Paulo, Apóstolo de Cristo (Paul, Apostle Of Christ)

5/06/2018 01:35:00 AM |

Não posso dizer em momento algum que conheço a história do apóstolo Paulo, e muito menos o que fez em sua vida, então o que posso argumentar sobre o filme "Paulo, Apóstolo de Cristo" é somente o que foi passado na telona, e claro lembrar de algumas ligações com o que já ouvi em outros filmes e até mesmo algumas citações na igreja. E claro por não ser alguém religioso não posso afirmar que o que é passado no longa está correto quanto ao que é mostrado na Bíblia, e segundo o filme no trecho "Os Atos dos Apóstolos". Portanto focando apenas como filme, o que posso dizer é que foi algo bem épico, montado com uma elenco até que grande (embora muitos desconhecidos), mas que mostrou bem a Roma desestabilizada pelo imperador incendiário Nero, aonde claro quem pagou o pato foram os cristãos que eram usados como velas ou dados aos tigres nas arenas, e que até consegue passar uma boa mensagem de paz ao invés de conflito para com seus semelhantes, e assim sendo a trama soa bonita, embora forte pelo tom de violência, e que só não é mais perfeita por muitos detalhes técnicos, como todos da Roma Antiga falando inglês perfeito, alguns trejeitos forçados, e claro alguns furos de cena, mas tirando esse ar exagerado, é um longa que consegue comover os mais velhos que forem conferir e funciona bem dentro do que promete, sem ser uma obra faraônica.

A sinopse nos conta que Paulo era conhecido como um dos perseguidores de cristãos mais cruel de seu tempo. Mas tudo muda quando ele tem um encontro com o próprio Jesus. A partir desse momento, esse jovem se torna um dos apóstolos mais influentes do cristianismo, e aqui Lucas arrisca sua vida para visitá-lo, enquanto é mantido encarcerado numa prisão romana sob o comando de Nero. Juntos, eles lutam contra um imperador determinado e as fragilidades do espírito humano para viver o Evangelho de Jesus Cristo e levar sua mensagem ao mundo.

O grande feito do diretor e roteirista Andrew Hyatt foi não se prender apenas em algo bíblico emotivo que passasse a mensagem de paz, mas sim que criasse uma vertente dramática ao colocar um episódio histórico em forma de longa de época, e com isso ele pode criar vertentes maiores e mais bem colocadas. Porém um adendo maior fica pelo fato de o filme focar mais em Lucas, no prefeito da prisão Mauritius e nos organizadores da comunidade Aquila e Priscila do que realmente em Paulo, e isso pode ser considerado uma falha, pois se mostrasse a vida de Paulo, suas andanças pelo mundo, brigas e tudo mais o longa acabaria bem diferente, mas como é dito no final estamos vendo o que Lucas quis passar da ideia de Paulo, e assim o resultado acabou bem interessante e satisfatório, tirando o fato de não me conformar com um longa falado em inglês na Roma Antiga, mas isso seria algo bem difícil, e claro não venderia tão fácil no mercado.

Dentro das atuações, temos de começar falando de Jim Caviezel que já foi Jesus em "Paixão de Cristo", e agora vem como o médico Lucas que escreveu sobre a vida de Jesus através dos ensinamentos de Paulo, ou seja, já está acostumado com o mundo bíblico e o ator foi bem nos trejeitos expressivos com muita emoção em cada ato, o que fez dele um personagem marcante na trama, e que com certeza caso desejem seguir essa linhagem poderiam utilizá-lo mais vezes. James Faulkner entregou um Paulo bem coerente, velho, sofrendo claro com as chibatadas dos romanos, mas mantendo bem a fé e desejando o bem para todos, de modo que o ator trabalhou seus olhares sinceros, e mesmo em cenas mais escuras ele acabou demonstrando um carisma incrível para cada momento. Olivier Martinez acabou soando falso demais para com seu Mauritius, pois como bem sabemos os soldados/prefeitos romanos não tinham tanta harmonia assim, e certamente teria sido bem mais rude com Lucas, mas isso é do personagem, e o ator acabou ficando bem no meio do caminho da decisão de fazer um personagem mais forte ou entregar algo mais morno, o que acabou ficando estranho. Dentre os demais, a maioria acabou figurando mais, tendo um ou outro momento de destaque para John Linche como Aquila e Joanne Whalley como Priscilla, mas nada que tivesse uma expressão mais forte, apenas colocando sempre um ar mais religioso na trama.

Agora algo que foi muito bem feito foi a composição cênica, que conseguiu entregar cenas de primeiro nível com locações épicas cheias de detalhes, muitas ruínas e até um realismo impressionante para as cenas de cristãos sendo queimados vivos, o que chega a chocar em alguns momentos, de tal maneira que souberam usar elementos cênicos ao total favor da trama, mostrando até no final como eram feitas as muitas cópias dos textos bíblicos para que a maioria pudesse receber, ou seja, um trabalho de pesquisa bem coerente para que tudo ficasse no capricho desde maquiagens, passando pelos cenários até encontrar figurinos bem possíveis da época. A fotografia usou muito do sépia como tradicionalmente ocorre em filmes de época e brincou com tons marrons e um ou outro detalhe mais escuro, e ousou fazer muitas cenas com pouquíssima luz para retratar a prisão de Paulo, tanto que havia visto o trailer anteriormente em uma sala com menos luz e já sabia que se o filme fosse passado ali seria péssimo ver, mas hoje vi em uma sala boa e o resultado acabou agradando bastante.

Enfim, é uma boa mistura de filme de época com religioso, e como já disse outra vez, a Bíblia é algo tão vasto e cheio de histórias que se quisessem teriam filmes para fazer aos montes, mas claro que muitos vão acabar criticando por ficar diferente isso ou aquilo, então como costumo falar, é uma obra ficcional que não tem a necessidade de entregar algo real, então vá, curta, se emocione se achar que deve como algumas velhinhas que estavam na sessão e certamente quem entender um pouco mais de religião poderá falar se o que foi mostrado ali realmente seguiu o grande livro, mas como crítico tive de pontuar os defeitos técnicos, e sendo assim recomendo ele, mas com um olhar mais leve, pois tudo pode ser considerado falho se irmos mais a fundo. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas ainda faltam dois longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve.

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