Do Jeito Que Elas Querem (Book Club)

6/16/2018 08:27:00 PM |

Já disse algumas vezes que livros mudam a mente das pessoas, e geralmente a forma que alguns longas trabalham isso conseguem florear bem próximo de realidades, mudando inclusive suas vidas. Aqui em "Do Jeito Que Elas Querem" muitos irão achar o filme bobinho e emocional, com situações marcadas, mas se pararmos para analisar a fundo, muitas coisas que acabaram nos mostrando no filme são duras realidades, de pessoas que morrem praticamente ao chegar nos 50-60 anos, não tendo mais vontade para nada, e principalmente ocorre com pessoas bem sucedidas, afinal chegam nessa época já gastas, e não desejando mais aventuras, quanto mais momentos picantes na vida sexual, e o longa brinca com a mudança que os livros da série 50 tons acaba causando num grupo de amigas que se reúnem para um grupo de leitura todos os meses. Diria que a sacada foi boa, que a forma emocional e divertida foi trabalhada com bons tons e o filme acaba fluindo de uma maneira bem gostosa, não soando apelativo e nem discondizendo com a proposta, pois poderia ser mais de mente aberta caso quisessem, mas souberam dosar bem e agradar não só o público-alvo como agradar os mais jovens que forem ao cinema se divertir.

A trama nos mostra que quatro amigas têm suas vidas viradas de cabeça para baixo quando dão inicío a nova leitura do mês e são apresentadas ao livro “Cinquenta Tons de Cinza”. Diane ficou viúva após 40 anos de casamento. Vivian gosta de seus relacionamentos sem compromisso. Sharon ainda está trabalhando em um divórcio de décadas e o casamento de Carol está em baixa após 35 anos. A leitura estimula romances e reavive velhas chamas. Juntas, as amigas incentivam uma a outra, para tornar o próximo capítulo de suas vidas o melhor de todos.

Em sua primeira direção de longas, Bill Holderman conseguiu criar um roteiro bem moldado, com diversas situações fluindo de forma agradável, e que felizmente vemos a mão do diretor na condução da trama, de modo que tudo não soa exagerado, os momentos são entregues em doses bem agradáveis, e cada particularidade da vida de cada uma das protagonistas é bem desenvolvida, não sendo jogada apenas na trama. Claro que para isso, a trama desenvolveu um ar quase novelesco, com várias subtramas que se interconectam, mas mesmo seguindo esse molde, o longa não enrosca, tendo vértices próprios para que o longa agrade sem ficar enrolando. Ou seja, uma boa direção em cima de uma história conveniente que até poderia ser uma versão mais old de "Sex and the City" bem colocada dentro do tempo de um filme.

Agora boa parte do funcionamento do longa se deve primorosamente às maravilhosas atuações das protagonistas, que se não são amigas realmente fora dos sets, passaram completamente essa sensação de amizade de mais de 40 anos na telona, ou seja, uma química incrível. Diane Keaton tem uma dinâmica de olhares tão forte que sempre dá vida para suas personagens com uma classe tão bela de ver, que sua Diane acaba ficando leve e gostosa como uma mãe aonde as filhas opinam em tudo o que faz e acabam sendo até protetoras demais, e olha que uma das filhas é Alicia Silverstone quase irreconhecível nas suas poucas cenas. Agora se você quer estar com muitos anos e ainda estar com tudo em cima, fale com Jane Fonda e pergunte seu segredo, pois se for como sua personagem Vivian vive a vida, está bem fácil para todas, basta nunca casar nem dormir a noite toda com um homem, e ela foi muito plena de demonstrações, agradando com uma postura forte de quem sabe bem o que quer, entregando ótimos trejeitos e sendo incrível. Candice Bergen foi mais dura com sua Sharon, ou melhor com sua postura de juíza durona, trabalhando com olhares mais fortes, colocando uma personalidade realmente para o papel, mas suas cenas de encontros foram as mais divertidas e claro agradáveis para rir muito, afinal encontros pela net sempre são complexos, e ela brincou bastante em cena. Diria que Mary Steenburgen foi a mais simples de personalidade com sua Carol, de modo que até fez bons trejeitos, mas colocou mais em jogo o lance do casamento perfeito que está um pouco desgastado, mas que pode ter jeito, e com isso a trama deles é a que mais emociona o final, embora pudesse ter outros ares. Quanto dos homens da produção, todos foram mais conexões para a trama das mulheres, de modo que não temos nada de muito forte em suas expressões, tendo um destaque maior para Andy Garcia com seu Mitchell, mais pela cena de marcação do encontro muito bem colocada na trama e pelos momentos em sua casa maravilhosa do que pelos seus trejeitos, e também Craig T. Nelson pelas frias que seu Bruce acaba enfrentando com sua mulher.

A equipe de arte gastou bastante com vinhos para as reuniões das mulheres, e foi incrivelmente coerente nas escolhas das locações, encontrando na medida certa as casas para as mulheres bem sucedidas que nos foram apresentadas, mas principalmente para a casa do piloto, que num capricho incrivelmente cenográfico ficou bela na composição e nas imagens de fundo, que se foi real, arrumaram algo para guardar em um quadro. Tivemos também ótimos figurinos e bons elementos cênicos para dar complemento à história, e isso mostrou um belo trabalho realmente da equipe. O tom da fotografia ficou mais colorido, afinal não quiseram dramatizar nem romantizar tanto as cenas, de modo que tudo parece até iluminado demais, mas sem erros aparentes.

A trama também contou com uma boa trilha a sonora cheia de clássicos e músicas novas para compor os diversos momentos, e dar um ritmo até que bem dinâmico, e claro que deixo o link para todos escutaram.

Enfim, é um filme simples, mas que diverte e também emociona. Não diria que é a melhor obra do estilo, mas souberam ser coerentes e trabalhar com a trama para que fosse um filme mais motivacional do que algo cheio de nuances, e sendo assim recomendo ele mais para as mulheres mais experientes, mas quem for mais nova também irá se divertir também. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para o meu último filme das férias, nessa super maratona de 31 filmes em 10 dias, que certamente foram cansativos, mas que não poderiam ser melhores, então abraços e até logo mais com o último texto da maratona.

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