Operação Red Sparrow (Red Sparrow)

3/04/2018 03:10:00 AM |

Filmes de espionagem costumam deixar o público extasiado e eufórico durante toda a projeção, mas infelizmente não é o que acontece em "Operação Red Sparrow", que até tem um desfecho bem interessante não esperado, mas o miolo é mais um trash movie cheio de torturas e situações falhas do que algo que você prenda a respiração e procure desesperadamente saber o que vai acontecer, qual a missão, e tudo mais. Ou seja, é um filme que tinha potencial para se encaixar no seleto hall de grandes filmes de espionagem, com uma atriz dinâmica, bons personagens, mas que foi feito jogado demais, de tal maneira que espero que o livro em que foi baseado não seja assim, senão é daqueles casos que você não termina de ler por cansar na metade. O longa até prende com situações que vão agradar bastante aos homens que forem ao cinema, mas foi mais usado isso como pretexto para vender o longa do que como algo necessário para a trama, ou seja, precisaram de forçar a barra para não perder mais público ainda.

O longa nos mostra que Dominika Egorova é selecionada contra sua vontade para se tornar uma "pardal"- uma mulher sedutora treinada no serviço de segurança russo. Dominika aprende a usar seu corpo como uma arma, mas luta para manter o senso de si mesma durante o processo de treinamento desumanizante. Descobrindo suas habilidades em um sistema injusto, ela surge como um dos elementos mais fortes do programa. Seu primeiro alvo é Nate Nash, um oficial da CIA que administra a infiltração mais delicada da agência de inteligência russa. Os dois jovens entram em uma espiral de atração e decepção, que ameaça suas carreiras, lealdades e a segurança de ambos os países.

O diretor Francis Lawrence começou como diretor de clipes musicais na saudosa época que clipes eram praticamente filmes cheios de grandiosas produções, daí para cair no gosto por fazer longas de impacto foi um pulo, até se consagrar com a saga "Jogos Vorazes", aonde conheceu Jenifer Lawrence e a adotou como musa, porém o estilo dele é algo mais marcado por brigas e batalhas, algo que aqui até poderia ter, mas como é um longa baseado em um livro, optaram por deixar ele mais psicológico, e aí é que entra o grande problema, pois o diretor não soube dosar torturas/brigas/ação com mistério/espionagem/tensão, e com isso o longa parece em diversos momentos não saber para qual rumo vai, o que soa bem estranho. Outro ponto que nem é falha do diretor, e que já deveria aceitar, mas estamos falando de um longa na Rússia e em Budapeste, que sim, possui agentes americanos, mas todos falam inglês no longa quase inteiro, alguns até puxam um sotaque, mas no modo geral vemos quase que um filme americano que se passa na embaixada russa no máximo, ou seja, uma falha imensa que poderiam ter solucionado de modo muito fácil contratando mais atores russos. Porém tirando esses dois grandes detalhes, o resultado da ideia em si, que provém de um livro de um autor que foi espião e trabalhou muito nesse estilo, foi bem bacana de ser vista e trabalhou bem as cenas de torturas, construiu diversos arquétipos, e principalmente soube fechar de maneira icônica, apenas poderiam ter trabalhado mais o mistério e ter colocado uma atriz mais de impacto para que não soasse tão falso diversas cenas, mas como o filme é de uma bailarina que vira espiã, então o porte até que foi acertado.

No conceito das atuações, volto a frisar que Jennifer Lawrence aparentemente não se esforçou muito, fazendo caras perdidas na produção, e embora tenha aparecido nua, sofrido em várias cenas, sempre manteve um olhar apático demais para sua Dominika, fazendo com que a personagem soasse falsa, e mesmo que isso fizesse parte da personagem, poderia muito bem ter sido alguém mais fria de olhares certeiros, ou seja, faltou com o dever de casa. Joel Edgerton até ousou algumas cenas como espião infiltrado, fez algumas cenas dinâmicas, mas soou singelo demais nas cenas que precisava agir, ou seja, embora seja falha da direção, ele poderia ter chamado a responsabilidade para si e agradado bem mais. Matthias Schoenaerts trabalhou bem seu Vanya, de modo que vemos realmente os homens russos de negócios obscuros no país, claro que foi delicado demais em algumas cenas, mas de modo geral conseguiu transpassar a famosa máfia dentro do governo russo. Jeremy Irons aparece pouco com seu coronel, mas sempre bem efetivo em todas as cenas, até chegarmos nas cenas finais, aonde ele conseguiu desenvolver um pouco mais. Uma que surpreendeu foi Charlotte Rampling como a treinadora do programa, desenvolvendo um ar bem rústico e cheio de marra se o filme ficasse mais no treinamento certamente seria algo incrível de ver ela brigando com a protagonista.

Quanto ao visual da trama, tivemos boas cenas em ambientes luxuosos como o Teatro Bolshoi (no palco claro, pois ao mostrar um bastidor feio ficou meio estranho), muitas cenas em gabinetes governamentais (todos bem simples), algumas cenas de rua para mostrar o frio intenso aonde os figurinos chamaram atenção, mas o que ficará na mente será o ambiente de treinamento dos Sparrows, que ali sim valeria mais tempo para se desenvolver melhor a história e o ambiente hostil, mas não era essa a intenção, então podemos dizer que a equipe de arte fez o seu serviço, mas o diretor não soube utilizar como poderia. No conceito fotográfico, trabalharam bem as sombras para criar um ambiente misterioso, e cores fortes para chamar a atenção aonde deveria focar, mas não foram hábeis o suficiente para salvar a tensão que o filme necessitava.

Enfim, é um filme bem mediano que tinha um potencial imenso para surpreender se focasse corretamente aonde deveria, e principalmente fosse melhor dirigido para que a história se desenvolvesse melhor, mas como o que foi entregue foi isso, temos de dizer que vale a pena apenas para passar um tempo e ver algumas cenas de tortura bem feitas, do resto dá para passar em branco sem conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã tenho mais uma estreia para conferir, então abraços e até breve.

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