A Justiceira (Peppermint)

10/20/2018 01:56:00 AM |

Acho que já vi pelo menos uns 5 filmes com a mesma temática, quiçá o mesmo desenvolvimento que "A Justiceira", todos abusando de situações absurdas, personagens se vingando de formas irreais, e claro muito tiros e ação que fazem com que o público acabe sempre gostando do que vê na telona, mas aqui exageraram tanto para o poder feminino que está na moda, que a atriz nem tendo um corpo de impacto para cenas de salto, tiro e luta, acabou parecendo que foi apenas colocada a esmo no papel, ficando deveras estranho de ver ela como alguém vingativo e cheio de marra para funcionar quase como um fantasma que caça o passado negro das pessoas que mataram sua família. Claro que o filme funciona e soa até interessante pela trama, mas confesso que poderiam ter pego alguma atriz mais forte que tivesse alma realmente de luta para sair atirando e dando socos afora, (daí virão defender Gal Gadot como Mulher Maravilha - e já rebato, que lá temos algo bem fictício que funciona e é uma pessoa que possui super-poderes, além de ser uma deusa, aqui temos algo com conceitos reais, por uma mulher real, ou seja, falso demais ver o que é mostrado!). Ou seja, digo sim que a história é convincente, pode ser que apareça uma continuação pelo final que deram, mas tem muitas falhas para empolgar realmente como poderia, mesmo sendo bem longe de ser algo ruim de ver.

A sinopse nos conta que quando o marido e a filha são mortos a tiros diante de um parque de diversões, Riley (Jennifer Garner) acorda de um coma e passa os anos seguintes aprendendo a se tornar uma máquina de matar. No quinto aniversário da morte de sua família, ela tem como alvo todos os responsáveis: a gangue que cometeu o crime, os advogados que os libertaram e os policiais corruptos que permitiram que tudo acontecesse.

O diretor Pierre Morel é daqueles que ama fazer filmes policiais, tendo diversos em seu currículo nas mais diversas funções, e aqui ele soube trabalhar bem o conceito de vingança, com ares rústicos e entregando o que mais gostamos de ver em longas desse estilo, que são tiros e muita pancadaria desmedida. Porém o diretor acabou exagerando um pouco dentro da proposta que o roteirista Chad St. John acabou criando, e fez da trama algo que sai um pouco dos eixos, não ficando nem algo crível para um longa com ideologia reais, e nem algo comum dentro de algo que pudesse passar como fantasioso, ou seja, até vamos nos empolgar em alguns momentos, mas quando chegarmos a fundo mesmo na ideia completa vamos só falando: impossível, exagero, e por aí vai. Não diria que o conceito passado foi algo errado, só poderiam ter trabalhado um pouco mais com uma ideia mais crível, e talvez arrumado uma atriz mais convincente para o papel, pois mesmo Jennifer Garner já tendo feito papeis de heroínas e lutadoras, aqui ela aparentou fragilidade demais para alguém que sai a caça de grupos altamente armados.

Falando um pouco mais da atuação de Jennifer Garner, temos de lembrar que já se passaram mais de 13 anos desde que ela fez grandes papéis de lutas em "Elektra" e "Alias", e de lá pra cá só encarou comédias românticas, dramas religiosos e filminhos bem mais leves, de modo a passar um ar mais família em sua personalidade, de modo que aqui sua Riley até cabe bem no primeiro ato, como uma mulher que passeia com a filha, que trabalha em um banco e por aí vai, mas sair como uma caçadora de vilões no segundo ato acabou deixando ela forçada demais, e embora não tenha feito nada de errado, ela parece jogada ali como uma escolha bem errada, mas disposta a cumprir seu feitio, ou seja, a atriz é boa no que faz, só não foi o momento certo para o papel, e isso pesa muito no que vemos na telona. John Gallagher Jr. faz um policial bem canastrão no segundo ato, mas que no primeiro até parece ser boa pessoa, só poderia ter trabalhado mais seu estilo nos dois atos igualmente para agradar, pois o personagem Carmichael é daqueles bem interessantes de ver. Juan Pablo Raba até consegue chamar atenção para seu Garcia, mas falta algo a mais para mostrar o cartel, e sua cena com o dono realmente das drogas soou como algo tão jogado que poderiam ter trabalhado ao menos um pouco mais o diálogo para não ficar tão artificial. Dentre os demais, até tivemos algumas tentativas de figurantes aparecerem um pouco mais, mas nada que realmente empolgasse, tendo leves destaques para Annie Ilonzeh como a detetive do FBI que aparece em três cenas, e John Ortiz que faz algumas cenas rápidas como Detetive Beltran.

Um dos grandes pontos do longa ficou a cargo da direção de arte, que trabalhou bem um clima denso, com muitas armas de altíssimo calibre, locações bem encontradas e montadas, como um laboratório do cartel, e até mesmo a casa do traficante com muitas referências mexicanas endeusando a morte, um parque de desabrigados bem interessante que mostra a protagonista como um anjo da guarda, e assim explicando como seu carro nunca foi aberto com tanta coisa lá dentro, além de outras boas colocações que conseguiram amarrar a trama e desenvolver bem tudo. A fotografia ousou em colocar tons neutros misturados com nuances bem escuras, o que diverge bem desse estilo, mas a ideia funciona principalmente para entregar a protagonista como um fantasma que some dos lugares que está, e sendo assim, o resultado também agrada.

Enfim, é um longa cheio de errinhos que poderiam ser suprimidos, mas que também não atrapalham tanto o desenvolvimento da trama, de modo que dá para curtir tudo se assistir sem ficar reparando ao redor. Diria que quem gosta do estilo até irá gostar do que verá, mas certamente vai ficar pensando no motivo errôneo de terem colocado uma artista, que foi realmente impactante com filmes de lutas no passado, mas que agora não é mais o estilo dela, então poderiam ter evitado, mas ainda assim recomendo o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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