Amigos Alienígenas (Luis and the Aliens)

10/30/2018 11:59:00 PM |

Não lembro qual foi a última animação alemã que conferi, mas posso dizer que baseando na modelagem de "Amigos Alienígenas", eles estão a um pequeno passo de serem memoráveis, se colocarem uma história mais focada num público mais jovem e adulto, como acaba acontecendo com as grandes animações americanas, mas talvez não seja bem essa a intenção, e sendo assim, o resultado proposto para os menores acaba sendo engraçadinho e bem colocado, divertindo com as bagunças dos alienígenas, e tentando cativar/emocionar o público com a história do jovem que o pai praticamente nem nota em casa. Diria que é uma trama gostosa que passa bem rápido, mas que falta um pouco para conseguir atingir um algo a mais.

O longa nos mostra que a vida de Léo, um menino de doze anos, muda completamente quando a nave espacial de três alienígenas cai nos fundos do quintal de sua casa. Seu pai, um ufologista famoso, congelaria os novos amigos na primeira oportunidade, por isso ele precisa protegê-los e ajudá-los a descobrir o paradeiro da nave mãe, para que só assim eles consigam voltar para casa.

É engraçado observar que a trama brinca com dois vértices bem opostos, a alegria/consumismo dos alienígenas com a simplicidade/tristeza do garoto, e ainda complementa com a paranoia por limpeza/organização dos vizinhos, de tal maneira que os diretores acabam deixando no ar ainda diversas outras situações para serem complementadas, com altas referências em cima de "MIB" também, ou seja, eles fazem algo cheio de referências a diversos longas famosos de alienígenas, mas sem se prender a nenhum, afinal aqui é o deles, e sendo bem graciosos na modelagem, todos os personagens foram construídos com formatos bem gordinhos para não necessitar de nenhuma tecnologia 3D para entregar algo bem tridimensional, cheio de formas, e principalmente com sombras bem colocadas, agradando pelo resultado geral para um público que exige ver uma certa qualidade nas telonas, ou seja, vemos tudo bem dinâmico e interessante na tela, com boas texturas, e ainda uma história que agrada, mas que ainda é deveras infantil, e poderia ter sido melhor trabalhada.

Dentre os personagens, conseguiram moldar bem um carisma bacana nos alienígenas, principalmente no conceito de assumirem as formas de outras formas comendo cabelo de outros personagens, e isso deu uma graça incrível para o longa. O jovem Léo (que foi abrasileirado na versão dublada, pois no original chama Luis) conseguiu transmitir bem sua fragilidade e tristeza por não ter mais a mãe, e ter um pai omisso, mas faltou emoção no personagem para comover mais o público. O pai ufologista é bagunçado como todos malucos desse meio, mas ficou sem sal demais seu modo sempre dormindo, então poderiam ter dado um gás a mais nele. E quanto dos vilões, temos dois vértices, primeiro os vizinhos extremamente organizados, com o filho rebelde (que do nada fica bonzinho demais!), e temos a dona do orfanato que coleta lágrimas de crianças abandonadas, que terá uma surpresinha mais para o final, que acredito que poderia ter ocorrido até um pouco antes para a emoção ficar maior, mas foi bem trabalhada ao menos.

O visual do longa é bem colorido, cheio de bons lugares, com objetos trabalhados para dar dinâmica e como já disse no começo, uma modelagem de primeira linha, com traços arredondados, mas tendo boas texturas para não ficar nem realista demais, nem bidimensional demais, formatando tudo e agradando na medida. Juntou a isso um ritmo bem dinâmico, que nem necessitou inventarem moda de lançar o longa em 3D para funcionar, e assim o resultado visual acabou soando agradável e bem feito.

Enfim, temos um longa interessante, que poderia ser muito melhor se brincasse mais com alguns elementos mais originais, e principalmente tivesse uma história mais determinada, não sendo apenas uma diversão na telona, mas ainda assim está longe de ser algo ruim, e assim quem for levar as crianças para conferir é capaz de não sair decepcionado com o que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Os Invisíveis (Die Unsichtbaren) (The Invisibles)

10/30/2018 01:05:00 AM |

Sabe quando um filme possui uma proposta bem moldada, mas que acaba necessitando de amarras para virar um longa realmente e o diretor não sabe como fazer, pois bem, se você não conhece um filme assim, veja "Os Invisíveis" que possui uma história bem bonita que mostra como alguns judeus conseguiram fugir da deportação para a câmara de gás, sendo escondidos em casa de alemães que eram contra Hitler, mas tudo de uma forma bem ilegal e cheia de artimanhas. Porém para contar a história de quatro jovens dentre os milhares que fizeram esses trâmites, a equipe conseguiu bons depoimentos, e resolveu que também colocaria eles falando no longa, afinal tirando uma pessoa em comum com dois dos personagens, nenhum deles se tromba ou se relaciona, e amarrar tudo numa única história acabaria ficando ou novelesco demais, ou perdido em desencontros, então a solução foi fazer os verdadeiros personagens contarem suas histórias, e atores dramatizarem elas, o que ficou bonito em alguns momentos, emocionante em outros, mas que a todo momento parece faltar algo, não fluindo como poderia. Ou seja, temos algo que vale a pena ser conferido, afinal sempre é bacana conhecer um pouco mais como foi o processo do nazismo, o que alguns sabiam dentro do conflito completo, trabalhar com bons depoimentos, mas poderiam ter optado por colocar tudo como documentário ou tudo como ficção, pois reconstituições geralmente soam fracas demais dentro de uma proposta mais sólida.

O longa nos situa em Berlim, fevereiro de 1943. O Partido Nacional-Socialista declara o Reich “livre de judeus”. Mas, milhares deles conseguiram se esconder dos perseguidores, e aqui nos é contado as histórias de quatro dessas testemunhas contemporâneas. Hanni Lévy, que acaba de completar 17 anos, perdeu seus pais. Graças a seu cabelo loiro tingido, ela é praticamente invisível para seus perseguidores e passeia ao longo da famosa avenida Ku'damm para passar o tempo. Cioma Schönhaus também foi para a clandestinidade e leva uma vida aventureira, tornando-se um falsificador de passaportes, trabalho por meio do qual ele salva a vida de dezenas de outros judeus. E enquanto Eugen Friede se junta a um grupo de resistência que distribui folhetos antigovernamentais, Ruth Arndt e um amigo, durante o dia, sonham com a vida na América, ao passo que, à noite, ela finge ser uma viúva de guerra e serve comidas gourmet do mercado negro no apartamento de um oficial nazista.

A explicação para a reclamação da falta de decisão sobre fazer um documentário ou uma ficção é bem fácil, pois o diretor Claus Räfle só havia feito documentários antes desse longa, e aqui na sua estreia na direção certamente gostou muito do material que captou com os sobreviventes reais e quis utilizar além do que caberia para um filme comum, ou seja, não posso deixar de dizer que todos os depoimentos dos velhinhos (alguns já até morreram antes do lançamento do longa, e usaram materiais de arquivos) foram emocionantes e bem colocados, mas como gosto da separação dos dois gêneros, confesso que esperava mais das cenas de ficção para que a história realmente chamasse bem a atenção e não dependesse tanto dos depoimentos, mas o contexto completo certamente mostrou que Claus até tem uma boa mão para direção de atores, falta apenas a consciência de transformar ela em algo mais completo.

Dentre as atuações, diria que todos souberam entregar seus personagens da melhor forma possível para conseguir comover com seriedade e boas colocações, desde Max Mauff com os bons olhares malandros de seu Cioma, que estava sempre preparado para conseguir enganar os oficiais nazistas com suas habilidades de falsificação de passaportes para muitos, mas também mostrando ser meio desmemoriado e desleixado com seus materiais, largando jogado para que outros estragassem seus ganhos. Depois tivemos a bela Alice Dwyer que trabalhou colocando a mudança visual e de identidade, vivendo muito na rua e sendo realmente uma invisível para muitos, com olhares de piedade de sua Hanni, mas sendo muito atraente se passando realmente como uma alemã bem tradicional. E tivemos o praticamente medroso Aaron Altaras que ficou quase toda a época escondido em casas com belas mulheres, sendo um atrativo para as garotas filhas dos alemães que hospedaram seu Eugen, mas também ajudando na concepção dos jornais da resistência. Ruby O. Fee também conseguiu ser bem coerente com sua Ruth, mas mostrou um pouco fora do eixo em algumas cenas, parecendo que faltou material para a jovem saber como agir na casa do general nazista, e também na rua, sempre ficando bem em segundo plano, mas sem falhar ao menos. Ou seja, o diretor tinha bons atores que dariam conta do recado para chamar a atenção e agradar com bons diálogos e olhares para uma história mais completa e melhor desenvolvida.

No conceito cênico, a trama conseguiu juntar cenas bem feitas mostrando as casas dos alemães servindo de abrigo tanto para alguns judeus que se esconderam, bem como para outros alemães que tiveram suas casas bombardeadas, com inspetores do governo vindo até cada uma para ver quantos poderiam abrigar ali, ou seja, algo bem interessante, que mostrou simplicidade, bons elementos decorativos para representar tudo, e claro muitas casas sendo destruídas pelas bombas, o longa também contou com boas imagens de arquivo, mas senti a falta de mostrar um pouco mais da dureza dos generais/governantes, deixando isso bem em segundo plano para o longa, o que talvez seja o que faltou para o filme ficar um pouco mais convincente, mas ao menos nos detalhes de figurinos e locações, o resultado acabou agradando.

Enfim, é um filme que passa bem a proposta, mas que não atinge nem metade do que poderia conseguir, ficando bem mediano no resultado final. Digo que vale mais a conferida pelo lado histórico, mas que certamente temos outros longas que mostram as mesmas situações melhores desenvolvidas, porém como costumo dizer, ao menos passou bem longe de ser algo que incomodasse, e por não ser arrastado, a mistura de documentário com ficção consegue soar ao menos interessante de ser vista. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

10/29/2018 02:31:00 AM |

Tem vezes que vamos ao cinema procurando ver um estilo de filme e acabamos vendo outro completamente diferente, e digo isso de "Podres de Ricos", que já no trailer aparentava ser uma comédia romântica cheia de clichês bobinhos, mas que graciosamente consegue ser melhor trabalhada, e cheia de acentos críticos ao estilo exacerbado de milionários chineses que não aceitam qualquer outra pessoa fora de seu clã para os filhos, e que facilmente até enxergamos isso de um modo metódico logo pela abertura que mostra o quanto eram também recebidos com muito preconceito em outros lugares, e com isso levaram alguns pré-conceitos também sobre os demais países, ou seja, um filme cheio de jogos, aonde o raciocínio até entrega algo a mais na finalização. Diria que é algo gostoso de ver, que mostra fácil o motivo de ter ficado quatro semanas seguidas na primeira colocação das bilheterias americanas, pois possui uma essência divertida, que até trabalha alguns motes exagerados, mas que principalmente funciona por ir num vértice de comédias que os americanos praticamente pararam de fazer, e aqui o resultado enxerga o jeito correto de entregar sem precisar apelar "demais".

O longa segue os passos da nova-iorquina Rachel Chu em sua viagem a Singapura para acompanhar o namorado Nick Young, com quem tem um relacionamento de longa data, à festa de casamento do melhor amigo dele. Animada com sua primeira visita à Ásia, mas também um pouco nervosa por conhecer a família de Nick, Rachel está totalmente despreparada para lidar com alguns detalhes importantes que Nick “esqueceu” de contar sobre a vida dele. A verdade é que Nick não apenas é o herdeiro de uma das famílias mais ricas como também um dos solteirões mais cobiçados do país. Como namorada de Nick, é como se Rachel tivesse um alvo pintado em suas costas bem na mira de invejosas socialites e, pior ainda, da própria mãe de Nick, que desaprova o namoro. Muito em breve vai ficar cada vez mais claro que, embora dinheiro não compre amor, pode definitivamente complicar a vida.

O diretor John M. Chu que ultimamente nos trouxe grandes filmes de ação, super filmes-shows e longas dançantes, mostrou que também sabe ser criativo na formatação de uma comédia romântica diferenciada, principalmente por ter um pouco mais de conteúdo do que simples romancinhos e desencontros amorosos que estávamos acostumados a ver vindo de produções americanas. Claro que isso se deve também ao roteiro ter sido baseado no primeiro livro da trilogia de Kevin Kwan, que já garantiu a Chu os direitos de fazer a continuação da trama com seu segundo livro (no miolo dos créditos já vemos uma breve cena que entrega a sacada de onde a irá sair a sequência!), e certamente só pelo que vemos na trama, o livro deve ser uma delícia de ser lido, pois ao realçar bem o grande abismo de classes que é a tradicional hierarquia chinesa, mostrar a loucura esbanjadora dos novos ricos, e claro brincar com o encontro/desencontro de pessoas de ambos os mundos, o filme consegue quase como numa leitura dinâmica realçar cada ato. Ou seja, uma grata surpresa, que já mostrava ser bem interessante no trailer, mas que por cair nas mãos de um bom diretor, o elenco acabou se superando e saindo do trivial para arrancar boas risadas e envolver ainda por cima.

Quanto das atuações, é bacana ver uma nova leva de bons atores se entregando em meio a lendas chinesas que conseguem ser sutis só nos olhares, se impondo e agradando em meio os jovens que cada dia aprendem mais com eles para poder agradar também. De modo que, Constance Wu conseguiu entregar a economista Rachel Chu com muita persistência, trabalhando até com um pouco de medo no meio dos monstros sagrados de sua origem, e principalmente, a atriz soube dosar os bons momentos da trama, sem forçar um olhar, o que mostra um futuro bem promissor. Henry Goldin já tinha chamado a atenção bem rapidamente no "Um Pequeno Favor" que passou por aqui esses dias, e aqui com seu Nick Young, ele trabalhou uma personalidade mais calma, porém bem colocado como um grande herdeiro que não deseja seguir tanto as suas origens, mas ainda assim é o mimado da família. Michelle Yeoh entregou uma Eleanor Young com tanta classe, que mesmo seus momentos mais impugnantes e podres demonstrando um asco forte por quem não é do seu mesmo nível conseguiram soar interessantes, mesmo que ficássemos bem bravos com ela, ou seja, deu um show como bem sabe fazer. Gemma Chan fez bem as suas cenas como Astrid Young Teo, e embora não tenha tido grandes cenas de destaque, fica claro seus momentos que procuraram sempre colocar ela em pauta, e ao final (ou melhor na cena pós-crédito juntada com o nome do segundo livro) conseguimos entender que sua personagem é o papel principal do segundo livro, e talvez a garota seja convidada para dar show novamente, afinal ainda aparecerá muito nos cinemas nos próximos anos. Awkwafina teve bons momentos como Peik Lin Goh, trabalhando com seu jeitão despojado e entregando algumas cenas mais forçadas, mas que ainda assim foram bem colocadas junto de Nico Santos com seu Oliver, que puxou bem o ar de gays da moda, e com a conexão dos dois, o resultado ficou bem colocado ao menos. Felizmente Ken Jeong apareceu pouco com seu Wye Mun Goh, pois como é de seu costume, acabou forçando demais com piadinhas ruins e aparições toscas, mas que funcionaram para o papel, mas se aparecesse mais tempo na tela, acabaria mais cansando do que agradando. E para fechar, tivemos a lenda Lisa Lu como Ah Ma (que seria a vó milenar chinesa), e ela foi bem colocada nas suas três cenas, e até soou forte no fechamento de sua última, que poderia ser bem diferente para não ficar tão estranha com sua personalidade, mas anda que tenha atrapalhado.

Embora o longa seja bem luxuoso, com mansões, cenografias bem encontradas, lugares paradisíacos e tudo mais, a produção em si não foi das mais caras, e olha que temos atores bem caros no elenco, ficando na casa dos 30 milhões (mas que já rendeu mais de 120 milhões, sendo um grande número para virem com a continuação!), e sendo assim, a equipe de arte aparentemente precisou se esforçar bastante para não sobrecarregar tanto a produção, usando de sutilezas nas locações para que detalhes entregassem mais do que os exageros em si, e provavelmente também fazendo a produção quase que inteira em Singapura, o valor foi menos exorbitante do que se fosse rodado nos EUA. A fotografia usou de tons bem vivos para manter a essência alegre e rica do filme, colocando sempre muito dourado e verde rubi para que o grau de impacto de grandeza ficasse forte, e oscilando pouco para baixo nos momentos mais tristes, ainda assim o resultado soou rico.

A trilha sonora foi bem colocada, principalmente por trabalhar canções que estamos acostumados a ver em versões americanas, mas aqui cantadas em cantonês de uma forma gostosa e diferenciada, que claro deu ritmo e formato para a trama, destacando claro "Yellow" que ouvimos via Coldplay, e aqui cantada por Katherine Ho ficou bem interessante, além de outras bem bacanas de se conferir, e claro que deixo aqui o link para todos curtirem após o filme.

Enfim, é um filme bem gostoso que torço para que fique mais que uma semana em cartaz, para que mais amigos confiram, pois vale a pena e certamente quem for conferir, e gostar desse estilo, certamente sairá bem contente da sessão, portanto fica aqui minha recomendação, e já irei esperar a continuação, pois visto um pouco do estilo de Astrid, certamente não será nada fácil para os rapazes candidatos à namorado dela. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Fúria em Alto Mar (Hunter Killer)

10/27/2018 02:07:00 AM |

Estamos acostumados a ver uma tonelada de filmes de guerra nos cinemas, e geralmente temos diversas explosões e mortes, mas é mais raro entregarem longas com conceitos estratégicos para vermos grandes batalhas e sermos agraciados com quase uma gigantesca batalha-naval real entre dois países que se odeiam imensamente como é o caso EUA e Rússia. E sendo assim, o resultado de "Fúria em Alto Mar" é algo bem divertido e tenso de acompanhar, com personagens fazendo suas tradicionais patriotadas, mas principalmente jogando com suas armas e experiências para evitar uma Terceira Guerra Mundial, criando vértices bem interessantes de ver, mas também tendo claro as tradicionais paias que estamos acostumados, como russos falando inglês entre eles, navios e submarinos fazendo rotas mirabolantes, e claro bombas que explodem tudo ao seu redor e apenas balançam um pouco os navios, mas apesar desses detalhes, volto a frisar que temos um filme bem interessante e agradável de ver, que consegue entreter do começo ao fim sem cansar em nenhum momento, nem ter momentos de respiro, o que é muito agradável em longas desse estilo.

A sinopse mostra que o presidente da Rússia foi sequestrado num golpe militar, o que estremece as relações entre Estados Unidos e Rússia, tanto que até se cogita um ataque nuclear, o que poderia dar início a Terceira Guerra Mundial. Para tentar contornar a situação, um militar russo tem de unir forças com a Marinha americana para resgatar o presidente e pôr fim à essa crise.

Nunca havia visto nenhum longa do diretor Donovan Marsh, mas posso dizer que seu trabalho aqui me deixou curioso para ver seus outros trabalhos, pois saber dominar um bom longa de guerra é algo que poucos diretores conseguem, e ele trabalhou tudo de uma maneira bem estratégica, criando posturas em cada eixo, encontrando bem o cenário dentro das diversas patentes, e moldando o resultado para que o filme fluísse sem necessitar muitas explicações, criando cada momento como algo que valesse ser visto em detalhes, ou seja, foi de uma criatividade bem encaixada e certamente conseguiu traduzir bem o que foi escrito no livro de Don Keith e George Wallace, "Firing Point", pois dificilmente um roteirista conseguiria criar sozinho tantos detalhes de uma guerra bem moldada, e totalmente estratégica como o longa acabou nos entregando. Ou seja, o roteiro embasado no livro é algo impactante, que ao cair nas mãos de um bom diretor acabou ficando mais interessante ainda de ver, mesmo com as diversas coisas irreais como citei no começo, mas que claro, acabaram sendo colocadas para dar um realce na trama.

Sobre as atuações chega a ser quase algo para nos confundir a grande quantidade de personagens na trama, e como a marinha possui diversos tipos de patentes nem temos como ficar conectados a todos, de modo que acabamos focando somente nos protagonistas, e todos foram bem interessantes no que fizeram em cena. E para começar é claro que temos de falar de Gerard Butler que sempre entrega bons personagens, e sua interpretação de Joe Glass foi icônica mais pela paciência e precisão nos atos, indo completamente na contramão do que seria comum de ver, mas acabou que agradou e acertou em cheio no mar. No mar também tivemos o capitão russo Andropov, brilhantemente bem interpretado por Michael Nyqvist que já conhecemos bem de outros filmes, e aqui ele trabalhou bem os olhares, foi correto no estilo e chamou a responsabilidade para si com atos bem minimalistas, o que acabou sendo de um luxo só. No quartel general americano, tivemos bons momentos tanto de Common com seu John Fisk centrado e completamente disposto para receber boas opiniões, quanto de Gary Oldman como Charles Donnegan que se mostrou um bom ministro de defesa, mas completamente desesperado, algo diferente do tradicional de Oldman, e claro ainda tivemos algumas boas cenas de Linda Cardellini como Jayne, um estilo de espiã que é bem aceita no meio. Pelo lado do exército de terra americano, tivemos bons atos de Toby Stephens com seu Beaman e também boas sacadas com Zane Holtz como Martinelli, mas ambos foram mais conectados do que forçados, e poderiam até ter mais cenas para mostrar serviço. E para fechar do lado de terra russo, tivemos uma atuação meio estranha de Alexander Diachenko como o presidente Zacharin, que foi dócil demais para um presidente russo, e já seu ministro de defesa completamente insano interpretado por Michael Gor foi até divertido de acompanhar, pois sempre com olhos bem arregalados parecia estar possuído por vingança.

No conceito cênico certamente esse é um dos longas que gostaria de ver o making off, pois não sei até que ponto a marinha americana e a marinha russa cedeu suas embarcações/locações para filmagens, mas tanto os navios quanto submarinos pareceram bem realistas com detalhes técnicos bem colocados e interessantes de ver, mostrando um armamento de altíssimo nível para ambos os lados, prontos para começar uma guerra nuclear sem limites, mas claro que dentro do submarino é notável que tudo foi gravado em estúdio, com muita cenografia para dar relances bem moldados e agradar na medida com o resultado entregue. Ou seja, diria que exageraram muito em alguns momentos, mas de certo modo o conceito da equipe de arte foi entregue com primor. A fotografia exagerou muito nas cenas do fundo do mar, e é notável a alta computação gráfica a todo momento, que junto de explosões e iluminações bem falsas mostrando um mar quase límpido a milhares de pés da superfície, o resultado acaba soando estranho de ver em alguns momentos, mas nas cenas fora da água tivemos bons tons escolhidos para camuflagem, e o encontro acaba funcionando de modo completo.

Enfim, é um filme que consegue prender a atenção e agradar pela boa técnica de estratégia empregada durante todos os atos, mas que por forçar a barra um pouco acaba até saindo de eixo em alguns atos, mas nada que atrapalhe a diversão, e sendo assim acabo recomendando o filme para quem gosta desse estilo, mas vá sem esperar muito, pois está bem longe de ser um longa para entrar para a memória. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, pois ainda tenho muitas estreias para conferir, então abraços e até logo mais.

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Halloween

10/26/2018 01:27:00 AM |

Quarenta anos!!! Eis que uma das franquias de terror mais adoradas pelos fãs do estilo entra no famoso "enta" desde o primeiro longa lançado em 1978! Isso significa que você está velho Sr. Michael Myers e claro nossa querida Jamie Lee Curtis! E nesse meio do caminho tivemos mais de 10 filmes, alguns bem toscos, até chegarmos nesse que estão considerando como a continuação mais direta do primeiro filme, e digo após conferir esse, que realmente embora alguns outros tenham boas conexões, aqui a essência do original é mais lembrada, não temos tantas pausas dramáticas, não temos tantas firulas, mas temos o essencial, um vilão que não perdoa ninguém, independente de quem seja, apareceu na sua frente (já era!) tome facada, soco, botada ou o que tiver para poder fazer o sangue voar longe, e claro temos Laurie Strode, a fatídica que não morre no filme de 78 após os ataques de Myers, e agora tem todo um aparato mega preparado para esperar o vilão vir com tudo para seu embate mortal. Diria que por cada filme adotar uma conexão entre Myers e Strode, ainda fico meio confuso se são ou não irmãos, mas isso não tem tanta importância, afinal o que queremos ver em todos os filmes é o vilão com seu ódio mortal fazendo picadinho, e aqui isso é entregue da melhor forma possível, não sendo tão forte quanto poderia, mas criando alguns bons momentos de tensão, o que acaba agradando de uma boa maneira, principalmente por seguir uma boa linha. Talvez por esperar algo a mais dele, não tenha me empolgado tanto com o resultado final, mas ainda assim é um longa que quem gosta do gênero sairá satisfeito da sessão.

A sinopse nos conta que quatro décadas depois de ter escapado do ataque de Michael Myers em uma noite de Halloween, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) terá que confrontar o assassino mascarado pela última vez. Ela foi perseguida pela memória de ter sua vida por um triz, mas dessa vez, quando Myers retorna para a cidade de Haddonfield, ela está preparada.

Não sei se a melhor escolha para a direção do longa foi David Gordon Green, pois seu estilo de filmes é daqueles mais puxados para superações do que traumas em si, mas como também foi um grande colaborador no roteiro dessa nova versão, não teve como não assumir a bronca. Digo isso, pois ele até entrega um filme com boas cenas de mortes, algumas boas tomadas de tensão, e tudo mais que muitos esperavam, mas talvez nas mãos de um diretor de terror mesmo, o filme acabaria sendo daqueles que voltaríamos a morrer de medo do tal bicho-papão como a ideia é passada, e não apenas um serial killer que faz o que mais sabe fazer. Claro que estou colocando uma opinião bem pessoal de quem gosta de filmes aonde você saia chocado com a interação personagens e vilões, e aqui esse embate pareceu algo quase manjado, tanto a protagonista querendo sua vingança, quanto o vilão querendo matar, só faltando marcarem um encontro pelo aplicativo para que o encontro fosse bem feito ao luar. Ou seja, volto a frisar que o longa passa bem longe de ser algo ruim, muito pelo contrário, é um dos melhores da franquia toda, só perdendo claro para o original que tinha um mote bem forte, mas sinceramente lembro de ver alguns e ficar com medo do que via, e aqui eu mais ri do que fiquei tenso.

Outro ponto bem engraçado é que temos muitos personagens na trama, mas praticamente todos são meros enfeites para alongamento apenas da história, tendo como prioridade somente os dois protagonistas, e um ou outro mais bem colocado para algumas cenas, ou seja, ao menos acertaram em pegar muitos que nunca vimos nas telonas para nem gastar muito com cachê. É claro que temos de começar falando de Jamie Lee Curtis que tinha apenas vinte aninhos lá no seu primeiro filme em 78, e que participando de outros derivados da franquia (alguns nem lhe sendo creditados por meras aparições), voltou com gás completo para termos uma Laurie Strode pronta para a batalha, cheia de grandes armas, treinada literalmente para matar, com sua casa completamente orquestrada para filmagens, com cercas (aliás, aqui temos um leve furo para a cena de miolo com sua neta, pois como ela entra na casa com toda aquela proteção ao redor??? Massss vamos deixar isso quieto!) e tudo mais, mostrando que a atriz ainda tem um bom tino para grandes cenas, e ainda dominando cada trejeito para que sua personagem ficasse bem interessante. James Jude Courtney não disse sequer uma palavra como Michael Myers, mas foi bem interessante em movimentações, entregou dinâmicas coerentes, e claro, matou como um louco realmente. Dentre os demais, temos leves bons momentos com Will Patton com seu policial Hawkins (que até achei que tivesse participado do longa em 1978, mas começou a atuar em 79 apenas, então foi apenas uma referência com o personagem), e também Haluk Bilginer como Dr. Sartain, mas mais pelo seu segundo ato do que pelas cenas iniciais, pois nas entrevistas até os entrevistadores foram meio jogados, assim como a filha e a neta de Strode, interpretadas por Judy Greer e Andi Matichak, que até fizeram boas caras e bocas, mas nada que valesse parar muito tempo para acompanhar, de modo que até torcemos para que Myers fizesse picadinho delas.

Agora um ponto bem positivo do longa ficou a cargo da direção de arte que trabalhou bem a essência do longa original, atualizando o tema para a época atual, com casas bem decoradas para o Halloween, mortes impactantes feitas das mais diversas formas (mas claro as melhores com o facão), muito sangue para todo lado, e claro uma casa feita literalmente para uma guerra, com todo tipo de treinamento, traquitanas para se esconder, grades, gaiolas e tudo mais, ou seja, fizeram algo preparado para chamar a atenção, e conseguiram. Um detalhe que achei um pouco estranho foi a máscara de Myers, que no original era mais branca, e aqui ficou algo envelhecido demais (mas ok, passaram 40 anos vai!). A fotografia felizmente é bem moldada nos tons, trabalhando tons avermelhados e luzes de contra bem amareladas, de modo que finalmente os diretores tem mudado a opinião que longas de terror tem de ser totalmente escuros, e assim, o funcionamento com ângulos bem preparados acabam até pegando o público levemente no susto, mas sem necessariamente ficar aquele breu.

Nem precisaria falar sobre trilha sonora, afinal não temos canções específicas, mas felizmente a trilha sonora clássica domina os melhores momentos, e dá o ritmo para a trama.

Enfim, é o filme que muitos esperavam há anos, e que possivelmente volte a ter até mais uma continuação pelo que andam falando nos bastidores, mas que poderia sim ter ido para um rumo até mais violento caso quisessem que causaria ainda mais impacto no público, tipo termos realmente mais mortes acontecendo por toda a cidade antes do grande embate praticamente marcado, mas aí o filme não teria o mesmo efeito, então vai de gosto. Digo que para quem gostou do primeiro, e até alguns nesse meio do caminho, o resultado vai agradar bastante, e claro, quem gosta de um terror de assassinatos jogados do nada, também vale a pena, mas poderiam ter ido além, e assim sendo fica minha recomendação como algo que vale o tempo na sala do cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve, afinal essa semana está bem recheada de estreias, então abraços e até logo mais.

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Uma Noite de 12 Anos (La Noche de 12 Años) (A Twelve-Year Night)

10/23/2018 01:59:00 AM |

Sempre soubemos da qualidade das produções argentinas que chegam até nós, mas parece que eles se superam a cada nova empreitada de tal maneira que é raro sairmos de uma sessão de um filme argentino sem estar emocionado ou impressionado com algo, e mesmo exagerando na edição recortada, "Uma Noite de 12 Anos" fez o pequeno público na sala imensa do Cine Cauim chorar de soluçar ao final ou pelo menos sair comovido com tudo o que os protagonistas sofreram durante a ditadura uruguaia de 1973 até 1985, de tal maneira que o filme soou forte e entregou com muito realismo todo o sentimento de três dos muitos presos que se opunham ao início do governo. Claro que como filme histórico a trama foi baseada em relatos dos protagonistas, e não seguiu algumas linhas que talvez muitos divirjam, mas como impacto visual o resultado foi tão bem colocado nas palavras e atitudes dos personagens, que não tem como não imergir na história e ver o que foi essa época por lá, que não foi muito diferente da de 1964 daqui, ou seja, dá para co-relacionar e se envolver entendendo um pouco do que estudamos nos livros de História.

O longa nos situa em 1973, no Uruguai, aonde José Mujica, Mauricio Rosencof e Eleuterio Fernández Huidobro são militantes dos Tupamaros, grupo que luta contra a ditadura militar local. Eles são presos em ações distintas e encarcerados junto a outros nove companheiros, de forma que não possam sequer falar um com o outro. Ao longo dos anos, o trio busca meios de sobreviver não só à tortura, mas também ao encarceramento que fez com que ficassem completamente alheios à sociedade, sem a menor ideia se um dia seriam soltos.

O diretor e roteirista uruguaio Álvaro Brechner não teve a sorte de lançar fortemente seus dois longas anteriores por aqui em grande circuito, mas garanto que muitos assim como eu, após conferir esse seu novo trabalho certamente irão ver do que ele foi capaz em suas duas obras iniciais da carreira, pois é nítido o nível de direção altíssimo que ele colocou em cada uma das cenas do longa, de modo que notamos ângulos precisos para sintetizar o que os personagens passaram nos seus 12 anos de reclusão, vemos diálogos bem encontrados para que cada ato fosse memorável, e principalmente vemos as situações que levaram os personagens até ali, mas aí é que entra um dos poucos problemas que a trama tem, que por não seguir uma linearidade bem determinada, alguns momentos acabam soando estranhos pelas idas e vindas, deixando o público levemente perdido em alguns atos, mas nada que uma boa concentração faça você se conectar novamente e entender que ali está sendo algo do tipo de um pensamento/lembrança dos personagens para junto de seus devaneios após a tortura, o isolamento em que a paranoia começa a dominar suas cabeças. Diria que a precisão do diretor em retratar tudo com muita sujeira na fotografia, ambientes bem realistas, e principalmente atores muito bem preparados (magros, com cabelos e barbas desgrenhados, aspectos horríveis e acabados) para entregar seu melhor, foi algo que poucas vezes vimos no cinema mais artístico em si, quase transformando a obra em algo até maior do que o esperado, mas felizmente mantendo as raízes bonitas que filmes pequenos conseguem mostrar, ou seja, um luxo dentro da simplicidade.

Como já falei, realmente é incrível ver a preparação de elenco que o longa fez, pois temos os três protagonistas mostrados com semblantes diferentes a cada ano, acabados, desgastados e ao mesmo tempo vemos eles em suas épocas áureas bonitos e arrumados, e assim sendo não bastasse o grande trabalho da maquiagem, cabelo e figurino, também conseguiram expressar seus sentimentos nos olhares e trejeitos, ou seja, deram um show. O espanhol Antonio de la Torre entregou seu Pepe Mujica com muito discernimento, trabalhando cada ato com simplicidade e muita dinâmica cênica nos trejeitos, criando momentos de loucura, mas também sendo sutil aonde precisava para não parecer eufórico, ou seja, conseguiu chamar a responsabilidade de fazer um dos nomes mais respeitados hoje da política sul-americana com leveza e agradar do começo ao fim. Filho de peixe, peixinho é, já diria o ditado, e se ainda não tínhamos tido a oportunidade de ver o filho do mestre Ricardo Darín nas telonas por aqui, pois só tinha feito longas menores na carreira, agora foi a vez de Chino Darín aparecer com força, e mostrar muita semelhança tanto na aparência do pai mais jovem, quanto na forma de atuar, pois seu Mauricio Rosencof foi doce e incrível, fazendo poemas para os soldados dar para suas namoradas, conseguindo ao menos não ser tão hostilizado em algumas das cadeias, e ainda trabalhando trejeitos bem colocados para agradar, ou seja, tem futuro o rapaz. Alfonso Tort também dosou suas atitudes e fez um Huidobro bem amarrado, trabalhando cada ato com muita clareza, tendo momentos marcantes e singelos para realçar cada um sem quase nenhum esforço, mas sempre chamando a atenção. César Troncoso que estamos acostumados a ver em novelas e filmes brasileiros foi bem colocado como um militar sem nome, mas de muita imposição que conseguiu chamar a atenção pela força dinâmica, agradando bastante também. Quanto as mulheres da trama, diria que todas foram bem doces nos atos e conseguiram comover o público tanto nas cenas curtas do miolo, quanto no fechamento emocionante do longa.

No conceito visual a equipe de arte conseguiu arrumar locações incríveis, que não sei se estão bem conservadas no país para retratar cada ato vivido pelos personagens, encaixando prisões sujas e isoladas, aonde os personagens praticamente deixaram de existir, mas o grande feito da equipe nem tanto foi na cenografia (embora tenha sido incrível cada uma das prisões), mas sim no figurino e no visual dos personagens, trabalhando uma maquiagem cênica tão precisa que mesmo que os atores realmente tenham perdido tanto peso para a maioria das cenas, ainda foram sujos e bem desenhados para que ficassem com aspecto de abandono monstruoso, ou seja, algo incrível de ver. A fotografia nessa caso nem precisou brincar com os tons, foi sujar ao máximo as lentes, e reforçar muito um tom avermelhado e marrom para dar um aspecto ainda mais forte para o longa, afinal ficaram anos sem nem ver a luz do sol ou da lua, e as duas cenas em que puderam ter esse gostinho foram lindas por também amenizarem o tom e dar todo o aspecto de ganho de vida.

O longa em si não possui muitas canções para marcar o ritmo, mas certamente "The Sound Of Silence" de Simon e Garfunkel interpretada por Silvia Pérez Cruz nos últimos atos é de arrepiar a alma, afinal isso foi o que os protagonistas mais tiveram retirado deles, a voz, passando anos em silêncio, então é claro que deixo aqui o link para todos arrepiarem junto, e ouvir muitas vezes.

Enfim, é um longa incrível, que me emocionou e certamente irá emocionar a todos que forem conferir, pois vale demais conhecer um pouco mais de História, e saber mais como é a tal ditadura que muitos ainda defendem por aí. Certamente deveria tirar um pouco de nota pela edição bagunçada, mas é um filme que não cansa, e passa muita mensagem para quem for assistir, então vamos manter nota máxima, e ser feliz recomendando que todos vejam, afinal está infelizmente com uma bilheteria minúscula em todos os lugares que tem estreado. Aqui em Ribeirão ficará em cartaz por mais alguns dias no Cine Cauim, então corra para conferir. Fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta, então abraços e até logo mais.

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A Casa Do Medo - Incidente em Ghostland (Ghostland) (Incident in a Ghostland)

10/22/2018 01:08:00 AM |

Sempre digo que o gênero terror possui tantas variações que chega a ser difícil um estilo que algum fã do gênero fale que não goste, mas particularmente digo que tem um que não me cai bem, que é o tal de histórias que possam ser verídicas não por espíritos/coisas sobrenaturais, mas sim com pessoas ruins fazendo maldade com outras, pois acaba soando forte e duro na mesma proporção que a trama entrega algo interessante para o público. Digo isso, como um vértice de personalidade, mas em momento algum posso dizer que o filme "A Casa do Medo - Incidente em Ghostland" é um filme ruim, muito pelo contrário, a trama é uma das melhores nos últimos anos, e chega a ser chocante ver até onde o longa poderia chegar, de modo que até uma das atrizes está processando o longa por um acidente no set com ela. O único pesar sobre a trama é a fraqueza dos vilões, pois mesmo sendo sádicos num nível monstruoso, ambos são bem fajutos e bobos ao ponto de serem enganados, pois certamente pessoas como eles na vida real, jamais seriam enganados assim, e certamente o longa teria outro desfecho, mas como estamos falando de cinema, o resultado agrada e soa bem interessante de ser visto por quem gosta de terror sem monstros sobrenaturais, fantasmas ou espíritos, pois aqui a realidade é aterrorizadora e vai fazer você pensar muito no filme.

A sinopse nos conta que Pauline acaba de herdar uma casa de sua tia e então decide morar lá com suas duas filhas, Beth e Vera. Mas, logo na primeira noite, o lugar é atacado por violentos invasores e Pauline faz de tudo para proteger as crianças. Dezesseis anos depois, as meninas, agora já crescidas, voltam para a casa e se deparam com coisas estranhas.

O diretor e roteirista francês Pascal Laugier é conhecido por filmes duros e fortes, que geralmente conseguem impressionar mais pela situação em si do que pelo enredo, e aqui novamente ele consegue esse feito, pois quem for conferir pela sinopse e/ou pelo trailer é capaz de chegar esperando sustos bobos (no começo até achei que veria isso, mas após a reviravolta na trama, a coisa fica tensa para quem captar tudo) e se decepcionar com a totalidade da trama, mas quem for disposto a encontrar surpresas pelo caminho, certamente se chocará, pois o diretor consegue criar situações impactantes, fazer com que as atrizes sofram e mostram sofrimento nas expressões, e principalmente consegue criar a tensão no ambiente completo da trama, de modo que começamos a ficar nervosos com tudo o que está acontecendo, e diferente do que ocorre em muitos estilos de terror, que torcemos para que os personagens morram logo pelos erros bobos que fazem, aqui acabamos torcendo pelas garotas para que se salvem, pois ninguém merece aquilo, ou seja, um filme que vai na contramão do que estamos acostumados a ver no gênero, e que certamente o diretor soube causar muito. Dito o impacto expressivo que o diretor conseguiu tirar das meninas, faltou para ele trabalhar um pouco mais os vilões, pois mesmo sendo fortes e cheio de coisas bizarras, eles poderiam ter sido mais desenvolvidos, para que conhecêssemos mais suas personalidades, e não apenas serem jogados na telona, mas para isso, o filme teria de ser alongado, então vamos deixar assim, que o acerto já foi muito bom.

Como sempre costumo falar, para um longa de terror funcionar é necessário que os atores entrem no clima e sintam o medo, a dor, o desespero para poder passar para o público, pois senão corre o risco de ficar frouxo o resultado e acabarmos não acreditando no que vemos, e felizmente aqui a entrega de todos foi algo que beirou a perfeição. Crystal Reed conseguiu trabalhar bem nos dois vértices da trama, entregando bem tanto a versão escritora, quanto a versão vítima e com nuances precisas de expressões desesperadoras, a atriz acabou fazendo de sua Beth, aquela que vamos torcer e quase querer ajudar a se salvar, pois é desesperador suas atitudes, sua versão jovem foi um pouco estranha, mas Emilia Jones conseguiu agradar também. Anastasia Phillips também foi bem consistente com sua Vera, e por vários momentos acabou sendo até assustadora demais nos seus momentos de loucura no porão da casa, mas assim que vemos seus motivos, passamos a entendê-la perfeitamente, de modo que a atriz mandou muito bem em tudo o que lhe foi proposto, e da mesma forma, sua versão jovem interpretada por Taylor Hickson foi bem moldada e cheia de olhares fortes para cada momento. Mylêne Farmer também entregou uma mãe cheia de trejeitos para sua Pauline, de modo que sua luta corporal foi bem forte, e suas cenas de diálogos com a filha também foram bem chocantes, de modo que chega até ser uma brincadeira maluca com nosso cérebro. Dos vilões, tanto Rob Archer com seu ogro imenso, quanto Kevin Power como a doceira estranha, foram bem moldados visualmente, brigaram bastante e poderiam até ter sido mais intensos, mas ainda assim agradaram bastante.

No conceito visual, montaram uma casa muito interessante, cheia de detalhes visuais, com toneladas de bonecas estranhas espalhadas, que amedrontam só de olhar para elas, mas no final conseguimos entender bem o contexto delas, além claro de uma ótima maquiagem nas garotas que funcionou incrivelmente para mostrar o quanto elas sofreram, ou seja, um trabalho impecável de praticamente um único cenário, no caso a casa, mas com cômodos bem moldados oscilando mais entre claro o porão e o quarto das garotas, e além disso tivemos as festas e a casa da protagonista bem moldada para retratar a comparação que fazem logo em seguida. A fotografia até usou de tons escuros e pouca luz para pregar alguns sustos, mas basicamente o filme se fixa num tom mais marrom para dar um ar sujo do que qualquer outro, e sabiamente os ângulos foram escolhidos para tudo ter uma densidade mais fechada do que o ambiente já permitia.

Enfim, é um excelente filme de terror, que saiu até melhor que a encomenda, pois não tinha visto nada sobre ele, mas que após conferir e ir adentrando ao medo das garotas conseguimos sair da sessão em transe até com todo o impacto que é causado, ou seja, recomendo ele com toda certeza para todos que gostam do estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma estreia que nem sabia que tinha vindo para cá, aparecendo do nada no Cine Cauim, então irei conferir e volto depois para falar sobre ele, fiquem por enquanto com meus abraços e até breve.

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O Primeiro Homem (First Man)

10/21/2018 12:32:00 AM |

Nos acostumamos a ver os longas de Damien Chazelle sempre musicais, cheios de desenvolturas, e que mesmo nos momentos mais dramáticos tinham um certo gingado para não ficar um gelo completo, e ao cairmos na dura realidade de seu novo filme, "O Primeiro Homem", que muitos irão conferir esperando ver algo do estilo de super viagens ao espaço, com ação e construção de naves, e certamente se desapontarão com o que será passado, pois a trama é muito mais dramática e em cima da personalidade e problemas que o primeiro homem realmente teve antes de subir até a Lua, trabalhando muito bem a dramaticidade em cima da mente de Neil Armstrong ao passar pela morte da filha, todos os problemas com o programa do governo que só viam dinheiro sendo consumido e pessoas morrendo, toda a responsabilidade que foi jogada em cima de um único homem também, e por aí vai, de modo que o filme soa denso, sem respiros (ou melhor com alguns bem pausados que quase ficamos sem ar), com falta de som inclusive de uma maneira incrível (não é problema da projeção - apenas uma grande reflexão perfeita em cima de mostrar que no espaço não temos som!). E assim sendo o que vemos é um filme bem reflexivo, cheio de técnica, que impacta demais com toda a dramaticidade passada, e que principalmente mostra que um diretor quando sabe o que quer entregar, acaba fazendo algo incrível, mesmo que saia de sua zona de conforto.

O longa conta a vida do astronauta norte-americano Neil Armstrong e sua jornada para se tornar o primeiro homem a andar na Lua. Os sacrifícios e custos de Neil e toda uma nação durante uma das mais perigosas missões na história das viagens espaciais.

A forma que o diretor Damien Chazelle conduziu a história é um feito tão minucioso e cheio de detalhes, que vamos nos conectando aos poucos com tudo, e quando vemos já estamos tão ligados no protagonista e na sua vivência que não conseguimos mais pensar em nada, de modo que vemos diversos filmes absurdos baseados em histórias reais e também histórias reais tão absurdas que por vezes alguns até colocam a ida do homem à Lua como algo inexistente, mas só vendo todo o sofrimento que Neil viveu, suas paranoias, suas derrotas e tudo mais até ter sua glória, conseguimos entender que não tem como isso ser falso, e na forma dramática que o diretor conseguiu trabalhar em cima do roteiro de Josh Singer baseado no livro biográfico de James Hansen, tivemos detalhes técnicos bem alocados, dramaticidades colocadas em pauta com olhares completos e bem encaixados, tivemos cada nuance predominando sem precisar de muitas firulas, e sendo assim, conseguimos ver mais uma vez que Chazelle se reinventa a cada novo filme que pega para dirigir, não entregando uma mão tradicional cheia de vícios, mas sim algo que nos faça refletir e incorpore como algo que vá além, quem sabe até chegar a Lua para poder se libertar de seu sofrimento como é o objeto mostrado na trama. Ou seja, a direção foi impecável e moldou cada ato como algo único, cheio de detalhes, e principalmente reforçou que um bom filme necessita de ótimas interpretações, e aqui ele conseguiu algo que foi além pelos olhares e atitudes de todos os protagonistas.

Falando mais nas interpretações, é bem interessante que o longa se moldou bem em cima dos dois protagonistas, principalmente no conceito mais dramático que o filme puxa, porém tivemos outros grandes atores tendo excelentes momentos durante o longa inteiro. E para começar é claro que temos de falar de Ryan Gosling, que possivelmente consiga sua terceira indicação ao Oscar pelo que fez aqui, e diria que vale mais essa do que a de "La La Land", pois aqui ele realmente incorporou um Neil Armstrong traumatizado pela perda, completamente desesperado para querer chegar no seu ponto máximo, no caso a Lua, e em choque pelas diversas mortes de amigos durante todo o processo de testes, ou seja, com olhares destroçados, trejeitos vocais incríveis e muita dinâmica na personificação, ele conseguiu encaixar toda a responsabilidade o que o diretor colocou em suas mãos e fez tudo e muito mais, ou seja, deu show de expressões. Agora como já diria o ditado popular, por trás de um grande homem sempre existe uma grande mulher, ou algo do tipo, pois que impacto foi esse que Claire Foy conseguiu trazer para sua Janet Armstrong, criando um semblante forte, uma personalidade única, e tendo praticamente quase todas as suas cenas como se estivesse pronta para ganhar todas as premiações possíveis, ou seja, deu um show do começo ao fim do filme. Jason Clarke também foi arrebatador com seu Ed White, funcionando bem tanto na empresa espacial quanto como um grande amigo da família, de modo que junto de sua esposa na trama interpretada por Olivia Hamilton acabaram entregando ótimos momentos junto com os protagonistas. Dentre os demais, todos foram bem colocados e tiveram bons momentos, tendo leves destaques mais por serem personagens bem conhecidos do mundo espacial do que pelas atuações em si, temos Corey Stoll como Buzz Aldrin, Kyle Chandler como Deke Slayton e Patrick Fugit como Elliot See, tendo o primeiro um pouco mais de destaque por estar junto do protagonista no momento máximo do conceito do longa.

No conceito cênico, o longa também foi bem trabalhado, com a equipe de arte não apenas recriando a época dos anos 60 com enterros bem trabalhados, festas na Casa Branca, casas simples mas bem colocadas com objetos cênicos encaixados para dar a sintonia da família e de cada momento, mas principalmente o grande feitio foi para com as espaçonaves incríveis que usaram no longa, que certamente deram muito trabalho para fazer semelhantes às usadas nas missões espaciais, ou no mínimo irem até a NASA para usarem réplicas que devem ter no museu, de tal maneira que chegamos a pensar: "Esses caras que viajaram nisso são loucos! Vão tudo tostar no espaço!", ou seja, dá para pensar em outras premiações também no conceito técnico, pois o filme veio com tudo. A fotografia trabalhou com um granulado interessante para marcar época na trama, e também para dar uma valorizada em diversos aspectos, mas tivemos cenas tão lindas com o sol de contraluz que realmente mostraram um serviço de primeiro nível para chamar a atenção.

A parte sonora nem tem tantas trilhas envolventes, mas é de um capricho técnico na mixagem, cheia de barulhos imensos, bons temas de fundo, e principalmente brincando com o som das coisas chacoalhando que acabamos ficando tensos junto com os personagens, até entrarmos no espaço e termos uma das cenas mais belas, praticamente sem nenhum som, nenhuma fala, nada, somente a beleza do espaço e nada mais, para termos no fim, novamente algo do estilo que foi incrível de ver.

Enfim, vi o longa na sala Imax do UCI, e recomendo muito, pois mesmo não sendo um filme 3D, a imersão na tela imensa, juntamente com todo o trabalho de som que falei acima acabaram dando nuances que certamente em outras salas não terão o mesmo efeito, então recomendo quem puder, veja na maior e mais barulhenta sala de sua cidade, pois vai valer a pena, e claro que recomendo demais o longa, que certamente vamos esperar para ver muito se falar dele ainda nas premiações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

PS: Faltou me empolgar um pouco mais para que eu desse a nota máxima, pois o filme é lindo, é uma obra de arte de dramatizações, mas houveram alguns momentos que acabei cansando um pouco, quebrando a tensão, e isso me faria remover pelo menos meio ponto da nota, e como não tenho quebrados, ficaremos com nota 9.

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A Justiceira (Peppermint)

10/20/2018 01:56:00 AM |

Acho que já vi pelo menos uns 5 filmes com a mesma temática, quiçá o mesmo desenvolvimento que "A Justiceira", todos abusando de situações absurdas, personagens se vingando de formas irreais, e claro muito tiros e ação que fazem com que o público acabe sempre gostando do que vê na telona, mas aqui exageraram tanto para o poder feminino que está na moda, que a atriz nem tendo um corpo de impacto para cenas de salto, tiro e luta, acabou parecendo que foi apenas colocada a esmo no papel, ficando deveras estranho de ver ela como alguém vingativo e cheio de marra para funcionar quase como um fantasma que caça o passado negro das pessoas que mataram sua família. Claro que o filme funciona e soa até interessante pela trama, mas confesso que poderiam ter pego alguma atriz mais forte que tivesse alma realmente de luta para sair atirando e dando socos afora, (daí virão defender Gal Gadot como Mulher Maravilha - e já rebato, que lá temos algo bem fictício que funciona e é uma pessoa que possui super-poderes, além de ser uma deusa, aqui temos algo com conceitos reais, por uma mulher real, ou seja, falso demais ver o que é mostrado!). Ou seja, digo sim que a história é convincente, pode ser que apareça uma continuação pelo final que deram, mas tem muitas falhas para empolgar realmente como poderia, mesmo sendo bem longe de ser algo ruim de ver.

A sinopse nos conta que quando o marido e a filha são mortos a tiros diante de um parque de diversões, Riley (Jennifer Garner) acorda de um coma e passa os anos seguintes aprendendo a se tornar uma máquina de matar. No quinto aniversário da morte de sua família, ela tem como alvo todos os responsáveis: a gangue que cometeu o crime, os advogados que os libertaram e os policiais corruptos que permitiram que tudo acontecesse.

O diretor Pierre Morel é daqueles que ama fazer filmes policiais, tendo diversos em seu currículo nas mais diversas funções, e aqui ele soube trabalhar bem o conceito de vingança, com ares rústicos e entregando o que mais gostamos de ver em longas desse estilo, que são tiros e muita pancadaria desmedida. Porém o diretor acabou exagerando um pouco dentro da proposta que o roteirista Chad St. John acabou criando, e fez da trama algo que sai um pouco dos eixos, não ficando nem algo crível para um longa com ideologia reais, e nem algo comum dentro de algo que pudesse passar como fantasioso, ou seja, até vamos nos empolgar em alguns momentos, mas quando chegarmos a fundo mesmo na ideia completa vamos só falando: impossível, exagero, e por aí vai. Não diria que o conceito passado foi algo errado, só poderiam ter trabalhado um pouco mais com uma ideia mais crível, e talvez arrumado uma atriz mais convincente para o papel, pois mesmo Jennifer Garner já tendo feito papeis de heroínas e lutadoras, aqui ela aparentou fragilidade demais para alguém que sai a caça de grupos altamente armados.

Falando um pouco mais da atuação de Jennifer Garner, temos de lembrar que já se passaram mais de 13 anos desde que ela fez grandes papéis de lutas em "Elektra" e "Alias", e de lá pra cá só encarou comédias românticas, dramas religiosos e filminhos bem mais leves, de modo a passar um ar mais família em sua personalidade, de modo que aqui sua Riley até cabe bem no primeiro ato, como uma mulher que passeia com a filha, que trabalha em um banco e por aí vai, mas sair como uma caçadora de vilões no segundo ato acabou deixando ela forçada demais, e embora não tenha feito nada de errado, ela parece jogada ali como uma escolha bem errada, mas disposta a cumprir seu feitio, ou seja, a atriz é boa no que faz, só não foi o momento certo para o papel, e isso pesa muito no que vemos na telona. John Gallagher Jr. faz um policial bem canastrão no segundo ato, mas que no primeiro até parece ser boa pessoa, só poderia ter trabalhado mais seu estilo nos dois atos igualmente para agradar, pois o personagem Carmichael é daqueles bem interessantes de ver. Juan Pablo Raba até consegue chamar atenção para seu Garcia, mas falta algo a mais para mostrar o cartel, e sua cena com o dono realmente das drogas soou como algo tão jogado que poderiam ter trabalhado ao menos um pouco mais o diálogo para não ficar tão artificial. Dentre os demais, até tivemos algumas tentativas de figurantes aparecerem um pouco mais, mas nada que realmente empolgasse, tendo leves destaques para Annie Ilonzeh como a detetive do FBI que aparece em três cenas, e John Ortiz que faz algumas cenas rápidas como Detetive Beltran.

Um dos grandes pontos do longa ficou a cargo da direção de arte, que trabalhou bem um clima denso, com muitas armas de altíssimo calibre, locações bem encontradas e montadas, como um laboratório do cartel, e até mesmo a casa do traficante com muitas referências mexicanas endeusando a morte, um parque de desabrigados bem interessante que mostra a protagonista como um anjo da guarda, e assim explicando como seu carro nunca foi aberto com tanta coisa lá dentro, além de outras boas colocações que conseguiram amarrar a trama e desenvolver bem tudo. A fotografia ousou em colocar tons neutros misturados com nuances bem escuras, o que diverge bem desse estilo, mas a ideia funciona principalmente para entregar a protagonista como um fantasma que some dos lugares que está, e sendo assim, o resultado também agrada.

Enfim, é um longa cheio de errinhos que poderiam ser suprimidos, mas que também não atrapalham tanto o desenvolvimento da trama, de modo que dá para curtir tudo se assistir sem ficar reparando ao redor. Diria que quem gosta do estilo até irá gostar do que verá, mas certamente vai ficar pensando no motivo errôneo de terem colocado uma artista, que foi realmente impactante com filmes de lutas no passado, mas que agora não é mais o estilo dela, então poderiam ter evitado, mas ainda assim recomendo o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Legalize Já - Amizade Nunca Morre

10/19/2018 01:33:00 AM |

Sempre costumo dizer que é muito bacana conferir biografias bem feitas, principalmente quando não conhecemos nada sobre os personagens principais, pois acabamos vendo seus perrengues para chegar ao estrelato, como foi conhecer seus parceiros e tudo mais, e aqui em "Legalize Já - Amizade Nunca Morre", além de uma boa biografia, temos também uma boa homenagem para mostrar como foi a amizade entre Marcelo D2 e Skunk, e com isso o filme pode até fluir para lados diferenciados do que apenas um simples longa biográfico de formação de banda. Claro que para isso poderiam ter explorado um pouco mais as situações de cada um, floreando a doença, a mente criativa e tudo mais, mas aí o longa sairia um pouco do eixo, o que não era a intenção. Dito isso, posso afirmar que é algo muito bacana de conferir, e tanto quem foi fã da banda Planet Hemp, quanto quem é hoje fã de Marcelo D2, como também quem apenas gosta de um longa biográfico bem feito, certamente irá gostar muito do que verá na telona, irá rir demais com diversas cenas absurdas (pra mim a melhor é a do culto!), e com toda certeza vão se impressionar pela qualidade da fotografia do longa, pois é uma estética tão diferenciada, que raramente imaginaríamos ver um estilo desse por aqui, lembrando em alguns momentos até algo meio "Sin City", e se quisessem puxar até mais o tom para o preto e branco cair forte agradaria também.

A trama nos mostra que Skunk é um jovem músico, revoltado com a opressão e o preconceito diários sofrido pelas comunidades de baixa renda, que busca expor sua insatisfação através da música. Um dia, ao fugir da polícia, ele literalmente esbarra em Marcelo, um vendedor de camisas de bandas de heavy metal. O gosto pelo mesmo estilo musical os aproxima, assim como a habilidade de Marcelo em compor letras de forte cunho social e questionador. Impulsionado por Skunk, ele adentra o universo da música e, juntos, formam a banda Planet Hemp.

O trabalho do diretor e roteirista Johnny Araújo, que já dirigiu diversos clipes de Marcelo D2, e possui um estilo cômico bem moldado (tanto que seus longas e séries anteriores são todas puxadas para esse gênero), veio a somar com a técnica e a montagem de Gustavo Bonafé, que também dirigiu junto de Johnny o filme "Chocante" no ano passado, em prol de conseguirem um estilo diferenciado de trama, pois é evidente o ar social que conseguiram colocar na trama, e mesmo o filme tendo sido preparado há tantos anos, seu lançamento agora vem num momento aonde o ar politizado cai como uma bomba para mostrar muito do que se vê e pensa nas ruas, funcionando com ápices bem direcionados, e principalmente por não omitirem suas opiniões, ou seja, é claro que o filme não chega fazendo apologia às drogas, mas é mostrado muito, e isso nem chega a pesar na trama, pois sabemos bem como a banda sempre foi focada nisso, sendo inclusive presa em alguns momentos pela simples forma de suas letras, mas longe da trama ser poluída, ela acaba sendo gostosa de acompanhar, tem intenções dramáticas muito bem formatadas (o que felizmente faz o estilo passar bem longe de qualquer ar novelesco, ou de virar série daqui alguns meses!), e acaba sendo agradável ver a amizade dos protagonistas por alguns ângulos diferenciados, e mesmo a trama tendo leves erros, ou melhor, não focando tanto aonde poderia comover mais o público, o resultado do trabalho dos diretores soa incrível e vale ser reverenciado pela técnica em si, e claro, pela história também bem moldada.

As atuações foram bem trabalhadas com olhares bem conectados, trejeitos que funcionaram para entregar a proposta do longa, e muito carisma por parte dos dois protagonistas, de modo que mesmo se as semelhanças físicas não forem tantas (não era muito conectado com a banda nos anos 90), eles foram tão bem que acabamos nos divertindo e conectando com eles também. O destaque sem dúvida fica por conta de Ícaro Silva como Skunk, pois estamos tão acostumados com o ator fazendo personagens bobos e divertidos, que aqui com um ar mais sério, mas também mantendo a pegada, o ator acabou entregando um personagem tão bem colocado, cheio de sintonias, que até torceríamos mais para conhecer ainda mais do personagem, até mesmo antes de chegar no ponto de encontro entre os dois protagonistas, pois certamente a vida dele foi bem barra pesada, e valeria algo a mais na telona, e claro com o ator, pois foi perfeito. Renato Góes também conseguiu entregar um Marcelo cheio de ideias, mas com tantas dúvidas na cabeça, sobre trabalhar, manter ou abortar filho, sair de casa, e tudo o que um jovem poderia passar na situação dele, o ator soube segurar a barra e agradar, mesmo que em alguns momentos parecesse desconectado demais, talvez por querer passar um ar pensativo, e com isso ficou estranho, mas nada que atrapalhasse o resultado geral. O argentino Ernesto Alterio também foi bem colocado como Brennand, e trabalhou bem suas frases para cada momento do longa, encaixou olhares de pai mesmo em cima do personagem principal, e soube dosar sua energia para que os atos fossem bonitos de ver em seus momentos, mas como disse, a história anterior de Skunk não é contada, então o personagem acabou um pouco jogado, e talvez o antes seria preciso para que seus atos fossem incríveis de ver. Quanto aos demais, temos bons trejeitos de Stepan Nercessian fazendo o seu tradicional sem chamar muita atenção, mas principalmente temos de dar destaque para as garotas Marina Provenzzano como Sônia e Rafaela Mandelli como Suzana, que mesmo aparecendo pouco conseguiram ter bons momentos e chamar a cena para si quando precisaram.

No quesito visual, o longa encontrou locações bem encaixadas para funcionar o desenvolvimento do filme, mostrando os Arcos da Lapa, onde a banda foi praticamente fundada, o bar de Brennand bem montado que foi o primeiro estúdio da banda, alguns bares undergrounds aonde a banda se apresentou no início da carreira, a casa do pai de Marcelo simples, mas cheia de conotações bem colocadas para mostrar as ideias do jovem, e claro as duras prensas policiais em cima dos trabalhadores informais, muitas vezes sem nenhum fundamento, ou seja, fortes críticas bem colocadas para realçar a pegada do longa. Além disso foi bacana ver os preços das lojas com uma tonelada de zeros para vender seus eletrônicos em cruzeiros, e claro também os clipes toscos que viviam impregnando nossas mentes naquela época. Agora sem dúvida alguma o melhor do filme ficou a cargo da fotografia de Pedro Cardillo que conseguiu captar essências visuais tão incríveis, puxar o tom de diversas cenas para quase preto e branco, dando um ar meio noir para a trama, que ficamos apaixonados pela estética da trama, de tal maneira que certamente quando pensarmos numa fotografia incrível nacional, lembraremos do longa, pois foi digna de prêmios.

Como é de praxe, os longas nacionais não liberam suas trilhas sonoras para serem compartilhadas, então apenas tenho de dizer que diversas canções iniciais da banda foram colocadas no repertório, claro com "Legalize Já" desde sua montagem inicial até a última versão, e além delas ainda pudemos ouvir duas das destruições da mente que brotavam nas TVs dos anos 90, "Na Boquinha da Garrafa" e "Pimpolho", que quem nunca ouviu, não perdeu nada, mas provavelmente todos tiveram esse desprazer.

Enfim, é um longa muito bem trabalhado, que agradará a todos que forem conferir, independente das posições políticas e gostos musicais, pois a trama principalmente é bem atuada e bem dirigida, de modo que funciona como cinema, e como sempre digo, isso é o que faz valer conferir em algo que se julga cinema, pois de resto, a TV está cheia. Portanto recomendo o filme para todos, claro tirando crianças, afinal tem maconha a rodo na telona, pois é algo que saiu bem do tradicional que vemos no cinema nacional. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

PS: a nota é mais pela falta da história anterior de Skunk que valeria a pena ser contada para dar mais ênfase na vida dele antes do encontro, e por alguns momentos que pareceram falhados na atuação de Góes, pois de resto, o longa é perfeito.

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Amanhã Chegou

10/16/2018 10:26:00 PM |

Sempre ouvimos falar que temos que pensar no amanhã, no planeta que vamos deixar para nossos filhos e netos, que devemos consumir menos e melhor, e diversas outras frases que aparecem em programas jornalísticos e redes sociais mais impactantes, mas e se falarmos que o "Amanhã Chegou" e já está um pouco tarde para tentarmos ficar pensando e já passou da hora de agir? Pois bem, o documentário que estreou na última quinta-feira no programa Projeta as Sete do Cinemark, é um exemplar bem impactante para vermos muito do que anda acontecendo, sugestões de sustentabilidade e capitalismo consciente como citam os diversos entrevistados, e que num modelo bem dinâmico e cheio de boas imagens, consegue conscientizar o público e ver muito de onde estamos errando, enfiando o dedo na ferida de consumidores excessivos, e que mesmo muitos nem fazendo nada, ou melhor, achando que apenas separando o lixo está ajudando, poderia e deve, fazer muito mais pelo planeta para que o mundo não acabe tão brevemente. Diria que não é perfeito, pois é algo muito rápido para um filme, que entrega informações demais de uma vez, e que talvez numa série mais alongada ficaria mais produtivo, mas ao menos cutuca o público para que pesquise um pouco mais, e quem sabe mude seus conceitos.

Durante muitas décadas, sonho e consumo material foram duas coisas que sempre andaram juntas. Por mais que esta associação de pensamento ainda seja perpetuada na sociedade, hoje tenta-se desmitificar a ideia de que dinheiro sempre será poder. Enquanto a escolha do consumidor leva órgãos governamentais a destruírem culturas nativas e o meio ambiente, algumas instituições tentam fazer diferente.

Como costumo falar, é difícil vir falar sobre documentários, pois é um estilo que a melhor forma de conversar sobre é debatendo em grupo, questionando atitudes, e colocando geralmente algum especialista da questão para falar um pouco mais sobre o tema. Porém tenho de pontuar ao menos o quesito técnico aqui, e nesse sentido, posso falar que o primeiro trabalho de direção da jornalista Renata Simões foi bem primoroso no conceito de pesquisa, para conseguir levantar depoimentos dos quatro cantos do país, com muita subjetividade e consciência do que estava entregando, de modo que seu filme flui tranquilamente, e faz o principal, que é nos colocar para pensar sobre como agimos com as situações mostradas no longa, pois não posso dizer que determinado pensador/entrevistado ali está 100% com a razão, mas posso ir atrás, pesquisar e notar até que ponto posso atingir a minha sustentabilidade e ajudar para que o mundo ao redor do meu consumo seja melhorado, e sendo assim o filme tem grande acerto. Porém como disse no começo, é um tema imenso, que certamente não é possível ser entregue em apenas 90 minutos, então minha proposta para a jornalista caso algum dia converse com ela, seria pegar o material completo (que certamente deve ter centenas de horas gravadas) e criar muitos programas mais curtos, sem tanta aceleração de ideias, para que aí sim cada tema fosse bem mais discutido, pois no longa vamos ouvindo um, daí vem outro, e outro, falando geralmente sobre o mesmo questionamento, mas com relevâncias diferenciadas, aí o cérebro entra em parafuso. Ou seja, não digo que tenha sido errado a forma que fez, mas digo que poderiam ter montado um pouco diferente para que a proposta não parecesse desesperada (embora, como diz o próprio nome do filme, o amanhã chegou, e agora já temos de agir de forma desesperada!).

Enfim, volto a frisar que o longa está repleto de bons depoimentos, com imagens bem captadas e uma montagem bem interessante, que certamente vai conscientizar muitos (ao menos espero, e com certeza também a diretora também), mas que por ser tão rápido acaba pecando em não se aprofundar tanto no tema, embora a ótima dinâmica seja favorável para não nos cansarmos do longa. Ou seja, recomendo ele com certeza, mas espero ver em breve um desenvolvimento maior do filme, e com certeza mais atitudes sustentáveis ao meu redor ao menos. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, e volto na próxima quinta com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Tudo Por Um Popstar

10/14/2018 11:48:00 PM |

Alguns filmes entram em cartaz já com o público bem formado, e dificilmente você verá na sala qualquer outro tipo de pessoa tentando conferir, e isso em parte é bom, pois na maioria das vezes alguns longas não procuram atingir outros, mas sim desenvolver uma história interessante para aqueles que assimilam a mesma ideia. Incluo nessa lista o longa "Tudo Por Um Popstar" por não conseguir enxergar o filme sem ser voltado para as adolescentes que são fanáticas por boybands ou artistas em geral, e um pouco para seus pais para verem que existem outras malucas por aí prontas para fazer qualquer coisa para conseguir uma foto, ir a um show, ou algo que envolva seu astro. A trama em si é simples, e possui diversos detalhes bem feitinhos, mas não sai do eixo que faça você sair da sala super empolgado com o que viu, apenas conformado de não ver um filme ruim, pois tinha de tudo para dar errado, e felizmente não deu, mesmo com alguns absurdos cênicos, que até sabemos que muitas doidas fazem por aí, mas colocar num longa para crianças é algo meio até arriscado (vai que alguma maluca resolver realmente querer ir pro andar de cima descer de corda no apartamento do ídolo!!!). Ou seja, dito isso, se você é adolescente fã de boyband, ou tem filho ou filha que se enquadra nesse meio, pode ir ao cinema sem medo, que é certeza de se divertir com todas as maluquices, mas se você não se enquadra nesse perfil, passe bem longe, pois tudo é motivo para reclamar.

A sinopse nos conta que a banda pop Slavabody Disco Disco Boys, febre entre as meninas de todo o Brasil, anuncia que irá tocar no Rio de Janeiro. Fãs de carteirinha do grupo, as adolescentes e melhores amigas Gabi, Manu e Ritinha farão de tudo para que seus pais deixem que elas assistam ao show do grupo longe da cidade onde moram.

O diretor Bruno Garroti já está ficando especialista em longas para adolescentes, pois depois de "Eu Fico Loko", agora vem com esse, e já está quase lançando "Cinderela Pop", ou seja, arrumou um nicho bem bacana para trabalhar, e acertar, pois ele soube mostrar para seu público-alvo, um estilo que pouco era feito, pois ou era moldado um longa para crianças, ou para adultos, e as vezes surgiam algo para jovens, mas para os teens mesmo, que estão aflorados ultimamente em vlogs, bandas pop, e outros nichos de gritaria, são raros. Mas para trabalhar com esse ramo, o diretor teve o grande feito de cair em adaptações literárias de sucesso nesse meio, o que não é também comum de vermos nas telonas, mas aparentemente, agora veremos mais vezes. Não diria que ele foi bem preciso no que tentou fazer, pois seu longa funciona bem no ritmo, porém aparenta ter quebras secas, de maneira que na edição deram leves picotadas para tirar excesso e levaram um pouco a mais embora, mas longe disso atrapalhar o resultado do filme para o público, diria que o ganho de tempo foi uma boa sacada, apenas os motes poderiam ter sido mais suavizados para que não ficasse um filme de apenas uma situação, mas ao menos nesse acerto, a trama não recaiu para lado novelesco, e isso já faz do longa um grande acerto. Diria também que o roteiro embasado no livro de Thalita Rebouças, foi bem criativo, pois desenvolveu bem a energia das garotas, brincando com medos e afrontas, mas sem pesar a mão, e sendo assim só ficou faltando um grande detalhe: ter montado uma banda pop estrangeira mesmo.

Sobre as atuações, é engraçado olhar como conseguiram fazer com que as três garotas protagonistas aparentassem ter as mesmas idades, pois na realidade elas oscilam entre 14 e 18 anos, mas no longa ficaram bem semelhantes mesmo. Dito isso, tenho de pontuar que tanto Klara Castanho, quanto Maísa Silva e Mel Maia, ainda são bem jovens, e tendem a melhorar expressivamente, pois aqui elas entregaram até boas dinâmicas, mas para filmes de crianças, sem muita desenvoltura, nem nada que pudéssemos elogiar, apenas não sendo algo que tivéssemos de reclamar já ajuda bastante. Agora temos de dar um leve destaque para Giovanna Lancellotti com sua Babette, que além de muito cômica conseguiu entregar personalidade em todas as cenas, de modo que talvez se usassem mais a personagem no longa, o acerto seria ainda maior. Felipe Neto fez o que sabe fazer imitar e gritar com seu Billy Bold, mas conseguiu ao menos ser engraçado, mas nada de surpreendente. Agora quanto aos jovens da boyband, foi triste de ver, e melhor nem falar nada sobre passinhos marcados, trejeitos forçados, e tudo mais!

A equipe de arte trabalhou bem para que o filme tivesse elementos bem colocados em cada uma das cenas, desde as casas simples e a escola simples do interior, até um show bem produzido, passando antes por um vídeo cheio de efeitos para concorrer ao prêmio do concurso (que qualquer garota faria - claro!!), mas o mais importante foi não exagerar em cenografias para que o longa ficasse principalmente barato e bem condizente, incorporando os momentos de forma correta, e agradando o público principal, ou seja, entregaram um filme com símbolos bem colocados, e sem forçar a barra visualmente, a trama acaba sendo agradável de assistir.

Enfim, é um filme bem feito, simples e que diverte quem for esperando ver o que é proposto já no trailer, ou seja, como disse logo no começo, um longa feito para um público determinado, que vai gostar do que verá, e que qualquer outra pessoa fora do eixo proposto sairá se perguntando o que foi fazer na sala, mas digo que certamente eu já vi muita coisa pior nos cinemas, e não morri, então digo que a garotada fã de filmes teen vão curtir, pois a maioria tem saído saltitante das salas lotadas, ou seja, volto a dizer que o longa foi feito para elas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana, então abraços e até logo mais.

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Goosebumps 2 - Halloween Assombrado (Goosebumps 2: Haunted Halloween)

10/14/2018 02:02:00 AM |

Muitas vezes falamos que sequências geralmente destroem a qualidade dos filmes e acabam ficando jogadas ao vento sem conseguir manter a essência original, mas alguns longas conseguem a façanha de resolver os diversos problemas que o primeiro filme teve e acabam funcionando até mais, agradando e divertindo, e o principal, usando a essência mostrada no primeiro filme. E hoje posso dizer que "Goosebumps 2 - Halloween Assombrado" é um desses exemplares, pois conseguiu ser imensamente mais divertido, ter uma história mais coerente, diversos efeitos bem interessantes, e ainda por cima consegue dar uns sustinhos de leve no melhor estilo de terror feito para crianças/adolescentes, e o principal, não necessitar de Jack Black como protagonista como o autor dos livros. Diria que o longa sem a necessidade de explanar os livros, mas sim como uma história de Halloween que sai das rédeas quando um boneco decide dar vida à todas decorações, conseguiu funcionar criando vértices que o público mais se conecta, pois não necessitando de algo mais fechado, como é o caso aqui, a trama foi sendo desenvolvida e o público foi se conectando, o que mais diferenciou do primeiro filme, que era algo mais fechado em cima dos diversos livros. Claro que ainda temos muitas referências, temos o vizinho que conhece todas as histórias, temos o personagem do autor aparecendo bem rapidamente, mas tudo solto acabou sendo bem bacana, e como já havia dito no texto do outro filme, dar liberdade para o boneco Slappy foi a melhor coisa que puderam fazer aqui.

O longa nos situa em Wardenclyffe, Estados Unidos, às vésperas do Halloween. Sonny e Sam são grandes amigos, que encontram um livro incompleto guardado dentro de um baú, em uma casa abandonada. Ao abri-lo, eles despertam o boneco Slappy, que surge inesperadamente. Criação do autor R.L. Stine, ele usa os jovens e ainda a irmã de Sonny, Sarah, para criar sua própria família de monstros.

O teor foi bem mudado também pela troca de diretor e dos roteiristas, pois se antes tínhamos diretores e roteiristas mais conhecidos, agora nas mãos de nomes menores, esses procuraram dar vértices mais icônicos e próprios do terror realmente para quem sabe ganhar fama e virem com mais longas do estilo, e dessa forma Ari Sandel já foi bem e provavelmente além de ter entregue um longa bem marcado, deve dirigir em breve o filme de "Monster High", ou seja, já entrou para o filão de longas de terror para jovens, e digo que seu acerto foi bem marcado, pois se no primeiro tínhamos exageros de ângulos para pegar o público desprevenido, aqui o diretor foi mais coerente para marcar cada situação com desenvoltura, criando as situações sozinhas, e entregando para os personagens, e claro, para toda movimentação desenfreada de monstros os efeitos de muita dinâmica com criatividade e sintonia que fizessem o público querer ver mais e mais, ou seja, dá até para acreditar numa franquia de filmes com outros livros, já que o final deu a entender isso, mas como a série da Netflix tem feito sucesso também, vai depender realmente da bilheteria.

Agora um ponto que certamente precisava ser melhorado é a questão das escolhas dos atores, pois no primeiro já não tivemos algo primoroso, mas ao menos todos ali tentavam fazer algo e se assustavam com o que apareciam, enquanto aqui a maioria parece tão feliz com tudo o que está ocorrendo, que até mesmo os figurantes que estão correndo para lá e para cá, parecem estar brincando na telona, e aí diria que foi o maior erro do filme. Madison Iseman fez uma Sarah completamente forçada, que até tenta parecer conectada com o irmão, mas só faz caras e bocas, e mesmo na sua cena mais impactante ao final, pareceu estar perdida com relação de onde deveria olhar, ou seja, faltou uma direção melhor, e uma atitude melhor ainda. Jeremy Ray Taylor é o exemplo claro de que estava muito feliz com o papel, de modo que seu Sonny parecia estar brincando em cena, e fazendo apenas alguns olhares dispersos, o que não agradou muito, mas ao menos entramos na alegria do garoto e acabamos felizes junto com ele. Caleel Harris deu um tom mais jogado para seu Sam, mas nada que realmente parecesse bem conectado, mas ao menos mostrou desespero nas cenas em que foi atacado. Avery Lee Jones deu bons movimentos para o boneco Slappy, enquanto Mick Wingert deu um tom bem adequado de voz para que o personagem além de macabro soasse realmente como um psicopata maluco, e isso acabou dando um ar bem interessante para a trama. Quanto aos demais, a maioria foi bem figurante mesmo, e até mesmo a mãe dos jovens interpretada por Wendi McLendon-Covey conseguiu fazer caras e bocas bem toscas para seus momentos.

No conceito cênico temos que realmente parabenizar a equipe de arte, pois fizeram monstros bem trabalhados, casas decoradas de Halloween no melhor estilo possível, e boas locações para criar o vértice de terror, de modo que se quisessem transformar o filme de uma franquia infantil para um terror monstruoso, estava bem fácil era só substituir as crianças por jovens, e os docinhos e monstros apenas sobrevoando, que comessem pedaços das pessoas, e pronto o longa mudaria completamente, ou seja, como a base do filme é de terror, a equipe soube dosar os ambientes para funcionar bem, e acertaram. O tom escuro é clichê para longas de terror, mas aqui souberam misturar com personagens bem coloridos, e o resultado acabou soando gostoso de ver, sem cansar, nem ficar bobo demais, o que é de um grande agrado.

Enfim, é um filme que diverte bastante e que funciona também dentro da proposta de um terror para adolescentes e crianças, pois não irá traumatizar ninguém com o que é mostrado na telona, e consegue assustar e divertir ao mesmo tempo. Diria que poderiam ter pegado mais pesado para algum dos lados para que o tom funcionasse um pouco mais, mas como disse no começo, a ideia da franquia é assim, e não poderiam ter fugido muito disso, ou seja, quem gosta desse tom mais sombrio, mas que vai se divertir mais do que assustar, pode ir conferir tranquilo que certamente irá sair bem feliz com o resultado. Bem é isso pessoal, fica assim sendo minha dica, e volto amanhã com mais uma estreia dessa semana, então abraços e até logo mais.

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