para não precisar enfeitar muito de decorações de ambientes, o que resultou em um longa sem muitos detalhes, mas foram bem espertos nas cenas dos sonhos e extraterrenas usar muita luz forte para não precisar criar nada místico, e o resultado acaba agradando bastante. Os efeitos também não foram muito primorosos, mas ao menos não caíram no peculiar, ou seja, um trabalho razoavelmente bem feitinho.

Enfim, é um longa que facilmente muitos vão deixar de lado, mas que visto que a sala hoje tinha bem mais público que os últimos filmes do projeto "Projeta às Sete" do Cinemark, acredito que a sinopse e/ou o trailer tenha chamado a atenção ao menos, mas que só recomendaria ele pelo fato de mostrar algo curioso de uma cidade que eu realmente desconhecia tais fatos, e como disse, ao pesquisar vi que realmente tem um ar místico em cima do tema, pois falta um ar mais cinematográfico para servir como ficção realmente para um público maior. Sendo assim, se não tiver com nada mais para ver, pode ir que servirá para uma diversão razoável, sem muitas pretensões, do contrário, espere surgir no Canal Brasil, e ao menos de um tempo vendo por lá, pois não é algo totalmente ruim não. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando essa semana cinematográfica, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Tito e os Pássaros

2/17/2019 10:36:00 PM |

O mais interessante de conferir a animação "Tito e os Pássaros", é ver através de traços diferentes do usual, uma história densa, com uma pegada bem forte para trabalhar o drama das doenças modernas (o isolamento, a solidão, e o medo da combinação de tudo isso junto), com um formato forte, sem linhas tradicionais, dando um estilo para a trama de quase abstração, aonde vemos um filme que dificilmente agradará ou envolverá crianças pelos tons escuros, mas que trabalhando bem o conceito, criando dinâmicas ilustradas com síntese bem moldada acabou resultando em algo metódico, mas com um simbolismo incrível. Ou seja, é uma animação bem diferenciada, que procura mostrar com estilo algo que poucos conseguem enxergar, que vai além do comum, mas que para isso precisaram ir por um rumo digamos controverso, que é o de ser um longa para poucos, pois mesmo com uma beleza interior bem moldada, o pacote acaba assustando o público por fora, já que não temos nada de padrão, nem no formato, nem no desenho, muito menos nas cores, e assim sendo até recomendo bastante o longa para refletirmos, pois como arte, o resultado é impecável, mas como algo que seja vendável para o grande público, passa bem longe.

O longa nos conta que Tito é um menino tímido de 10 anos que vive com sua mãe. De repente, uma estranha epidemia começa a se espalhar, fazendo com que pessoas fiquem doentes quando se assustam. Tito rapidamente descobre que a cura está relacionada à pesquisa feita por seu pai ausente sobre o canto dos pássaros. Ele embarca numa jornada com seus amigos para salvar o mundo da epidemia. A busca de Tito pelo antídoto se torna uma jornada para encontrar seu pai ausente e sua própria identidade.

Em momento algum poderemos falar que os diretores aqui não são apreciadores de arte abstrata, pois é inegável ver o longa e não lembrar de obras de arte dos museus, aonde olhamos as vezes com olhares estranhos, em outros conseguimos ver algo a mais, e em alguns até enxergamos um mundo que vai muito além do nosso conhecido, e dessa forma Gustavo Steinberg, Gabriel Bitar e André Catoto conseguiram criar sua própria desenvoltura em cima de um mundo muito peculiar que vivemos, o mundo com medo de tudo, aonde um susto pode fazer você se encolher tanto até acabar virando uma pedra, enquanto os que sabem a cura para esse mal procuram fazer com que você se esconda mais ainda dentro de casa, ou até mesmo de uma redoma protegida, ou seja, trabalharam uma ideia muito bem desenvolvida, cheia de nuances, colocando isso em algo mais belo, cheio de cores (escuras, mas ainda assim são cores), que acaba fazendo o público refletir, e se encantar também por diversos momentos. Não digo que teria feito essa mesma ideia indo por esse fluxo, pois poderiam ter pesado um pouco menos a mão, para que o filme contivesse a essência inteligente, mas também fosse agradável para os pequeninos que tanto gostam de animações, e que com certeza passariam as mensagens entendidas, mas infelizmente não é um longa que dá para indicar para os menores, pois a chance de estranhar o que verão é alta.

Outra situação que não foi muito trabalhada foi a dos personagens não terem um carisma cativante como vemos em muitas animações, pois geralmente nos conectamos à eles torcendo para conseguirem algo, ou nos surpreenderem com algo, e aqui todos são bem simples, possuem seus defeitos e qualidades, mas não chamam a responsabilidade para si, porém com uma desenvoltura bem colocada, o jovem Tito que foi dublado com perfeição pelo jovem Pedro Henrique conseguiu nos envolver com sua persistência em querer fazer com que sua máquina funcionasse, e isso deu um bom tom para a trama. Dentre os demais personagens, chega a ser completamente engraçado o Alaor vivido pela voz entonante de Mateus Solano, que funcionou quase como um vilão secundário, estando atrás apenas do medo das pessoas, e que com muita sagacidade conseguiu chamar o teor forte para si, mesmo com um super sorriso estampado na cara. Os demais foram bem colocados ao menos para mostrar diferentes representatividades de pessoas que vemos normalmente em nossa vida, e mesmo sem chamar muita atenção, conseguiram ser funcionais para a história.

Quanto ao design da produção, não posso falar que é algo que não impressione à primeira vista, pois é muito diferente do que estamos acostumados a conferir em longas, principalmente os animados, com muita cenografia abstrata, imagens distorcidas de fundo, parecendo quadros pintados por pintores malucos que desejavam mostrar algo diferente, com um primeiro plano mais coeso, porém ainda assim com uma personalidade diferenciada, de modo que o filme não vem com uma desenvoltura sólida e clara do que desejava passar, mas que fluindo com belos tons de vermelho, verde, preto e amarelo, o longa acabou ficando denso e teve ainda sua mensagem bem expressada no formato escolhido, ou seja, arte sendo arte apenas.

Enfim, é um filme bem feito, mas que por ser tão diferente do usual acaba assustando um pouco o público, mas que vale ser recomendado pela estética, pela mensagem, e principalmente por ser algo artístico dentro de um mundo que é pouco valorizado, e sendo assim recomendo ele (mais para adultos do que para as crianças) como uma proposta reflexiva de atitudes, que pode até soar estranha num primeiro ato, mas que com o desabrochar da história acaba sendo coeso e interessante de conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Alita - Anjo de Combate em Imax 3D (Alita: Battle Angel)

2/17/2019 12:46:00 AM |

Quando vamos conferir uma obra de ficção, já vamos bem preparados para algo bem irreal, aonde geralmente somos transportados para um mundo cheio de abstrações, e nem ligamos tanto para a história em si, pois na maioria das vezes o que acaba valendo é a expressão artística, com cenários incríveis, boas batalhas, e tudo mais que o gênero costuma nos proporcionar, e claro que a junção de Robert Rodriguez com James Cameron não daria nada menos empolgante do que o entregue aqui em "Alita - Anjo de Combate". O longa é bem desenvolvido, porém alongado demais para contar uma história quebrada, pois quando realmente o filme esquentou, já tivemos um encerramento, ou seja, pode ser que venha uma continuação, ou apenas ficaremos com a ideia de que a protagonista chegou no ponto que desejava e como tudo ocorreu ficará apenas na nossa imaginação, mas para tudo isso acontecer, e claro mostrarem todo o serviço bem feito pela computação gráfica incrível da empresa de Cameron, o longa trabalhou muitas lutas, muitos personagens, diversos envolvimentos, e principalmente encontrou na tecnologia o acerto para os momentos ficarem interessantes de serem vistos, ou seja, é um filme completamente visual, aonde alguns personagens até tentam nos passar algumas histórias, mas que por não ter um antes, nem um depois, esse miolo entregue acaba alongado demais, e certamente quem gostar de filmes com mais história irá reclamar do que verá.


O longa nos mostra que quando Alita desperta sem memória de quem ela é em um mundo futuro que ela não reconhece, é levada por Ido, um médico compassivo que percebe que em algum lugar nesta casca de ciborgue abandonada está o coração e alma de uma jovem mulher com um passado extraordinário. Enquanto Alita aprende a navegar sua nova vida e as ruas traiçoeiras da Cidade de Ferro, Ido tenta protegê-la de sua misteriosa história, enquanto seu novo amigo de rua Hugo oferece ajuda para recuperar suas memórias. Mas é somente quando as forças mortais e corruptas que controlam a cidade vêm atrás de Alita que ela descobre uma pista de seu passado - ela tem habilidades únicas de combate que os que estão no poder não conseguem controlar. Se ela puder ficar fora de seu alcance, pode ser a chave para salvar seus amigos, sua família e o mundo que ela está amando.

Inicialmente James Cameron iria dirigir o longa que ele adaptou do mangá de Yukito Kishiro, porém como sua agenda com as sequências de "Avatar" acabou ficando bem enrolada, o diretor entregou seu projeto para Robert Rodriguez, e como bem sabemos, o diretor que gosta de filmes bem violentos, pegou a história e fez algo muito bem coeso, cheio de dinâmicas, que mesmo quase que 100% computadorizado com captura de movimentos, conseguiu transmitir humanidade nos olhares dos personagens, desenhando a história com vértices bem colocados para mostrar cada ato como um treinamento, uma lembrança, um sentimento, o que acabou fazendo do filme um pouco rebuscado de situações, mas que certamente acabou mostrando tudo com um detalhamento para os fãs do mangá não ficarem desapontados, com devidas apresentações, devidos combates, e principalmente, criando um jogo mortal incrível, o Motorball, aonde o longa até poderia ter sido mais explorado (o que acabaria virando um "Gigantes de Aço"), mas que com boas cenas fortes resultou em algo bem trabalhado. Não digo que Rodriguez foi perfeito como já teve em grandes obras suas, mas com muita técnica empregada, ele conseguiu desenvolver seu longa de maneira coerente, envolvendo o público para estar exatamente como a torcida fica no final do longa, gritando um único nome, para que o resultado seja forte.

Sobre as atuações, temos de ser sinceros, mesmo com os olhões imensos, e claro toda a computação digital, a protagonista ficou muito com a cara da atriz Rosa Salazar, que deu seu tom para Alita com uma desenvoltura brilhante, cheia de bons trejeitos vocais, e dando o principal, sentimento, pois como foi inteira feita em computação, a personagem poderia virar uma animação, e não, conseguiram deixar os traços humanos para ao serem misturados com seu corpo ciborgue, resultasse em algo bem harmônico, e o que vemos na telona são cenas impactantes visualmente vividas por ela, mas que a atriz soube entregar bem sem soar falsa. Christoph Waltz é daqueles atores que se falar para interpretar uma grama numa peça, será uma grama diferenciada, e o ator como o mecânico/médico Ido soou um belo paizão para a protagonista, além claro de ter suas cenas fortes bem densas e interessantes, mostrando que o ator que é mais comum fazendo dramas, também possui uma postura bem colocada para chamar a responsabilidade como fez aqui lutando. Mahershala Ali está fazendo de tudo nas telonas, e aqui como o vilão Vector foi cheio de imposição, trabalhou com dureza algumas cenas, em outras mostrou seu brilhantismo, mas sem dúvida seus melhores trejeitos ficaram nas cenas que está incorporado pelo outro vilão Nova (que aqui foi rapidamente apresentado por Edward Norton, por isso talvez teremos muito em breve a sequência). Keean Johnson entregou um Hugo bem cheio de nuances, mostrando sinceridade para o papel, puxando um ar de galanteador, e acaba soando agradável com isso, de modo a não ser ao menos apelativo. Agora quem foi completamente mal aproveitada foi Jennifer Connelly com sua Chiren, que certamente deve ter um papel importantíssimo no mangá, e talvez numa história anterior à essa do longa chamaria muito a atenção, pois a atriz é ótima, mas aqui foi quase um enfeite cênico em todas as cenas que apareceu, sendo até menos utilizada que Jorge Lendeborg Jr. com seu Tanji, que é praticamente apenas um grande amigo e comparsa de Hugo nas desmontagens, e nada mais. Outros que trabalharam bem nas cenas, fazendo trejeitos bem fortes foram Ed Skrein com seu Zapan e Jackie Earle Haley com seu Grewishka, servindo ambos como bons combatentes para a protagonista, mas não sendo apenas elementos de luta, caindo bem nos diálogos também.

Agora todos sabemos do potencial de James Cameron, tanto quanto diretor, quanto como produtor, e aqui ele entregou para a equipe algo incrível de tecnologia, aonde foram capazes de criar cenários tão impactantes, cidades cheias de detalhes, personagens com incríveis armas, figurinos criativos, além de culturas espalhadas para tudo quanto é canto que olhássemos, num vértice visual tão maravilhoso, que certamente a equipe de arte não saberia nem onde colocar mais detalhes para aparecer, e o filme ficou muito gostoso de conferir com essas atitudes, de modo que a ambientação até salva os momentos mais calmos do longa. A fotografia também teve uma densidade bem encaixada, com tons coloridos dando contraste nas cenas mais escuras, e vice-versa, aonde nas cenas cheias de cores, lá estava alguém com algo escuro baixando a bola da cena, além claro que com esses grandes contrastes, entrou em cena, o que muitos gostam: os efeitos tridimensionais. E falando em 3D, Cameron é rei, e aqui tivemos muitas cenas com elementos saindo para fora da tela, uma imersão visual belíssima para irmos adentrando aos cenários, e claro nas cenas do jogo, o resultado acaba ainda mais empolgante na telona Imax, ou seja, valendo o ingresso mais caro, ao menos trabalharam bem com o 3D.

Enfim, o longa funciona bem mais visualmente do que como história, pois se fosse para criar algo do estilo de uma trilogia, o ideal seria conhecermos tudo antes, para depois nos conectarmos à personagem, para daí irmos para os finalmente, talvez até brinquem com o inverso caso ocorra continuações, mas aqui como o filme enrola muito para mostrar a personagem recuperando suas memórias durante suas diversas situações de perigo, o filme fica com um final seco demais para encerrar e deixar aberto, ou seja, apostaram muito, mas entregaram pouco. Não digo que seja um filme ruim, mas poderia ter ido mais a fundo em tudo, mas pelo menos as cenas de luta foram muito bem feitas, e o jogo é algo que logo podem inventar algo semelhante à um basquete maluco com patins, que certamente teria público. Sendo assim, fica minha recomendação com muitas ressalvas, mas ao menos é um bom passatempo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Mula (The Mule)

2/15/2019 01:01:00 AM |

Já ouviram aquele ditado, de que é melhor parar enquanto está no auge? Pois bem, acho que Clint Eastwood anda meio surdo com seus quase 90 anos, pois ele não para, e aqui fazendo um papel que também possui essa idade, ele entrega sua nova produção de uma forma tão monótona, que mesmo sendo algo bem executado, acaba cansando e sem empolgação para qualquer pessoa, e sendo assim, "A Mula" é uma constatação clara do que acontece muito nos EUA, aonde jovens senhores andam caindo no golpe da grana fácil, atravessando o país em suas caminhonetes para levar a droga mexicana até os pontos de distribuição, porém além disso, a trama procura mostrar um outro vértice, o de priorize sua família ao invés de seu trabalho, aonde o diretor também tenta mostrar um pouco dos seus erros na vida pessoal através de falas e atitudes, dando a entender no final, que também deveria pagar por esses erros. Ou seja, temos algo meio que denso dentro de uma proposta simples, mas que apenas soa bonitinho de ver, sem nada que impressione como poderia, nem chegando a nada impactante.

O longa nos mostra que Earl Stone está falido e recebe uma oferta de trabalho fácil: usar sua caminhonete para fazer transportes. Mas o que ele precisa levar é nada menos que tabletes de cocaína, a mando do Cartel de Sinaloa. Earl acredita que ele passará despercebido pelas estradas, mas ele acaba chamando atenção do agente da DEA Colin Bates.

Como bem sabemos Clint já teve grandes glórias e grande fiascos em sua carreira, e ultimamente tem se desesperado por entregar um número maior de filmes, do que longas com qualidade realmente, e embora suas tramas tenham bons momentos, diálogos bem encaixados, situações bem desenvolvidas, o resultado final acaba ficando bem abaixo do que realmente poderia, pois não tem mais aquela explosão clássica, claro que tivemos nesse meio do tempo algumas ótimas obras como "Sully" e "Sniper Americano", mas aqui ele acaba desenvolvendo uma simplicidade muito pacata para algo que poderia ter rumos melhores, e mesmo com boas jogadas simbólicas de sua vida, o diretor não consegue mais se dirigir como costumeiramente fazia, e o resultado soa frouxo tanto na personalidade do protagonista, quanto na forma dirigida que entrega a história para o público, fazendo algo calmo demais, sem muitas perspectivas, nem afrontes. Ou seja, é um longa comum, com uma história até bem pautada, mas que não vai para lugar algum, nem empolga em momento algum, sendo apenas condizente em não entregar algo ruim de ser assistido.

Sobre as interpretações, Clint sabe bem o que faz sempre, e não a toa se colocaria como um senhorzinho de 90 anos, mulherengo, que praticamente largou a família de lado pelo serviço e vida boêmia, e que acaba ludibriado pelo alto ganho de transportes de drogas, ou seja, praticamente ele redesenhou sua vida, só que ao invés de cinema, ele pôs drogas, se comparado a alguns filmes que fez no passado, dá na mesma, e dessa forma seu Earl é simpático, carismático, e tem bons momentos, mas nada que você se impressione, e sendo assim, fez bem seu papel ao menos. Bradley Cooper sempre é um coringa imenso, e interpreta cada papel de uma forma tão diferente, que por incrível que pareça, demorei para reconhecer que o agente Colin Bates era ele, pois é um personagem que aparece pouco, e em momentos mais conectados, e quando faz suas cenas, ele encaixa seus bons trejeitos, e agrada, mas também nada de surpreendente. Outro ponto bem engraçado é Alison Eastwood fazendo Isis, filha de Clint no filme, e ser alguém que não fala há anos com o pai, sendo mais um ponto para conversões de personagens com vida real, e assim sendo, as duas cenas que aparece fez praticamente nada. Michael Peña e Andy Garcia foram bem trabalhados nos seus personagens, conseguindo agradar em cena, fazendo personalidades marcantes com seus Trevino e Laton, de modo que soasse até meio preconceituoso seus atos, mas foram sinceros no que fizeram.

O lado artístico brincou muito na estrada, mostrando inicialmente a caminhonete velha do protagonista, e depois de ganhar seu primeiro montante com uma super caminhonetona, mas também trabalhou bem algumas locações, como as feiras de plantas que o velhinho frequentava com seus diversos prêmios, os bailes e festas dos veteranos de guerra, o casamento da neta, a casa da ex-esposa, e principalmente as festanças do cartel de drogas regadas a mulheres, bebidas e claro muito luxo nas mansões, porém, mesmo tendo tantas locações, o filme soa simbólico no lado policial, não ousando mostrar muito da equipe, e mesmo nas cenas de delação tudo foi bem simples. Outro ponto bem colocado foram as trocas nas borracharias, mostrando uma equipe bem ornamentada para entregar algo que pode mudar a vida do senhor, mas com grandes riscos, ou seja, mais uma alegoria à vida do diretor.

Enfim, está bem longe de ser um longa ruim, pois possui uma história bem moldada, possui uma direção efetiva, mas é monótono demais, quase sem atitudes, mostrando algo casual, que pode até remeter aos acontecimentos da vida do diretor, e assim sendo, quem for conferir o longa pode se envolver um pouco mais, porém garanto que a maioria sairá igual um jovem da sessão, que a namorada perguntou: "gostou do filme?" e ele apenas fez a cara de dúvida sem dizer nada. Sendo assim, não diria que recomendo o longa, mas também não ataco como sendo uma bomba, ficando bem no lado mediano, e com nota no meio também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Close

2/14/2019 12:09:00 AM |

É interessante observar como alguns longas que tenho visto na Netflix acabam empolgando durante praticamente todo o filme, para no final brochar com gosto, resultando em algo que não diz em nada do que o filme inteiro se propôs, e poderia dizer que é o acaso, mas tem sido quase que algo frequente, parecendo que os diretores têm pego seus roteiros e corrido tanto para entregar um filme a tempo, que não conseguem fechar com um luxo sua história. Mas, se você gosta de algo forte, cheio de ação, aonde os personagens saem dando tiros, lutas corpo a corpo, e mantendo uma rede de conflitos bem complexa, certamente irá gostar dos 90 minutos de "Close", para talvez ficar meio que frustrado nos 4 finais, pois a ideia é boa, o desenvolvimento completamente interessante, mas o fechamento soa tão jogado que podemos achar tanta coisa sobre o filme que até esquecemos de tudo de bom que vimos, o que é uma pena, pois certamente um fechamento bem encaixado, ousando uma declaração polêmica, ou até mesmo durante o miolo não envolvendo nada com a família da protagonista, certamente teríamos algo para falar de boca cheia: "que filme incrível!", ou então vamos pensar em algo completamente absurdo (que é até possível!), mas que por não desenvolver bem e deixar aberto, acaba sendo falho demais. Não vou dar detalhes para não encaixar spoilers, mas poderiam ter ido bem melhor no fato do relacionamento, das datas, da foto, e de tudo mais para que o filme fluísse para onde tentaram, mas quem também chegar ao final com o gostinho de uma ligação maior entre as duas protagonistas, talvez fosse essa a ideia que desejavam mostrar.

O longa nos mostra que Sam é uma especialista contra-terrorismo que assume a função de proteger e cuidar de uma adolescente rica que é herdeira de uma fortuna. Em meio a uma violenta tentativa de sequestro, as duas precisam fugir e lutar por suas vidas.

Diria que o trabalho do diretor Vicky Jewson foi condizente com uma proposta de ação, com uma subtrama embutida, que empolga bastante, cria diversos vértices, mas que acaba tão rapidamente, que nem podemos dizer que o erro teria sido 100% seu, se ele não assinasse também o roteiro, pois como disse no começo até pode ser que ele tenha deixado subentendido tudo o que queria mostrar em relação às protagonistas, e isso funcionar como uma história a parte para emocionar, mas tudo ao final acontece como uma grande bola de neve atropelando todos os elos criados, e isso não é algo bom de se ver, e talvez se tivesse digamos mais 10 a 15 minutinhos, com tudo rolando, alguma deixa sendo falada mais emocionada, e não apenas como entregaram com ela no carro respirando, o resultado seria outro, e quem sabe até chamaríamos o filme de uma grande obra. Ou seja, dizer que é um filme inteiramente ruim só por esse motivo, é subjugar todo o restante que é bem interessante, mas falar que é bom também, seria intervir e tampar os olhos com uma peneira.

Sobre as interpretações, é bem interessante a personalidade e imposição de Noomi Rapace, que muitos até vão julgar sua Sam magra demais para tantas cenas fortes e violentas como uma segurança, mas quem viu seus outros filmes sabe que a atriz manda bem nas lutas corporais, e aqui entregou mais um bom papel do estilo, trabalhando trejeitos e tudo mais, o que acaba agradando bastante. Sophie Nélisse até é bonitinha, possui um perfil bem colocado para uma patricinha herdeira de uma fortuna, mas é muito fraca de expressões, nem parecendo ser a garotinha expressiva que foi em "A Menina Que Roubava Livros", de modo que sua Zoe parece jogada na trama, fazendo caras e bocas, e somente mais ao final consegue entregar alguns trejeitos melhorzinhos, mas nada que consiga salvar sua atuação. Indira Varma fez uma Rima tão seca, que foi condizente para não mostrar suas reais intenções até o final, mas poderia ter trabalhado alguns momentos melhores, para chamar a atenção e até despistar melhor, mas foi dura e sem nada para chamar a responsabilidade. Quanto aos personagens masculinos do longa, ficamos até na dúvida se foram contratados atores, ou somente figurantes, pois todos praticamente falam mensagens rápidas para as protagonistas, lutam e morrem, não tendo nada que parasse a imagem neles, ou seja, melhor nem destacar ninguém.

O conceito visual da trama foi até bem elaborado, encontrando uma mansão quase nível de bunker, cheia de travas e câmeras incríveis, mas que são facilmente quebradas com tecnologia hacker, mas principalmente o longa se passa nas ruas do Marrocos com muita pancadaria em hotéis, nos carros, e claro na própria mansão, de modo que o filme tem uma simbologia tecnológica bem colocada, mas que praticamente é esquecida para que os personagens lutem e atirem muito, ou seja, ação desmedida, quebrando tudo o que tiver pela frente. A fotografia teve um tom bem marrom, para criar tensão de ação, e também elaborar algo mais chamativo para si, mas nada muito surpreendente.

Enfim, como disse no começo é um filme que até empolga, que possui uma ideia bem alocada, mas que foi encerrado de forma grosseira, sem muitos detalhes, deixando muita coisa subentendida, o que não é bacana de acontecer em longas de ação, de modo que até pode ser que alguns vejam de uma forma diferente e se envolvam até mais com a trama, mas a maioria certamente irá reclamar do final, então fica a dica para ver sem muitas pretensões. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã já com a primeira estreia da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Dumplin'

2/12/2019 01:16:00 AM |

Que coisa mais deliciosa foi assistir "Dumplin'" na Netflix, ou traduzindo como no filme "Fofinha", que mesmo usando de clichês tradicionais, ousa em desconstruir uma imagem, e sendo fofinho, mas direto no ponto, consegue passar lindamente a mensagem de seja você mesmo, independente de padrões, de se achar não capacitado para algo, ou até mesmo de estar fora de algo que você mesmo se julga não sendo como deveria, pois você pode ser maior do que isso, e o resultado quando bem encontrado no seu fundo, pode ser maravilhoso. E dessa forma o longa soa maravilhoso também, trabalhando ótimas interpretações, homenageando na medida certa a cantora Dolly Parton (que sempre coloca essa ideia em diversas de suas canções), e trabalhando de uma maneira muito coerente, a trama até lembra um pouco "Miss Simpatia", mas que com um gracejo bem mais ousado, acaba envolvendo muito mais quem gosta desse estilo Sessão da Tarde, com leves pitadas dramáticas bem colocadas. Ou seja, um filme muito gostoso de conferir, que faz você ao final já estar batendo os pezinhos durante as canções, mesmo sabendo tudo o que vai acontecer.

O longa acompanha a história de uma adolescente plus size desinibida chamada Willowdean. Ela é chamada de Will pelas amigas e de Dumplin’ por sua mãe, uma ex-miss que agora organiza um concurso de beleza. Moradora de uma pequena cidade do Texas, Will ignora comentários sobre seu peso e ouve obsessivamente canções de Dolly Parton. E, quando decide entrar no concurso da mãe como forma de protesto, sua ação encoraja outras competidoras a seguirem seus passos, mudando as tradições da cidade para sempre.

A diretora Anne Fletcher foi muito consistente na construção da trama, pegando um roteiro bem moldado em cima do livro recordista de vendas de Julie Murphy, e criando as situações com carisma principalmente, não deixando que o longa ficasse preso em nenhuma das pontas, de modo que a protagonista poderia ir por rumos completamente simples que conseguiria empolgar o público. Claro que o gênero, e o estilo do filme já tinham uma prerrogativa bem montada na cabeça do público, e isso nem que a diretora quisesse, poderia inventar uma forma diferente de entregar, então logo no começo já vamos nos preparando para cada ato que aconteceria com certeza mais para o final, e foram até bem coerentes nas frases ditas para que o filme não fugisse do eixo, e com uma desenvoltura totalmente bem divertida, leve e gostosa, ela conseguiu passar a sua mensagem, conseguiu trabalhar cada momento para soar bonito sem precisar forçar a barra, e principalmente entregou algo digamos fofo para uma proposta que poderia até soar pesada (caso quisessem!), e assim sendo, o resultado nos pega emocionando e torcendo para a jovem protagonista, sem precisar aplaudir suas atitudes, que até soam pessimistas demais em alguns momentos (e sendo até refletidas na nossa forma de pensar muitas vezes!). Ou seja, um acerto completo para a forma de condução, e claro para a adaptação do livro, que não li, mas que pelo desenvolvimento consegue ser bem trabalhado na tela.

Com um elenco afiadíssimo o resultado não poderia ser outro senão diversas cenas bem trabalhadas que nos fazem sorrir a cada ato do longa, trabalhando desde personalidades fortes até situações mais desembaraçadas para encontrar afinco no desenvolvimento de cada personagem. E para começar tinha de ser por Danielle Macdonald que nos entregou a protagonista Will com muita vivência, desenvolvendo cada momento da personagem como se fosse algo único e impactante, agradando nos trejeitos, trabalhando o carisma, e até encarando certas ranhuras no miolo, fazendo com que a odiássemos também pelas atitudes, mas que com o desenrolar da trama, voltamos a torcer por ela, ou seja, perfeita. Jennifer Aniston é sempre precisa no que faz, e aqui mesmo sua Rosie não ficando tanto em evidência, aparecendo sim como a mãe metódica com suas tradições no concurso de misses, mas que sempre deixa o palco para os demais darem seu show, e assim quando precisou veio e encaixou olhares e boas dinâmicas para que a personagem também tivesse o devido destaque. Dentre as garotas, todas foram muito bem colocadas, passando por Maddie Baillio com sua graciosidade em cima de sua Millie com toda imponência e vontade de se superar, Bex Taylor-Klaus com sua imponência e rebelião em cima de sua Hannah, mas completamente despojada nas cenas finais, e claro Odeya Rush como Ellen, a melhor amiga, que mesmo nos momentos de briga, sabemos que podemos contar, ou seja, todas colocadas na medida certa. O par romântico foi meio que fora de eixo, e embora num conto de fadas meio forçado até poderia ocorrer, mas Luke Benward até que entregou bons momentos para seu Bo. E claro para fechar temos de colocar em pauta as drags incríveis feitas com muito carisma por Harold Perrineau, Joshua Allan Eads e Sam Pancake, que deram o tom para a fase final do longa ficar muito divertida.

Quanto da cenografia, o longa deu outro show de elementos cênicos, principalmente no desenvolvimento da personagem com sua obsessão por Dolly Parton, e claro, usando isso para remeter aos bons momentos com sua tia Lucy, de modo que a trama acaba encontrando objetos importantes, as tradicionais colagens de parede, e claro levando isso para o bar de estrada aonde ocorrem shows de drags performando Dolly também, cheias de brilho, com muita simbologia e tudo mais para dar o luxo para a trama, enquanto do outro lado, a equipe também trabalhou muito para simbolizar os concursos de misses, com ensaios, figurinos, camarins ornamentados, e claro muito luxo nas apresentações, mesmo estando no meio do Texas, ou seja, um trabalho minucioso por parte da equipe de arte. A fotografia embora seja bem colorida, trabalhou bem os tons mais avermelhados e escuros para dar uma certa dramaticidade nos atos mais pessimistas da garota, brincando bastante com o humor, e claro com a dinâmica da trama, ou seja, um filme bem desenvolvido na proposta cênica.

Como o longa usa muito das canções de Dolly, e coloca a trilha quase como personagem envolvido na trama, não poderia ter outra cantora senão Dolly Parton como diretora da trilha sonora, emprestando diversas canções suas, e até lançando novas, de modo que o filme acabou até sendo indicado para o Globo de Ouro, e certamente o ritmo country deu um bom tino para o filme, e claro que deixo aqui o link para todos ouvirem depois as ótimas canções, e quem não a conhecer, passe a admirar.

Enfim, um filme que nos pega de forma bem despretensiosa, que certamente pararíamos numa Sessão da Tarde para conferir bem tranquilamente, e que nos remete diversas lições para pensarmos, ou seja, mesmo lotado de clichês do estilo, que logo de cara já vamos apontando para os rumos que terá, sem termos grandiosas surpresas e tudo mais, mas que agrada bastante, nos diverte, e principalmente, mesmo emocionando consegue nos deixar com um enorme sorriso na cara pelo desenvolvimento completo feito, e assim sendo, mais do que recomendo essa ótima comédia da Netflix para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - High Flying Bird

2/10/2019 11:15:00 PM |

Todos sabemos bem que mesmo com salários monstruosos divulgados, boa parte do que ganham não chegam até os atletas, que pagam agentes, marketing, equipe, e claro, impostos gigantes, mas também sabemos que os donos de equipes recebem verbas infinitas das televisões, então qual o percentual ideal para cada lado? Usando essa base, e divulgando muito do conflito que ocorreu na NBA quando a greve dos atletas parou os jogos para negociações monstruosas entre agentes, empresários, sindicatos, deixando o clima esquentando de todos os lados com direitos e tudo mais, o grande diretor Steven Soderbergh conseguiu criar um longa cheio de vértices em seu "High Flying Bird", aonde optou por mostrar a vida de um agente desesperado por já não ter mais seus ganhos, mas que soube trabalhar de maneira coerente para conseguir atingir seu objetivo sem se desgastar, e quem sabe até ir além. Ou seja, é um filme que envolve muitos negócios, muitas boas discussões, mas que revela bem os bastidores de grandiosos campeonatos, aonde muitas vezes só vemos os jogos, e os grandes cifrões que circulam por aí, mas na hora dos negócios, pouco sabemos, e aqui o dedo foi apontado e bem desenvolvido, agradando quem gosta de longas mais empreendedores, e ousando ainda criticar bem os moldes atuais do sistema de ganhos nos esportes.

O longa nos conta que Ray Burke é um agente esportivo que se encontra com a carreira em risco em meio a uma batalha entre os donos dos times da NBA, liga de basquete profissional dos Estados Unidos, e os seus jogadores. Durante um locaute, uma "greve" promovida pelos empresários, ele decide executar um arriscado plano de negócios que pode mudar o jogo para sempre.

Juntar um diretor que sabe bem como trabalhar dramas como é o caso de Soderbergh, com um roteirista que afrontou o racismo de uma maneira completamente forte, como foi o caso de Tarell Alvin McCraney com seu "Moonlight", o resultado esperado não poderia ser outro senão um longa denso, cheio de atitudes, mas que trabalhou mais a essência dos atos do que o desenvolvimento em si, e assim sendo, cada ato do filme vai nos remetendo mais ao grande jogo de bastidores entre atletas, agentes, empresários de times, e claro seus associados, de modo que cada momento uma fagulha falsa poderia fazer tudo explodir. Ou seja, o longa foi muito bem desenvolvido, criou as possibilidades com muita coerência, e principalmente desenhou os atos praticamente não precisando de mais ninguém sem ser o protagonista, embora o filme se mostre norteado diversas vezes pelas laterais, mas sempre o pivô preparado para a cesta de três pontos era o protagonista, e ao final quando achamos que foi sua maior derrota, lá estava ele para balançar a cesta, junto com o diretor que fez a inversão mais forte e correta que o filme pedia.

Sobre as atuações, André Holland foi determinado do começo ao fim com seu Ray, entregando personalidade para o papel, segurando a onda ao falar do seu passado com o primo, e dando ótimos conselhos e virtudes nas jogadas com cada um dos personagens, de modo que o resultado não só impressiona pelo ótimo fechamento dele, como desde o começo já nos conectamos com o que entrega, sendo quase um guru bem moldado para entregar os atos, ou seja, foi preciso, coerente, e acertou em tudo o que podia fazer para o longa impressionar. Já havia achado bem interessante a performance de Zazie Beetz em "Deadpool" sem conhecer mais personagens seus, e aqui como Sam, ela nos entrega uma mulher ousada, que mesmo não sendo mais assistente do protagonista, passa a intervir muito em sua vida, e com uma boa dinâmica de conselhos mútuos, o resultado da atriz surpreende tanto pela forma que passa, quanto pela entrega pessoal da personagem. Melvin Gregg nos entregou com seu Erick, o tradicional novato de campeonatos, que entra com a bola lá em cima, faz altas críticas para os que já estão acima, que fazem banca e tudo mais, mas que no fundo está desesperado para acabar logo a greve e ver seu contrato firmado, e o mais engraçado é ver as diversas entrevistas reais mostrando que realmente todos os atletas draftados possuem esse mesmo sentimento. Bill Duke é sempre um clássico em qualquer filme que entre, e aqui com seu Spence ele dá a nota clara para todo tipo de racismo envolvendo seus jovens na NBA, mostrando precisão nas cenas, e envolvendo muito, sem precisar mover sequer um músculo. Dentre os demais, vale a pena falar de Sonja Sohn com sua Myra imponente como representante sindical dos atletas na briga dos dois lados, mostrando muita personalidade nos atos, e sendo precisa em tudo o que fez em cena.

Como é um longa de bastidores, não espere altos jogos de basquete (sim, eu fui assistir imaginando isso!), então com cenas em escritórios bem chiques, restaurantes, saunas, e até em eventos de caridade bem montados, a equipe de arte teve o trabalho mais simples para colocar os atos em cena, pois o que vale mesmo são os diálogos bem moldados do protagonista, independentemente de onde ele passe, e sendo assim o filme tem quase um ar de palestra misturada com documentário, o que não atrapalha visualmente, mas também não dá nenhuma nuance forte.

Enfim, é um filme simples, porém cheio de virtudes, que consegue mostrar bem como funciona o dinheiro na NBA, mas que poderia ser mostrado na NFL, na FIFA, ou em qualquer outro esporte, que geralmente chega até os bolsos menores quase nada, e esses precisam aparecer muito na mídia para ter seus ganhos aumentados um pouco, mas que mesmo com uma greve rolando, se tiver um esperto, esse pode reverter tudo da maneira mais ousada e perfeita possível. Ou seja, não é um filme que vai empolgar muitos, mas que passa boas ideias e dinâmicas empreendedoras, ao menos no meio dos esportes, mas que pode ser colocada em prática em outros lugares, e agradar quem gosta de saber um pouco dos bastidores dos esportes. Sendo assim, recomendo a trama com certas ressalvas, mas que vale uma conferida ao menos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Uma Aventura LEGO 2 em Imax 3D (The LEGO Movie 2: The Second Part)

2/10/2019 01:33:00 AM |

Sempre digo que quando conseguem seguir a linha do original em uma continuação, o resultado acaba ficando incrível de ser curtido, e com "Uma Aventura LEGO 2" as sacadas foram ainda melhores que o original, brincando com mais personagens, encontrando vértices dinâmicos, e agora que sabemos a ideologia da montagem que vimos no final do primeiro filme, ficou ainda mais engraçado imaginar de onde vieram os aliens, como são as brigas e tudo mais, ou seja, outra grandiosa sacada que só quem tem irmãos sabe como é o famoso brincar juntos, cada um na sua criatividade, e no longa com a quantidade de pecinhas de LEGO, as possibilidades foram infinitas. Diria que o filme tem momentos hilários e bem moldados, que souberam principalmente criar algo novo de estilo, mantendo a essência para que o resultado divertido predominasse, e assim sendo, acabamos vendo um filme bem encontrado, aonde agrada desde crianças pequenas até os mais velhos, sendo familiar e bem montado.

O longa nos mostra que cinco anos após os eventos do primeiro filme, a batalha contra inimigos alienígenas faz com que a cidade Lego torne-se Apocalipsópolis, em um futuro distópico onde nada mais é incrível. Neste contexto, Emmet constrói uma casa para que possa viver ao lado de Lucy, mas ela ainda o considera ingênuo demais. Quando um novo ataque captura não apenas Lucy, mas também Batman, Astronauta, UniKitty e o pirata, levando-os ao sistema planetário de Manar, cabe a Emmet construir uma espaçonave e partir em seu encalço. No caminho ele encontra Rex Perigoso, um navegante solitário que decide ajudá-lo em sua jornada.

O mais curioso é ver que mantiveram a essência bem montada mesmo trocando a direção, e isso é algo bem raro de se ver, pois claro que conseguimos notar um estilo mais denso e cheio de dinâmicas aqui, diferenciando de algo mais metódico do primeiro filme, mas todas as boas pegadas coloridas, os personagens cheios de sacadas referenciais de outras séries, as conexões malucas para mostrar a diferença de idade dos "montadores", deram um tom tão bem colocado, que praticamente não sentimos falta de Phil Lord e Christopher Miller, que agora apenas assinaram o roteiro, e certamente, deixaram bem pronto o estilo para que Mike Mitchell, que possui uma boa leva de produções bem divertidas, dirigisse o longa com personalidade, e conseguisse brincar com o público em todas as cenas. Ou seja, o diretor aqui foi sagaz em colocar a diversão em primeiro plano, trabalhando a essência dos personagens, suas motivações, e principalmente ousou brincar com o amadurecimento, que em alguns não vem tão cedo, mas que sabendo lidar, todos podem aproveitar bem disso. Sendo assim, a essência de dar lições, brincando com as pecinhas fez com que o filme fosse muito gostoso do começo ao fim, e divertisse na medida certa.

Sobre os personagens, tivemos boas adições como a rainha, a soldado espacial, e principalmente Rex Perigoso, que é bem explicadinho no final, mas logo em sua aparição já dá para entender quem ele é, e com boas nuances, o personagem entregou bons momentos junto de seus dinossauros, e claro em boas cenas de ação. Emmet como de praxe é bem gracioso e conseguiu mesmo sendo bobão ajudar em tudo o que era necessário passando boas mensagens. Lucy com seu estilão fechado, meio gótico e rebelde brinca ousadamente com personalidade em cima de algo bem próximo de Mad Max, mas mais durante o longa vamos descobrindo muito de sua personagem. Além deles tivemos muitos bons encaixes, como os vampiros brilhosos, o gatinho, o pirata, o astronauta, e claro toda a Liga da Justiça com grandes sacadas encaixando umas personalidades até meio que reveladoras. Ou seja, um elenco de peso com muitos bonequinhos bem encaixados, que dão o tino para cada cena, além claro dos personagens de carne e osso, Jadon Sand, Brooklynn Prince e Maya Rudolph dando bons trejeitos para os seus leves momentos fora do desenho.

Com muitas cenas bem desenvolvidas cenograficamente, e claro pelas pecinhas poderem montar o que quiserem imaginar, foram bem coerentes desenvolvendo um cenário apocalíptico incrível para a cidade aonde os personagens principais moram, mudando até o nome para Apocalipsópolis, trabalharam diversos momentos no melhor estilo Mad Max, colocando inclusive carrões correndo, tambores e tudo mais, e ao mudar de mundo, passando pela porta da escada, entramos em cenários não tão moldados, misturando peças de diversos modelos diferentes, mas sendo criativos na medida para criar coisas com muito glitter, muitas cores, e claro elementos com formatos estranhos, mas que deram ótimas nuances para cada cena, explicando os diversos momentos com tudo bem encontrado. Além disso, conseguiram dar ênfase na história da união, de objetos fora de LEGO funcionando como elementos alegóricos, e encontrando tudo para divertir na medida. Agora sobre o 3D, o pessoal que gosta da tecnologia ficará um pouco chateado com a trama, pois mesmo vendo na maior tela que é a Imax não consegui ver praticamente nenhum objeto sendo jogado para fora, tendo algumas boas cenas imersivas, mas nada que impressionasse, de modo que recomendo que quem não quiser gastar, possa ver tranquilamente em 2D, que não irá perder nada.

Sobre as canções, tivemos uma melhor que a outra, tendo inclusive uma chiclete para grudar demais na cabeça, mas não consegui achar as versões dubladas online, então quem conseguir algum link, envie que coloco aqui, mas por enquanto deixo as originais para curtirem aqui.

Enfim, novamente a qualidade foi incrível, o resultado impressiona demais, e tudo se encaixou na medida certa para empolgar o público, fazer com que os pequeninos ficassem bem quietos conferindo o filme, e claro os adultos se divertissem por demais, e sendo assim darei a mesma nota que dei para o longa de 2014, pois poderiam ter ousado mais no 3D, para o filme ficar melhor ainda. Mas como disse, não é nada que atrapalhe, então recomendo para todos sem nem pensar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando as estreias dos cinemas, mas amanhã já volto com as estreias dos streaming, então abraços e até logo mais.

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Escape Room

2/09/2019 02:13:00 AM |

Certamente alguma vez em sua vida você já jogou algum jogo de pistas, e para quem não conhece o estilo, já há alguns anos lançaram estilos mais complexos chamados de "Escape Room", ou em tradução literal, quarto de fuga, ou então melhorando na explicação, consiga fugir do cômodo, aonde através de pistas espalhadas, números, elementos, e tudo mais, quem estiver preso consegue sair do jogo para não sofrer consequências! Bem já vimos alguns mais pesados desse estilo, e um dos principais foi "Jogos Mortais", e aqui embora tenha mortes, a trama soa bem leve, com propostas mais dinâmicas e preparadas para algo mais voltado para um jogo realmente. Claro que mais ao final, é explicado o motivo das escolhas, e o porquê de existir esse formato de quase suicídio, mas certamente o que acabou faltando para o longa foi ser mais conciso nas provas, e não deixar tudo tão aberto para uma continuação, já pensando nisso antes mesmo do final, pois geralmente longas que iniciam por cenas do quase fim, já nos preparam para algo que não deveria ser dito. Ou seja, esperava um pouco mais do longa, mas ainda assim conseguiu me entreter bem, e quem sabe, caso role a continuação, eles pesem a mão para que tudo seja mais tenso, pois embora a classificação seja de terror/suspense, a trama é bem levinha.

A sinopse nos conta que passando por momentos complicados em suas respectivas vidas, seis estranhos acabam sendo misteriosamente convidados para um experimento inusitado: trancados em uma imersiva sala enigmática cheia de armadilhas, eles ganharão um milhão de dólares caso consigam sair. Mas quando percebem que os perigos são mais letais do que imaginavam, precisam agir rápido para desvendar as pistas que lhes são dadas.

O diretor Adam Robitel já tinha nos mostrado que é fraco no ano passado quando assumiu a franquia "Sobrenatural", e entregou o pior da saga, e aqui ele teve novamente a chance de criar um suspense com doses de terror, que poderia entrar para o hall dos filmes que nos fazem tremer, ficar tensos e tudo mais, afinal só a ideia de ficar preso em um quarto dependendo de outros desconhecidos já é algo complexo, mas não, lá foi ele novamente e criou algo tão comum que até ficamos levemente empolgados com a trama, e ponto, afinal não teve participação no roteiro, mas conduziu sem atitude, fazendo com que tudo ficasse muito calmo, muito alegórico, aonde mesmo nos atos aonde os protagonistas mais se desesperam, o resultado acaba ficando sem força. Ou seja, o ritmo da trama precisava de um diretor ousado, que botasse até os atores para ficar desesperados com as cenas, e aí sim já poderíamos esperar uma continuação digna, de forma que estaríamos desejando muito por isso, mas aqui logo de cara na primeira cena já sabemos quem vai sobrar no longa, tanto pela montagem ruim, que não necessitava de uma abertura, quanto na sequência pela apresentação dos personagens, e assim, o filme que possui apenas 99 minutos acaba alongado e saímos da sessão parecendo que vimos uma maratona, e isso não é bom para um suspense, pois geralmente tem de ocorrer o inverso, e sendo assim, vamos ver se o longa tiver fôlego para uma sequência, que escolham um diretor pronto para fazer o sangue tremer.

Dentro das atuações, até podemos dizer que o grupo foi escolhido pelas suas divergências interpretativas, mas acabaram forçando demais o estilo de cada um, fazendo com que cada um virasse um clichê gigantesco para seus momentos, e como disse, ficou extremamente evidente pela montagem o destaque para os dois principais personagens, o que não deveria ocorrer. Dito isso, Taylor Russel foi simples nas atitudes de sua Zoey, mostrando-se pensante demais para um grupo de desesperados, mas quando saiu de si, ficou completamente insana, e entregou bons momentos, mas talvez chamar a atenção demais para a atriz tenha estragado um pouco o conteúdo da trama. Logan Miller é daqueles atores sorrateiros, que costumam aparecer meio que de lado, mas que quando entrega algo, acaba fazendo muito bem, e a montagem acabou estragando muito o grande momento de seu Ben, de modo que o ator seria uma surpresa e tanto, mas que por começar o filme da forma montada, a surpresa vai para o brejo, e o ator não explode como poderia. Jay Ellis foi colocado para ser o arrogante que acabamos xingando, e que por atitudes extremas, acaba até tendo um grande destaque, de modo que seu Jason é bem moldado, tem uma história forte, e consegue chamar a atenção. Dentre os demais, todos têm bons atos, mas não conseguem se mostrar tanto como poderiam, de modo que a militar Amanda vivida por Deborah Ann Woll foi intensa, mas exagerou em trejeitos, Nik Dodani deixou seu Danny eufórico demais por jogar, e chega a ser até chato em alguns atos, e Tyler Labine só não é mais enfeite com seu Mike, por alguns atos dependerem dele, senão nem lembraríamos que esteve no filme.

A equipe de arte conseguiu ser bem pensante para criar as salas com muita tecnologia, e principalmente cheias de elementos alegóricos para serem usados, afinal o filme se baseia nisso, e se errassem a mão, seria o fim realmente, mas souberam detalhar os ambientes, usar armadilhas bem trabalhadas, e principalmente no final ainda mostraram como são criativos os criadores da ideia de "escape rooms", de modo que o filme em si pode falhar, mas a técnica tem de ser elaborada com minúcias para que cada ato fosse bem mostrado, e sendo assim, o resultado visual agrada bastante mostrando principalmente os diversos elementos: fogo, gelo, altura/vertigem, veneno, drogas e pressão de movimento, brincando bem com a mente do público. A fotografia brincou com os tons, usando como base os elementos de cada sala, abusando do vermelho na cena do forno, embranquecendo a tela na cena da neve, colorindo o ambiente inteiro na cena do bar invertido, ousando no marrom esverdeado na cena do veneno, e pirando a cabeça com o xadrez na cena das drogas, de maneira que foram bem coesos nos tons, não forçando a barra, mas também não ousando para criar tensão, e aí está um dos pontos mais errados do longa.

Enfim, dizer que é um longa ruim é abusivo demais, e também dizer que é algo completamente inovador, que temos todos que correr para a sessão e torcer pela continuação também soa forçado demais, então digo que o filme ficou mediano na execução de uma ideia incrível, que falhou principalmente por dar um spoiler imenso já na cena de abertura, o que nos faz nem hesitar qualquer outro tipo de situação diferente na maioria dos atos, mas que ao menos entretém, e isso é algo que ao menos vale a pena, pois produções de suspense ultimamente tem sido tão reflexivas, que quando algo vem mais bem moldado, acabamos até agraciados, e sendo assim, quem for conferir não irá dizer que foi um tempo 100% perdido, e com ressalvas, acabo até recomendando ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã volto com mais textos, então abraços e até logo mais.

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