Vidas à Deriva (Adrift)

8/05/2018 01:42:00 AM |

Chega a ser até interessante como o diretor Baltasar Kormákur gosta de fazer longas sobre histórias reais de sobrevivência em condições duríssimas, e a forma que na maioria das vezes ele consegue comover o público com essas histórias é algo que impressiona, pois mesmo que o filme não penetre em nossa alma com a história contada, ele trabalha tanto os personagens que acabamos torcendo e/ou acreditando em sua vivência, e aqui em "Vidas à Deriva", ele não só trabalhou bem toda a situação de abandono no meio do oceano por vários dias, como consegue envolver com a persuasão da garota em desejar sobreviver após passar por um furacão. Não diria que o longa é daqueles de fazer lavar a sala do cinema, e essa é a falha principal dele, mas a montagem dinâmica com cortes bem precisos consegue confundir o espectador e envolver muito com a surpresa nas cenas finais, ou seja, um longa bem preparado para conseguir agradar e entregar uma realidade bem interessante de ser refletida.

A sinopse nos conta que Tami e Richard adoram fazer viagens em alto mar e isso leva os dois a se tornarem um casal. Juntos numa viagem romântica, eles enfrentam o maior furacão da história do oceano Pacífico. Os dois começam uma corrida contra o tempo para encontrar ajuda, pois Richard fica gravemente ferido.

Não diria que Kormákur conseguiu atingir com a mesma precisão de seu longa anterior "Evereste" a trama entregue aqui, mas certamente podemos dizer que sua equipe de efeitos é da melhor qualidade e conseguiu desenvolver aqui uma tempestade de primeira linha, cenas de tirar o fôlego e principalmente ele soube montar o filme de uma forma incrível, pois até a metade estava cá esse Coelho já falando mentalmente por que raios ele não fez um filme linear, contando a história bonitinha, casal se encontrando, tempestade rolando, salvamento (nem conto isso como spoiler, pois se é um filme baseado em algo real, tem de ter sobrado alguém pra contar a história!) e tudo mais, mas aí ao final ele nos dá o baque explicativo, que se fosse bonitinho sequencial, o filme seria monótono e talvez até chato, não tendo o envolvimento, e sendo assim, diria que foi o maior acerto do diretor (ou do roteirista, afinal não li o livro em que foi baseado!). Ou seja, um filme que diria ser até simples, mas que consegue criar uma expectativa e tem uma leve linha tensa por trás dele, e que vai pegar quem for emotivo.

Sobre as atuações, Shailene Woodley consegue cair bem em muitos papeis, e agrada sempre que necessita mostrar força e superação, ou seja, atriz perfeita para fazer Tami, pois foi corajosa nas cenas fortes e trabalhou bem nos olhares nos momentos mais envolventes, mas exageraram um pouco na maquiagem de insolação deixando ela vermelha demais, o que ficou um pouco estranho. Sam Claflin como sempre é bem galanteador e aqui seu Richard tem um carisma imenso para fazer com que a jovem se apaixone por ele, e mesmo nos momentos mais duros, o jovem ator soube dosar o ar de dor para se conectar bem com a protagonista, agradando bastante. Os demais aqui literalmente foram enfeites cênicos, então mesmo o casal que oferece o navio para ser levado pelos protagonistas aparece e fala algo que sequer vamos lembrar.

No conceito visual, a trama é daquelas que vemos água, água e mais água, um iate bem recheado de elementos, ótimas praias visualmente incríveis para dar uma cenografia linda e belas fotos, e claro bons mantimentos para serem usados nos momentos de delírio, funcionando com um primor técnico perfeito, que acaba envolvendo bastante. A fotografia tem dois grandes momentos, o excesso de luz para demonstrar insolação e claro um respiro nos atos dramáticos, e a tensão grande em cenas bem escuras para que o público se envolva bastante com a trama, e o acerto em ambos momentos é perfeito.

Enfim, é um filme que diria simples, mas que passa boas mensagens e consegue envolver e comover o público, mas senti a falta de uma carga dramática mais pesada ainda, pois até tivemos algumas pessoas emocionadas chorando na sessão, mas faltou aquele elo para desabar realmente. Com certeza é um filme de muita superação, que inclusive foi usado como motivação para a equipe de futebol da Islândia na Copa do Mundo, então vale com certeza a conferida, e recomendo ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com mais textos, então abraços e até breve.

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