Netflix - Polar

1/30/2019 11:56:00 PM |

Fazia tempo que não via um longa de HQ bem violento que trabalhasse bem o estilo de assassinos perseguindo outros assassinos, com pegadas bem estilosas, trabalhando o clássico com o moderno, e claro brincando com diversos outros longas que já vimos por aí, e "Polar" me fez lembrar de vários, entre eles "John Wick", "Machete" e até um pouco de "Kill Bill", aonde claro cada um com sua devida particularidade e elementos bem colocados agradaram por algo, seja pela violência, pelo jeito estiloso, ou até mesmo pelo formato mais desenhado de quadrinhos que tanto gostamos, e embora o longa entregue muita coisa falsa de se acreditar (já falei isso outras vezes, mas não me canso - se vai matar, mata logo, vai ficar enfeitando o doce, indo na faquinha, etc... põe logo pra dormir meu!!) o resultado geral acaba sendo bem forte e intenso, o que acaba agradando bastante, principalmente se você curtir longas com torturas, sexo, violência e tudo mais. Ou seja, é uma trama interessante, bem montada, que até possui muitos clichês e coisas que já vimos em outros longas, e que certamente poderiam ser relevados, mas que de um modo geral consegue soar bem feita. Agora é ver se terá fôlego para uma continuação, pois a deixa final largou essa possibilidade.

O longa nos mostra que o maior assassino do mundo, Duncan Vizla, o Black Kaiser, quer se aposentar. O problema é que seu ex-chefe acha que ele vai atrapalhar os negócios. Contra a vontade, ele terá agora que enfrentar um implacável exército de assassinos mais jovens, mais rápidos e decididos a silenciá-lo a qualquer custo.

O diretor sueco Jonas Åkerlund é bem mais conhecido pelos milhares de clipes de diversos artistas famosos como Beyoncé, Madonna, Coldplay, entre outros, e aqui ele trabalhou bastante esse estilo mais dinâmico de videoclipes entregando uma sintonia determinada com bons tinos para resultar no que desejava, e com um roteiro bem moldado em cima da segunda HQ de Victor Santos (de um total de 5, o que nos faz pensar em continuações), ele conseguiu trabalhar os personagens com suas devidas apresentações, entregou cenas bem violentas e fortes como deveria, mas deixou o personagem muito simplório em cima de uma história tão tensa, de modo que talvez não termos a primeira HQ entregue tenha ficado faltando algo a mais, pois o ator até tentou ser significativo, mas não conseguiu empolgar muito. Ou seja, temos uma história forte, uma condução bem desenvolvida, e até certos estilos moldados prontos, mas faltou aquela explosão para que os vilões não ficassem tão caricatos, e o resultado fosse além do que foi feito. Mas longe de ser algo ruim, o resultado final chama a atenção, agora é esperar para ver se vão continuar, ou morrer de vez.

O longa em si poderia até ser melhor moldado para que cada personagem tivesse suas cenas de destaque, mas optaram por apresentações bem rápidas, e deixaram que o filme fluísse sozinho, o que é um pequeno problema para o estilo de HQs, mas tirando esse detalhe, o protagonismo de Mads Mikkelsen conseguiu dar um ar bem introspectivo forte para seu Duncan, criando uma química estranha, mas bem colocada com a jovem (que só lá para o final vamos entender!), e mostrou bem o estilo de aposentadoria de um matador, não fazendo pulos exagerados, mas sabendo ir direto ao ponto quando precisou, o que chamou bastante atenção ao menos. Confesso que fiquei um bom tempo pensando de que filme já tinha visto a protagonista Camille, interpretada por Vanessa Hudgens, e agora após pesquisar um pouco conectei ela com "High School Musical", entre outros, e aqui ela demonstrou muito medo em diversas cenas, o que chega a ser até um pouco traumático de ver, mas foi coesa em outras situações, e chegou ao fim com uma ideia bem colocada, mas poderia ter trabalhado melhor os olhares nas cenas de miolo, não ficando tão morta. Matt Lucas soube brincar bem como o vilão Sr. Blut, e trabalhou suas cenas de tortura com muita minúcia, porém pareceu mais um vilão de animação (aonde todos são bobões demais), do que um vilão de um filme de assassinos, pois talvez um estilo mais doentio agradasse mais. Dentre os capangas, vale destaque apenas para as garotas, com Katheryn Winnick entregando muita personalidade para sua Vivian, aparentando conhecer muito bem o protagonista, e o vilão não indo na sua, e Ruby O. Fee pela sensualidade de sua Sindy nas cenas bem quentes do longa, agora quanto aos demais, foram apenas enfeites com expressões marcantes.

No conceito visual, a trama escolheu muito bem as locações para entregar muita criatividade nas diversas casas do protagonista, aonde moravam grupos completamente malucos e diferenciados, e que os vilões usam de muita violência explosiva com tiros, sangue, e tudo mais para encaixar algo forte e bem crível de assassinos sem limites, numa ambientação cheia de elementos cênicos precisos, depois nas cenas de tortura tivemos muitos detalhes fortes e conexões cheias de precisão, mas principalmente a grande sacada ficou para as cenas no retiro do protagonista, em meio a uma paisagem gélida, simples e efetiva para memórias, trabalhando bem cada momento com a dinâmica bem precisa em cima do que o diretor desejava. A fotografia do longa brincou muito como é de costume em longas baseados em HQs, trabalhando muitas cores para cada personagem, tendo figurinos excêntricos para o vilão principal se destacar em cena, com a luz toda em cima dele numa sala completamente escura, e claro muitos closes nos sangues espalhados em cima de cenas escuras, o que acaba incorporando um ar de tensão em diversos momentos, ou seja, um trabalho interessante de se ver.

Enfim, é um longa que chama a atenção para o público que gosta de HQs, de longas violentos de assassinatos, máfias, e tudo nesse estilo, que possui grandes elementos de ação, mas que poderia ter sido melhor trabalhado (ou talvez até ter um filme anterior, aonde conheceríamos mais o protagonista e seus diversos problemas), pois embora tudo seja bem forte e interessante, acabamos o filme parecendo que faltou algo para ser mostrado, mas mesmo assim vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã já volto para o cinema com as diversas estreias que virão para a cidade, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Aviso (El Aviso) (The Warning)

1/29/2019 11:26:00 PM |

Sempre gostei de longas envolvendo premonições, analogias de possíveis coisas com números, e claro se tudo isso for moldado em um bom suspense, com certeza o resultado acaba empolgando. Dito isso, ao ler a sinopse de "O Aviso", acabei que fiquei interessado no que poderia rolar, e cá que hoje coincidiu da plataforma me indicar o longa. Pois bem, digo que o filme começa meio morto e após alguns acontecimentos já me vi atento a tela para tudo o que vinha rolando, e como um bom matemático que sou, já fui fazendo algumas contas no mesmo estilo do que ocorre com o protagonista da trama, mas chegar exatamente na conclusão maluca que ele nos entrega é algo para poucas cabeças. Não digo que todos que forem conferir o longa irão se encher de contas na cabeça, mas certamente o pensamento irá florear algumas ideologias, pois já vimos diversos outros longas aonde acontecimentos em sequência acabam ocorrendo, e geralmente algum personagem tenta salvar outros. A sacada aqui, embora exagerada demais, se dá pela montagem um pouco bagunçada que rola em duas épocas 2008 e 2018, mas que acaba forçando demais a barra em cima da ideia total, que ao final até podemos concordar com o protagonista, porém poderiam ter trabalhado mais o método para que tudo funcionasse de forma segura, e o resultado empolgasse mais do que a simplicidade do enredo.

O longa nos conta que Jon é um gênio incompreendido da matemática, cujo futuro promissor foi solapado por um diagnóstico de esquizofrenia. Quando ele presencia um assalto no qual seu amigo, David, é baleado, a antiga paixão pela ciência é reacesa. Comovido pela eminente morte de David, o jovem passa a investigar a ligação entre diversos roubos anteriores e descobre um padrão matemático entre eles. Segundo seus cálculos, a próxima vítima será Nico, um garoto inocente de 10 anos.

Diria que faltou mais atitude para o diretor Daniel Calparsoro moldar a trama que é baseada no livro de Paul Pen, pois a ideia em si é bem segura e certamente numa mão mais ousada entregaria uma trama menos engessada (na terceira ou quarta cena do posto já começamos a nem querer mais ver os protagonistas passando por ali, imagina numas 8 a 10 que o filme tem!!), que trabalharia mais os outros assassinatos que ocorreram no terreno (e não apenas leves flashbacks), que aí sim o longa prenderia (mais do que já faz), transtornaria e com muito envolvimento em cima do suspense causaria para que o público ficasse com o queixo no chão dependendo da situação. Ou seja, não digo que a falha recaia completamente em cima do diretor, mas a falta de algo mais forte por sua parte certamente fez com que o final ficasse levemente brochante.

Sobre as atuações, Raúl Arévalo conseguiu mostrar muita loucura, ao mesmo tempo que entrega uma personalidade formada pelo desespero de tentar entender tudo o que está rolando com seu Jon, e claro ao seu redor, mas deixou tudo muito superficial na sua tese, mostrando que poderia ter ousado um pouco mais para que seu personagem empolgasse em alguns momentos, porém o filme só não ficou ruim por sua causa, pois quanto aos demais foi algo bem difícil de falta de expressividade. Outro que deu alguns bons trejeitos, principalmente na forma de medo, foi Hugo Arbues com seu Nico, mostrando que o garotinho tem até um certo futuro se souber segurar alguma trama melhor, mas mostrou-se bem seguro nos olhares, e falho nos diálogos, o que pode ser um problema por parte do roteiro, ou seja, foi bem no que se propôs ao menos. Quanto das moças, diria que tanto Belén Cuesta quanto Aura Garrido, com suas Andrea e Lucia respectivamente, foram bem coesas em seus momentos, mas como seus personagens foram apenas de apoio, o resultado delas acabou pecando um pouco.

A cenografia do longa tinha tanta coisa para ficar mais interessante, mas que foi deixada incrivelmente de lado ficando apenas como ambientação, pois poderiam ter trabalhado as diversas análises que o protagonista faz em sua casa, suas paranoias visuais, e tudo mais, mas focaram tanto no posto, tanto no hospital, que o resultado visual acaba ficando simples demais de ser visto, e nas cenas que trabalharam com efeitos especiais acabaram soando bobos demais (como por exemplo na cena das mariposas voando para todo lado em cima do protagonista, ele se chacoalha todo e nem piscar pisca com os bichos batendo em sua cara!!), ou seja, fraco demais de conseguir emocionar pelo ar passado.

Enfim, é um longa que tinha uma tremenda proposta, mas que resultou em algo simples demais para empolgar como poderia. Ou seja, até dá para perder 93 minutos conferindo o longa, em alguns atos a tensão soa suficiente, mas certamente muitos irão chegar ao fim e falar: "mas só isso!", e assim sendo não dá para recomendar ele, pois ficou mediano demais. Bem fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Eu Sou Mais Eu

1/27/2019 09:29:00 PM |

Que atire a primeira pedra quem nunca teve o sonho de voltar no passado para corrigir alguma cagada que fez, e quem sabe se tornar algo melhor do que é hoje, mas e quando você acha que já está bem melhor e é obrigado a voltar para alguma época que deseja esquecer que passou? Pois bem, esse é o grande lance do filme "Eu Sou Mais Eu", aonde até temos uma dinâmica interessante por entregar o estilo tradicional dos filmes jovens que víamos na saudosa Sessão da Tarde original, mas que peca um pouco na força que poderia ter, ao deixar que o longa recaísse para o estilo de uma "Malhação" mostrando briguinhas de colégio. Não digo que a trama é ruim, muito pelo contrário, ela tem uma boa função, atuações bem desenvolvidas, e boas situações que poderiam até ser mais divertidas caso quisessem, ou quiçá jogar de vez a bola para a relação da amizade, que foi um grandioso desfecho, mas no miolo o resultado enrola tanto com alguns momentos desnecessários, que por pouco o diretor não se perdeu em achar um caminho que funcionasse e divertisse. Ou seja, temos bons atos, mas nem tudo chega a ser as mil maravilhas para salvar o longa de falhar, de modo que acabamos nos divertindo por lembrar que 2004 já passou faz tanto tempo, mas que se pararmos para pensar, nossa vida mudou tanto nesse tempo que talvez uma ajeitada por lá poderia até melhorar o dia de hoje. Diria que é um filme bem feito, mas que passa bem longe de ser uma obra digna de ser lembrada.

A sinopse nos conta que Camila Mendes é uma popstar arrogante, que busca o sucesso a todo custo. Prestes a lançar uma nova música, ela é surpreendida em casa pela visita de sua fã número 1, que insiste em tirar uma selfie com ela. O que Camila não esperava era que tal situação a levasse de volta à adolescência, quando sofria bullying de praticamente todos no colégio. Seu único amigo é Cabeça, que tenta ajudá-la a encontrar seu verdadeiro eu, já que só assim conseguirá voltar à sua realidade.

O interessante é vermos que o diretor Pedro Amorim quis entregar algo mais jovial, meio que adolescente mesmo na trama, e deixou que tudo fluísse para esse lado, pois mesmo a trama se passando praticamente toda em um colégio, e no período em que a protagonista mais sofreu bullying, o longa poderia ter trabalhado os rumos para algo mais formatado ao invés do que foi entregue, porém sairia desse estilo clássico, e talvez viraria algo mais dramatizado. Não digo que foi errado essa escolha, apenas não pareceu ser o estilo que o diretor costuma ter, que vimos em longas como "Divórcio" e "Superpai", mas como bem sabemos roteiros caem nas mãos dos diretores, e esses procuram se adequar, e foi o que fez aqui, requebrando um pouco para não deixar a trama cair no gracejo, mas também tentando trabalhar vértices mais condicionados para que o filme ficasse divertido, principalmente ao mostrar algumas da "super-invenções" da época. Diria que se o longa talvez tivesse brincado mais com esses elementos, com as sacadas entre passado e futuro, o longa teria uma dinâmica bem mais coesa do que a entregue e certamente seria incrível, mas como não tem jeito de mudar o que já aconteceu, o resultado foi ao menos satisfatório e não cansou como outros longas do estilo costumam cansar.

Sobre as interpretações, felizmente Kéfera Buchmann já começa a tomar um molde bem mais simpático nas suas atuações, e trabalhando bem trejeitos e traquejos acaba saindo do usual com sua Camila em cena, de tal forma que nos diverte bastante, e juntamente com a equipe artística conseguiu entregar duas pessoas completamente diferentes (aliás, faltou algo no miolo para mostrar como a bullynada virou popstar, pois um desastre de apresentação não explodiria ninguém para o estrelato!), que conseguiram extrair ao menos duas boas personalidades para a jovem atriz mostrar bastante serviço e agradar. Sabemos que João Côrtes costuma sempre entregar personagens atrapalhados, cheios de traquejos visuais, e até acertar pelo estilo que faz, mas aqui ele abusou um pouco demais da loucura, fazendo coisas exageradas demais e até algumas bizarrices com seu Cabeça, mas ao menos soou divertido e foi bem colocado no personagem, talvez pudesse ficar mais espantado com alguns outros momentos para aí sim ficar completo suas cenas. Estrela Straus apareceu praticamente 4 vezes como a fã bruxa que joga a personagem de volta para o passado, e cheia de cores faltou um pouco com expressividade para chamar mais a atenção e encaixar melhor a ideia toda. Assim como aconteceu com a protagonista, Giovanna Lancelotti conseguiu entregar bem menos anos do que possuem, caindo muito bem como adolescentes na produção, e além disso, a atriz soube dosar bem sua Drica nos três atos para entregar algo quase de uma "vilã", e mostrar algo que realmente vemos nesse estilo de garotas em filmes adolescentes, ou seja, foi um bom acerto expressivo que agradou pela forma que fez, mas como seu papel não pedia que fosse muito além, ela também não foi. Quanto aos demais, a maioria foi encaixe, desde o "par romântico" popular, passando pelo avô malucão bem interpretado por Arthur Kohl, e até a mãe bem trabalhada por Flávia Garrafa, mas nenhum tendo nada que destacasse para chamar a atenção.

Dentro do conceito artístico, a equipe de arte brincou com o começo dos anos 2000, entregando alguns objetos icônicos como mixadores de música, tocadores portáteis de CD, máquinas clássicas, computadores imensos e até as tradicionais visitas à videolocadoras com garotos catalogando os DVDs, e além disso ousou brincar com os figurinos bizarros que alguns "nerds" usavam na época, ou seja, até que foi feita uma boa pesquisa para entregar algo bem trabalhado, mas que foi usado tão pouco que ficamos triste de não ver mais elementos. A fotografia foi básica, tendo apenas a cena no ginásio aonde a bruxa some como algo mais elaborado de tons e tensões, mas isso não é ruim, pois conseguiram segurar bem de forma a criar duas épocas bem diferentes.

Enfim, volto ao começo do texto dizendo que a trama tinha vértices bem coesos para serem trabalhados (que pelo trailer transpareciam ser até mais engraçados), mas que foram pelo lado básico e acabaram entregando um longa até bacana de acompanhar, mas que não quiseram ousar nem trabalhar mais tudo o que poderiam, e com isso o resultado passa bem longe de ser algo que iremos lembrar, e ficar indicando para todos, mas que nem chega perto de ser algo ruim para esquecermos, e sendo assim, aqueles fãs da protagonista que forem conferir e levar seus pais ou amigos, certamente terão ao menos um filme bacana de ser conferido, e sendo assim não irão rasgar o ingresso pago. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, mas volto em breve com mais textos de filmes online também, então abraços e até logo mais.

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Creed 2 (Creed II)

1/27/2019 01:30:00 AM |

Sempre ficamos com um pé atrás quando vamos conferir a continuação de algum filme que foi muito bom, pois geralmente costumam enrolar, encher de falhas, e aparecer muitas arestas que não foram desenvolvidas e que os diretores/roteiristas acham que precisam mostrar para evidenciar algo, e com isso acabam destruindo tudo o que vimos de bom, fazendo quase uma bomba relógio de duas horas na telona. Pois bem, felizmente "Creed 2" vai completamente contra essa ideologia, e entrega algo ainda melhor que seu original, pois ao invés de aparar arestas, o novo diretor da produção trabalhou bem o passado com a rixa vingativa pela morte do pai, incorporou o presente colocando uma luta (ou melhor duas) cheias de grandes embates fortíssimos e muito treino, mas principalmente priorizou o futuro de Adonis sem depender de Rocky, trabalhando a essência do lutador com as boas dicas de vivência do experiente lutador, criando algo a mais para poder ser trabalhado, com a família, os amigos e tudo mais. Ou seja, temos realmente um longa daqueles que nos vemos torcendo dentro da sala, se emocionando com diversas situações, e que claramente nos vemos vibrando com o resultado final mesmo após a luta acabar, pois a trama mostra muito mais do que apenas isso, e sendo assim, o resultado impressiona e agrada demais, mostrando que uma continuação pode e deve superar o original.

O longa nos mostra que a vida de Adonis Creed está tumultuada. Dividido entre as obrigações da vida pessoal e o treino para sua próxima grande luta, ele encara o maior desafio de sua vida. Enfrentar um adversário com laços no passado de sua família somente intensifica a próxima batalha no ringue. Rocky Balboa está a seu lado para o que der e vier e, juntos, Rocky e Adonis vão confrontar o legado que os dois compartilham, questionar pelo que vale a pena lutar e descobrir que nada é mais importante do que a família. Creed II é basicamente sobre voltar ao fundamental para redescobrir o que fez de você um campeão e lembrar-se que, não importa onde for, não é possível fugir do passado.

Posso dizer com certeza que o diretor Steven Caple Jr. certamente será bem tietado por outros produtores após o que fez aqui, pois ele conseguiu trabalhar a personalidade forte do protagonista, apresentar praticamente um personagem novo, e juntamente com tudo isso ainda desenvolver as lembranças das lutas do passado sem precisar ficar brincando com flashbacks, sem precisar ficar remetendo detalhes das lutas anteriores, e ainda soube entregar toda uma vitalidade para a produção, lembrando demais os longas do "Rocky" que estávamos acostumados a ver, com uma boa pegada dramática, boas lutas, e sempre bons motes de lições, de tal maneira que a empolgação vai fluindo e agradando com muito impacto, ou seja, o diretor conseguiu moldar sua trama sem pensar muito em como fazer com que o protagonista se destacasse, deixando isso para o próprio ator, e por incrível que pareça, Michael B. Jordan tem uma luz própria da mesma forma que Sylvester Stallone tinha na época, remetendo força e carisma, chamando muita responsabilidade e criando suas lutas de forma ímpar e bem críveis de acompanhar, como se realmente tivéssemos vendo uma super luta de boxe na telona, torcendo e vibrando para que aquele homem saísse vivo dali para lutar pela família depois. Ou seja, o trabalho do diretor foi coeso na forma, soube encaixar o que o público desejava de um grandioso embate, e principalmente fez algo maior do que o que esperado dentro da carga dramática, o que é um grande acerto se colocado com longas desse porte/estilo, e principalmente o jovem diretor não ficou com medo de assumir a bronca depois de tudo que Ryan Coogler criou no primeiro filme.

Já falei um pouco das interpretações acima, mas é de arrepiar o trabalho que Michael B. Jordan fez aqui, e vem fazendo em sua carreira, de tal maneira que entrega com tanta personalidade olhares, sofrimentos, encaixando trejeitos, além claro de se dispor para uma malhação de nível de esportista mundial, ganhando forma e tudo mais para impressionar na tela como Adonis Creed, além de ir para um rumo inesperado, e acabar envolvendo tanto que nem dá para descrever, ou seja, vamos ver ele ainda ter muito destaque na carreira com certeza, e quem sabe uma continuação, agora que seu personagem já está demarcado. Sylvester Stallone apareceu bem menos dessa vez com seu Rocky, mas foi sincero nos olhares, nas dicas, e por ser simples nos atos, conseguiu demonstrar ainda todo o carisma que seu personagem possui sem precisar fazer muito esforço, agradando bastante também. Tessa Thompson foi grande demais nos seus atos, entregando uma personificação incrível para sua Bianca, encontrando olhares claros para se entregar para o protagonista, e ainda por cima botando o gogó para jogo, mandando muito bem cantando, ou seja, foi muito bem. Florian Munteanu não é russo, e sim romeno, mas entregou muita força e interpretação nos atos de seu Viktor Drago, mandando ver na luta, socando o protagonista sem dó (inclusive de forma real em algumas cenas!), mas seu personagem poderia ter sido um pouco mais trabalhado no longa, de modo que descobrimos praticamente tudo, de seu abandono pela mãe, dos desgastes da vida e tudo mais, somente pelas falas do pai, e dos olhares, não tendo praticamente espaço nenhum para um desenvolvimento. É claro que não colocariam outro para interpretar o mito Ivan Drago, e com isso Dolph Lundgren veio com seus trejeitos fortes imponentes bem colocado para mostrar desprezo em cima dos atos de Rocky e agora seu pupilo Adonis, de modo que o ator está um pouco engessado, mas fez bem seu papel. Também deram uma volta com apenas duas cenas para Brigitte Nielsen que em 1985 fazia sua estreia no cinema como Ludmilla Drago, e aqui foi apenas mote de ligação para os momentos dos protagonistas. Além dos protagonistas, temos de dar rápidos destaques para Phylicia Rashid como a serana mãe do Creed, Wood Harris como o treinador de Creed, filho do treinador do pai de Creed, e claro um agenciador de lutas, no melhor estilo dos agenciadores pilantras que vemos hoje, aqui vivido por Russel Hornsby como Buddy.

A equipe de arte também deu um show, entregando ginásios imensos, preparados para duas grandiosas lutas, trabalhos os ambientes de treino com muito impacto, as casas dos protagonistas cheias de detalhes, e ainda por cima tiveram a audácia de criar um centro de preparo no meio do deserto com detalhes dignos de prisões, criando um ambiente forte, inóspito e incrível de ver para dar muita gana de luta, ou seja, a equipe foi minuciosa para impactar e agradar do começo ao fim. A fotografia deu um tom bem escuro para a maioria das cenas, criando muita tensão, mas trabalhando as lutas com uma iluminação forte, foram coesos para mostrar que o diretor não quis brincar com dublês, ousando mostrar os protagonistas com muita força e garra, ou seja, um filmão mesmo.

Além das canções interpretadas por Tessa Thompson, o longa contou com ótimas e inspiradoras canções de combate, entregando um ritmo frenético do começo ao fim, fazendo com que o filme ficasse bem trabalhado e envolvesse a todos, e claro que deixo aqui o link para quem quiser ouvir.

Enfim, é algo raro de acontecer, mas conseguiram fazer uma continuação melhor que o original, todo cheio de virtudes, símbolos e claro boas lutas, de modo que vai agradar quem não é fã de lutas pela boa dramaticidade e emoção passada pelos protagonistas, como quem for esperando muita força e brigas também irá ficar bem feliz. Só não darei nota máxima para a trama pelo motivo que falei de que achei bem pouco desenvolvido o antagonista Drago, ficando apenas como um adversário do qual sabemos ser filho do homem que matou o pai do protagonista, e nada mais, sua vida sendo quase que um enfeite jogado na tela, ou seja, poderiam ter trabalhado bem mais, mas tirando esse detalhe é um filmaço que vale muito a pena conferir na melhor sala possível, pois é impacto sonoro para todos os lados. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Green Book - O Guia (Green Book)

1/26/2019 02:36:00 AM |

Olha, já tivemos muitos filmes envolvendo questões de preconceito, racismo e tudo mais de ruim que esse mundão real costuma ser desenhado nas ficções cinematográficas, mas ultimamente a formatação que andam nos entregando anda tão real, que a fantasia acaba nos tocando de uma forma que cria tanta indignação, que nos bate uma tristeza tão grande ver alguns momentos que não tem como não se emocionar, ou pelo menos sentir algo pelas tramas entregues. Digo isso baseando tanto no longa que conferi ontem, quanto no de hoje, mas a diferença entre eles é gritante, pois enquanto um prezou por algo mais cru, o outro trabalhou um ar mais fantasioso, na forma como um homem preconceituoso mudou suas ideias ao vivenciar muita discriminação em cima de seu patrão por oito semanas viajando pelo sul dos EUA em plena época da segregação racial do país usando de base um livro feito para mostrar hotéis que aceitavam pessoas de cor no país, o longa "Green Book - O Guia" conseguiu trabalhar envolvimento, carisma e muita personalidade em cima da história real do pai do roteirista que vivenciou tudo o que o longa nos entrega. Diria que o filme toca, emociona, e se desenvolve de uma forma tão crível e forte que acabamos sentindo na pele tudo pelo que os protagonistas sofrem, mesmo nunca tendo sofrido qualquer tipo de racismo e/ou preconceito, e isso faz dele um filme incrível de ser assistido, que não força a barra, e acaba mesmo duro com tudo o que passa, soando gostoso pela amizade criada, e pela mudança na vida do protagonista.

A sinopse nos conta que quando Tony Lip, um segurança ítalo-americano, é contratado como motorista do Dr. Don Shirley, um pianista negro de classe alta, durante uma turnê pelo sul dos Estados Unidos, eles devem seguir o `O Guia´ para leva-los aos poucos estabelecimentos que eram seguros para os afro-americanos. Confrontados com o racismo, o perigo – assim como pela humanidade e o humor inesperados - eles são forçados a deixar de lado as diferenças para sobreviver e prosperar nessa jornada.

Chega a ser irônico vermos uma trama com um tema forte tão bem desenvolvida de uma maneira harmônica e bem humorada, mas se olharmos o currículo do diretor Peter Farrelly, vemos que basicamente ele só fez comédias bem escrachadas, e aqui é sua tentativa de algo mais dramatizado, e que deu muito certo principalmente por ter uma história muito boa por trás, afinal um dos roteiristas é filho do verdadeiro Tony Vallelonga, e Nick inclusive aparece no filme como o mafioso Augie, ou seja, tivemos algo bem moldado para que o diretor trabalhasse a essência, e encontrasse meios sutis e gostosos de passar olhares, sentimentos e claro muito ódio preconceituoso em cima da trama para que seu filme fluísse corretamente e passasse o que tanto desejava que víssemos, que era a possibilidade de alguém completamente preconceituoso, que não é um americano nato, mudasse seus conceitos pela vivência, ou seja, um filme forte, porém entregue com doçura e sinceridade, que acaba envolvendo o público, e claro fazendo com que todos se emocionem com a entrega dos atores para que o diretor pudesse brilhar também.

Sobre as atuações, se em 2017 continuo considerando bem injusta a premiação de Mahershala Ali em "Moonlight", aqui o ator demonstrou uma segurança tão forte na condução de seu Don Shirley, com uma postura precisa, olhares e trejeitos bem colocados, dinâmicas corporais fortes sem precisar de se impor, que ficamos grudados em seus atos, simpatizando com cada momento, e até torcendo para ele em tudo o que faça, ou seja, agora sim é o seu momento de vitória, e iremos torcer com unhas e dentes por muitos prêmios, pois ele foi incrível. Da mesma forma, Viggo Mortensen conseguiu colocar para seu Tony algo tão bem posicionado, cheio de virtudes, com trejeitos até razoavelmente caricatos, mas que com muita desenvoltura acaba entregando uma personalidade marcante de muita amizade que nos faz irmos na sua mesma onda, agradando demais em tudo o que faz em cena. Dentre os demais até temos bons momentos com Dimiter Marinov com seu Oleg, que nos fazem olhar um pouco de forma cética para seu papel, mas certamente o destaque secundário fica para Linda Cardellini com sua Dolores, cheia de paixão, mas principalmente de coração, que consegue emocionar a todos com seu olhar doce e esperançoso em todas as cenas.

No conceito visual, o longa é muito bem exposto dentro de um road-movie pelo sul ultra-racista dos EUA, mostrando diversas lojas, restaurantes, bares, e claro até mesmo as festas de elite aonde o grande pianista entra para tocar, mas tem de viver momentos vexaminosos de uma maneira tão horrenda que chega a dar vontade de bater nas pessoas, como o protagonista faz em diversos momentos, e dessa forma trabalhando bem com coerência com a época, entregando boas locações e momentos bem desenvolvidos, a equipe de arte consegue encontrar detalhes para que cada ato fosse bem montado, e principalmente passasse a ideia que o longa pedia sem precisar partir para algo mais cru, ou seja, foram dinâmicos e coesos, envolvendo cada ato como se fosse único. A fotografia também se deixou levar pela dinâmica, trabalhando sempre tons bem leves ao redor dos protagonistas nos momentos mais descontraídos, e puxando toda a densidade para tons escuros em cada ato que parecia rumar para o conflito, de modo que o resultado até acaba brincando com a ideia, e assim funcionando bem.

Enfim, um longa com uma temática bem forte, que foi desenvolvido com eximia precisão para não ser cansativo nem chato como muitos desse estilo costumam acontecer, o que faz com que um público mais abrangente confira o longa e se divirta, emocione, reflita, e tudo mais que a ideia completa pode passar, ou seja, mesmo com leves momentos talvez fora de eixo, que poderiam até ser eliminados, recomendo demais a trama para todos, pois é algo que vale muito a conferida, e certamente me vi com os olhos bem marejados ao final por toda a essência e beleza passada no conceito da amizade que o filme conseguiu se verter. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman)

1/25/2019 01:46:00 AM |

Tem filmes que marcam pela história, outros pelas atuações, outros pela grandiosa produção, mas quando um filme impacta pelo teor forte que acaba entregando, acabamos saindo da sessão quase com um peso na mente por tudo o que nos foi entregue, e é exatamente essa a sensação que sentimos quando acaba o longa "Infiltrado na Klan" mostrando não apenas a história do policial que conseguiu se infiltrar em uma das organizações, mas também muitas partes documentais ao final duríssimas de ver, e que nos bate uma tristeza imensa de saber que mesmo o filme se passando lá nos anos 70, atualmente ainda vemos muito preconceito e pessoas destruidoras por achar que sua verdade é a certa. Ou seja, com um longa bem trabalhado, cheio de virtudes impressionantes pelo estilo de direção mais crua, aonde vemos discursos de ódio sobrepondo níveis incríveis de força, que sabemos até da existência (não no nível mostrado!), e que acabam sendo duros até de ouvir, o resultado da trama impressiona e entrega até mais do que qualquer filme do gênero, não sendo algo simples de vermos atuação ou qualquer outra coisa da arte cinematográfica, mas sim sentir a presença marcante na alma do diretor para ter capacidade de entregar algo assim, e sendo assim, o resultado do filme só pode ser sentido com muito impacto e dureza.

O longa nos mostra que é o início dos anos 1970, uma época de grandes convulsões sociais à medida que a luta pelos direitos civis continua. Ron Stallworth torna-se o primeiro detetive afro-americano no Departamento de Polícia de Colorado Springs, mas sua chegada é recebida com ceticismo e hostilidade aberta por parte do departamento. Destemido, Stallworth resolve fazer um nome para si mesmo e uma diferença em sua comunidade. Ele bravamente parte em uma missão perigosa: infiltrar e expor a Ku Klux Klan. Posicionando-se como um extremista racista, Stallworth entra em contato com o grupo e logo se vê convidado para seu círculo íntimo. Ele até cultiva um relacionamento com o Grande Feiticeiro da Klan, David Duke (Topher Grace), que elogia o compromisso de Ron com o avanço da América Branca. Com a investigação secreta se tornando cada vez mais complexa, o colega de Stallworth, Flip Zimmerman, posa como Ron em encontros cara-a-cara com membros do grupo de ódio, ganhando conhecimento de um plano mortal. Juntos, Stallworth e Zimmerman se unem para derrotar a organização cujo objetivo real é desinfetar sua retórica violenta para atrair o público.

Se antes pensava, o que Spike Lee com toda sua estranheza fez para que tanto se falasse de seu filme, de forma a mostrar algo impactante no formato? E a resposta vem bem rápido, logo na abertura com um discurso de ódio tão forte que você pensa, será que o longa vai maneirar depois, e a resposta vem com muita facilidade, pois na sequência dramática, já vamos vendo o jovem policial sofrendo ao ser colocado em um arquivo, aonde os seus "companheiros" de profissão só vão escrachando mais e mais, ou seja, Lee não ameniza, só vai pontuando cada vez mais o discurso que certamente ouviu muito em sua vida, e que ao final ainda conclui com a volta de grandiosos ataques por parte do governo atual do país que deu voz aos malucos do estilo que viviam nessa época e apenas andavam mais escondidos. Ou seja, o diretor soube trabalhar a parte ficcional de maneira bem coesa, cheia de bons vértices, mas não entregou algo grandioso nessa parte, pois o filme até cansa um pouco em alguns momentos, porém trabalhou tão bem a ideia, misturando o documental com o ficcional, segurando a ousadia na medida certa para que o ódio predominasse, e fosse claro combatido dentro da dramaticidade da trama, que o resultado soa incrível de ser acompanhado, e choca como deveria e poderia, não tendo como ser diferente do que foi entregue.

O longa em si possui um elenco tão afiado e bem encaixado, que praticamente teria de falar de todos para não deixar ninguém de lado, mas como bem sabemos o texto ficaria longo demais, então vou priorizar os protagonistas, mesmo que esses tenham apenas sido bem colocados dentro de suas posições. E claro tenho de começar pelo filho do grande Denzel, John David Washington, que colocou seu Ron de uma maneira tão icônica e cheia de personalidade que acabamos criando um carisma com seu personagem de modo a torcermos para que destruísse a organização em um nível monumental, pois sendo jovem e simpático, o ator soube criar dinâmicas bem encaixadas e trabalhar seus trejeitos com muita simplicidade e boa desenvoltura, ou seja, foi perfeito. Adam Driver também mostrou um estilo completamente diferente do que já vimos em outras atuações suas, de modo que seu Flip nem possui uma grande eloquência visual, mas acaba entrando de cabeça em situações, trabalhando olhares e trejeitos, de modo que acabamos gostando do personagem, e ele acaba superando bem o estilo sem ficar muito preso ao modo comum. Jasper Pääkkönen entregou um Félix medonho, cheio de trejeitos fortes, com uma personalidade daquelas que a pessoa mais corajosa encararia qualquer movimento de dedo uma ameaça para sair correndo da presença do personagem, e isso foi um grande acerto por parte do ator. Paul Walter House foi muito bem colocado com seu Ivanhoe, parecendo ter gravado o longa inteiro bêbado para dar uma personalidade tão bizarra, mas agradou bastante. Ryan Eggold também entregou seu Walter de maneira simples, porém efetiva para que como chefe da divisão da organização chamasse a responsabilidade em alguns momentos bem colocados. Topher Grace entregou seu David Duke com grandioso primor, e quando vemos ao final as cenas do verdadeiro Duke, vemos que o ator foi preciso e muito formatado para não errar, o que chama bastante atenção, e mostra seu estudo. Quanto das mulheres, tivemos dois pontos bem extremos, primeiro com Laura Harrier com sua Patrice, uma militante forte pelo black power, que mesmo sendo forte, tem um carisma bem grande e chama a atenção em suas cenas, e a por outro lado tivemos a maluca e inconsequente Connie, brilhantemente bem interpretada por Ashlie Atkinson, que com atitudes e olhares bem precisos chega a ser assustadora.

No conceito artístico, a equipe foi bem preparada ao criar uma época cheia de força nos EUA, aonde praticamente ocorreu grandes guerras de segregação racial em cidades mais interioranas, mas também foram simples demais em locações, não criando nenhum vértice expressivo demais para simbolizar os momentos mais tensos que acabaram ocorrendo realmente, deixando se levar pelos telefonemas na delegacia bem montada, nos encontros numa casa cheia de imponência armamentista de caçadas e seus troféus de caça, e também por mostrar algumas reuniões de grêmios e nomeações em igrejas, ou seja, trabalharam mostrando um pouco de cada coisa, sem ousar muito, nem pecar pela falta também. A fotografia não quis errar, e usou um tom mais amarelado para manter a época, e dando leves tons mais escuros em algumas cenas para criar certos ares de tensão, mas sem forçar para lado algum.

Enfim, temos um filme tenso pela proposta, cheio de atitudes, que encontra as palavras certas para mostrar o discurso de ódio dentro da política, que faz com que certos atos acabem ficando grandiosos e bem moldados. Só diria que o filme não é perfeito por faltar um pouco com a forma ficcional, deixando a trama mais presa em um cerne mais verossímil e quase que documental dos atos, pois se trabalhassem mais com um ar fantasioso, violento e até duro com o que sabemos como foi a KKK, talvez o longa fluísse de uma forma mais dinâmica, emocionasse mais, mas talvez chocaria menos, e assim não atingiria o objetivo do diretor. É apenas uma questão de gosto, mas ainda assim é um filmaço que recomendo demais para todos, pois o mundo anda meio bagunçado novamente com esses atos voltando a tomar forma, e fica assim sendo a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Amigos Para Sempre (The Upside)

1/21/2019 01:13:00 AM |

Quem for assistir "Amigos Para Sempre" esperando chorar horrores e se emocionar sem fim como ocorreu com "Intocáveis" certamente irá se decepcionar, porém posso dizer que não temos um longa ruim não, muito pelo contrário, com uma versão levemente diferente do original francês, adaptando para algo mais real e americano, o resultado conseguiu ser leve e gostoso de acompanhar, trabalhando bem as boas expressividades dos atores, criando um estilo bem próprio, e o melhor, mantendo a essência de amizade no ar, o que é algo raro de ver em uma trama bem feita. Ou seja, usando de base a história original, transportaram ela para algo mais vivenciado nos EUA, e conseguiram deixar o longa bem gostoso de acompanhar, com um humor leve sem ser forçado, e tendo uma boa divisão dos papeis para conhecermos até um pouco mais da vida do cuidador, e não apenas do cuidado, como foi no original. Diria que o resultado foi bom, nada de muito impressionante, mas gostoso de conferir, valendo o tempo de sessão.

O longa nos mostra que Philip é um homem rico que fica tetraplégico, após sofrer um acidente. A situação o deixa desgostoso com a vida, já que está sempre rodeado de enfermeiros e pessoas para ajudá-lo. Até que um dia, durante a seleção de um assistente, ele simpatiza com Dell, um jovem com registro criminal que não tem a menor experiência na função. Philip decide contratá-lo e, ao seu lado, reencontra o prazer pela vida.

O diretor Neil Burger é mais costumeiramente visto fazendo grandes longas de ação, e ao assumir essa refilmagem de um grande drama francês muitos ficaram com o pé atrás da forma que ele iria entregar, mas posso dizer após conferir que ele soube dosar as situações para que o longa soasse divertido, emocionante e gostoso, não forçando a barra em momento algum, e principalmente sendo bem trabalhado na interação entre os protagonistas, criando uma química simples, porém bem encaixada, de modo que vemos as situações de ambos protagonistas sem recair para o coitadismo, e isso é o que mais agrada, pois certamente tudo o que ocorre poderia recair para um lado de pena para cada ato, mas foram singelos e bem colocados, e principalmente emocionando sem forçar muito a barra, que certamente caso montassem algo diferente do tradicional francês levaria muitos às lágrimas, o que não ocorre aqui. Ou seja, conseguiram deixar o longa com a cara deles, usando de base uma trama que já era boa, e isso é raro de ver, pois ou copiam e estragam, ou mudam coisas demais a ponto de perder o elo e desandar também, o que felizmente não ocorreu.

Quanto das atuações, sei que muitos irão ver o longa esperando todo o ar dramático e o carisma de Omar Sy, que deu um tom incrível para o original e chega a ser até engraçado vermos também um ator que é um comediante fazendo drama, e ousando pegar esse papel que foi de um monstro do cinema, mas Kevin Hart simplesmente foi muito bem colocado como Dell, entregando personalidade, trabalhando carisma e criando uma versatilidade que nem parecia existir nele, pois sempre víamos ele como aquele cara extrovertido, barulhento e tudo mais, mas conseguiu mostrar algo marcante bem moldado e que chama atenção. Outro ponto que foi muito interessante de ver foi Bryan Cranston saindo completamente de sua personalidade que muitos viram durante anos com "Breaking Bad", e mostrando ares bem fortes para seu Philip, criando virtudes e claro rancores comuns do personagem, entregando algo bem bacana de ver com trejeitos marcados. Nicole Kidman não foi muito aproveitada com sua Yvonne, mas entregou graciosidade e soube colocar as dinâmicas certas nos momentos certos, trabalhando um carisma até que razoável para a personagem, mas como sempre esperamos muito dela, o resultado ficou um pouco abaixo. Quanto aos demais, tivemos boas conexões rápidas com pouquíssimos, entregando uma aparição aqui, um momento mais marcante ali, sendo apenas importante destacar o jeito falho que Julianna Margulies acabou ficando com sua Lilly, de modo que pareceu meio estranha com o papel, mas de resto tudo seguiu como o original.

Outro ponto que mudou bastante, mas acredito que deu um ar menos pesado, foi o conceito artístico entregue no longa americano, que mesmo mostrando Philip como alguém muito rico, a trama conseguiu deixar o ambiente menos pesado de ornamentos caríssimos, dando sim um ar luxuoso para o apartamento dele, mas trabalhando com símbolos mais comuns e ousados, além disso, conseguiram dar uma boa trabalhada no lado de Dell, mostrando o envolvimento com a família, os ares da periferia, e sua vontade de fazer com que o filho saísse dali, além claro da boa simbologia escolhida para os momentos finais, que deram um tom além do tradicional, ou seja, foram bem concisos, e sem exageram na arte, conseguiram mostrar algo bacana. A fotografia também não pesou muito a mão, dando ares mais extrovertidos e coloridos para deixar a densidade dramática menos forte, e embora seja um acerto para que o longa não ficasse tão emotivo como foi o francês, acabaram deixando leve demais para um drama, o que é um pequeno problema.

Enfim, usaram a velha história do copia, mas não faz igual, que usando da ideia original deram uma trabalhada para que tivesse a mesma sensibilidade, mas não ficasse uma cópia apenas mudando os atores, ou seja, quem for conferir esperando ver o mesmo filme certamente irá sair bem desapontado, mas aqueles que forem prontos para algo novo, envolvente e divertido, com toda certeza sairá da sessão feliz com o resultado. Como bem sabemos, os americanos, assim como muitos brasileiros, não gostam de filmes legendados, então quando veem um bom filme europeu/latino geralmente compram os direitos e vão lá fazer a sua versão, e o resultado geralmente costuma decepcionar quem vai muito empolgado esperando ver algo semelhante, mas aqui ao menos fizeram um bom trabalho que vai agradar quem gostar de um bom filme, mesmo que não emocione tanto como o francês. E assim sendo, fica minha recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já encerrando a semana das estreias no cinema, mas volto ainda nessa semana com mais alguns filmes na Netflix, então abraços e até logo mais.

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Vidro (Glass)

1/20/2019 02:46:00 AM |

E eis que M. Night Shyamalan conseguiu fechar sua trilogia iniciada em 2000 com "Corpo Fechado" e em 2016 com "Fragmentado", aonde vemos a base da formação de um super-herói, misturando loucura, desespero, múltiplas personalidades, e tudo mais em um único filme, o qual podemos chamar de "Vidro". Posso estar bem enganado, mas acho que dificilmente o diretor já tinha essa ideia completamente formada 19 anos atrás, e com o desenvolvimento dos demais filmes foi pescando uma personalidade aqui, outra ali, para que quando lançou toda a loucura das muitas formatações psicológicas de Kevin, ele viu que certamente tudo poderia virar um único filme imenso com um grandioso desfecho. E essa é a forma que se dá para o longa que vi hoje, um grandioso desfecho, com três grandiosas reviravoltas em minutos, mas que precisou ser bem alongado para se completar, e com isso tivemos um miolo bem moldado, mas que cansa um pouco, mas que valeu para dar a forma completa ao que o filme necessitava, e com isso, o resultado se faz presente, aliás poderia o filme ser até mais longo, visto que o primeiro corte do roteiro continha quase 70 minutos a mais de duração, e certamente veríamos até mais explicações, mas aí muitos reclamariam de tudo explicado, ou seja, vamos parar de reclamar e ver que o mote foi bem orquestrado e anima bastante quem gosta de HQs, quem gosta de longas dramáticos, e principalmente quem gosta de uma ação bem trabalhada.

O longa nos mostra que David Dunn parte numa implacável perseguição contra o psicopata Kevin Wendell Crumb, que se transformou na criatura conhecida como A Fera. Enquanto isso, Elijah Price, conhecido como Sr. Vidro reaparece com terríveis segredos envolvendo Dunn e A Fera.

O mais engraçado de falar de M. Night Shyamalan é que até lançar "Fragmentado" em 2016, toda a crítica já havia até encomendado um caixão para o diretor, pois diziam que após "Corpo Fechado" se tornar um clássico (muitos anos após sua estreia, pois na época o povo meteu porrada nele!), o diretor não acertava mais a mão errando nas escolhas e desenvolvendo longas de pouco destaque, o que é um certo exagero, pois tivemos bons filmes dele nesse meio do caminho. Pois bem, aqui ele trabalhou para que seus personagens agora já bem conhecidos de outros filmes tivessem um encontro glorioso, cheio de brigas e tudo mais, bem meio que referenciando o momento atual do cinema, que visa encontros de super-heróis para produções cada vez maiores, porém sem perder o tino de suspense/terror que é sua especialidade, e juntando bons momentos de tensão, criando referências às HQs de diversos personagens, trabalhando com muita força e ação, e claro surpreendendo cada vez mais com as grandiosas interpretações dos protagonistas, ele conseguiu unir impacto, boas dinâmicas, grandes lutas, e principalmente fazer o que mais costuma, que é ter imensas reviravoltas nos pouquíssimos minutos finais de seus longas, para que o público deixassem seus queixos no chão, e aqui ele fez nada menos que três, ou seja, deu show nesse quesito. Porém faltou um pouco de brilho nesse show de Shyamalan, pois lhe exigiram cortes demais para que o filme ficasse num formato que desse para ter mais exibições, e com isso arrecadar mais bilheteria, e isso custou algumas explicações que certamente deixariam seu filme mais conciso (o que não atrapalha em nada se formos bem a fundo), e assim sendo, o resultado que poderia ser memorável foi apenas bem feito.

Sobre as interpretações, tenho de começar falando claro de James McAvoy com as múltiplas personalidades de Kevin, que se em "Fragmentado" ficamos espantados com seus trejeitos, aqui o ator merecia muitas premiações, pois ele muda o corpo, o olhar, o jeito de falar, tudo de maneira tão precisa, que passamos a reconhecer quem está falando sem ele precisar falar quem "assumiu a luz" como o personagem costuma falar, e é de um brilhantismo tão impactante que se ele não colocar na sua biografia como o personagem que lhe marcou, ele estará mentindo, pois é algo de aplaudir de pé tudo o que faz em cena com tantas personalidades diferentes em um corpo só. Samuel L. Jackson é outro que aqui mostra olhares fortes e estrategistas de maneira que seu Elijah ficasse impressionante, cheio de virtudes, e envolvesse não só todos ali no hospital desde os enfermeiros até chegar na doutora, passando claro pelos dois amigos com "super-poderes" que mais para frente numa das grandes reviravoltas vamos descobrir que ele já tinha muita coisa nos seus planos, ou seja, acaba nos envolvendo também com muita imponência e ótima expressividade. Que Bruce Willis é um tremendo ator de filmes de ação já sabemos, que sabe trabalhar bem filmes de suspense também, porém aqui seu David Dunn ficou meio que em segundo plano para a trama, servindo apenas como galo de briga para os demais personagens, e claro para que as conexões funcionassem, então o ator nem precisou trabalhar muitos trejeitos nem ser expressivo para que o longa ao seu redor funcionasse, mas ao menos não decepcionou na pancadaria, e fez grandes cenas nesse quesito. Acho que se eu for conversar com uma psicóloga/psiquiatra com um tom de voz tão calmo como o entregue por Sarah Paulson para sua Dra. Ellie, não conseguiria manter a calma que os protagonistas têm de ficar quietinhos, pois ela foi muito enfática quase entrando na mente deles com suas ideologias, criando algo muito forte e preciso sem precisar levantar um segundo sua voz, ou seja, algo bem contundente, que mais ao final vamos entender melhor. Outro ponto bem engraçado, é você olhar para Joseph, o filho de Dunn e achar que parece o garotinho que fazia o filho no filme "Corpo Fechado", pois bem, ele cresceu nesses 19 anos, e sim é o mesmo Spencer Treat Clark, que entregou olhares completamente bem conectados, e agora como ajudante do pai por meio de microfones soube dosar bem as expressões e entregar algo simples, mas bem eficiente. A garota Anya Taylor-Joy que fez expressões marcantes em "Fragmentado", volta aqui com sua Casey quase como um objeto para amansar o protagonista, e a garota fez olhares de calma tão interessantes, que conseguiu chamar a atenção também.

No conceito cênico a trama foi efetiva no que se propunha, entregando momentos bem coesos dentro do hospital psiquiátrico, com celas "a prova" dos heróis/vilões, mas com muita simplicidade para não ficar algo exagerado, porém consistentes para lembrar bem os diversos filmes baseados em HQs, trabalhando com objetos cênicos marcantes, reuniões secretas, e claro figurinos próprios para que tudo chegasse a nos remeter aos muitos filmes de super-heróis que já vimos, ou seja, uma trama detalhada, mas sem trazer nada exagerado, tendo destaques claro para as cenas aonde as brigas rolaram forte, para que tudo fosse amassado na base da pancadaria. A fotografia brincou com tons fortes, e ambientações com sombras bem marcadas para que dessem destaque para cada protagonista no momento certo, e brincando com simbologias sempre para que o ar do longa ficasse mais denso dando a tensão correta para cada ato, ou seja, funcionalidade cênica sempre em primeiro plano.

Enfim, é um longa muito bem feito que serviu para fechar o ciclo e entregar muitas referências em cima do "universo" que o diretor criou, trabalhou bem as ideias em cima do que conhecemos de super-heróis, mas que certamente poderia ter ido bem mais longe caso quisesse, e pudesse, pois um longa maior daria um desenvolvimento melhor (não que aqui tenha sido ruim, mas faltou um pouco, e enrolou demais aonde não necessitaria), e sendo assim é claro que recomendo o filme, pois mesmo com defeitos ainda é algo bem grandioso e emocionante de ver na telona, então corra e confira logo para quem sabe Shyamalan resolva voltar com esse universo para mais longas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Io

1/19/2019 04:10:00 PM |

É engraçado que nesse quase um mês praticamente que adentrei aos longas comprados pela Netflix observei que se existe um estilo de filmes que gostam de colocar em sua grade, são os mais introspectivos, que procuram alguma essência na vida, na forma contextual que vai além das quatro linhas de uma produção, e também gostam muito de longas pós-apocalípticos, de maneira que é algo que dá para empregar bem esse conceito de como viver após o fim do que conhecemos. Pois bem, usando dessa linha de raciocínio, o que é passado no novo lançamento, "IO", é algo que trabalha bem esse formato de pensarmos na sobrevivência na Terra com tudo o que cada dia mais destruímos do planeta, se a opção por ir embora daqui é algo iminente ou se dá para de alguma forma sobreviver aqui, como a adaptação pode ser mesmo que forçada algo positivo para tudo, e até onde você deseja ir, ou conhecer para saber se está pronto ou não para essas mudanças. O longa é bem filosófico, muitos acabarão vendo ele esperando algo com muito mais ação, mas a proposta não é bem essa, e dessa forma, muitos poderão até se frustrar um pouco, porém diria que a ideia é muito bela de ser vista, que dá para refletir bastante, e até trabalhar bem dentro dos diversos pensamentos propostos pelos quatro protagonistas (dois que vemos, e dois que apenas vemos mensagens e vozes), e assim sendo, o filme é bem trabalhado, mas que certamente poderia ter ido muito além.

O longa nos mostra que com a Terra em ruínas, a cientista Sam é uma das últimas sobreviventes e está determinada a encontrar uma forma para a humanidade se adaptar e sobreviver no mundo pós-apocalíptico em vez de abandoná-lo. Pouco antes da partida da última nave rumo a uma colônia distante, ela conhece Micah, outro sobrevivente. Agora, Sam terá que escolher: partir com o resto dos humanos e começar uma nova vida ou ficar para lutar pela sobrevivência do planeta.

Não diria que o diretor Jonathan Helpert se mostrou alguém com uma ousadia para fazer seu filme, pois temos na essência da trama estilos vistos em diversos outros, e de certa forma até pode parecer pegadas clichês em muitos momentos, porém ele soube trabalhar o roteiro que lhe foi entregue para que saísse do eixo tradicional de pós-apocalípticos que saem desesperados em busca de uma cura, em busca de sobreviver, para algo mais clássico, mais filosófico, mais cheio de referências mitológicas para criar ao menos na mente da protagonista a forma certa de se adaptar sem precisar se mudar, e essa é a grade mudança que vemos com o final escolhido, pois se achávamos completamente que o longa iria para um rumo, a alternativa escolhida foi bem pensada, e com certeza irá deixar dúvidas e raiva em muitos, ou seja, o diretor soube usar o clichê para virar o seu como algo diferenciado, e isso é um grande feito que faz valer a reflexão.

Sobre as interpretações, foram feitas duas boas escolhas para os protagonistas, encontrando em Margaret Qualley aquele olhar que muitas pesquisadoras/cientistas entregam em sua vitalidade e busca por encontrar o que tanto deseja, e sabiamente a atriz foi desenvolvendo cada ato seu como algo bem simples e efetivo, não entregando nada antes da hora, o que demonstra uma segurança precisa e bem colocada de ver em sua Sam, e assim sendo, o resultado completo dela é agradável e bem interessante de acompanhar. Por outro lado, Anthony Mackie veio com a desenvoltura de alguém traumatizado com o que ocorreu em sua família, em busca de respostas originalmente com seu Micah, mas que acaba desenvolvendo algo além, e o experiente ator entrou na trama justamente com essa ideologia, de dar uma experiência de vida para a protagonista, e interpretar bem as filosofias mitológicas que a trama trabalha em segundo plano, ou seja, foi o elo mental que o filme precisava. Além dos dois, vemos bem rapidamente alguns momentos de Danny Houston como Henry, que nem precisaria ter, mas que funciona para termos algumas explicações do desfecho da trama, e ouvimos muito a voz de Tom Payne como Elon, mas também foi algo que gasto para ter outra voz masculina na trama, pois como todas suas cenas são de leituras das cartas, poderiam ter economizado e deixado que a moça lesse.

No conceito artístico, diria que o trabalho da produção foi bem preciso, criando uma cidade completamente devastada após a morte tóxica das pessoas, mas bonito de ver pelas mudanças adaptativas das plantas, do ar, de tudo ao redor da protagonista, e claro conseguiram construir um laboratório muito detalhado nas montanhas, aonde a jovem sobrevive com seu oxigênio e com suas pesquisas (o que lembra bem "Perdido em Marte"), tudo com muitos objetos cênicos servindo para referências de aonde desejavam chegar, muitos símbolos nos livros e obras de arte, e até muita tecnologia para termos algo científico realmente, ou seja, um trabalho feito com louvor. A fotografia soube dosar bem a densidade da trama, e encontrar bons ares nos tons cinzas e marrons, criando algo mais dramatizado e menos acelerado como acabaria acontecendo numa trama tradicionalmente desse estilo.

Enfim, é um longa bem interessante, mas que por ser cheio de filosofias, e ter um ritmo um pouco lento demais, é capaz de muitos acabarem nem vendo a beleza por trás das mensagens passadas, e acabarem até se cansando com tudo por esperarem algo a mais, mas que não era dentro da proposta da trama. Sendo assim, recomendo o filme, com a principal ressalva de que vejam com calma, sem esperar muito, e reflitam sobre a ideia completa, pois assim o resultado certamente será bem melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Peso do Passado (Destroyer)

1/19/2019 02:17:00 AM |

Já ouviram aquele ditado que sozinho nem um santo faz milagre, e ele preenche completamente o que vemos em "O Peso do Passado", aonde temos uma montagem muito maluca correndo em três tempos diferentes (dois que confundem muito!!!), aonde a protagonista Nicole Kidman completamente irreconhecível tenta conseguir segurar toda a barra da trama indo pra cima de tudo e todos numa busca incessante por vingança de algo que aconteceu no seu passado, que vamos vendo de forma bem picada também, ou seja, não conseguimos pegar logo de cara tudo o que aconteceu em nenhum dos três atos, pois eles andam quase que paralelos, se interligando para um final bem surpreendente, mas como não temos destaques secundários, e não conseguimos de cara ir entendendo a pegada do filme, por diversos momentos parece que o filme não vai ter fim nunca, e a situação acaba ficando cada vez mais pesada, ou seja, a trama parece não nos conquistar para ficarmos bem presos. E sendo assim, parece que o longa só foi feito para destacar a protagonista para as premiações, e nada mais, e isso é algo ruim de acontecer, porém com o fechamento o resultado ao menos vem, e não ficamos tão a ver navios.

A sinopse nos conta que Erin Bell é uma detetive da polícia norte-americana que aceita participar de um plano arriscado, infiltrando-se entre bandidos para obter informações. A estratégia dá errado, gerando uma tragédia que marca a sua vida para sempre. Anos mais tarde, ela reencontra pistas da gangue de antigamente, e volta a perseguir os responsáveis por seu drama pessoal.

A diretora Karyn Kusama possui um estilo digamos excêntrico de filmes, e embora tenha andado um pouco sumida das telonas, quem não lembra de "Garota Infernal" e "Æon Flux", que davam muita personalidade para as protagonistas lá no começo dos anos 2000, e aqui novamente vemos a força de uma mulher, porém destroçada pelo tempo, e dessa forma pela montagem escolhida de ser dividido em três atos, mas os dois principais irem correndo lado a lado, não sabemos realmente o que aconteceu com ela, apenas sabemos que algo de muito errado rolou, e que ela leva um peso na consciência imenso, mas que na sua busca por vingança não mede esforços e vai com tudo. Dessa forma a diretora, embora tenha dependido demais da maquiagem forte na protagonista, entregou com grande feitio para que Nicole fizesse trejeitos fortes, colocasse seu íntimo a fundo, e encontrasse algo que fosse bem amargo e duro de ser posicionado, que unindo os tons escuros, o lado criminal da cidade, e todo um vértice policial meio que oculto/sem leis, ficasse quase que algo puxado para o noir, e assim sendo o resultado ficou quase que um filme de ator (ou melhor atriz!), que só não foi dessa forma pela montagem escolhida, pois se fosse linear, certamente Nicole humilharia a todos com seu ar intimidador.

Como falei, por ser quase um filme de atriz, posso afirmar com toda certeza que Nicole Kidman simplesmente veio incorporada para que sua Erin fosse daqueles personagens inesquecíveis do cinema, entregando olhares, trejeitos fortes, e claro muita força nos atos, transparecendo uma vivência incrível para que cada ato funcionasse e prendesse o espectador para saber de onde veio esse reflexo, e claro que ela também se deu por inteira para a equipe de maquiagem tirar todo o seu brilho e beleza, criando uma pessoa bem marcada pelas depressões que passou durante a vida, ou seja, foi incrível. Dentre os demais, é bacana ver a química entre a protagonista e Sebastian Stan com seu Chris no passado, mostrando uma troca sincera de olhares, que o ator deu personalidade para o papel, e certamente comoveu pelos atos feitos, Toby Kebell também foi bem impositivo nos atos de seu Silas, entregando pouco em pouquíssimas cenas, mas com uma precisão bem marcada, e Tatiana Maslany se jogou na loucura das drogas com sua Petra, e foi para o ar. Além desses que tiveram uma participação mais efetiva, também é necessário pontuar os momentos de Jade Pettyjohn com sua Shelby que merecia mais destaque como filha da protagonista, mas que ficou muito deslocada para ter apenas uma cena mais marcante, e Beau Knapp junto como seu namorado só deu ares de ser um mal elemento pelos olhares, mas nada que ficasse na marcação que a protagonista deu em cima dele.

No conceito visual, a trama brincou bem com o estilo policial, mas puxando sempre para o ar mais criminoso possível, de modo que nem vemos a protagonista como uma detetive normal, mas sim uma justiceira que faz o serviço completo com suas próprias mãos, ou seja, temos um filme bem denso visualmente, aonde os ambientes fazem mais as vezes dos objetos, e somente as notas marcadas fazem as vezes de objetos cênicos para serem usados juntamente com a cenografia completa de cada local que a equipe encontrou para abrigar os atos bem feitos. E quanto da fotografia, puxaram o tom quase que integralmente para o preto e o marrom, dando um ar noir bem marcado, que por bem pouco não oculta alguns personagens em locações demasiadamente escuras, tendo leves relances para marcar um contraluz, mas nada que realmente impressionasse.

Enfim, o longa está bem longe de ser algo ruim, mas também passa longe de algo genial, de modo que se não fosse pela brilhante interpretação da protagonista, daqui alguns dias nem lembraríamos de visto o filme, e sendo assim até recomendo bem de leve a conferida para ver uma transformação incrível de Kidman, mas que quem for conferir, enxergue bem os três atos de forma separada, e tente não se confundir com a virada final, pois ali sim é que o brilho acontecesse. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com o texto de mais uma estreia, então abraços e até logo mais.

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Como Treinar o Seu Dragão 3 em 3D (How To Train Your Dragon: The Hidden World)

1/18/2019 01:29:00 AM |

Esbaldando emoção! Essa pode ser a sensação que muitos terão ao acabar de ver o capítulo final da trilogia "Como Treinar o Seu Dragão", que começou bem pequena lá trás, mas me lembro como se fosse hoje meu ódio por não terem dado o prêmio para ele em cima de "Toy Story 3"(não vamos discutir isso agora!), pois lá em 2010 já eram muitas cores, muita simbologia, e uma vivência emocionante de amizade, carinho e cumplicidade entre o protagonista e o seu dragão de forma que fomos conhecendo cada detalhe, vivendo cada voo juntos, e tudo mais que a linda trama foi construída em cima dos 13 livros em que se basearam para contar, e agora passados 9 anos podemos dizer que chegaram muito próximo da perfeição no conceito da animação, e contando até mais história que os outros dois filmes juntos, esse novo e derradeiro ato consegue ser simbólico novamente para passar a sensação de dever cumprido, de ter conseguido manter a essência sem invenções bregas, sem sair do eixo, e principalmente feito todos os marmanjos da sessão darem aquela emocionada básica na penúltima cena, e depois ver um grandioso fechamento. Claro que é assim como os anteriores, as cores, os dragõezinhos, e as trapalhadas vão conseguir divertir os pequenos, mas diria que esse é o mais maduro dos três filmes, e talvez até canse um pouco os menores, mas quem acompanhou tudo certamente vai gostar muito do resultado final, e claro irá querer passar para seus pequenos toda essa mensagem de carinho e envolvimento familiar.

A sinopse nos mostra que o que começou como uma improvável amizade entre um viking adolescente e um terrível dragão Fúria da Noite tornou-se uma trilogia épica que abrange as suas vidas. Neste próximo capítulo, Soluço e Banguela finalmente descobrirão seus verdadeiros destinos: o chefe da aldeia como governante de Berk ao lado de Astrid e o dragão como líder de sua própria espécie. À medida que os dois ascendem, a ameaça mais sombria que enfrentaram - bem como o surgimento de outra Fúria da Noite - testará os laços de seu relacionamento como nunca antes.

Se no primeiro filme o diretor Dean Deblois dividia a função com Chris Sanders, logo que assumiu sozinho a cadeira fez com que o filme tomasse um ar mais maduro, mantendo a diversão, mas com uma trama mais séria e envolvente, mas por ser 13 livros a história inteira, imaginava-se que fariam pelo menos uns 5 filmes pelo menos, e quando anunciado que seria fechado com uma trilogia, muitos já imaginaram como poderia acabar, ou melhor, como é dito em todos os inícios dos livros, como os dragões sumiram do mundo. Pois bem, Deblois foi muito criativo, sincero e extremamente delicado para que a honraria ficasse bem colocada da forma mais simbólica e bela possível, assim como Cressida Cowell foi em seus livros, de tal maneira que o filme passa essa beleza ao encontrarmos o refúgio dos dragões cheio de brilhos, luzes e cores, ao conhecermos o vilão com um ar sombrio bem demonstrado cheio de tensão, os flashbacks com o pai todos num tom mais emocional quase esfumaçado e bem vivido. Ou seja, o diretor quis entregar algo que foi muito além do que acabaria acontecendo com qualquer outra animação, trabalhando texturas e enchendo a tela com muita beleza para ser apreciada pelos fãs da saga, e claro, fãs de cinema mesmo.

Sobre os personagens, basicamente já conhecemos quase todos os que estão na tela, com Soluço e suas engenhocas, sendo bem atrapalhado, mas assumindo aqui a personalidade de líder que lhe é confiada, e o jovem consegue trabalhar bem sua personalidade para atingir isso. Temos claro Banguela, nosso querido e amado dragãozinho de estimação, cheio de virtudes, mas fazendo coisas mais geniosas e incríveis para amarmos mais ainda ele, e se tornando mais grande ainda aqui. Temos os demais vikings bem colocados cada um nas suas características (bem diferentes do livro, mas que aprendemos ao que vimos com cada um nos demais filmes a ganhar carisma e desenvoltura). Mas eis que agora surgiram os novos Fúria da Luz, que com muita sensualidade e personalidade de uma gata manhosa conseguiu conquistar o coração do dragãozão com muito envolvimento e deslizes pelo ar, em gratas cenas maravilhosas. Conhecemos o vilão bem imponente Grimmel, que nos livros aparece muitas vezes, mas aqui ganhou um ar bem forte, cheio de marra, trabalhando com seus dragões imensos que lhe consideram como alfa, cuspindo ácido e muito mais de veneno, ou seja, conseguiram entregar um vilão realmente, coisa que raramente vemos em animações. Ou seja, ótimos personagens bem desenvolvidos que certamente poderiam ter muitos outros filmes para nos agradar.

Visualmente o longa é ainda mais perfeito, pois como disse o diretor e sua equipe entregaram tantas texturas, tantas cores, planos-sequência incríveis, flashbacks bem moldados e interessantíssimos para entendermos ainda mais a personalidade que o protagonista tomou, símbolos aparecendo em cada ato, barcos de guerra perfeitos de elementos cênicos, figurinos desenhados com escamas de dragão para dar um ar de convívio dos personagens, ou seja, foram além do que esperava ver na telona. Agora se tem algo que poderiam ter feito algo a mais foi com o 3D, pois volto a frisar, longas com voos precisam abusar da tecnologia para que as crianças brinquem, e o filme ousou muito pouco, ou quase nada, tendo raras cenas com uma profundidade maior, mas praticamente nenhum elemento saltando ou se destacando com a tecnologia, de modo que usaram a técnica apenas para ganhar texturas e moldar os personagens para serem o mais real possível.

Enfim, é um filme que não dá para diminuir as palavras, e se fiquei apaixonado pelo primeiro, morri de amores pelo segundo, agora no terceiro a emoção bateu forte, e até poderia tirar alguma nota dele pela falta de um 3D melhor, mas como costumo dizer, não fez diferença na história, não fez diferença na técnica trabalhada, e quem for conferir sem os óculos verá uma história tão emocionante quanto quem colocar os óculos, e sendo assim, vamos pontuar ao máximo esse encerramento de luxo que a Dreamworks nos entregou, e vou torcer bem ali no cantinho para quem sabe inventarem de fazer uma continuação, embora o fechamento tenha sido incrível, tendo inclusive um epílogo bem encaixado e totalmente emocionante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das estreias, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Cam

1/17/2019 12:35:00 AM |

Costumo dizer que o maior problema de um diretor é definir como trabalhar um roteiro para que ele se encaixe dentro de algum estilo próprio, ou pelo menos se adeque próximo a algo para poder se dizer uma revolução do estilo, e quando ele não consegue isso, o resultado acaba soando mais estranho do que interessante de acompanhar. Diria que "Cam" é um desses filmes que ficaram bem no meio do caminho dos estilos, e a proposta até vai para um rumo bem colocado, mas não incita muito o que acaba sendo/acontecendo do outro lado do site, e esse talvez seja um problema até maior do que a definição como falei, pois ficamos interessados pelo desespero da garota em buscar respostas de como sua conta foi duplicada, e tudo mais, mas acaba não aprofundando como poderia, e ao final apenas temos um encerramento não muito propício, ou seja, o longa até pode trabalhar bem com a funcionalidade de mostrar que ninguém é insubstituível, que a efemeridade pode ser subjetiva, e tudo mais, mas quando entra no acaso de algo do estilo do terror, como era a proposta da trama, não vemos um bom final para tudo.

A trama nos conta que Alice é uma ambiciosa jovem mulher que trabalha com pornografia de webcam. Quando uma misteriosa mulher idêntica a ela toma seu canal, ela se vê perdendo o controle sobre os limites que estabeleceu em relação a sua identidade online e os homens na sua vida.

Em seu primeiro longa, o diretor Daniel Goldhaber mostrou que já vivenciou muito a vida de garotas que fazem vídeos eróticos na internet, e que com essa boa pesquisa conseguiu trabalhar bem a sintonia das cenas com a protagonista e com as demais que aparecem na trama, e as coloco como demais realmente, pois elas têm pouquíssima atividade senão ajudar fazendo outros vídeos, ou em raros momentos alguma conversa com a protagonista. Mas somente essa pesquisa não foi suficiente para que ele moldasse a trama de uma forma condizente, a não ser que fosse mostrar algum tipo de documentário sobre a vida de garotas desses sites, e não algum suspense sobre roubo de personalidades/vidas como basicamente aparenta ser a ideia principal do longa, ou seja, faltou acreditar no que estavam fazendo para que o público também acreditasse no que é mostrado, e sendo assim, infelizmente a falha é bem grande, mesmo que tendo um leve mote interessante para se pensar na possibilidade das pessoas nem terem personalidade suficiente para existirem hoje, ou seja, faltou tudo.

O trabalho da protagonista Madeline Brewer foi até bem coeso com sua Alice/Lolla, e entregou uma personificação bem interessante, entregou boas expressões para os mais diversos momentos, e foi razoável na caça desesperada pelo seu clone, mas acredito que nem ela acreditou e/ou entendeu o que realmente era o ser do outro lado da câmera, e isso foi algo bem falho de ver, pois ela acabou entregando dúvida para nós não acreditarmos nem no que ela via, e assim, o longa ficou perdido também, talvez uma descrença mais leve, ou mostrar mais personalidade mostraria algo a mais. Quanto aos demais, nem vale gastar o teclado digitando, pois foram expressões jogadas para nenhuma serventia, tendo um ou outro uma tentativa de se mostrar para a câmera.

A concepção da cenografia do longa foi bem trabalhada para mostrar bem esse mundinho das garotas que ficam fazendo vídeos eróticos com câmeras em quartinhos, recebendo pontuações ao satisfazer os desejos dos seus seguidores/espectadores diversos, e foram bem coerentes com muitos objetos cênicos, brincaram com o lance familiar, com os clubes e tudo mais, mas como já disse, faltou algo a mais para o fechamento do longa, e a parte técnica poderia ter ajudado também, ou seja, quem sabe a brincadeira ficasse mais relevante quando a garota descobre o algo a mais no computador sobre a outra garota, e aí sim o resultado chamaria a atenção nossa. A fotografia exagerou no vermelho/rosa do quarto da garota, e poderiam ter cansado menos nossa vista, mas ainda assim o resultado nesse quesito não é dos piores.

Enfim, é um filme que foi feito para algo, alguns vão enxergar de uma forma bem diferente, mas que infelizmente não me cativou até o final, parecendo faltar algumas coisas para ser considerado um mote além do que é mostrado em cena apenas, ou seja, fraco. Sendo assim, não o recomendo, mesmo tendo um bom começo, e um miolo razoável, pois literalmente jogaram o final no lixo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã já volto com as estreias da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Solo

1/16/2019 12:59:00 AM |

Histórias reais quando bem contadas, trabalhando bem o visual, colocando um ator para sofrer e transmitir o sofrimento de forma coesa e bem trabalhada para o público, e entregando uma história verossímil de acreditar, acabam resultando em longas que prendem os espectadores e resultam em tramas interessantes de conferir aonde quer que seja, e de cara pelo trailer de "Solo" já vemos muito a semelhança do filme com "127 Horas", mas ao conferir vemos que ele também possui alguns momentos que nos conectam à "Águas Rasas", ou seja, embora o filme conte uma história real que aconteceu em Setembro/2014, vemos muitas conexões com outros longas baseados em fatos reais, de forma que podemos concluir que em momentos de desespero praticamente todos fazem loucuras, deliram pensando em tudo que já fizeram de errado, e principalmente tentam sobreviver mesmo pensando em dar fim a vida de uma forma mais rápida. Diria que a diferença do longa espanhol para os outros que citei é mais pelo lado da simplicidade efetiva, e pelo protagonista não ser alguém tão famoso que acabou forçando um pouco o sofrimento, ao contrário dos outros que se entregaram mais, pois de resto, foi quase como rever os outros dois que foram bem bons, e aqui o resultado também foi bem agradável.

O longa nos mostra que numa área remota das Ilhas Canárias, um surfista cai de um penhasco, e lutando pela sobrevivência, ele acaba refletindo sobre a vida e o amor do passado.

A grande sacada aqui feita pelo diretor Hugo Stuven foi trabalhar a cenografia, dar altos voos com drones, utilizar muitas câmeras aquáticas, e com isso praticamente nos colocar junto do personagem principal que é um solitário imenso, cujo o nome real é Álvaro Vizcaíno, trabalhando com o ator todos os seus erros do passado, e claro suas angústias ali no seu momento de quase-morte no meio do nada. Diria que ele foi bem efetivo no que tentou entregar, e com uma tecnologia bem colocada, o resultado surpreende pelas ótimas imagens, mas talvez tenha faltado um pouco mais de ensaios e/ou trabalho de vivência com o protagonista para que ele soubesse passar o sentimento real do personagem naquela situação, e com isso entregasse algo mais forte nos olhares, ou seja, até temos um filme bem trabalhado, mas que falha um pouco na expressividade passada de modo levemente falso, e com isso o resultado embora bonito, também soa um pouco falso.

Como o filme é praticamente todo centrado no protagonista, Alain Hernández precisou incorporar bem a personalidade solitária de Álvaro, e ir entregando cada ato com muita sintonia, entrando em desespero nos momentos certos, jogando olhares para fora, e botando pra jogo algo que é muito difícil de fazer, que é variar a mente para não forçar ao exagero o desespero de estar sozinho, e infelizmente foi nisso que ele pecou um pouco, afinal como bem sabemos para gravar um longa o ator está rodeado de uma tonelada de pessoas da equipe, e aqui certamente se largassem as câmeras bem posicionadas, e o ator se virando sozinho realmente, o resultado seria bem diferente, mas longe do ator ter sido 100% ruim, diria que ele foi interessante ao menos na maior parte do tempo. Dentre os demais, tivemos muitas cenas para tentarmos reconhecer a paixão do protagonista por Ona, vivida pela belíssima Aura Garrido, que no que precisava fez bem, que era mostrar sua sensualidade e chamar a atenção quando precisou, e tivemos leves momentos bem encaixados para mostrar a amizade do protagonista com Nelo, vivido por Ben Temple, mas que precisaria de mais tempo para desenvolver o papel, e sendo assim soou bem fraco.

No conceito artístico, a produção encontrou um lugar paradisíaco para filmar o longa, ou montaram piscinas perfeitas pela cor da água, pois os resultados das imagens ficaram incríveis de ver, tendo objetos cênicos bem entregues para que os atos acontecessem de forma bem interessante, as captações aéreas deram um tom bem colocado, ou seja, um trabalho bem minucioso da equipe de arte, que acertou em cheio. A fotografia deixou tudo com tons bem claros, puxando um ou outro momento para tons mais escuros dando uma leve tensão para a dor do protagonista, mas ao optar pelo molde mais claro, o filme ficou menos agressivo, e assim sendo o resultado cansou menos do que poderia ocorrer.

Enfim, é um filme bem feito, que poderia ter ido muito além, caso desejassem trabalhar mais a personalidade do protagonista, e claro, como disse da interpretação talvez deixado o ator mais sozinho para conviver com o desespero realmente, pois não teria forçado tanto. Ou seja, é um longa que consegue passar bem sua mensagem, e agrada de certa forma, mas que falha aonde não poderia falhar em um filme desse estilo, que foi na atuação, e sendo assim, muitos irão se desconectar facilmente da tensão, e ao invés de sentir toda a dor e o desespero que certamente Álvaro teve, muitos irão ficar com sono no desenrolar da trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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