Retrospectiva 2018

12/31/2018 05:05:00 PM |

Eis que chegamos a mais um final de ano, e esse felizmente foi o que mais passei tempo dentro dos cinemas, afinal foram 248 longas conferidos nesses 365 dias que se passaram, o que dá uma média de praticamente 2 filmes a cada 3 dias, mas com os de festivais tive alguns dias com mais, outras semanas inteiras com 1 filme, mas tudo bem, não pude reclamar.

Foi novamente um ano que fiquei bem feliz com boas surpresas nos cinemas, e claro diversas bombas, afinal a média do ano não chegou nem a 7 coelhos (6,74 para ser exato), mas faz parte, afinal quando me coloquei essa meta maluca de ver tudo o que estreasse nos cinemas por aqui, sabia que viria muitos longas que sequer passaria perto se fosse optar por ver ou não.

Para o finalizar de 2018, e como nova meta em 2019, fiz algo que muitos já haviam me pedido e hesitava em colocar a cara para bater por diversos motivos estranhos, que era ver os longas lançados exclusivamente para mídias digitais, no caso a famosa Netflix, então aguardem muitos posts nesse ano vindo de longas que já estrearam por lá há algum tempo que verei agora para dar minha opinião, e também sempre em cima das novidades para ajudar quem não quiser perder tempo vendo coisas aleatórias perdidas (vamos ver se sobrevivo a isso!!). Por enquanto estarão todos misturados aqui na página tendo apenas um marcador, mas vou pensar como posso melhorar isso para todos, portanto não fiquem bravos com a bagunça.

Mas claro que para fechar bem o ano de 2018 tenho de colocar meus melhores e piores de acordo claro com a opinião desse que vai muitas vezes contrário aos críticos de grandes canais, e outras vezes contra a opinião de muitos apaixonados por cinema também, mas como sempre friso, é minha opinião como produtor e cinéfilo, que no caso vai em algo que a maioria goste e queira pagar para ver, e não apenas arte solta como arte. Então vamos lá:

Para começar, esse foi um dos melhores anos do cinema nacional nas grandes redes, pois se antes assistíamos 10, 15 filmes no máximo, com a parceria entre Cinemark e a Elo Company, praticamente a cada duas semanas pelo menos 1 lançamento alternativo tínhamos para ver, e vamos torcer para que isso siga, pois nesse ano acabei vendo 56 filmes nacionais, e por mais incrível que pareça, dei ótimas notas para quase todos, e tive até uma grandiosa surpresa nesse quesito, com algo que jamais colocaria entre os melhores em outro ano:
- Melhor Nacional em Drama: Benzinho
- Melhor Nacional em Comédia: Minha Vida em Marte
- Melhor Nacional Popular: Os Exterminadores do Além Contra a Loira do Banheiro
- Melhor Nacional em Documentário: Meu Tio e o Joelho de Porco
- Pior Nacional: Crô em Família

Foi um ano também com muitas animações nos cinemas, aparecendo por aqui 23 longas para nos divertir, emocionar e tudo mais, e chega a ser até difícil desempatar os dois melhores, então vamos lá:
- Melhor Animação - para se lavar os cinemas: Viva - A Vida É Uma Festa
- Melhor Animação - para se divertir: O Touro Ferdinando
- Melhor Animação - live action: Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível

Dentre os filmes não falados em inglês nem em português, esse ano também foi bem recheado de ótimos exemplares tanto nos cinemas comerciais quanto nas mostras que vieram para o interior, e nesse caso os melhores são bem fáceis de citar:
- Melhor Drama: Culpa
- Melhor Tensão: Primavera em Casablanca
- Melhor Comédia: 50 São os Novos 30
- Melhor Emoção: De Carona Para o Amor
- Melhor Filme Histórico: Uma Noite de 12 Anos

E claro o que seria das salas de cinema sem os blockbusters de heróis, que nesse ano lotaram praticamente todas as sessões, fazendo o público se emocionar, ficarem tensos e desejarem muito a vinda de 2019 para saber os fechamentos, e por mais incrível que pareça acabei dando nota 10 para 3 deles, e claro que assim sendo julgo como os melhores:
- Melhor Encontro de Super-Heróis: Vingadores Guerra Infinita
- Melhor Representatividade: Pantera Negra
- Melhor Surpresa: Aquaman

E antes do prêmio máximo dos melhores do ano, tenho de falar de algo que é muito esperado por muitos leitores aqui do site, que são os longas 3D, que embora ainda tenhamos muitos colocados nas salas (tivemos 30 em 2018), cada dia tivemos menos efeitos que impressionassem realmente, e aqui coloco facilmente:
- Melhor Conjunto da Obra: Jogador Nº 1
- Melhor Elementos para fora da tela: Animais Fantásticos - Os Crimes De Grindelwald
- Melhor Profundidade: Missão Impossível - Efeito Fallout
- e colocaria mais todos os longas de super-heróis já citados acima também, pois foram bons também!

E chegamos ao podium, aqueles que serão lembrados como os melhores filmes do ano na opinião desse Coelho que vos digita praticamente todos os dias, e que em 2019 atormentará ainda mais, e não poderia ser diferente se eu não colocasse os 8 longas que dei nota 10, além de mais 7 filmes de nota 9 para integrar o top 15 do Coelho, que sei que serão bem diferentes de muitos por aí:
- 15º Lugar: Operação Overlord
- 14º Lugar: Buscando...
- 13º Lugar: Com Amor, Simon
- 12º Lugar: O Primeiro Homem
- 11º Lugar: Jogador Nº 1
- 10º Lugar: Nasce Uma Estrela
- 9º Lugar: Bohemian Rhapsody
- 8º Lugar: Uma Noite de 12 Anos
- 7º Lugar: Missão Impossível - Efeito Fallout
- 6º Lugar: Primavera em Casablanca
- 5º Lugar: A Forma Da Água
- 4º Lugar: Vingadores - Guerra Infinita
- 3º Lugar: Aquaman
- 2º Lugar: Culpa
- 1º Lugar: Pantera Negra

Enfim, é isso pessoal, sei que estou deixando de lado alguns bons filmes também que me agradaram muito, mas para isso basta que cliquem nos links aqui do lado com as melhores notas, e se divirtam.

Deixo aqui meu desejo de um 2019 bem cinematográfico para todos, e até o ano que vem.

Abraços do Coelho.
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Netflix - Quando Os Anjos Dormem (Cuando los Ángeles Duermen)

12/31/2018 01:29:00 AM |

Posso estar sendo preconceituoso, mas se tem um país que gosta mais de filmes no formato novelão do que os brasileiros, são os espanhóis, e olha que as vezes até acertam em alguns para que fiquem ao menos tensos e divertidos, mas infelizmente não foi o que aconteceu com "Quando Os Anjos Dormem", que aparentava ser razoável, mas foi enrolando tanto, com tantas coisas acontecendo da forma mais bizarra possível, que quando até torci para o final ser daquela forma, pois ô moça chata e burra essa do filme, e mais ainda maluco o personagem principal pelas atitudes dele, fora todo o restante desnecessário que ocorre com diversos personagens fora do centro da ação. Ou seja, fica a dica para pular esse lançamento da Netflix, pois são 96 minutos bem alongados de enrolação, em algo que não recai nem para drama, nem para terror, ficando entre novelona bagunçada e novela de segunda linha bizarra.

A sinopse nos conta que Germán é um executivo de uma importante empresa de seguro de vida ocupado demais com o trabalho para dar atenção a sua família amorosa. Quando, na noite do aniversário de sua filha pequena, ele tenta dirigir para causa exausto de tanto trabalhar, um acidente transforma aquela noite em um terrível pesadelo.

Diria que a ideia se bem trabalhada duraria no máximo 40 minutos, mas o diretor Gonzalo Bendala resolveu ser criativo demais, e acabou enrolando o desenvolvimento da trama, de modo que esse certamente será daqueles filmes que se um dia alguém sem paciência de conferir se pegar assistindo, ou irá parar na primeira besteira, ou vai acelerar umas partes para ver o que rola no final, pois até temos diversos momentos de tensão no decorrer, alguns que vamos nos ficar perguntando o motivo besta das coisas que acontecem, mas principalmente iremos ao final reclamar o motivo de termos ficado assistindo até tão tarde um longa tão bobo e enrolado como esse. Ou seja, talvez se o longa recaísse realmente para algo voltado para o terror, talvez o longa até empolgasse mais, mas a ideia ficando no meio do caminho foi algo tão bizarro, indo e vindo toda hora com a esposa do protagonista desnecessariamente acontecendo coisas por lá também, que certamente enxugando o longa resultaria em algo mais bem feito.

Sobre as interpretações, assim como ocorre em novelas, temos atores fazendo carões, correndo, se jogando, e raramente entonando qualquer situação melhorada nos diálogos, de modo que Julián Villagrán até tentou fazer um Germán bem colocado, mas logo na sua primeira cena já vemos formações absurdas na reunião, e quando vai para a direção todos seus momentos são coreografados demais para envolver, resultando em algo muito fraco de ver. Ester Expósito faz algumas expressões até fortes com sua Silvia, mas praticamente só soube correr de um lado para o outro, gritando, socando e tudo mais, parecendo estar num daqueles filmes de terror que o assassino passa o longa inteiro correndo atrás da pessoa, e a moça indefesa só grita, e acredito que isso era o que estava no seu roteiro, pois foi só isso o que fez. Dos demais, a maioria teve raras aparições, a maioria jogada, tendo leve destaque para a esposa Sandra, interpretada por Marian Àlvarez, que apareceu um pouco mais e por bem pouco não botou uns chifres no protagonista, mas de resto, seria melhor nem ter feito nada.

No conceito visual, além do carro vagando por uma estrada completamente escura e sem nada para ser desenvolvido, os protagonistas aparecem em casebres abandonados no meio do matagal, tivemos algumas cenas em plantações, diversos momentos no apartamento do personagem principal (completamente desnecessário para a trama), e claro tivemos vários frisos em objetos cênicos como carteiras, celulares, facas e drogas, que poderiam ter sido mais bem usados, mas também não atrapalham. A fotografia não soube trabalhar direito nas cenas noturnas no escuro, e com isso tivemos muitos falsos atos iluminados, o que incomoda demais, mas também se deixassem na forma real, não veríamos praticamente nada, ou seja, o erro foi até propositalmente acertado.

Enfim, é um filme completamente dispensável, que até possui uma ideia interessante, que já até vimos em outros longas de terror, mas que acaba soando tão novelesco que não temos como curtir nada do que acaba acontecendo. Sendo assim, fica a dica para pularem esse quando estiverem caçando algo para ver na Netflix. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais filmes conferidos na plataforma, e também nos cinemas, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Aniquilação (Annihilation)

12/30/2018 05:43:00 PM |

Quando falamos em invasões alienígenas, mutações e tensões, certamente entramos num caminho estranho de pararmos para pensar, pois chega a ser difícil entendermos algo além do que conhecemos e/ou vemos em filmes, e geralmente nas mãos dos diretores conseguem florear ainda mais tudo e deixar nosso inconsciente pensando sobre tudo o que está acontecendo na trama. Com "Aniquilação" não foi diferente, pois a trama chega com tudo na ideia de enfrentar algo desconhecido com pessoas que perderam algo e vão praticamente para uma missão suicida, assim como muitos soldados vão para uma guerra, mas enquanto em uma guerra se sabe o poderio do adversário, aqui não temos sequer ideia de onde podem chegar. Diria que o filme é bacana pela tensão criada, mas falha um pouco na condução e na dinâmica empregada, pois certamente poderiam ter feito um filme denso com mais ação, com desespero, com força e tudo mais, ao invés de deixar que tudo acontecesse de maneira calma e com muita análise. Ou seja, sei que foi um filme do começo do ano, e muitos já até viram ele, mas aqueles que ainda não conferiram podem embarcar rapidamente na trama e desenvolver teorias para tudo o que é mostrado e o que deve acontecer, mas ao final ficamos levemente cansados e sem muitas explicações, o que dá um ar meio que de não saberem para onde estava melhor fechar a trama. Dessa forma, o resultado até é válido, mas poderiam ter ido muito além.

A sinopse nos conta que uma bióloga se junta a uma expedição secreta com outras três mulheres em uma região conhecida como Área X, um local isolado da civilização onde as leis da natureza não se aplicam. Lá, ela precisa lidar com uma misteriosa contaminação, um animal mortal e ainda procura por pistas de colegas que desaparecem, incluindo seu marido.

Após fazer uma excelente estreia com "Ex_Machina: Instinto Artificial", o diretor e roteirista Alex Garland volta com uma produção cheia de reflexões, mas aqui envolvendo formas alienígenas e mutações genéticas, o que pode deixar um pouco nossa mente confusa, mas também acabar agradando pela essência passada no decorrer da trama, ou seja, o diretor consegue prender o espectador até o final, trabalhando todas as situações, desenvolvendo e apresentando os personagens durante toda a trama com seus problemas, faz uma montagem cheia de desenvolturas que quebram pedaços e desenrolam formas, mas que poderia ter ido muito além no final com algo que apenas nos deixa com a dúvida: "Quem está ali é ela, ou não?", pois pela cena anterior até podemos imaginar uma coisa, mas no final pensaremos em outra, ou seja, como é de costume de muitos diretores, deixar aberto a ideia ao final é algo de praxe nas produções originais da Netflix, veremos nos próximos, mas aqui esperava um pouco além.

Sobre as interpretações, mais uma vez Natalie Portman dá seu casual show de personalidade dúbia e confusa, o que é interessantíssimo de ver em boas atrizes, e sua Lena é pesada de conflitos, está em dúvida de tudo o que faz, mas não transparece em cena, e agrada por saber desenvolver cada ato como algo individual bem colocado, agradável e que resulta em boas cenas, talvez um pouco mais de atitude daria um tom melhor, mas ainda assim fez muito bem. Oscar Isaac é o tradicional ator com interrogação na face, de modo que seu Kane no começo parece meio robótico, duro, sério e cheio de ações estranhas, que vamos descobrir mais para frente no longa o motivo, e quando descobrimos, vemos que o ator foi incrível no que fez, mostrando que mesmo com pequenos momentos/atos ele sabe ser preciso e agradar. Jennifer Jason Leigh está tão diferente com sua Dra. Ventress que envolta numa personalidade forte e cheia de imposições, acabamos até ficando com uma certa raiva dela, de modo que acabamos não nos conectando como era necessário para que sua personagem entregasse a vivência da doença que possui, muito menos entregasse algo bem colocado, mas ainda assim com muitos flertes jogados para o ar, acabou sendo acertada no que fez até o final. Quanto as demais integrantes da missão, diria que cada uma, tendo uma profissão diferente e um estilo diferente, acabaram representando também personificações diferentes dos possíveis medos e atos dentro do "Brilho", e assim cada uma deu e teve um bom momento no longa, não tendo nenhum grande destaque expressivo, mas ao menos foram bem coerentes, de modo que temos de parabenizar os atos de Tessa Thompson com sua Radek, Tuva Novotny com sua Sheppard, e Gina Rodriguez como Thorensen.

Quanto da arte da trama, temos algo incrivelmente belo, e ao mesmo tempo aterrorizador, pois a equipe conseguiu dar um ar meio que apocalíptico, mas também cheio de cores pelas mutações de plantas e cores, criando um ecossistema próprio belíssimo dentro do Brilho, o que certamente foi bem pensado e elaborado com minúcias, mas também vemos falhas de coisas jogadas no ar meio que sem explicações, o que mostra um certo exagero por parte de lerem a história e desejarem ir muito a fundo na criatividade, ou seja, o famoso bordão de menos é mais poderia ter sido usado, que daria a mesma essência e ainda agradaria bastante. A fotografia não quis ousar com cenas muito escuras, o que talvez desse uma tensão maior para a trama, mas souberam entregar um tom claro que deu um ar de aventura bem colocado ao menos.

Enfim, sei que é um longa que já estreou faz tempo na plataforma da Netflix, mas como possui uma história bem interessante, e muitos até julgaram ele como um dos melhores do ano, resolvi conferir e gostei do que vi, dando para realmente recomendar pela essência de tensão e criatividade por parte de uma possível aniquilação alienígena futura. Ou seja, quem quiser um bom suspense cheio de personalidade, fica a dica. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos de filmes da Netflix, afinal só na próxima quinta teremos estreias nos cinemas, então abraços e até logo mais.

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Era Uma Vez Um Deadpool (Once Upon a Deadpool)

12/30/2018 01:42:00 AM |

Diria que estou fazendo essa postagem somente para constar como filme visto, pois posso certamente colocar o link aqui da crítica de "Deadpool 2" para representar a opinião sobre "Era Uma Vez Um Deadpool", aliás, nem no IMDB consta a existência do longa, sendo praticamente um especial do filme, aonde os palavrões e o sangue foram retirados, e o tagarela discute algumas cenas com Fred Savage, e nada além disso, o que acabou que fui praticamente rever um filme que gostei muito, mas que sem o que fez dele um longa genial resultou em algo insosso e que dá até um pouco de sono, claro tirando as cenas engraçadas que já vimos.

A sinopse nos conta que determinado a provar que "Deadpool 2" é um filme para toda a família, Wade Wilson limpa todos os palavrões e sangue da narrativa e sequestra o ator e diretor Fred Savage para reencenar A Princesa Prometida. Sem poder se desvencilhar das amarras, Savage é obrigado a ouvir o "conto de fadas" do Mercenário Tagarela, incluindo sua luta com Cable e a formação da X-Force.

Certamente esse seria algo que deveria ser colocado como extra no Blu-Ray do longa e nada mais, mas que resolveram lançar nos cinemas, e dessa forma fui um dos que acabou caindo na pegadinha de ir conferir sem saber do que se tratava, então já deixo aqui minha crítica do filme que faz referência, não irei perder meu tempo falando novamente sobre tudo o que apareceu, apenas coloco como divertidas as inserções com Fred, e algumas sacadas que não existiam no longa original, e não recomendo que perca seu tempo com essa produção especial, aliás, recomendo apenas que se conseguir, entre ao final da sessão para ver algumas cenas bacanas de uma rápida homenagem à Stan Lee, que passam somente quando acaba tudo até as cenas pós-créditos do filme, então quem puder veja isso apenas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto mais tarde com mais uma postagem dos longas que estão estreando nas plataformas digitais, então abraços e até logo mais.

PS: A nota que dei para o filme original foi 8, mas aqui tirando as cenas fortes e os palavrões, além de ser uma venda desnecessária, não vale mais do que 6, então recomendo a fuga.

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Netflix - Roma

12/29/2018 06:00:00 PM |

Poesia escrita estampada no formato visual. Essa pode ser a definição para o novo filme de Alfonso Cuarón, "Roma", pois o longa trabalha tudo de uma forma tão poética juntando uma essência visual em preto e branco, com uma câmera calma até demais diante de um terremoto e de um conflito armado, mas certamente ao acompanharmos todas as transformações de uma família durante um ano serve de uma maneira graciosa e bela de ser sentida e presenciada. Digo que o filme é belo e interessante para sentir, para conseguir tirar a essência por trás dos olhares da empregada que é ingênua demais, da mãe de família que o marido abandona, e até mesmo de outros vértices que podemos eximir da trama, mas certamente é um longa que foi feito apenas para quem gosta de longas artísticos, pois não consigo ver um espectador comum assistindo e gostando dessa arte toda que o diretor nos entrega, sem dormir na metade antes dos acontecimentos mais tensos rolarem, e isso não é um defeito nem do filme, nem do público, pois assim como costumo dizer, existem longas feitos para premiações e outros que são comerciais, e esse nem sequer passaria perto de qualquer mote comercial, parecendo que foi feito mais como uma homenagem do diretor para as pessoas que conheceu em sua vida, e que certamente de tão belo que ficou acabou virando uma arte que vai abarrotar muitas premiações. Ou seja, um filme bonito e sentimental, que pode ser que muitos gostem mais pela essência em si, e pela linda tratativa do que pelo formato final.

O longa nos situa na Cidade do México, em 1970, aonde a rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher, que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais.

Costumo falar que se existe uma coisa que aflora as mentes dos diretores mais artísticos é a vida comum familiar, a rotina e sua quebra, os devaneios filosóficos estampados atrás dos olhares, e tudo mais que possa deixar uma trama vivencial bonita e sentimental, e claro que Alfonso Cuáron que já teve seus momentos grandiosos no cinema, optou por desenhar aqui algo mais singelo, cheio dessa essência, e para não nos entregar algo simplista demais foi a fundo na coesão cênica, desenhou uma trama cheia de vértices que poderiam aflorar para diversos lados, e claro, voltou na onda dos longas em preto e branco, que além de dar um luxo a mais para seu filme, ajudou na sua calma mão cênica a poetizar tudo o que estava sendo mostrado na telona. Ou seja, se pararmos para analisar a fundo a trama completa do filme, veremos que não é nada brilhante senão um ano turbulento na vida de uma família de classe média, aonde até a babá acaba caindo em conflito pela sua ingenuidade em acreditar nos homens, mas que souberam trabalhar de uma maneira tão bonita e gostosa de ver, que acabamos passando as duas horas tranquilamente acompanhando a ida ao cinema, à escola, à praia, ao réveillon turbulento e tudo mais sem questionar, e principalmente sentindo quase como sendo inserido no miolo familiar ali, e assim, passamos o tempo com o resultado final bem colocado, e fechado dentro do final da temporada familiar que nos é entregue.

Sobre as interpretações, diria que Yalitza Aparicio ainda vai se desenvolver melhor como atriz, mas sua estreia como Cleo foi bem colocada, cheia de personalidade, e principalmente um show de olhares que muitas grandes atrizes ainda erram, de tal forma que ela conseguiu passar sentimentos mais com os olhares do que com suas falas, e ao final quando o jovem Pepe fala que ela ficou muda, a vontade que temos é de falar não precisamos nada mais do que isso, pois a atriz soube dominar a essência do longa e colocar em sentimentos, o que é de um ótimo grado. Marina de Tavira conseguiu colocar a classe bem colocada de sua Sofia, e claro entregar uma patroa até bem moldada para se desenvolver nos momentos mais duros da trama, e também se jogar nos mais light, de modo que poderia até ter ido além, mas como disse, a trama se envolve em olhares, e ela também soube dosar bem isso. Dentre as crianças, diria que todos foram crianças realmente, brincando, indo ao fundo do mar para quase se afogar, tendo seus momentos junto da empregada/babá, e entregaram tanta sinceridade nos olhares que nos envolveram facilmente, e agradaram com isso, ou seja, parabéns para todos.

No conceito cênico é muito interessante vermos os diversos planos que o diretor quis nos mostrar, como a família sendo de muita cultura com toda uma singeleza impecável que remete ao seu tempo de criança, como enxergar cada ato com tudo detalhado, as entradas malucas do carro imenso na garagem minúscula, e até no meio do trânsito, a festa no meio dos amigos, o fogo, e tudo com muita simbologia, entregando algo bem vivo e interessante de detalhes, que como foi dito ser uma obra de memórias do diretor de sua infância, então ele colocou bem em cheque tudo o que suas memórias também lhe remeteram. A fotografia em preto e branco é clássica como sempre, e aqui Cuarón pegou e fez por si próprio, não deixando que outro entregasse algo que não fosse o desejado por ele, e dessa forma os tons, os contrastes, a luz vindo impactar e até incomodar em cada brecha é algo lindo de se ver, e certamente alçará bons voos.

Enfim, volto a frisar que não é um longa que todos irão amar e sentir, pois o conceito de mostrar uma rotina familiar é deveras chato em muitos dos casos, e aqui por ter diversos conflitos até acaba tendo um envolvimento mais a fundo que acaba agradando, mas recomendo mais ele para os amigos que curtem filmes de festivais, daqueles que nos envolvem com uma grande sintonia, que passamos a refletir nos olhares e desenvolvimentos dos personagens, pois quem não for desse meio é capaz de dormir na primeira meia-hora do longa, ou então como está em uma plataforma digital pegar o controle e mudar de filme, mas volto a dizer que é algo poético e belo de ser visto, isso não tenho dúvidas. Agora quanto a ser o melhor longa do ano como muitos críticos andam falando por aí, acho que o pessoal viu pouca coisa, pois é sim algo bem bonito, mas falta dinâmica dramática para derrubar como poderia. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora com esse texto, mas volto mais tarde, agora com um longa dos cinemas, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Caixa de Pássaros (Bird Box)

12/29/2018 01:54:00 AM |

Bem, eis que cá estou nesse mundinho fechado chamado filmes feitos para se ver fora do cinema, mas não se assustem, o site continuará chamando Tem Um Coelho No Cinema, e o foco será ainda por lá, mas como tem surgido tantas produções por aqui, e muitos têm me perguntado sobre alguns filmes, vamos conferir também o que rola por aqui!! E claro que tive de começar pelo mais falado do momento, com propaganda aonde quer que você olhe, "Bird Box", que é fácil entender o motivo de tantos amarem, e outros tantos odiarem, primeiro por não ser uma história que entrega tudo para quem ficar olhando para a tela, é necessário abrir um pouco mais a mente, imaginar o conflito, se desesperar como a protagonista, para no final chegar na mesma síntese que ela chega, de modo que o longa pode ser belo para os loucos, escuro para os que não querem ver além do que já enxergam, e normal para os que olham com o interior, vendo assim a doença contagiosa devastadora com outros olhos. Ou seja, é um filme bem introspectivo, com boa ação, com uma atuação primorosa de Sandra Bullock, mas que talvez pudesse ter ido além se escolhesse um lado, pois trabalhar bem o drama e o terror é algo que pouquíssimos conseguem, e sendo assim, digo que até gostei do que vi, mas não me apaixonei, e também consigo ver facilmente que muitos não conseguirão nem engolir nada do que a trama proporcionará.

A sinopse nos conta que uma força misteriosa dizimou a população mundial. Para os sobreviventes, uma coisa é certa: quem a vê, morre. Na busca do último refúgio existente, Malorie e os dois filhos terão de descer um rio traiçoeiro. E a única chance de escaparem da morte é encarar a perigosíssima jornada de olhos vendados. Ao enfrentar o desconhecido, Malorie encontra amor, esperança e um novo começo a ser descoberto.

Não lembro de ter visto muitos filmes da carreira da diretora Susanne Bier, mas posso dizer que seu trabalho aqui foi algo bem colocado e muito interessante de ser conferido, pois além de ter uma história forte e bem desenvolvida a partir do livro de Josh Malerman, ela conseguiu trabalhar com uma boa montagem em praticamente dois vértices (passado aonde conhecemos o acontecimento logo após o início do apocalipse, e presente aonde vemos o trio tentando chegar no refúgio), mas mais do que trabalhar bem a essência que imaginei no primeiro parágrafo (e digo imaginar sem medo de errar, pois muitos outros irão ver o filme de uma forma completamente diferente!) ela conseguiu dirigir brilhantemente a protagonista e as duas crianças fazendo cenas malucas praticamente sem que vissem nada pelas vendas, tendo de descobrir tudo ao seu redor apenas com o tato, trombando em tudo, e fazendo a fobia do espectador crescer demais, para um final bom, mas que poderia ser muito melhor. Ou seja, a grande sacada da trama foi prender o espectador, pois certamente quem começar a ver a produção dificilmente irá parar sem ver o final (e isso é algo que as produções que vão direto para casa precisam fazer, pois com um controle na mão, a desistência é bem fácil!), e claro que como costumo dizer, é difícil agradar a todos, mas a mensagem principal de enxergar além para sobreviver, sem precisar realmente ver o que está na sua frente, acabou sendo bacana de passar (volto a frisar, eu enxerguei o longa assim, mas muitos poderão ver de outra forma, e os comentários abaixo estão abertos para discutirmos!).

Sobre as atuações, diria que o elenco da casa até conseguiu nos prender, entregar bons momentos, e causar a tensão necessária que a trama exigia, mas certamente o filme tem o peso mesmo nas cenas envolvendo Sandra Bullock e as crianças, pois vendada tudo pode acontecer, e o resultado surpreende, então falando mais de Bullock, primeiramente precisamos saber em qual formol ela dorme, pois não envelhece nunca, depois temos de pontuar o quanto sua Malorie é interessante de acompanhar, de tal forma que a atriz soube transpor a fobia desesperadora de sua personagem por conseguir sobreviver independente de tudo, sem claro se tornar uma babaca como ela mesmo julga, para o público vivenciar com ela o longa, e com isso seu resultado fica perfeito. Trevante Rhodes trouxe personalidade para seu Tom, foi dinâmico, envolvente, e teve ótimas cenas para agradar e emocionar. John Malkovich nos entregou um Douglas forte e duro de tal forma que ficamos irritados com o que vemos, e isso é muito bom, pois mostra que o ator ainda tem muita personalidade para mostrar como fazia nos seus longas mais antigos. Os jovens Vivien Lyra Blair e Julian Edwards como Garota e Garoto deram um show de graciosidade, foram corretos e impactaram como deveriam com seus olhares doces e apavorados, agradando do começo ao fim.

O visual da trama veio com o melhor do terror apocalíptico, entregando mortos pelo chão, pessoas se matando de formas fortes e impactantes, muita destruição, e claro ótimas cenas na floresta, trabalhando bem a cenografia para fazer parte do contexto, e agradando demais por não mostrar a tal criatura, pois certamente teríamos algo que incomodaria e não agradaria, pois de forma mística o resultado foi bem melhor de ser visto. Ou seja, a equipe foi bem coerente e agradou bastante com o que fez. A fotografia da trama teve uma densidade interessante de ser vista, conseguiu amarrar tudo com tons escuros, mas sem recair para o preto completo e nem forçar com exageros de efeitos, ou seja, algo simples, forte e bem armado para o público embarcar.

Enfim, é um longa que em uma semana já bateu 45 milhões de visualizações, e que certamente muitos ainda verão, pois é bem recomendado (tanto que fez até esse Coelho que só vê filmes no cinema partir para esse novo vértice!!), e que vai trazer sensações diferentes para cada um, tendo aqueles que irão amar, e também aqueles que irão odiar imensamente pelo final ser bem aberto para reflexões, mas que posso dizer que me agradou, e sendo assim peço que todos vejam, e comentem aqui para discutirmos mais sobre ele. Bem é isso, esse foi o primeiro de muitos que fiz na listinha para conferir nos próximos dias, então abraços e aguardem novos textos de filmes da Netflix, e também claro, das estreias dos cinemas.

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Minha Vida Em Marte

12/28/2018 01:14:00 AM |

Já disse isso outras vezes e volto a repetir, pois se tem um estilo que funciona bem no Brasil, que arrebata multidões nas sessões, e que se bem feito consegue um sucesso de risadas e indicações é a tal da comédia, e se em 2014, "Os Homens São De Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou" foi um sucesso monstruoso seguindo como base o texto de uma peça teatral da protagonista, agora com um texto mais original e livre, aonde os protagonistas botaram para se divertir em diversas esquetes espalhadas, trabalhando as situações, passeando e curtindo aos montes, com toda certeza o resultado não poderia ser outro: novamente sessões lotadas, com o público rachando de tanto rir, e o principal, a trama funcionando como cinema independente de falhas de sincronismo, pois a trama em si poderia ter sido melhor amarrada, desenvolvendo o medo da separação, e unindo claro as boas situações de uma amizade incrível, sem precisar de tantos pulos para mostrar isso tudo, mas ao final vemos que tudo serviu para rirmos, e entendermos como é seu conceito de estar junto com o melhor amigo, o que agrada, e claro diverte, sendo completamente recomendável para todos os gostos, pois assim como o primeiro filme é um longa razoavelmente leve (algumas crianças ficarão perguntando um pouco a mais para as mães sobre os produtos do sexy-shop, mas isso não é algo exclusivo do cinema nacional!), mas que com tantas situações engraçadas que costumeiramente nos vemos pensando em como seria caso acontecesse, o resultado é sair da sessão rindo demais tanto do filme, quanto das risadas das demais pessoas na sala.

O longa nos mostra que Fernanda está casada com Tom, com quem tem uma filha de cinco anos, Joana. O casal está em meio ao desgaste causado pelo convívio por muitos anos, o que gera atritos constantes. Quem a ajuda a superar a crise é seu sócio Aníbal, parceiro inseparável durante a árdua jornada entre salvar o casamento ou pôr fim a ele.

A principal mudança do longa se dá por substituir o diretor Marcus Baldini do primeiro filme pela estreante Susana Garcia (que é irmã da protagonista Monica Martelli), e ela soube trabalhar junto com diversos outros escritores para que o roteiro final ficasse tão bem coeso com a história, mostrando o famoso drama do relacionamento após o casamento, da vida mais madura após os 40 anos, e muitas outras situações abordadas durante a trama, de maneira bem leve e funcional, criando sim diversas esquetes que se amarram bem e nos faz refletir sobre a vida de um casal, de uma grande amizade, e até das loucuras que acabamos nos metendo. Mas principalmente, a forma que Susana entrega o longa é algo que mostra que seu estilo é singelo e leve, pois muitos poderiam ter mudado completamente a continuação do longa para algo mais marcado e cheio de exageros, que certamente divertiria bem também o resultado final, mas com essa leveza das situações, e elas sendo bem engraçadas, o resultado acaba sendo até melhor do que o esperado.

Uma coisa é inegável desde o primeiro filme, a química entre os dois protagonistas é algo de outro mundo, e se aqui a valorização da amizade fecha a trama, posso dizer com propriedade que foi o melhor casamento de atores para um longa que já foi pensado. Dito isso, Monica Martelli aqui está bem mais solta, porém é notável em alguns momentos sua insegurança cênica por não ser mais o seu texto propriamente feito, de modo que sua Fernanda aparenta a maturidade cênica necessária para uma continuação bem determinada, nos faz divertir com as sacadas da chegada da idade crítica pós-40 anos, e principalmente soube dominar suas cenas com um carisma bem colocado e divertido para quem não é uma comediante de propriedade, fazendo com que suas cenas agradassem bastante. Já falando em comediante, Paulo Gustavo entrega o seu melhor personagem (sem ser claro Dona Hermínia), de uma forma coesa, impactante, cheia de trejeitos próprios e até forçados em alguns momentos, mas que diverte muito (e quando digo muito, é algo de até engasgar de tanto rir em muitas situações!), e sendo assim seu Anibal acaba muito bem encaixado no longa, fazendo com que o filme quase chegue a ser mais dele do que de Martelli. Marcos Palmeira até entrega um Tom bem cheio de engajamento, mas que quase passa tão batido que esquecemos facilmente que ele está casado com a protagonista, e que um dos problemas dela é com ele, pois se no primeiro filme seu ar romântico era gostoso de curtir, aqui acaba soando chato seu marasmo, mas ao menos não estragou. Quanto aos demais, a maioria foi colocada para dar um ar sensual para a trama, com diversos rapazes expondo seus corpos torneados sem camisa, e claro a garotinha Marianna Santos bem doce para funcionar como a filha Joana, e nada além disso, para dar apenas leves conexões com o longa, e claro, seus protagonistas.

Quanto do conceito artístico, a equipe foi bem sábia em trabalhar pouco com os eventos da dupla, que até dariam bons momentos divertidos com as sagazes jogadas deles, mas tivemos apenas o casamento que já é mostrado no trailer aonde a noiva está um pouco gordinha demais para o vestido, e também o funeral que já é dado a base no trailer, ambos muito bem produzidos, e divertidíssimos pelas boas colocações, além disso tivemos claro o passeio por Nova York, com Central Park e Times Square, um chalé na serra, aonde é mostrado o frio intenso nesses locais, boas cenas nas academias, e diversos momentos em praias diferenciadas, mas bem agradáveis de ver cenicamente, ou seja, uma trama com muitas locações, mas que tiveram sentidos bem colocados que agradaram. A fotografia usou do básico de boas comédias, mantendo o tom alegre do começo ao fim, sem pesar em luzes fortes, mas também raramente descendo para o pastel para romancear demais o longa, o que acaba sendo um grato sensorial para uma trama desse estilo.

Enfim, diferente do primeiro longa que fui preparado para apedrejar, e saí completamente feliz pelo tanto que ri, nesse já fui esperando me divertir bastante e o resultado não foi outro, pois ri até mais do que no primeiro filme, mas esperava um pouco mais de história, o que acabou não acontecendo tanto, ou seja, contrabalanceou de tal forma que darei a mesma nota que dei para o longa de 2014, e com toda certeza acabo recomendando ele por demais para todos, pois é garantia de muita diversão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia do ano, então abraços e até logo mais.

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Bumblebee em Imax 3D

12/27/2018 01:18:00 AM |

Daqui alguns anos irão nos perguntar como a franquia Transformers renasceu após sequências bagunçadas e que muitos reclamavam, para algo mais próximo dos desenhos e dos brinquedos que motivaram a infância de muitos garotos e garotas nos 80/90, e a resposta vem bem clara ao assistir "Bumblebee", pois temos toda a essência necessária que vimos vir acontecendo nos muitos anos da franquia, porém sem loucuras exageradas, sem roteiros imaginários e fantasiosos, mas sim um recomeço gostoso, com personalidade, mostrando de onde vieram e por quais motivos vieram para a Terra os robozões, e principalmente unindo uma produção certeira (que claro conta com um nome certeiro como Steven Spielberg na produção juntamente com o criador dos filmes Michael Bay dificilmente daria errado) que deu ótimas características para o longa, mais uma trilha invejável de primeiro nível com canções que marcaram a época, uma ação comedida bem armada para não ficar exagerada de computações forçadas, e boas atuações deram o tom correto e fez da trama algo que o público desejava ver na telona, funcionando, divertindo e agradando quem for conferir. Porém ainda é algo que trabalha demais com coisas bizarras como uma pessoa correndo na frente de robôs trombando e lutando sem levar um tirinho sequer, e tendo apenas pequenos ralados, e isso chega a incomodar bastante, na maioria das cenas, mas quem relevar esses absurdos poderá sair até mais feliz com o resultado final, que é um grato recomeço de tudo o que já não tinha mais como ser reinventado.

A trama do longa nos coloca em 1987, mostrando que refugiado num ferro-velho numa pequena cidade praiana da Califórnia, Bumblebee, um fusca amarelo aos pedaços, machucado e sem condição de uso, é encontrado e consertado pela jovem Charlie, às vésperas de completar 18 anos. Só quando Bee ganha vida ela enfim nota que seu novo amigo é bem mais do que um simples automóvel.

Após dirigir a belíssima animação "Kubo e as Cordas Mágicas" em sua estreia como diretor, Travis Knight mostra que sabe dominar a computação gráfica como nunca e que colocar humanos no meio é mero detalhe (desde que atuem bem e interajam bem com a computação, claro!), e com uma história bem condizente criada por Christina Hodson (que devemos ainda ouvir muito seu nome pelos grandes blockbusters encomendados para ela nos próximos anos, mas que chamou atenção pelos seus dois primeiros longas tensos nos últimos anos) que deu uma certa coerência para o que já conhecíamos, e principalmente deixou o filme sem muitas loucuras e viagens como ocorreram nos últimos longas da franquia, ou seja, o diretor e a roteirista souberam entregar algo que desejávamos ver já tem um tempo, mas que muitos diretores achavam simples demais para algo que só vinha num crescente, ou seja, ao invés de destruir meio mundo, vamos apenas bagunçar uma casa, e alguns pedaços de uma cidade, e assim sendo, o resultado acaba sendo bacana de história, e também interessante de ação, mesmo que de forma contida para chamar atenção, porém mais acertado dentro de uma euforia mais nostálgica de ver nos cinemas. Sendo assim, poderia dizer facilmente que o diretor pegou algo que muitos já estavam odiando pelo desgaste de sempre entregar façanhas cada vez maiores, colocou simplicidade e entregou algo icônico que vai agradar, e principalmente, será lembrado mais para a frente.

Sobre as atuações, já havia cantado a bola lá em 2010 que Hailee Steinfeld despontaria como uma grandiosa atriz de blockbusters, não apenas pelo seu carisma, mas por saber incorporar a época e desenvolver o personagem da melhor forma possível, de modo que sua Charlie não apenas é bem colocada, despojada, e tudo mais, mas ainda por cima soube interpretar bem seu papel junto com os personagens computadorizados de uma maneira tão bem encaixada que realmente parece que filmou junto dos robôs em tempo integral, sabendo localizar seus olhares e ainda convencer nos diálogos bem escolhidos. John Cena faltou um pouco para ser vilão de impacto, e muito para ser herói de guerra e acabar empolgante, pois facilmente logo na primeira cena já sabíamos o final de seu Agente Burns, e talvez alguém mais imponente chamasse mais atenção. O jovem Jorge Lendeborg Jr. foi levemente caricato com seu Memo, mas deu um tom doce, divertido e gostoso de acompanhar, que por mais que soasse bobinho, conseguiu colocar o elo da época no personagem e chamou a atenção que devia. Quanto aos demais humanos da trama, diria que todos tentaram aparecer, e fizeram bem seus leves momentos, mas poderiam ter sido bem mais efetivos para não soarem bobos ou jogados apenas como todos da família da garota e outros agentes do governo. Agora para falar dos robôs, temos de olhar mais para a estrutura em si do que para suas interpretações dialogadas, pois o protagonista Bumblebee foi muito bem desenhado, trouxe traços agradáveis e bem escolhidos, e principalmente encontrou o carisma que todos temos pelo carrinho amarelo, que ganha forma de acordo com o que memoriza, e com muita singeleza nos entrega um carrinho que é o xodó de todos também, que é o Fusca, além é claro de sua cara expressiva que parece um leve animal de estimação da protagonista. Quanto aos vilões Decepticons, poderiam ser mais violentos, mas com traços fortes e marcantes conseguiram causar como deveriam, e entregaram uma personalidade bem colocada para que seus personagens fossem interessantes de ver dentro de uma vilania coesa e marcante.

O quesito cênico da trama foi muito bem coeso, de forma que acaba sendo até uma diversão ficar procurando as diversas referências dos anos 80 no longa, com uma cenografia impecável, uma ótima interação da computação gráfica com o ambiente na maior parte do longa (no final acabam deixando meio de lado com tiros já não acertando mais nada, e muita coisa voando sem sentido), e principalmente trabalhando bem a época com as cores da trama, criando algo bonito de ver na telona, de modo que nada soasse forçado demais, nem enfeitado demais, agradando tanto na simplicidade, quanto na concepção artística, e claro, que a criatividade para mostrar a guerra no planeta Cybertron muito bem cheio de detalhes, e com os robôs com traços imponentes e bem moldados acabaram dando um ar nostálgico e interessante de acompanhar. A fotografia brincou com um mix tão grandioso de cores, que o filme acaba sendo tão divertido e bem colocado que mesmo nos tons mais escuros acabamos não tendo uma tensão real na trama, dando o ar de aventura do começo ao fim, e envolvendo bastante com uma paleta cheia de contrastes nas cenas para agradar mesmo. Quanto do 3D do longa, diria que temos até bons momentos, mas não chega a ser nada que empolgue realmente em detalhes, e certamente poderiam ter trabalhado melhor para chamar mais atenção do público que gosta desse estilo, e arremessado mais coisas para fora da tela, deixando mais para profundidade, e não conseguindo agradar muito.

Agora sem dúvida alguma uma das melhores coisas do longa ficou a cargo da ótima escolha musical para voltarmos no tempo e dançarmos o filme inteiro com as canções que brilharam nos anos 80, trazendo ritmo para o longa e dando uma dinâmica sem tempo para descansarmos, e claro que deixo o link tanto das canções para que após conferir o filme vocês possam viajar no tempo e dançar bastante em casa.

Enfim, é um filme gostoso de acompanhar, que possui muitos bons momentos, mas que certamente poderia ter ido muito além que estava fácil agradar bem mais, mas ainda assim envolve e diverte bem mais por ser simples e efetivo, do que uma ação grandiosa cheia de efeitos para todos os lados, e sendo assim vale a recomendação, e com certeza se seguirem essa linha, os demais spin-offs da franquia Transformers sairão interessantes, e quem sabe até recomecem bem a série para agradar ainda mais o público fã dos carros-robôs. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das demais estreias da semana, então abraços e até logo mais.

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O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns)

12/22/2018 02:57:00 AM |

Assim como é dito em determinada cena do trailer por um dos protagonistas que Mary Poppins não envelheceu nenhum dia, podemos dizer que a produção fez esse mesmo trabalho de parecer uma continuação gravada no dia seguinte após ser exibido o longa de 1964, claro que agora com muito mais tecnologia, mas "O Retorno de Mary Poppins" mantém a mesma essência, os mesmos moldes coreografados, as deliciosas canções que fazem os personagens ninarem (e quase o público também!), e principalmente a doçura pontual por conseguir transmitir sensações tristes e duras de enfrentar usando a realidade, as convertendo para algo mágico e fantasioso que alivia a tensão e cria uma desenvoltura gostosa e dançante no melhor estilo possível de uma peça da Broadway. Ou seja, um filme levíssimo, com uma direção de arte fantástica tanto no feitio real, quanto nos maravilhosos desenhos bidimensionais que ao serem inseridos os personagens reais parecem pintados à mão junto  da tela de tal maneira que acaba sendo um ensejo delicioso de acompanhar, e sendo assim, quem gostou do primeiro filme, mesmo que não tenha visto ele há 54 anos atrás, vai gostar do que verá agora, e posso afirmar que esse deve ser colocado como tão clássico quanto o anterior, coladinho na estante para ser lembrado com o mesmo amor, mesmo que canse levemente em alguns momentos.

A sinopse nos conta que numa Londres abalada pela Grande Depressão, Mary Poppins desce dos céus novamente com seu fiel amigo Jack para ajudar Michael e Jane Banks, agora adultos trabalhadores, que sofreram uma perda pessoal. As crianças Annabel, Georgie e John vivem com os pais na mesma casa de 24 anos atrás e precisam da babá enigmática e o acendedor de lampiões otimista para trazer alegria e magia de volta para suas vidas.

Todos sabemos da capacidade do diretor Rob Marshall fazer ótimos longas musicais no melhor estilo dos palcos da Broadway correto, afinal vimos "Chicago", "Nine", "Caminhos da Floresta", e agora eis que ele nos transporta para o musical mais icônico da vida de muitos, colocando toda a essência do longa original, a personalidade doce da babá incorporada em uma nova atriz tão boa quanto a original, com danças memoráveis cheias de sapateado e fantasia, e principalmente criando um mundo personalizado misturando os atores reais com desenhos incríveis, ou seja, se seu nome já era um marco do estilo musical, a partir de agora ele se torna um Deus desse estilo, e certamente sua versão de "A Pequena Sereia" será esperada com muita ânsia. Digo isso com muita facilidade, pois o diretor soube trabalhar muito bem cada momento do filme para que fantasiássemos com as duras situações de perda familiar, de dívidas caindo em cima de forma cruel, de patrões malvados, de pessoas que trabalham com amor no que fazem, e até uma certa alusão para os dias complicados que as mulheres vivem todos os meses, ou seja, diversos atos que num filme denso e dramático fariam o público sair com as costas até doendo de tão pesados que poderiam ser entregues, mas que aqui tudo vira dança, tudo tem uma música gostosa, e principalmente, tudo tem a mão enluvada do diretor para conduzir graciosamente, ou seja, um acerto e tanto.

Antes do longa começar, naquele FlixChannel que passa nos cinemas, vimos a atriz Emily Blunt dizer que o diretor lhe ligou pedindo para falar com ela com urgência, para na sequência a convidar para ser a protagonista Mary Poppins, e fica claro que não temos outra atriz capaz de assumir tal personalidade de uma forma tão concisa quanto ela, incorporando bons trejeitos, sendo suave, dançando magistralmente e cantando melhor do que nunca para nossos queixos irem ao chão com cada ato seu, ou seja, foi perfeita em tudo e agradou demais. Lin-Manuel Miranda conseguiu trazer o estilo que vimos com Bert (no original vivido por Dick Van Dike), mas aqui colocando um novo personagem com seu Jack, que se antes tínhamos os limpadores de chaminé, agora temos os lanterneiros ou lumes como preferem ser chamados, e o ator foi gracioso, sapateou incrivelmente nas suas duas principais cenas, cantou muito e emocionou com trejeitos gostosos e envolventes, de forma que acabamos nos conectando ao seu personagem, mesmo que sua dança seja longa (assim como ocorreu com Bert no longa de 64). Assim como aconteceu no primeiro filme, os adultos acabam entregando personalidades duras e ficando bem em segundo plano, e mesmo que aqui Ben Whishaw e Emily Mortimer colocassem mais personalidades para Michael (que segue a mesma linha bancária do pai) e Jane Banks (que assim como sua mãe era revolucionária pelo voto feminino, aqui temos uma revolucionária sindical), ambos acabaram sempre colocados de lado, mas ao menos souberam trabalhar emocionalmente suas cenas, agradando com simpatia para agradar. Agora quem realmente agradou foram as crianças, quanta personalidade e vivência foram trabalhadas para colocar um trio tão perfeito na telona, agradando do começo ao fim, e principalmente conseguimos ver os três vibrando com a perfeição de suas cenas de modo que Annabel vivida por Pixie Davies, Georgie vivido por Joel Dawson e John vivido por Nathanael Saleh conseguiram vibrar muito e cantar com  uma suavidade envolvente tão boa que não tem como não gostar deles, com leve destaque para Dawson que foi maravilhoso. Colin Firth veio bem encaixado como o vilão da trama Wilkins, e com olhares duros, e uma boa dose de tensão nos trejeitos conseguiu entregar um bom personagem para ficarmos com raiva dele, como deve acontecer com vilões. Tivemos ainda duas participações especiais bem colocadas, com Meryl Streep fazendo a prima maluca de Poppins, bem colocada, mas que não incrementou quase nada para a trama, e claro nosso querido Bert, ou melhor Dick Van Dyke, agora vivendo seu segundo papel no original, pois como fez lá em 64 também o Sr. Dawnes, aqui ele volta como o filho envelhecido, mas com um bom tom agradável também, ou seja, rápido e preciso para claro nos lembrar do grande mote do primeiro filme, que aqui vai fechar bem a trama.

Agora temos mais um bom indicado para as categorias artísticas das premiações, pois é incrível a cenografia do longa, trabalhando bem a interação dos humanos com os desenhos 2D muito bem feitos (que parecem realmente com as animações clássicas da Disney feitas a mão!), tivemos muitos objetos cênicos maravilhosamente utilizados nas cenas de cantoria, mas principalmente a cena do circo musical dentro da tigela é de cair o queixo com tanta simbologia visual, com cores bem presentes, figurinos e tudo mais que possamos pensar ter visto em qualquer outro longa, ou seja, um show visual realmente, que dá vontade de aplaudir. A fotografia é muito colorida, cheia de tons para nos remeter ao longa original, trabalhando bem a névoa londrina, colocando o fogo como bom elemento de sombras, mas principalmente ousando na brincadeira com as animações para não termos sombras duplas, numa conexão fotográfica de um luxo imenso.

Como estamos falando de um filme musical, do mais clássico modelo possível, a maior parte dos textos são cantados, e muito bem orquestrados, com suavidade, delicadeza e num tom bem colocado acabamos tendo o tom do longa de uma forma envolvente e bem harmoniosa, de modo que não acredito tanto que as canções fiquem em nossas mentes como aconteceu com algumas do original, mas todas são bem trabalhadas e interessantes. E claro que quem quiser ouvi-las, aqui está o link.

Enfim, é um filme que cumpriu bem o que foi prometido, veio como uma sequência, mas também deixou no ar a possibilidade de uma continuação mais breve, afinal tanto o primeiro, quanto esse foram baseados em trechos dos 8 livros originais de P. L. Travers, então se o sucesso for bem encontrado, certamente irão buscar Emily pelo colarinho para repetir a dose. De certa forma até temos leves defeitinhos, mas o principal é que ele é um pouco cansativo, principalmente para quem não gostar de longas musicais, então quem já costuma fugir do estilo, vai reclamar de tudo, mas quem gostou do primeiro, e/ou gosta de longas cantados e dançados, prepare-se para sair apaixonado da sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando essa semana que vem quebrada pelo Natal, desejando uma boa comemoração para todos junto de seus familiares e amigos, e logo após na quarta já volto com mais estreias, então abraços e até logo mais.

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O Beijo No Asfalto

12/21/2018 01:11:00 AM |

Acho sempre interessante quando conseguem em um único longa brincar com os três meios mais conhecidos de interpretação expressiva para o audiovisual, que são cinema, teatro e TV (no caso novela), e quando isso funciona bem acabamos nos envolvendo e ficando bem felizes com o resultado. Dessa forma posso dizer que "O Beijo No Asfalto" passa bem longe de ser uma trama que vai pegar a todos, e principalmente que vai ser do gosto pessoal da maioria, pois os textos contundentes de Nelson Rodrigues costumam ser difíceis e moldados para um público direcionado, e aqui, Murilo Benício, em sua primeira direção, brincou com esquetes de leitura dramática com os atores, ousou por estilos de uma peça (afinal o texto foi feito para esse estilo), e com pegadas novelescas por misturar muitos personagens com motes próprios, saindo até do eixo principal, o resultado funciona bem dentro da proposta, mas certamente poderia ter entregue uma pitada mais quente e forte, que o público artístico gostaria de ver bastante, e até mesmo quem fosse buscar algo novo sairia bem mais feliz da sessão.

Rio de Janeiro. Atropelado e agoniante, um homem pede a Arandir que lhe dê um beijo na boca. O gesto banal vira matéria sensacionalista pelo repórter Amado, tratando o ato entre os dois homens como escândalo e criando outros efeitos: a polícia investiga uma suposta ligação entre eles; e gera dúvidas em Selminha, sua mulher, e filha de Aprígio, que diz ter presenciado o beijo quando, na verdade, estava de costas.

Diria que para uma estreia, Benício começou muito bem, claro principalmente por entregar um texto prontíssimo debulhado por excelentes atores de grande calibre, mas soube entregar uma arte mista contemporânea, com nuances pontuadas, mas que certamente poderia ter um rumo completamente diferente, por exemplo caso ele vertesse a trama para um tempo mais atual, deixando o longa que tem um contexto forte e que certamente hoje faria grande sucesso também em uma trama clássica mas dentro dos anos bagunçados que temos hoje, e aí sim seu longa seguiria a poética de Nelson Rodrigues, mas cairia como uma adaptação contextualizada e dirigida por ele, pois ele foi seguro no que sabe fazer melhor, afinal já atuou em tantas peças, novelas e longas, que está altamente acostumado a discutir os roteiros em mesas de debate, que poetizar isso, recriar algumas cenas, e moldar dentro de algo tradicional nos deu a impressão de que não desejava ousar, porém como soube encaixar os três estilos bem colocados, unir com uma fotografia maravilhosa em preto e branco para dar um clima mais tenso ainda ao texto, e chamar todos seus grandes amigos e ótimos atores para algo coloquial, mas formidável, acabou resultando em um filme muito bem feito, e assim vamos ficando tensos e também nos divertindo com toda a situação que nos é entregue.

Com um elenco recheado de estrelas do cinema, teatro e TV não tinha como dar errado nada no filme, e com toda certeza poderiam ter colocado até um estudante do primeiro semestre de cinema para dirigir todos que o resultado sairia perfeito ao final, e sendo assim sou elogios até mesmo para os que apareceram bem pouco na trama, até chegar no ponto máximo das ótimas performances de Lázaro Ramos como um Arandir desesperado para se explicar sem que deixem de forma condizente, sempre lhe cortando e deixando em piores lençóis com cada um dos demais. No miolo também temos os dois sagazes delegado e jornalista policial que querem mais é que o mundo se exploda desde que limpem seus nomes e vendam jornais, muito bem interpretados por Augusto Madeira e Otávio Müller respectivamente com seus Cunha e Amado. Stenio Garcia já não tem mais seu brilhantismo de outrora, mas ainda assim seu Aprígio é bem colocado e consegue ter leves momentos de engajamento, mas sem muita explosão. Quanto das mulheres, diria que foram bem colocadas, mas completamente longe do mote funcional que as obras de Rodrigues costumam transbordar, de modo que Débora Falabella e Luisa Tiso acabam soando repetitivas, mas ao menos funcionais para seus atos como Selminha e Dália, mas certamente poderiam ter sido bem mais ousadas e explosivas, que certamente chamariam bem mais atenção. E para finalizar ainda temos a participação de Fernanda Montenegro com um papel praticamente bem secundário com sua Dona Matilde, mas que nas cenas de discussão sobre o roteiro dá um show explicando os momentos que teve em suas apresentações de texto de Nelson Rodrigues.

Sobre a cenografia, temos praticamente um palco em cena, com o desenho artístico mudando para criar os cenários da casa do protagonista, a delegacia, um hotel, uma sala do jornal e uma casa abandonada, e uma rápida cena gravada na rua, além claro de uma mesa oval aonde todos discutem o roteiro na maior parte da trama, e nada mais, brincando muito com elementos cênicos, paredes falsas, equipe técnica aparecendo com microfones e tudo mais, para dar a nuance real de uma peça sendo desenvolvida, o que dá um charme ao mesmo tempo que também demonstra uma despreocupação cênica em favor do que o texto passa. Agora sem dúvida alguma, um dos grandes acertos ficou por conta da fotografia inteira em preto e branco, com uma boa iluminação contrária para realçar os personagens, e dar claro o ar teatral que o longa pedia, ou seja, um total apelo noir incrível de ver.

Enfim, temos um longa interessante de conferir, com um texto impactante, por mostrar como o jornalismo consegue transbordar a mente dos manipuláveis e distorcer um fato aumentando muito, que como disse teria ficado incrível se transportado para a época atual e vivenciado por todos os problemas que estamos tendo no país, mas que ao menos passa a mensagem de forma bem feita, possui uma estética incrível e agrada pelo modelo diferenciado ao menos, e sendo assim recomendo ele para todos que gostem de um cinema mais artístico. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto da outra estreia dessa semana bem curta, então abraços e até logo mais.

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Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano

12/14/2018 12:25:00 AM |

O Brasil tem acertado bem nas produções em diversos estilos, porém ainda falta trabalhar melhor os longas para os pequeninos, pois geralmente temos vistos muitos filmes praticamente televisivos frutos de séries dos canais infantis, que acabam surgindo quase como um episódio mais alongado, de forma a servir apenas para os fãs se divertirem com o que já veem na TV e nada mais. E aqui tivemos exatamente isso em "Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano", tendo leves momentos mais luxuosos nas locações italianas, trabalhando bons efeitos, mas com uma história bem fraquinha de ação, que não consegue sequer fazer com que empolguemos com algo na tela. Ou seja, até temos um filme que vai levar diversas crianças que já conhecem a série, mas diferente do que vi ao final do primeiro longa com muitos pequeninos saindo empolgados, dançando e tudo mais, aqui saíram da sala esboçando cansaço e sem muita cantoria, e assim sendo digo que infelizmente passou bem longe de conseguir o resultado esperado.

A trama nos conta que desta vez, os Detetives do Prédio Azul são desafiados a atravessar um oceano para concluir uma investigação e salvar um grupo de crianças enganadas por dois bruxos disfarçados de produtores de um concurso musical. Seguindo pistas, Pippo, Sol e Bento encaram uma viagem de vassoura até a Itália, onde, não por acaso, também acontece o maior evento de magia do mundo – a Expo-Bruxo. Com a missão de salvar a implicante feiticeira Berenice e as outras crianças enganadas por Máximo e Mínima Buongusto, o trio é ajudado por Nonno Giuseppe, o avô italiano de Pippo. A bordo do tuk-tuk do avô, Pippo e seus amigos prometem desvendar mais um mistério e provar que para os Detetives do Prédio Azul nada acaba em pizza.

Acredito que o maior erro da produção tenha sido a troca da direção de André Pellenz que é super-experiente em longas por Vivianne Jundi que só teve novelas e séries no seu currículo (inclusive dirigindo alguns episódios da série), pois se no primeiro filme tivemos alguns momentos com mais cara de filme, aqui o longa ficou preso em alguns atos não fluindo em nada, tendo raros espaços espirituosos (como o momento em que Pippo canta com muita suavidade dentro da cabine), mas de forma alguma conseguindo um momento que pudéssemos ver seu trabalho ser desenvolvido, ou que brotasse alguma cena inspiradora e/ou divertida para que o público vibrasse. Ou seja, se não fosse pelas boas atitudes dos pequenos atores, que por já terem anos de série, e o filme anterior para saber como entregar seus personagens, tenho certeza que o longa conseguiria ficar ainda pior.

Sobre as atuações, o trio de jovens conseguiu chamar a atenção novamente, entregando bons momentos nas suas cenas, mas nada que surpreendesse realmente pela falta de algo além para investigarem, mas ao menos pudemos ver Pedro Heriques Motta, Leticia Braga e Anderson Lima se esforçando para fazer as cenas de seus Pippo, Sol e Bento mais coesas, tendo claro bem mais destaque para o personagem de Pedro, afinal ele é o italiano do grupo, e como a trama se passa na Itália, lhe deram essa oportunidade, e o jovem não desperdiçou. Nicole Orsini entrou bem no grupo, mas foi muito de nariz empinado se achando "a" atriz, e tendo uma ou outra cena diferenciada acabou ficando em segundo plano. Diogo Vilella e Fabiana Karla tentaram chamar a atenção para si com seus Máximo e Mínima, mas acabaram soando exagerados demais, e talvez um pouco mais de vilania agradaria mais e daria um tom melhor tanto para os personagens, quanto para o filme em si. Antonio Pedro também poderia ter tido uma participação melhor como Nonno, mas deixaram ele paspalhão demais nas cenas que foi colocado, e isso desanimou um pouco. Quanto aos demais, é melhor nem comentar, pois tivemos bruxos pagando mico demais para perder tempo falando, então vamos parar por aqui.

Diria que o conceito visual da produção foi a salvação para o longa não ser algo esquecível, pois tivemos castelos bem moldados, uma vila bem elaborada com símbolos interessantes no telhado, elementos cênicos criativos, e até personagens congelados para servirem de objetos cênicos também, e junto disso tudo ainda tivemos boas cenas com efeitos especiais de magia para o contexto do longa funcionar bem colocado, ou seja, a equipe de arte acabou resolvendo muitos dos problemas do longa, e o acerto é visto na telona.

Enfim, diria que o longa possui muitos defeitos, principalmente para quem não for fã da série, mas mesmo quem for fã é capaz de sair bem decepcionado com um longa que falta empolgação, magia, e principalmente o mote do grupo: que é investigação dos detetives, parecendo ser algo apenas jogado nas telonas para gastar o orçamento que sobrou das bilheterias do primeiro filme. E sendo assim, de forma alguma recomendo o longa para ninguém, mas os pais que forem forçados pelos filhos a irem no cinema, se preparem para algo bem ruim. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, nessa semana bem curta, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até breve (se eu não tiver surtado por ficar tanto tempo sem ir ao cinema!).

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Aquaman em Imax 3D (Aquaman)

12/13/2018 02:05:00 AM |

Sim meus amigos, já tinha falado isso algumas vezes e volto a repetir, que se temos um nome que podemos acreditar de que não vai entregar um filme meia boca, esse nome é James Wan, que mais uma vez consegue salvar algo que estava fadado a ser algo completamente fora do eixo, e nos premiar com uma aventura épica que mistura diversos estilos, encaixa conceitos originais que vimos nos desenhos de nossa infância, trabalha com tecnologia incrivelmente futurista (dando um ar até de que já foi falado outrora de os cidadãos de Atlantis serem alienígenas super evoluídos), e com toda a sinceridade que esse Coelho que vos digita sempre, faz emocionar de arrepiar a cada loucura vista na tela com "Aquaman", de tal forma que me vi aplaudindo um filme sem pensar, colocando esse como sendo o retorno da DC ao modo bom de seu Universo, e que se trabalhado com concisão pode evoluir muito para boas coisas, pois um rei agora já temos com grande primor, e esse foi o filme de origem completo que esperávamos com muito acerto.

O longa nos conta que filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman), Arthur Curry (Jason Momoa) cresce com a vivência de um humano e as capacidades metahumanas de um atlante. Quando seu irmão Orm (Patrick Wilson) deseja se tornar o Mestre dos Oceanos, subjugando os demais reinos aquáticos para que possa atacar a superfície, cabe a Arthur a tarefa de impedir a guerra iminente. Para tanto, ele recebe a ajuda de Mera (Amber Heard), princesa de um dos reinos, e o apoio de Vulko (Willem Dafoe), que o treinou secretamente desde a adolescência.

Posso até ser incoerente e daqui alguns anos me arrepender de ter dito isso aqui, mas James Wan pode ser considerado o melhor diretor moderno, pois como começou bem pequeno com um orçamento minúsculo e explodiu, ele sabe bem onde pode ousar de maneira que o filme funcione, pois é notável aqui que o diretor bebeu água de diversas fontes boas que não funcionaram sozinhas, e fez um filme incrível para quem tinha medo de tudo dar errado (e olha que tinha coisas para dar errado) funcionar com coerência e muita tecnologia, pois como o longa se passa quase que 80% embaixo da água, ele colocou efeitos especiais incríveis, criou mundos cheio de personalidade, sons, tecnologia (que até lembram um pouco "Tron"), mas que principalmente nos remete aos velhos desenhos que já tivemos do personagem, usando do clássico, mas também incorporando seus reais vértices novos para que o filme funcionasse. Tivemos alguns bichões feios, que muitos até podem reclamar de parecerem malfeitos, mas o resultado nos lembra de peixes e bichos que vivem nas profundezas dos oceanos, e essa ideia adequada à vida ali é bem moldada, assusta, mas que ao ser entregue nas diversas cenas de ação e luta acabam empolgando tanto que sequer lembramos ou temos tempo para reclamar de algo, muito pelo contrário, nos vemos vibrando, torcendo pelos protagonistas, nos apaixonando pelas mulheres guerreiras fortes (Wan não deixou que fossem colocadas donzelas em perigo, mas sim várias que vão pra guerra e lutam em pé de igualdade com homens bem mais fortes que elas), e claro nos emocionando a cada nova cena trabalhada para encaixar o estilo do diretor com a personalidade dos atores, ou seja, um filme cheio de tecnologia, que certamente deu muito trabalho para os realizadores, mas que valeu a pena por demais em cada um dos 148 minutos de duração incluindo a cena no meio dos créditos (não tem pós!).

O elenco realmente assumiu as idéias malucas de Wan e entrou de cabeça na água (literalmente) para conseguir feitios incríveis, pois quando anunciado que Jason Momoa seria o novo Aquaman/Arthur Cury, acabou que foi alvo de duras críticas que não parecia nada com o personagem, que iria estragar a infância de muitos, e tudo mais que podiam falar, e de certa forma no longa "Liga da Justiça", aparentemente ele estava ali para curtir e brincar, fazendo mais caras e bocas, ou melhor caras e socos, do que realmente atuando e entregando um personagem marcante, mas passou, e agora ao contar sua história completa desde o nascimento, seu treinamento, os motivos de não frequentar Atlântida e tudo mais, até virar realmente o rei dos mares, mostrou que estava disposto a tudo que o diretor desejasse, e com muita personalidade conseguiu agradar do começo ao fim com muita ação e bons diálogos (claro que trabalhando uma comicidade não tão comum da DC) que chegamos a desejar logo que ele volte para o personagem em mais um filme, pois agradou e muito. Amber Heard é linda, isso é fato, e aqui a personalidade e ação que entregou para sua Mera foi algo que sinceramente não esperava ver na telona, mostrando atitude para as lutas, bons trejeitos, e principalmente fluindo com a personagem para algo a mais nos próximos filmes, ou seja, perfeita. Nicole Kidman dorme no formol, disso temos certeza, pois continua lindíssima aos 51 anos, e aqui sua Atlanna também é incrível com um formato doce, mas sábio, entregando boas cenas durante toda sua participação. Patrick Wilson colocou para seu Orm uma loucura bem trabalhada, cheia de vértices, e que não destoa, pois geralmente quando alguns atores surtam com cenas gritadas e cheias de atitude ficam parecendo estar berrando perdido em cena, mas aqui o ator que é ultra parceiro do diretor desde seus longas de terror, soube dosar a força para agradar e envolver bem, funcionando quase como um ser à beira do manicômio, mas que vai brigar para não entrar lá. Não conhecia Yahya Abdul-Mateen II, mas o jovem ator conseguiu fazer seu Arraia Negra impactante, com um bom mote para sua raiva contra o Aquaman, transportando um vilão imponente e bem preparado não apenas para esse, mas disposto para muitos outros filmes, encontrando personalidade para o papel, e sendo forte o suficiente para as boas brigas. Quanto aos demais, tivemos boas participações bem encaixadas de trejeitos comoventes e funcionais para a trama, desde Willem Dafoe como um tutor bem encaixado com seu Vulko, Dolph Lundgren como um Rei Nereus bem honroso, mas disposto a lutar por um ideal, e claro, o doce pai envolvente do protagonista vivido por Temuera Morrison.

Agora não tenho dúvida alguma de que o longa vai aparecer bem nas categorias técnicas das premiações pelo grandioso espetáculo visual que a equipe de arte conseguiu criar, trabalhando boas cenas tanto fora da água com ondas gigantescas, brigas em cima de telhado voando pedaço de parede, telha, madeira e tudo mais para fora da tela mostrando um bom uso do 3D, quanto dentro da água, aonde somos apresentados aos diversos reinos de Atlantis, tendo muita tecnologia para uma cidade cheia de detalhes luminescentes, cheios de aparatos tecnológicos, muitos personagens fantasiados com roubas cibernéticas fortes, e claro, muita mitologia também envolvida na cenografia, criando ambientações poderosas bem encaixadas, aonde cada momento pode ser visto como único, e que certamente cada vez que formos conferir o longa veremos mais algum bom detalhe cênico. Além disso, a trama entregou ótimos figurinos moldados prontos para criar a ideia da franquia mais nova, quanto colocando claro uniformes originais dos quadrinhos e do desenho para delírio dos fãs. A fotografia não destoa um momento sequer, e mesmo tendo muitas cenas escuras, como no barco a noite, ou nas profundezas do reino da Fossa, tudo é completamente bem iluminado com tons para vermos tudo em detalhes, funcionando com muito envolvimento, e claro que nos momentos mais coloridos como em Atlântida, tudo parece ter vida luminosa, cheia de tons fortes e chamativos, o que dá um show debaixo da água.

Muitas vezes reclamamos de filmes que vamos conferir em 3D e não temos nada de tal forma que até dá para retirar os óculos da cara, e aqui o diretor nos entregou tanto boas profundidades cênicas, com personagens aos milhares pelo fundo dando grandiosas perspectivas, quanto diversas cenas com pedaço de tudo voando para fora da tela, com peixes passando ao lado, e tudo mais, ou seja, quem for conferir em 3D ou Imax (que o longa foi filmado diversas cenas com as poderosas câmeras) vai sair bem feliz com o resultado vibrando com o que foi entregue.

Outro ponto muito favorável da trama ficou a cargo da deliciosa trilha sonora que deu um ritmo frenético para o longa, funcionando tanto nos momentos orquestrados, quanto nos momentos cantados que encontraram bem subjetivamente para agradar, tendo até inclusive muita sonoridade ambiente para dar as nuances subaquáticas que tanto nos preocupavam, funcionando quase como um balé, aonde os personagens flutuam e entregam sons fortes, ou seja, uma mixagem de primeira linha.

Enfim, sei que muitos críticos odiaram, outros ficaram meio em cima do muro, mas para esse Coelho que vos digita o longa teve tudo o que esperava (mais por parte do diretor, do que pela própria trama em si) e muito mais, agradando, emocionando, arrepiando ao entregar diversos momentos incríveis que vi nos desenhos da minha infância, ou seja, algo que certamente recomendo, e que verei mais uma vez para me empolgar novamente (coisa rara de fazer). E sendo assim, vá para a melhor sala de sua cidade, e curta bastante o que James Wan e Jason Momoa prepararam com todo carinho tanto para os fãs do personagem, quanto para aqueles que apenas gostam de uma boa ação ficcional. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: posso estar exagerando na nota e me arrepender mais para frente, mas curti demais cada momento do longa, e como fui surpreendido positivamente não posso dar outra nota para o filme, de modo que até poderia tirar alguns pontinhos por leves abusos computacionais, mas como é quesito exageradamente técnico, melhor manter o 10.

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A Voz do Silêncio

12/11/2018 10:06:00 PM |

Já vimos diversos longas que entregam o amor por São Paulo, outros mostram problemas da cidade, alguns pontuam bairros, e já tivemos até alguns que procuraram trabalhar a personalidade dos moradores, e claro, já tivemos inúmeras novelas desenvolvendo a vida na capital do estado, e certamente por isso, acredito que esperava algo além disso em "A Voz Do Silêncio", que trabalha bem sete personagens comuns, que possuem uma certa interligação, alguns são parentes, outros vizinhos, e por aí vai, de maneira tão orquestrada com pontuações tão semelhantes às novelas, que embora não seja cansativo e os 98 minutos passem até rápidos, não vemos nada além do tradicional e costumeiro da vida de sete pessoas em busca de alguma satisfação pessoal, almejando algo a mais, e vivendo, tendo um conflito ou outro dentro do seu pequeno mundinho em meio a algo imenso que é a cidade, mas nada que tenha uma vivência desenvolvida para criarmos um mote realmente. E sendo assim, fica parecendo que o longa não aconteceu, ou que você perdeu algo na essência que o diretor desejava passar, de tal maneira que só posso dizer, que vi um ajuntado de situações, com um ar esteticamente bonito, e nada mais.

A sinopse nos conta que o passar dos anos é impiedoso para todos. No filme, sete personagens aparentemente comuns conduzem suas vidas buscando, cada um, aquilo que acredita lhe trazer satisfação pessoal. Mas, mesmo com vidas distintas e distantes, eles se aproximam pela maneira como orientam suas existências com base em preocupações mundanas.

O diretor André Ristum tem um estilo próprio de trabalhar a personalidade de seus personagens, valorizando a apresentação e desenvolvendo cada um para mostrar seu potencial, o que certamente já vimos acontecer em muitas novelas, e aqui ele ficou desenvolvendo, desenvolveu mais um pouco, e esqueceu que precisava mostrar uma história realmente, de modo que apenas conhecemos cada um, vemos os seus problemas, eles se trombam no final com seus fechamentos do dia, e pronto fim do filme, aonde a voz entrou? Aonde o silêncio predominou? O que a cidade tem de conflitivo além do que já conhecemos, que os personagens não nos entregaram? Diria que nem responder isso o longa pode, ou seja, longe do silêncio, o que o filme nos entrega é um vazio imenso, e o resultado apenas é bonito de ver pela boa montagem, algumas leves mensagens bacanas dos atores argentinos, e nada mais.

Das atuações é mais bacana olhar para as essências dos personagens, do que para cada ator conhecido ou não que acaba entregando com simplicidade, bons olhares, e principalmente coesão para o que cada um acaba fazendo, de modo que vemos a velhinha bem interpretada por Marieta Severo, com problemas de memória que botou o filho doente para correr, mas ainda vive achando que ele está viajando por países chiques pelos postais que envia. Vemos o mesmo rapaz como um atendente de ligações de reclamações, e vivendo num cubículo, mas desejando voltar a ter a vida entre amigos, também bem colocado por Arlindo Gomes. Temos a stripper que faz o serviço apenas para manter o apartamento da mãe que já não pode mais trabalhar, e sem a ajuda do irmão sumido deixa de ser cantora argentina que é sua grande paixão, mas floreia ainda sua ânsia as vezes, feita de maneira coesa por Stephanie de Jongh. Temos o cobrador durão que está com a mulher internada e vive sonhando com ela boa vivido por Marat Descartes. Temos a filha argentina que tenta vender imóveis para pagar as dívidas e a escola do filho, mas que praticamente abandona o pai já no fim da vida, que precisa da ajuda do porteiro do prédio que sofre para trabalhar em dois empregos para conseguir pagar uma faculdade, vividos muito bem em conjunto pelos argentinos Marina Glezer e Ricardo Merkin, o jovem Enzo Barone e Claudio Jaborandy. Ou seja, atores que entregaram bem mais do que personagens, mas tiveram atos bem trabalhados nos seus grupos, sendo desenvolvidos sem ter realmente uma história, mas que envolvem ao menos.

No conceito visual, a trama entregou momentos singelos que costumeiramente não vemos só na capital (claro tirando o trânsito monstruoso), mas empresas de telefonia com suas baias, restaurantes com funcionários sendo maltratados, cobradores passeando e abusando de seus devedores, velhinhos esquecidos em casas cheias de memórias, e boates de quinta categoria (tirando o fato de uma criança poder entrar acompanhada do avô!!), e até uma rádio clássica pop bem moldada, ou seja, a equipe de arte foi elaborada para não ir muito a fundo, mas entregou algo bem feito ao menos. A fotografia nos brindou com cenas bem desenvolvidas de tons, mas mantendo o cinza clássico da capital envolvendo sempre tudo e todos, tendo leves cores vermelhas de contra, com iluminações pontuais para realçar os personagens, ou seja, o clássico bem feito.

Enfim, não diria que é algo completamente ruim, pois a essência desenvolvida é interessante, mas faltou um pouco mais de coesão, de conflitos, e principalmente de uma história maior para ser entregue, pois como costumo dizer, uma colcha de retalhos não esquenta se os retalhos não tiverem bem costurados, e sendo assim, o filme ficou vazio de impacto como cinema realmente, tentando levemente dar existência para a solidão dentro de uma cidade cheia de pessoas, mas nada que se atreva a dizer isso realmente, e dessa forma, não tenho como recomendar ele para ser visto numa sala grandiosa como um bom filme. Bem é isso pessoal, encerro "finalmente" essa semana bem gigante de estreias, mas amanhã já começo outra nova com uma pré-estreia, então abraços e até logo mais.

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