Cinquenta Tons de Liberdade (Fifty Shades Freed)

2/09/2018 01:47:00 AM |

Eis que chega ao fim mais um ciclo de uma franquia (digo isso meio em dúvida, pois nunca duvide da sangria de um produtor sedento por dinheiro!!), e sem dúvida alguma posso dizer que após um primeiro filme cheio de falhas, um segundo filme bem feito, fizeram um terceiro muito bem feito, de modo que "Cinquenta Tons de Liberdade" possui uma história bem encaixada, os atores finalmente encontraram uma química perfeita e não atuaram como robôs artificiais, e a produção chegou a níveis que ninguém imaginaria para o estilo, com carros de luxo máximo, mansões e apartamentos multi-produzidos e tudo mais, além claro de não usar o sexo jogado como foi nos demais, trabalhando como um casal mais apimentado usaria suas facetas. Claro que está longe de ser algo perfeito (alguns leitores-fãs vão falar que é perfeito), pois trabalhou como uma continuação clara sem ser uma trama separada (costumo dizer que mesmo um filme sendo parte de uma trilogia, cada ato tem de ser mostrado com um começo/meio/fim, e aqui quem não viu os demais não vai entender nada, muito pelo contrário, vai acabar perdido), o que é bom pelo lado de não sair da essência, mas falha no conceito da necessidade de um filme, do tipo que vemos uma história só de digamos 6 horas se juntarmos os 3 longas. Claro que friso bem isso, a mudança de direção do primeiro para o segundo e terceiro foi a melhor sacada possível, pois mudou completamente a trama, e se James Foley arrumou o circo no segundo filme, agora ele acabou entregando o melhor da franquia, e com isso o desfecho foi acertado, mesmo com falhas leves.

A sinopse desse novo filme é bem simples, assim como a trama inteira, e nos diz que superados os principais problemas, Anastasia e Christian agora têm amor, intimidade, dinheiro, sexo, relacionamento estável e um promissor futuro. A vida, no entanto, ainda reserva surpresas para os dois e fantasmas do passado como Jack Hyde e Elena Lincoln voltam a impedir a paz do casal.

Como disse no parágrafo inicial, esse sem dúvida é o melhor filme da franquia, pois nos anteriores tivemos apresentações, problemas supérfluos e muita enrolação didática que somente os fãs dos livros se conectavam, e aqui o diretor James Foley teve mais oportunidade de trabalhar, tendo um arco maior para discutir e com problemas reais de gente rica, como invejosos, sequestros, invasões, etc, e não mais relacionamentos forçados, e adicionando a isso, tivemos os problemas tradicionais de recém-casados, como aparecimento de filho, traições, quebras de juras de amor, bebedeira e por aí vai, ou seja, o arco de discussão foi bem mais amplo, e talvez se tudo isso tivesse sido trabalhado desde o começo, a franquia seria um arraso não apenas para fãs, mas sim para outros que gostem de ver dramas apimentados na telona, ou seja, um filme realmente. Sendo assim, volto ao princípio que digo o motivo da trama ainda não ser perfeita, pois como muitos costumaram ler os 3 livros em sequência, sabendo já detalhes de cada ato, querendo saber o desenrolar de cada coisa, com os filmes foi a mesma ideologia, e assim sendo não temos três filmes, mas sim três capítulos de uma história maior, que se aparar todas as arestas dos dois primeiros filmes, teríamos um só de umas 3-4 horas e ficaria ótimo, mas aí certamente mil fãs resmungariam de faltar isso, faltar aquilo, e aqui a maioria diz que tudo o que tem no livro apareceu na telona, ou seja, ponto para Foley, que entregou tudo o que o público-alvo desejava. E portanto, temos um filme para um público específico, que vai gostar, quem for fora desse nicho vai achar um longa bacana, mas dificilmente irá vender para quem não tiver visto os demais, pois falha nesse elo. Dito tudo isso, volto a parabenizar Foley por conseguir tirar muito leite de pedra de dois atores (um que nem ator era realmente!) principais e conseguir que seus produtores arrumassem muita cenografia com precisão de contratos monstruosos para que o filme ficasse riquíssimo de detalhes, e com isso, o resultado agradasse demais para quem gosta de uma boa produção, mesmo que veja falhas pontuais na história, e assim sendo, diria que é o filme mais bem produzido desse nicho.

Voltando a falar dos atores, Jamie Dorman foi escalado para o papel principalmente por agradar visualmente na tela, mas se falarmos que é um ator expressivo vamos ficar debatendo com uma porta, pois sua verdadeira profissão é modelo, mas aqui no último filme (precisou apanhar duas vezes!), seu Christian ficou mais bem encaixado e teve até bons momentos de dinâmica com os demais, claro que apareceu falando bem pouco, mas trabalhou trejeitos e encontrou um ar mais real para o personagem, e com isso o acerto foi condizente, além claro de continuar agradando a mulherada com seu corpo. Já Dakota Johnson sempre foi atriz e sempre teve a mesma cara de desânimo, ou seja, poderiam ter arrumado uma Anastasia melhor para protagonizar a trama, mas como a moda do abuso sexual está em alta no cinema, com certeza muitas recusaram o papel, e acabou caindo na mão dessa atriz, e embora sua falta de caras e bocas seja algo forte, aqui ela se saiu bem também trabalhando leves trejeitos, mas sempre com a mesma expressão, ou seja, vamos lembrar do filme, mas dificilmente iremos lembrar quem foi a atriz que fez o filme. Sei que muitos vão discordar pela trama em si, mas Eric Johnson foi muito bem encaixado no papel de Jack e soube em todas as suas poucas cenas chamar a responsabilidade para si, mostrando que caso o filme ficasse bem em cima dele, teríamos excelentes cenas, mas não é o que ocorre, e sendo assim, apenas teve rápidas, mas precisas aparições. Dentre os demais, podemos dizer que todos foram bem alocados nos papeis, e que mesmo rapidamente se conectaram bem com os protagonistas fazendo caras e bocas de amigos, de preocupados com algo, mas os destaques ficaram para a equipe de segurança por estarem sempre em cena atrás dos protagonistas, e que de certa maneira mesmo sendo postes (afinal seguranças não falam muito), foram até mais expressivos que os dois protagonistas, sendo assim, Brant Daugherty fez bem seu papel.

Agora sem dúvida alguma, o grande show da trama ficou a cargo da produção que a equipe de arte conseguiu entregar, com casas gigantescas (a mudança visual da casa no começo, e depois na cena no meio dos créditos é algo surreal!), apartamentos decorados com primor, e até mesmo a sala da editora e o hospital foram feitos com um capricho que vemos em poucos filmes, mas o grande destaque claro foram os carrões com seus roncos e velocidade máxima que parecíamos dentro de um "Velozes e Furiosos", ou seja, tudo de um luxo máximo para que cada cena ficasse na mente do público, e claro detalhes mínimos que certamente apareceram nos livros aparecessem também na telona. Outro grande show ficou por conta dos passeios da lua-de-mel, que foi caprichado. O tom do filme ficou digamos iluminado demais para um filme com viés dramático, com tudo sempre claro demais, o que deu um ar feliz até mesmo para as duas cenas de sequestro (felizmente a primeira a luz não acende e dá uma leve tensão maior), mas essas nuances de cores fizeram com que o longa não cansasse tanto como os anteriores que puxaram mais para o vermelho do quarto e a dramaticidade cênica desmedida, ou seja, o resultado acaba agradando.

Outro ponto máximo ficou a cargo novamente da excelente trilha sonora para embalar o longa do começo ao fim, fazendo com que uma música parecesse melhor que a outra, ou seja, dando ritmo para os momentos mais quentes e ainda fazendo com que a trama tivesse um som próprio, e claro que não deixaria sem o link com todas as canções, para que todos usem como bem desejar.

Enfim, foi um filme bem interessante de acompanhar e que deu um desfecho bem trabalhado para uma franquia que começou bem fraca em 2015, mas que pelos livros venderem muito ainda teve pernas para aguentar algo melhor. Volto a frisar que é o melhor da franquia, mas que quem quiser assistir sem ter lido os livros, confira os dois filmes anteriores (mesmo o primeiro sendo sofrível!) para saber quem é quem e não se perder em tudo o que acontece, e assim sendo acabo recomendando esse novo longa, pelo conteúdo em si bem desenvolvido. Portanto vá ao cinema, se descontraia um pouco, não tente fazer muito o que ocorre por lá (a não ser que você seja muito rico, e assim possa fazer sem problemas!) e é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com as demais estreias que vieram para o interior, então abraços e até mais.

PS: como fiz em outras trilogias, vamos à média: 6 coelhos pro primeiro filme + 7 coelhos para o segundo + 8 coelhos para esse, a média da franquia ficou em 7 e foi aprovada.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...