Retrospectiva 2017 - Melhores Do Coelho

12/31/2017 03:53:00 PM |

Bem caros amigos, acabamos mais um ano, e posso dizer que foi um dos mais fracos cinematograficamente falando, pois tivemos bem menos filmes estreando no interior (foram 215 filmes esse ano contra 226 no ano passado) e na média foi dado 6,75 coelhos de nota, ou seja, nem na média 7 para passar de ano foi conseguido, ou seja, o ano 2017 ficou de recuperação (rsss)...  mas ao menos tivemos boas diversões, gratas surpresas, algumas decepções, retornos de franquias, e claro muitos blockbusters para lotar as salas de cinema! Também tive muitos elogios por críticas, muitas reclamações, e até alguns xingamentos, mas faz parte, pois desde que decidi colocar a minha opinião aqui aberta, estou aberto para ouvir também qualquer coisa.

Espero que 2018 venha a ser bem melhor, e que claro possamos estar mais tempo ainda dentro das salas de cinema, e que ainda possa continuar escrevendo minha opinião aqui para que os amigos decidam se vão conferir ou não, se compram ou não uma mídia física, e por aí vai... claro que o desânimo bate muitas vezes, mas talvez 2018 seja o ano que vamos atingir a grande marca de 1.000.000 de visualizações, então garanto que pelo menos esse ano vou seguir.

Como é de praxe em todos anos, vou colocar aqui os filmes que mais gostei, que dei as melhores notas e claro também os desastres, lembrando que foi a minha opinião na época que conferi, usando dos conceitos de produtor que sou, pois sei que muitos amigos jornalistas discordam de minhas opiniões, afinal olham apenas a história, e não todo o restante. Então vamos lá.

Nesse ano dei nota máxima para 6 filmes apenas, cada um por sua qualidade e estilo, e por incrível que pareça dei nota 9 para outros 30 filmes, ou seja, tivemos muitos bons filmes que na época por algum detalhe raspei de dar nota máxima, portanto vamos comentar desses 36 quais valeram realmente o ano.

Para começar, por mais incrível que possa ser um dos filmes que dei nota máxima nesse ano e teve uma das maiores visualizações do site de todos os tempos foi um documentário, e claro que ficará como sendo um dos melhores que já vi, que foi "Visages, Villages".

Na categoria animação, tive uma grata surpresa ao ver algo feito para adultos que comoveu a plateia em uma das poucas exibições, com todos aplaudindo ao final, e que certamente irá marcar minha memória para sempre, e esse foi "Your Name". Mas também nessa categoria ri muito com todas as grandiosas cenas e sacadas de "LEGO: Batman", ou seja, para todos fãs do homem-morcego tivemos algo bem feito que valeu a penas ser visto.

Felizmente tivemos grandes feitios esse ano em um dos gêneros que mais gosto que é o terror, causando estranhezas e assustando tivemos "It - A Coisa", e ousando com muito preconceito e situações constrangedoras, "Corra" conseguiu impressionar muito, e pode pela primeira vez levar um longa do gênero para as cabeças das premiações.

No lado mais emotivo, tivemos vários filmes que nos fizeram escorrer lágrimas na sessão, dar engasgadas enormes, e com isso resultaram em algo muito bonito de se ver, e claro que para citar aqui tenho de colocar um que no mundo todo foi no ano passado, mas como só vi esse ano, aqui vai "Lion - Uma Jornada Para Casa".

Nos dois festivais que tivemos esse ano no interior, fui muito surpreendido com ótimos filmes, nos mostrando muitas vertentes de outros países, mas sem dúvida alguma o melhor do ano foi "O Motorista de Táxi" que chocou ao trabalhar um governo ditador brigando com a população de bem, e ainda usando algumas coisas cômicas para dar uma quebra. Mas também tenho de pontuar o ótimo "A Viagem de Fanny" que com a doçura das crianças nos entregou o mundo dos judeus fugindo da guerra.

Agora foram poucos os longas que me fizeram rir de verdade, ou ao menos sair com uma felicidade imensa da sessão, e tenho de colocar aqui o ótimo "Perdidos em Paris" que foi leve e divertido na medida certa. E também tivemos "Victoria e Abdul - O Confidente da Rainha", que embora tenha uma pitada dramática forte no final, o geral foi muito gostoso e divertido de acompanhar.

No conceito de ação, aventura e entretenimento, tivemos alguns filmes incríveis que nos deixaram com muita adrenalina e empolgação, incluindo até um dos melhores filmes do ano, "Dunkirk", que fez uma guerra por diferentes maneiras sem precisar ter um herói em si. Tivemos "Logan" com uma finalização incrível para o herói com muita destreza e incríveis cenas. E claro um dos filmes mais eletrizantes do ano com "Em Ritmo de Fuga", sem esquecer do grandioso "Atômica" que arrasou demais.

Não diria que tivemos um bom ano de produções utilizando efeitos tridimensionais, pois nenhum surpreendeu, mas com certeza alguns agradaram bastante, e para citar alguns bons nessa categoria, ficaria com "Kong - A Ilha da Caveira", "XXX - Reativado" e "Transformers - O Último Cavaleiro".

E por último, mas não menos importante, foi um grande ano para o cinema nacional, com 37 produções exibidas no interior, e se destacando demais "Por Trás do Céu", "Divórcio", "Soundtrack" e "O Filme Da Minha Vida", numa mescla de fantasia, comédia, emoção e histórias que fizeram nossa mente viajar, ou seja, mostrando que a qualidade nacional tem melhorado demais.

Mas se tivemos bons filmes, é claro que tivemos muitos ruins também, e para não estragar a felicidade do texto vou citar só alguns, para começar os piores nacionais dos últimos anos: "Os Penetras 2 - Quem Dá Mais?" e "A Menina Índigo", mas que não superaram os dois piores filmes do ano que facilmente podem ser chamados "A Noiva" e "24 Frames".

Bem é isso pessoal, desejo do fundo do coração que todos tenham uma ótima noite de virada, e que possamos conversar bem mais sobre cinema no próximo ano, então abraços e até 2018!!
Leia Mais

Jumanji: Bem-Vindo à Selva em 3D (Jumanji: Welcome To The Jungle)

12/30/2017 02:56:00 AM |

Com toda certeza quando anunciaram que estavam fazendo um novo filme de "Jumanji" e não noticiaram se seria uma continuação ou refilmagem do clássico, muitos já reclamaram, ficando bravos e tudo mais com a produção, mas quem joga jogos de videogame de aventura certamente vai ver o novo filme "Jumanji: Bem-Vindo à Selva" e sairá tão contente com tudo o que é mostrado na tela, que pela primeira vez em anos vi um filme que posso dizer que ao mesmo tempo que homenageou o original, não precisou fazer uma refilmagem, e mais ainda, trouxe uma diversão na medida certa para empolgar como se tivéssemos jogando e conhecendo mais cada personagem, cada cenário, os vídeos explicativos e tudo mais. Talvez algumas reclamações sejam bem plausíveis, como a falta de um vilão mais impactante, um 3D melhor, e claro alguns clichês forçados que poderiam ser evitados, mas a alegria é tamanha de ver uma história tão legal (essa é a melhor palavra para definir o longa) que com toda certeza, os defeitos acabam passando despercebidos. Portanto, vá e se divirta, pois vai valer rir muito dos personagens, e claro se conectar imaginando cada ponto da trama, como iria fazer num jogo desses.

A sinopse nos conta que quatro estudantes ficam de castigo e têm como tarefa limpar o porão do colégio. Lá eles encontram um jogo chamado Jumanji, cuja ação se passa numa floresta tropical, e empolgados com o jogo, eles escolhem seus avatares para o desafio, mas um evento inesperado faz com que sejam transportados para dentro do universo fictício, transformando-se nos personagens da aventura, onde precisam enfrentar grandes perigos para conseguirem voltar ao mundo real.

É interessante demais ver a preocupação do diretor Jake Kasdan para que seu filme funcionasse tanto como uma continuação do original, quanto uma nova linha a ser seguida, pois em diversos momentos vemos homenagens ao filme de 1995, mas também é colocado tanto uma nova roupagem, e claro uma linha mais próxima do que acontece hoje, com jovens interessados em videogames e avatares virtuais completamente diferentes de suas personalidades reais, que acabamos nos divertindo com toda a sacada trabalhada na trama. Claro que boa parte disso se deve ao ótimo roteiro de Chris McKenna ("LEGO Batman", "Homem-Aranha De Volta ao Lar") que certamente já jogou muito videogame e sabe em detalhes como deve ser a interação personagem/atributos e claro como cenários e personagens aleatórios se desenvolvem nos jogos, ou seja, tudo muito bem encaixado para que a trama contasse uma história nova, e também funcionasse como um jogo sendo executado. Talvez pudessem ter trabalhado ainda mais na história, para que o desenvolvimento de fases fosse maior, mas aí acabariam alongando demais a história e não sobraria tempo para as piadas que ajudaram a dar um tino muito bem encaixado para o resultado final. Ou seja, dinâmica na medida e história bem contada, o que resulta em algo incrível de acompanhar, mas que por bem pouco não virou uma tragédia, pois ao colocar um vilão fraco e jogado, e alguns exageros de gags forçadas, quase tivemos um filme que poderia ser esquecível, mas souberam trabalhar isso na edição e assim sendo agrada mais do que atrapalha.

Sobre as interpretações, basicamente embora cheia de trejeitos, o resultado foi o melhor possível, dentro do jogo claro, pois fora os jovens atores até tiveram atitude, foram interessantes, mas soaram um pouco perdidos com seus trejeitos, claro que isso foi levado para dentro do jogo com suas personalidades, mas faltou um pouco de dinâmica entre eles e também carisma, portanto vamos ao que interessa, a começar claro por Dwayne Johnson, que sempre tem grandes facetas expressivas, e aqui seu Bravestone foi cheio de força, cheio de intensidade, mas por dentro sendo o Spencer medroso acabou soando engraçado e bem colocado, de modo que o ator anda saindo muito bem em comédias, mas ainda mantendo o ar aventureiro em pauta bem encaixado. Logo na sequência temos o melhor do filme, que por incrível que pareça é Jack Black que tanto reclamamos de seus trejeitos repetidos, excessos de caras e bocas, mas aqui como Shelly ficou perfeito não pela sua atitude de orientador, mas sim pelo interior incorporando Bethany uma garota completamente fútil, cheia de atitude e que o ator soube jogar para fora com muito estilo, e principalmente muita diversão, pois a cada olhar, a cada trejeito, víamos uma garota presa no corpo como ela mesmo disse de um gordo de meia idade, ou seja, perfeito demais, que faz rir do começo ao fim. Com uma atitude bem ousada e com uma dinâmica bem coesa para o papel, Karen Gillan nos entregou uma Ruby lutadora e com força para agradar, mas por dentro tinha uma Martha tímida e quieta, o que ficou muito interessante de ver por mostrar ao mesmo tempo o empoderamento feminino com a sutileza de alguém que não sabe o que quer, e isso a atriz soube atacar com perfeição. Kevin Hart sempre é muito exagerado em seus papeis, e aqui não foi diferente com seu Finbar, que trabalhou exatamente no oposto do seu interior que era um grande jogador de futebol americano, e no jogo foi um pequenino ajudante com praticamente nada de útil senão conhecer os vários tipos de animais, ou seja, embora tenha alguns momentos engraçados, o exagero foi sua maior falha. Está virando moda os cantores de sucesso virarem atores de cinema, e dessa vez tivemos Nick Jonas como Alex, que trabalhou bem dentro do que foi possível, fazendo algumas expressões tradicionais de medo, mas mantendo a essência de ser aquele personagem que por já ter ficado muito tempo no jogo conhece diversos detalhes, e assim sendo o cantor/ator fez bem seus momentos. Ainda estou tentando entender a personalidade que Bobby Cannavale quis dar para seu vilão Van Pelt, pois embora tenha um ar malvado com animais peçonhentos saindo de diversas partes do seu corpo, aparentou mais ser um zumbi bobo e fácil de derrotar do que alguém que domina tudo, ou seja, fraco e com pouca expressão. Agora um personagem secundário que agradou muito, principalmente por funcionar exatamente como personagens secundários de jogos fazem, foi Rhys Darby com seu Nigel, pois além do ator fazer expressões bem secas, ele foi o responsável por explicar como o filme, ou melhor, como o jogo iria funcionar, e isso foi bem bacana de ver.

O visual bem encaixado gravado no Havaí deu um tom de selva bem interessante e colocando tudo com um tom bem clássico de jogos de videogame mesmo, a trama acabou tendo elementos gráficos bem trabalhados, com figurinos simples e efetivos e muita dinâmica visual, e que claro poderia até chamar mais atenção, mas funcionou dentro da proposta e conseguiu entregar um jogo realmente. Com muito verde e marrom, a trama acabou sendo fotografada de uma maneira mais dura, o que acabou não envolvendo tanto quanto poderia com o 3D, que por bem pouco não ficou nulo, mas felizmente na conversão algumas cenas (bem poucas!!) tiveram um ou outro salto para fora da tela, com objetos sendo atirados em direção ao público, mas nada que surpreenda quem gosta de ver filmes com a tecnologia, e sendo assim o 3D só foi usado mesmo para criar contornos e fazer com que o filme ficasse com um ar mais de game realmente.

Enfim, um filme bem dinâmico, completamente interessante de acompanhar, que vai divertir muito quem for esperando ver uma boa comédia cheia de aventura, e que principalmente acabou surpreendendo, pois com toda sinceridade esperava ver algo apelativo demais, que fosse destruir o clássico que foi o longa de 1995, mas que ousou ao entregar um jogo atual e bem colocado, ou seja, é daqueles filmes despretensiosos que agrada mais do que estraga, mesmo tendo muitos defeitos técnicos como citei acima. Portanto deixe-se levar pela aventura, e embarque nesse jogo, agora a dúvida é se também irão lançar o jogo de videogame para que a galera brinque com medo de realmente ser puxado para dentro, como acontecia com a galera que pensava em comprar o jogo de tabuleiro na época. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha programação desse ano, mas claro que volto ainda hoje ou amanhã no máximo com a retrospectiva de 2017, falando dos melhores e piores filmes que vi nesse ano, então abraços e até breve.

Leia Mais

Roda Gigante (Wonder Wheel)

12/29/2017 02:38:00 AM |

Já é quase uma tradição praticamente todo ano termos um filme de Woody Allen, e 2017 já estava quase acabando sem termos um para conferir, mas eis que aparece "Roda Gigante" para nos deliciarmos no seu estilo peculiar de trabalhar personagens diferentes, geralmente com muitas crises para resolver, e que junto de uma cadência quase que orquestrada consegue ir entregando aos poucos as situações deixando que elas não se choquem, mas se complemente piorando ainda mais as crises entregues no começo. Ou seja, o tradicional que vemos quase sempre em seus filmes, mas que aqui usando a analogia de uma roda gigante mesmo, começa em um ponto, dá algumas voltas, e volta para onde você entrou, e assim muitos vão reclamar do filme ser um pouco confuso, outros sairão sem entender nada, mas o que Woody quis passar basicamente, ao menos na minha concepção, foi que o ciclo de algo que está ruim é continuar ruim, mesmo que você tenha alguns momentos bons, dificilmente você irá sair disso se iludindo.

O longa nos situa em Nova York, anos 50. Ginny vive um casamento insosso com um operador de carrossel, que trabalha no parque de diversões de Coney Island. Passeando pelo local, Ginny conhece o guarda-vidas bonitão Mickey e cai de amores por ele. Mas a enteada dela também está apaixonada por Mickey, gerando uma série de confusões nesse triângulo amoroso.

A história que Woody criou e dirigiu, lembra muitos de seus filmes, porém trabalhou uma estética diferenciada e com uma síntese mais próxima de querer trabalhar o ciúmes e as crises da vida que algumas pessoas acabam tendo, com isso claro enfatizando o ar feminino em destaque. E como é de seu costume, o diretor usou um narrador que fala para a câmera, que em muitos filmes ele mesmo atuou nesse papel, e ultimamente tem tentado acertar "musos" que inspire seu estilo e acabe mostrando algo a mais para a trama, e aqui o jovem salva-vidas tem uma essência bem interessante em querer saber mais das histórias trágicas das vidas das mulheres, não se importando tanto com elas, de maneira que tudo acaba soando até bizarro por vezes, e claro que como ambas as damas são bem bonitas, acaba ficando óbvio que seu interesse além de histórias recai sobre outras coisas também. Ou seja, o tradicional filme "romântico" dramatizado por Allen, que vai nos entregar um pouco de tudo, da vida tradicional dos protagonistas, mas claro, sem entregar realmente sua essência, deixando que isso seja feito com o tempo.

Assim como fez com Cate Blanchett em "Blue Jasmine", que a atriz acabou explodindo em forma expressiva, aqui Woody começou com Kate Winslet singela, meio insossa, desanimada com a vida de sua Ginny, mas vai incorporando num crescente tão forte da personagem em meio ao ciúmes e claro do novo amor, que nas penúltimas cenas já a vemos toda enfeitada, pronta para o sucesso, encarando tudo de forma completamente diferente, ou seja, um arraso de atriz, que ficou um tempo meio apagada (assim como sua personagem), mas que vem voltando com a corda toda, principalmente mostrando que tem dormido no formol e está ainda mais bela a cada ano que passa. Justin Timberlake conseguiu imprimir um de seus melhores personagens aqui com seu Mickey, claro que está longe de ser perfeito, mas trabalhou sem muitas firulas usuais, e acabou soando mais como um aproveitador no meio de conseguir como poeta buscar suas histórias no meio de seus trabalhos, e com isso e claro muitos galanteios, o ator ficou bem trabalhado, só temos de pontuar um detalhe, ele embora tenha cara de novinho, já não é mais tão novo para o papel. James Belushi apareceu pouco com seu Humpty, e com isso não pode mostrar tudo o que poderia, pois se nos poucos momentos seus já deu nuances fortes, colocou carisma na relação com a filha, deu o tradicional conflito com enteado, foi pescar, fez festa com os amigos, e foi em busca de respostas, imagina se o longa fosse focado nele, o ator destruiria em cena. June Temple fez caras tristes e desesperadas no começo de sua Carolina, e foi sutil nos momentos que precisava incorporar mais, mas funcionou bem e encaixou boas cenas, trabalhando uma química interessante nos conflitos com a protagonista, e claro no jogo de sedução com os homens da trama. Fora do eixo dos protagonistas, tivemos também algumas cenas tensas com o mini-psicopata incendiário interpretado pelo jovem Jack Gore, e embora sua história não desenvolva muito, o garoto fez boas caras e claro mostrou que não brinque com quem gosta de ir no cinema todo dia.

Dentro do conceito visual, esse pode ser considerado o mais diferente dos filmes do diretor, que sempre presaram cenas simples, com locações simples, e aqui tivemos um belo trabalho de composição de época, com muitos objetos cênicos característicos, e claro também com muito trabalho de computação gráfica para recriar a Coney Island dos anos 50, pois como bem sabemos hoje é bem diferente da época, as praias com muitos figurantes vestindo figurinos da época deu um charme a mais para o calçadão e com isso o resultado visual acabou ficando incrivelmente bem trabalhado. E junte ao bom trabalho da equipe de arte, o excelente trabalho do diretor de fotografia Vittorio Storaro que praticamente fez mágica com as cores de sua iluminação, trabalhando os sentimentos dos personagens com as luzes, criando tons fortes e bem vivos para realçar o calor do verão e da paixão, incorporou tons frios e escuros nos momentos de chuva e de raiva dos personagens e com isso, aliado aos bons enquadramentos cênicos, tivemos um dos filmes mais bonitos visualmente que já vimos de Woody Allen.

Enfim, é um filme difícil, que nem todos vão se apaixonar por ele, e que também não procurou ser feito para que todos gostassem, mas que ao trabalhar bem o conceito estético juntamente com uma boa história dramática com pitadas cômicas, e com interpretações maravilhosamente bem dirigidas, o resultado acaba sendo algo interessante de se ver, e que quem for fã de Woody Allen vai ver que aos 82 anos continua em plena forma, fazendo mais e mais bons filmes. Sendo assim, recomendo a trama para quem gosta do estilo romance dramático, pois os demais vão achar muita bagunça para pouco resultado. Bem é isso pessoal, encerro aqui as estreias da semana, mas amanhã já confiro a última pré-estreia do ano e volto também com a retrospectiva de 2017, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Fala Sério, Mãe!

12/28/2017 02:35:00 AM |

Acho divertido quando um longa consegue retratar bem um grupo, e muitos acabam se identificando com o que é passado, e facilmente "Fala Sério, Mãe!" possui uma linguagem e um estilo desenvolvido pelos personagens que vão retratar as mães e filhas em diversas fases de suas vidas, o que acabou deixando o longa leve e amplo para agradar um grande público de mulheres, e até muitos homens vão conseguir se divertir com as situações vendo suas mães e irmãs na telona. Digo isso com felicidade de ver que um livro bem adaptado que poderia virar completamente uma novelona, acabou desenvolvido em um formato que até lembra o estilo de seriado, mas que com uma proposta rápida de cinema acabou soando interessante e agradável. Claro que a trama por possuir uma estética rápida e um conceito de trabalhar a protagonista em várias idades acabou pecando em alguns pontos técnicos que vou citar mais para baixo, mas posso dizer que facilmente passará batido pelo público em geral, e a maioria vai acabar gostando muito do que verá no cinema, e só isso já basta para que um estilo jovial tão fora do comum acabasse virando um longa familiar, aonde a síntese trabalha sozinha.

A sinopse nos apresenta Ângela Cristina, mãe da adolescente Maria de Lourdes, que está tendo a experiência de guiar sua filha durante uma das fases mais complicadas da vida. Ela vive uma montanha-russa de emoções, com medos, frustrações e um caminhão de queixas para descarregar. Por outro lado, Malu, como prefere ser chamada, também tem suas insatisfações. Teimosa, sofre com os cuidados excessivos e com o jeito conservador da mãe.

Baseado no livro homônimo de Thalita Rebouças, o roteiro escrito à três mãos, por Paulo Cursino (que trabalha mais com comédias e aqui entrega um gênero mais diferenciado e doce, embora tenha um lado cômico também), Dostoiewski Champangnatte (em seu primeiro longa não-independente) e surgindo em uma nova carreira, Ingrid Guimarães também vindo como roteirista colocando com certeza suas ideias de mãe/mulher para a composição de sua personagem, e certamente a equipe conseguiu o feitio que o livro de 2004, que é um sucesso de vendas, tanto comoveu mães e filhas numa linguagem bem simples, leve e agradável. Aí entra em cena, um diretor que já havia acertado a mão no seu primeiro longa ("O Concurso"), e que vem num crescente imenso após ter dirigido uma das novelas de maior sucesso neste ano ("A Força Do Querer"), e é notável a mão que Pedro Vasconcelos quis imprimir na trama, trabalhando cada ato como um tempo/estilo de passagem da mulher, valorizando seus momentos, suas ideias e tudo mais, colocando emoção em cada momento, contrabalanceando com boas doses cômicas, de modo que não virasse um novelão, nem uma minissérie pronta para ser exibida amanhã, ficando realmente com cara de filme e com situações bem colocadas de maneira gostosa e interessante. Claro que temos de pontuar os defeitos, como por exemplo a falta de uma mixagem um pouco melhor nas músicas, que até tentaram parecer fazer parte dos momentos cantados pelos protagonistas, mas sobrepuseram tanto os momentos que pareciam estar fora do contexto, também tivemos o uso claro de uma protagonista com muitos fãs (para claro dar bilheteria), que vem melhorando, mas que ainda não tem uma postura de atriz expressiva, ficando sempre abaixo de sua mãe na trama, e também não classificaria como um defeito técnico, mas sim uma falta de tempo para tudo, a forma rápida de todos os momentos, afinal valeria desenrolar mais alguns atos, mas para isso a trama acabaria virando mais que um filme e/ou série, e isso não é algo que queremos. Mas como frisei, são detalhes técnicos que vão passar despercebidos por quem for ao cinema apenas para curtir e se emocionar junto de sua mãe, de modo que o resultado em si, vale mais do que os defeitos aparentes.

Sobre as interpretações é bem fácil falar, pois praticamente o filme inteiro se desenvolve com as duas protagonistas e alguns personagens se conectando a elas, e como era de se esperar, Ingrid Guimarães entrou completamente na personalidade mãezona de sua Ângela e representou praticamente como ela diz em uma cena que já aparece no trailer, as mães de todo o Brasil, incorporando desde detalhes dramáticos como dúvidas da gestação, traição, brigas até os momentos mais cômicos que já está acostumada como micos com a filha e dancinhas bobas, de modo que foi completa em cena, e claro que para passar vários anos também trabalhou muito seu visual mudando cores de cabelo e maquiagem, alguns acertados, outros que não combinaram tanto com ela, como o cabelo completamente preto, mas isso é mero detalhe, pois a atriz fez bem o papel e acertou em cheio todos os momentos que precisava fazer. Larissa Manoela tem melhorado suas expressões (ainda continua muito dura e com poucas facetas), mas claramente foi escolhida bem mais pela grande quantidade de fãs que possui do que por ser a escolha perfeita para o papel de Malu, pois sua personalidade em diversos momentos soou bem falsa, mas tirando esse detalhe, a atriz foi carismática e encaixou bem quando não necessitava muito para o papel, como já disse em outros momentos, está cada vez mais bonita, e se melhorar a forma expressiva, tem chances grandes no futuro sem depender do carisma dos fãs, e sim do seu próprio carisma, pois seus trejeitos aqui pelo menos já foram mais bem colocados e nos diálogos também soube dosar uma interpretação bem trabalhada. Sobre as versões mais jovens de Malu, o destaque fica para a pequena Duda Batista que simplesmente arrasou nas cenas do balé e durante as discussões com as amigas, mas também Vitória Magalhães conseguiu imprimir boas características para a jovem na fase dos 10 anos. Marcelo Laham trabalhou bem as expressões tradicionais de pais em brigas de mulheres, ou seja, deixa que elas se resolvam, e fique apenas sorrindo, e com isso o seu Armando foi feliz em não se posicionar muito. Destaque negativo também para o par romântico da garota, interpretado por João Guilherme, que mais fez caras e bocas do que apareceu pronto para fazer algo realmente, e com isso é quase um enfeite que aparece e desaparece. E destaque positivo mesmo que rápido para as participações de Fábio Jr. e Paulo Gustavo.

No conceito visual, a trama foi muito bem produzida, e embora a maioria das cenas se passe dentro do apartamento da família, tudo foi possível ocorrer com boas passagens de tempo, com os figurinos bem elaborados, dinâmicas coesas e claro muitos elementos cênicos para mostrar a profissão da mãe, os dotes de figurinista/estilista de moda da filha, a rebeldia do garoto, e tudo mais que pudesse ser usado para representar, além de quando saiam do apartamento para a escola, supermercado, parquinho e até mesmo na viagem que foi a parte mais fraca do longa foi bem encaixado na parte artística para que tudo funcionasse bem, ou seja, uma produção cênica bem colocada. A fotografia ousou pouco, trabalhando tons mais quentes para que a trama tivesse uma comicidade bem encaixada, e colocou alguns tons escuros nas cenas que exigiam uma dramaticidade, mas bem de leve, sem que o clima ficasse tenso demais, e com isso o longa mais diverte do que emociona, embora as mães e filhas que mais se conectarem com a trama irão talvez se emocionar um pouco.

A trilha sonora conta com boas escolhas musicais, mas como disse no começo foi uma das falhas do longa, pois na mixagem ficaram altas demais e soando falso como uso dramático dentro do longa, parecendo estar solta e não orgânica com a trama, mas isso só vai atrapalhar quem entender um pouco, pois no geral ela serviu bem para ditar o ritmo e emoção que cada uma poderia dar, claro tirando a música original com os personagens cantando no final que foi bem desnecessária.

Enfim, é um filme muito gostoso de assistir, que vai agradar as famílias que forem ao cinema conferir a trama, claro que com os devidos estilos, pois quem não gosta desse ar mais caricato e cheio de clichês representativos para realmente mostrar os diversos estilos de mães e filhas, impregnados nas duas protagonistas, talvez deva evitar, mas confesso que até os mais revoltados com esse estilo devam se divertir ao reconhecer suas mães em cena em algum momento. Portanto fica a recomendação, e eu fico por aqui, mas amanhã já volto com mais uma estreia da semana, então abraços e até breve.

Leia Mais

A Origem Do Dragão (Birth Of The Dragon)

12/27/2017 02:16:00 AM |

A pergunta fácil de ser feita antes de ir conferir "A Origem Do Dragão" é a seguinte: Você gostava dos filmes de luta de antigamente com socos falsos, gritos, atores com o ego mais alto que prédio de Dubai e muita paia na história? Se sua resposta for não, nem passe perto do longa, agora se foi sim, a trama vai cativar ao menos por mostrar que Bruce Lee já se achava Deus antes mesmo de estrear nos filmes, e como foi a luta com seu grande rival, que tentava mostrar que kung fu é algo mais da mente do que pancadaria. Ou seja, a trama até possui momentos bem interessantes, boas coreografias de luta, mas foi tão mexida na edição para agradar aos fãs, que até mesmo quem sequer imagina como é feita uma edição de vídeo irá notar as diversas quebras na história para tentar dar mais ênfase em Lee, e menos em Steve que sabe-se lá o motivo tinha muito mais tempo de tela que Lee. Não digo que não foi interessante conferir o filme, mas tudo acabou um pouco abstrato demais, e o que poderia ser algo mais biográfico acabou parecendo ser forçado em uma réplica, ou seja, vai agradar os fãs de kung fu que gostavam de ver repetidas vezes os filmes do Lee no passado, mas está bem longe de ser algo que vai empolgar como um bom filme de artes marciais.

A sinopse nos conta que Bruce Lee (Philip Ng), célebre lutador de artes marciais, e seu rival, o mestre de Kung Fu Wong Jack Man (Yu Xia), tentam resolver suas desavenças e divergências em uma luta sem regras. O embate, que se deu na Califórnia com poucas testemunhas, viria a se tornar o mais importante e emblemático duelo da carreira do futuro grande ator de cinema, um marco fundamental em sua trajetória. Depois desse evento, os dois ainda se unem para lutar contra o poderio da máfia chinesa em Chinatown, São Francisco.

Ao olharmos a carreira do diretor George Nolfi vemos que ele tem trabalhado bem pouco, fazendo alguns curtas, mas praticamente não decolou após o ótimo "Os Agentes do Destino" que foi sua primeira direção, e isso é triste de ver, pois ele possui uma mão interessante, mas aqui conseguimos ver que ele não conseguiu agradar os produtores com o que acabou fazendo, pois o peso foi grande ao cair nas mãos de um dos produtores (Jason Blum) que menos tem perdido dinheiro em Hollywood nos últimos anos com gigantescos filmes de terror, e que aqui com as filmagens acabadas no começo de 2016, pediu imensas mudanças para agradar mais os fãs de Lee do que a história em si contava (ao menos na versão do diretor). Digo isso após ler um pouco sobre o filme, pois nitidamente achei estranho muitos cortes na trama, um começo bagunçado cheio de telas pretas, e uma postura estranha na condução das cenas finais, e ao saber dessa história de tantas mudanças ficou bem claro, que se o diretor já estava em baixa, agora vai ter muito trabalho para subir novamente. Como disse no começo, a trama em si não é ruim, conseguiram boas cenas de luta, mas é algo muito falso para conseguir agradar realmente, e sendo assim, a falha de roteiro unindo a falha de edição acabou resultando em algo estranho demais no final.

Não lembro realmente se Lee era tão exagerado no seu ego, ou se Philip Ng que é mestre em artes marciais acabou exagerando na dose expressiva fazendo com que o personagem Bruce Lee ficasse arrogante num nível altíssimo, que até teve uma boa semelhança visual com o original, e que de certo modo foram boas facetas interpretativas, mas volto a frisar ficou exagerado e forçado demais, mesmo que as lutas ficassem ótimas coreografadas por ele próprio. Agora a paz no semblante de Yu Xia como Wong Jack Man foi algo muito bem trabalhado, e mostrou que o ator estudou muito todos os conselhos que os alunos de Man passaram para a equipe do filme, e talvez se o foco fosse maior nesse personagem, o longa não soasse tão artificial. Agora o grande motivo de discórdia na edição ficou a cargo de Billy Magnussen com seu Steve Mckee, e não diria que o ator fez um papel ruim, muito pelo contrário, seu papel embora completamente previsível, foi nos motes tradicionais que muitos filmes de artes marciais mostravam, a busca de salvação de uma donzela abusada por vilões, e ele fez boas caras e bocas, buscando treinamento e tudo mais, mas voltamos ao ponto inicial do texto, esse é um filme tradicional de artes marciais ou uma biografia de Lee, aí fica a dica para que os produtores decidissem na hora de dar o corte final. Quanto aos demais, a maioria apenas participa e não ajuda, e nem mesmo grandes nomes no hall dos vilões da Tríad ajudaram a dar bons encaixes.

No conceito visual a trama situou bem os anos 60, com as famosas gangues de Chinatown em São Francisco, o grande boom das artes marciais em academias, e claro o começo das mostras disso na TV, tivemos boas decorações de set, com objetos marcados, mas também houve um grande desleixo para com as finalizações cênicas, pois muitos cenários ao mesmo tempo que pareciam velhos e destruídos, também pareciam terminados às pressas, ou seja, algo bem amador para falar a verdade, nem parecendo o trabalho impecável que Blum tem para com seus filmes de terror, ou seja, faltou a equipe de arte trabalhar mais. Na fotografia as boas sombras aliadas aos movimentos lentos das lutas acabaram dando um clima antigo para a produção, lembrando bem os filmes que passavam tarde da noite na nossa infância, mas poderiam ter trabalhado ainda mais alguns tons para que o filme passasse mais ação e menos tom de drama.

Enfim, é um filme mediano que foi trabalhado para agradar um público específico e por pouco não acaba agradando ninguém. Não digo que é ruim, pois acaba acertando em muitos pontos, mas faltou um pouco mais de decisão na base do roteiro para que tudo funcionasse até o fim da produção, e não que se remendasse na edição para que a trama ficasse pulando e estranha num contexto mais amplo. Ou seja, quem gosta de filmes de luta, e estava saudoso por algo desse estilo, em ver como foi o grande embate da vida de Lee, pode ir que vai ver sim defeitos, mas vai gostar do que será entregue no final, mas quem não se enquadrar nesse grupo pode fugir que a certeza de reclamar de tudo é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma pré-estreia, então abraços e até breve.

Leia Mais

Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso (Suburbicon)

12/23/2017 03:24:00 AM |

Olha, já tinha visto diretores mudarem estilos dramáticos para algo diferenciado, mas George Clooney dessa vez abusou de tudo o que se poderia esperar de uma trama em "Suburbicon: Bem-vindos ao Paraíso", que começa bem devagar introduzindo o estilo de vida americano dos anos 50, com subúrbios calmos, pessoas vivendo suas vidinhas de fofoca, quando de repente o estouro acontece, com a introdução de algo que mais incomodou essa vidinha pacata do subúrbio: a elitização das classes menores, com negros podendo comprar também uma casa em um bairro desse estilo, e aí começa a desordem com muito preconceito escancarado, fortes cenas de degradação, mas tudo feito dentro do estilo que o diretor desejava mostrar, como a quebra de eixos. Bem, até aí tudo bem, se o filme focasse só nisso, mas temos uma segunda trama, que essa sim é a principal (ou não?) de um jovem empresário que fica devendo para a máfia para alcançar status e resolve dar o velho golpe do seguro, ou seja, a reviravolta familiar acontece com desgraça vindo em cima de desgraça. Ou seja, um filme que possui sim o elo dramático impregnado na trama, mas trabalha tantos outros, passando pelo humor negro, terror, filmes de máfia e com isso o resultado geral dessa bagunça é confuso e poucos irão se apaixonar pelo que verão na tela, mas diria que é o mais perto que Clooney vai chegar de um filme mais artístico/diferenciado, pois temos vértices bem menos comerciais e algo mais encaixado em curvas de festivais, claro que ousando um pouco em alguns detalhes.

O longa nos situa na cidade de Suburbicon, em 1959. Quando uma invasão de domicílio se torna mortal, a família aparentemente perfeita de Gardner Lodge se submete à chantagem, vingança e traição, gerando um rastro de sangue que mancha o suposto paraíso.

Praticamente todas as direções de George Clooney são bem controversas, pois ele não é adepto do fácil visual, mas também é oposto de roteiros mais fechados, e com isso suas tramas oscilam demais de estilo, deixando o público por vezes bem confuso com o que é apresentado, mas claro que aqui a responsabilidade não é 100% sua, afinal o roteiro dos irmãos Cohen estava engavetado há anos e possui um estilo próprio que muitos gostam, mas que foge completamente do usual. Não digo em momento algum que isso seja algo ruim, muito pelo contrário, o longa trabalha muitas questões polêmicas com facilidade, mesmo que seja bem duro enxergar a verdade crua na tela sem uma delicadeza para engolir, fazendo isso claro através de bons momentos de humor negro, e por vezes algumas tomadas mais aterrorizantes. Claro que friso que o longa passa bem longe de ser algo que você vai ao cinema e se apaixona pelo que verá na tela, mas ao menos conseguiram trabalhar um tema forte usando motes quebrados que é raro de ver em produções hollywoodianas.

No conceito das atuações, já vimos Matt Damon bem melhor em muitos filmes, e mesmo aqui seu personagem Gardner indo num crescente bem interessante de loucura/desespero para com sua situação, o ator foi ficando com semblantes forçados, o que não é comum de ver em grandes astros. Se em "Extraordinário" já havíamos elogiado o trabalho do jovem ator Noah Jupe, aqui ele mostrou firmeza nas expressões de terror e na situação completa que acaba enrolado ninguém faria diferente, mostrando que sabe mesmo jovem como uma pessoa se sentiria, e seu Nicky é daqueles que mostram a que foram colocados no mundo, não aceitando desculpas esfarrapadas dos pais, ou seja, o talento do jovem se mostra e incorpora no personagem algo bem incrível de ver. Julianne Moore sempre está perfeita, e aqui apareceu bem diferente do usual sem suas madeixas avermelhadas, de modo que nem a reconhecemos de cara com sua Margareth, muito menos com sua Rose, ou seja, fazendo papel duplo a jovem inicialmente trabalha forte, mas vai incorporando ares tão monstruosos e expressivos que ficamos sem ar, ou seja, arrasou. Temos muitos outros bons papeis, que chamam a atenção e por vezes até quebram o vértice dos protagonistas, mas para destacar alguns bons nomes temos de pontuar Karimah Westbrook como Sra. Mayers que não se deixou abalar em momento algum com todas as provocações, e certamente mesmo incorporando o personagem deve ter sentido muito impacto nas suas cenas, e Oscar Isaac bem diferente do que costumamos ver como o investigador Cooper em algo mais duro e bem interessante.

Visuais de época sempre dão muito trabalho e aqui a equipe de arte não economizou na criação de um bairro/cidade bem tradicional dos anos 50, com símbolos estéticos bem incorporados e ousando no cerne do preconceito, colocou tudo em cima das nuances em torno das duas casas, uma de negros sofrendo o preconceito sem fazer nada, e na outra de brancos picaretas se matando por dinheiro, ou seja, além do contraste étnico, a trama trabalhou bem os objetos e tudo mais para desenvolver muito em cima disso. Ou seja, um trabalho de figurinos, objetos cênicos e tudo mais, que sem as grandes atuações não incorporaria em nada. O longa também conceituou na fotografia cores bem densas para deixar o tom mais dramático, pois esse mesmo filme caberia fácil só num tom mais cômico e até leve, mas sairia do estilo proposto e não chamaria tanta atenção.

Enfim, é um filme interessante, mas que certamente muitos vão sair da sessão como aconteceu comigo: sem saber se realmente gostou do que viu, ou se não entendeu aonde desejavam nos tocar. Digo que certamente é um filme para se ver mais do que uma vez para tirar conclusões maiores, mas por hora vou ficar em cima do muro, dizendo sim ser um bom filme, mas que poderia alcançar rumos maiores e apontar melhor o dedo, e sendo assim recomendo ele com a ressalva de que não é um longa para todos, principalmente para quem deseja ter um momento de descontração na sala de cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui desejando um bom Natal para todos, afinal só volto com textos na próxima terça, então deixo meus abraços e até breve.

Leia Mais

O Rei Do Show (The Greatest Showman)

12/22/2017 03:11:00 AM |

Sei que muita gente fica com os dois pés atrás quando sabem que um filme é musical, pois não suporta muita cantoria, e até concordo que em muitos casos não seria tão necessário cantar para tudo, mas também confesso que ultimamente andam criando coisas tão bem colocadas nesse gênero que vamos empolgando com as situações da trama que logo nos vemos quase fazendo as coreografias do longa. E com "O Rei Do Show" basicamente voltamos ao estilo de muita dança com música, pois diferente do que vimos no começo do ano com "La La Land" que as canções tinham um contexto mais orquestrado, singelo e cheio de dramaticidade, aqui temos o espetáculo acontecendo, aonde todos os personagens entram na dança, cantam muito e encaixam suas situações com uma visceralidade, que assim como ocorre em determinada cena das garotinhas já estarem dançando a coreografia (aparentemente não ensaiado a cena daquela forma e capturado com muita sutileza o momento de curtição delas com o show que realmente estava sendo mostrado), a trama nos permeia com as músicas e ritmos para que entremos também no clima e acabássemos saindo contagiados com o que vemos na tela. Dito isso, o longa possui sim defeitos no roteiro, uma direção claramente que mesmo que não lêssemos ser de um estreante é notável os pontos falhos de sua mão no desenrolar técnico, mas tudo isso é facilmente superado pela alegria que o longa acaba entregando no final, e como costumo dizer, a empolgação que um longa nos traz supera fácil qualquer erro técnico.

A sinopse nos conta que de origem humilde, e desde a infância sonhando com um mundo mágico, P.T. Barnum desafia as barreiras sociais se casando com a filha do patrão do pai e dá o pontapé inicial na realização de seu maior desejo abrindo uma espécie de museu de curiosidades. O empreendimento fracassa, mas ele logo vislumbra uma ousada saída: produzir um grande show estrelado por freaks, fraudes, bizarrices e rejeitados de todos os tipos.

O diretor Michael Gracey mostrou uma personalidade bem colocada, pois orquestrar um musical é uma tarefa para bem poucos, afinal é muita gente dançando, cantando e aparecendo por todos os lados, claro que para isso os estúdios colocam mil coreógrafos, mais diversos treinadores vocais e tudo mais para que o maestro apenas comande quem entra em qual hora, mas claro que para alguém que saiu da área de efeitos especiais e foi para frente do comando, ele pegou um roteiro bem criado por Bill Condon ("A Bela e A Fera") e Jenny Bicks ("Rio 2") em que muitas situações dariam até para serem expressas no método narrativo comum, e criou um musical realmente que poderia ser facilmente apresentado na Broadway ou qualquer grande teatro, trabalhando os personagens principais junto de músicas bem inspiradoras, e claro muita dança para ninguém de Bollywood ficar triste. Ou seja, não posso dizer que foi um primeiro trabalho primoroso, pois ele poderia sim ter conduzido sua trama de uma maneira que emocionasse até mais, mas certamente ele conseguiu cadenciar tão bem todos os momentos que o resultado acaba empolgando por completo, e claro muito pelas ótimas músicas de Benj Pasek e Justin Paul (vencedores do Oscar por "La La Land").

Sobre as atuações, é fácil saber se um filme é bom, pois dificilmente Hugh Jackman aceita papeis em bombas, e aqui ele já havia declarado que era o projeto de sua vida interpretar P.T. Barnum, e como começou como ator de musicais, caiu como uma luva para o papel, dando uma personalidade ímpar para o trambiqueiro (talvez tenha faltado para o longa um pouco mais de trambiques, afinal Barnum era conhecido por muitas fraudes), e claro mostrando que o olhar do empresário é o que faz crescer uma empresa, sabendo reconhecer aonde pode lucrar mais, pegando um pouco de tudo, ou seja, se você assistir somente focado nos olhares de vontade de estar ali de Jackman vai ver o quanto a trama segue bem ele. Zac Efron voltando às origens com filmes musicais foi uma grata surpresa, pois o jovem tem uma postura bem clara quanto a de seu Phillip Carlyle e ao saber dosar suas cenas envolvendo preconceito dos pais, e claro sua paixão expressa através de um número bem bonito, conseguiu envolver e chamar a atenção, mas claro que sua grande cena coreografada foi a primeira junto de Jackman que chega até assustar como foi gravada com copos voando para todo lado. Agora sem dúvida mesmo tendo uma participação pequena na trama, a grande voz e que puxa todos os olhares é Keala Settle com sua dinâmica para a mulher barbada Lettie e que certamente dará um show no Oscar cantando "This is Me", pois sendo uma cantora da Broadway, a atriz incorporou com muita força e personalidade, criando uma personagem incrível para o show. Zendaya possui um rosto interessante que também chama atenção e sua Anne precisava de um desenvolvimento maior, mas sua química com Efron foi bem bacana e trabalhou bem sua voz para no momento mais triste cantar com a alma. Michelle Williams é daquelas atrizes que sempre que é colocada em um filme chama a atenção, e aqui não foi diferente com sua Charity, incorporando bons momentos, mas soando um pouco deslocada, talvez necessitando de um pouco mais de cenas para realmente mostrar serviço. E para finalizar o elenco maior, temos de pontuar a beleza e o encanto de Rebecca Ferguson como a cantora de ópera Jenny Lind, que deu show tanto com sua voz quanto pelo visual incrível que acabou entregando, numa personalidade forte e bem colocada. Além do elenco principal tivemos boas interpretações com todas as crianças, desde os pequenos Barnum e Charity interpretados por Ellis Rubin e Skyllar Dunn no começo da trama, passando pelas garotas filhas de Barnum na trama, ou seja, um pequeno grande elenco, que junto entrou o anão Sam Humphrey.

O visual de uma boa trama envolvendo circo certamente tem de ter muitas cores, e aqui a trama trabalhou tanto com um bom figurino como com boas locações, criando um ambiente mágico cheio de personagens fortes, bem criativos e com muita vitalidade para que cada cena fosse bem encaixada e cheia de nuances, que junto da equipe de fotografia trabalhou iluminações de foco para que cada personagem principal tivesse seu momento incrível e com muita interpretação. Outra grande sacada foi não encher o longa de efeitos especiais, deixando que a trama sozinha junto dos personagens e das canções fizessem o trabalho visual só ser bem realçado como uma trama de época, mas também algo cheio de magia visual.

Agora com toda certeza se estamos falando de um musical, o que importa? As ótimas canções que certamente farão parte de todas as premiações, pois a dupla que já ganhou praticamente tudo nesse ano voltou com a corda toda. Destaque claro para "This is Me" e "Come Alive", mas como não sou um Coelho malvado, aqui deixo o link com todas as canções do longa.

Bem é isso pessoal, volto a frisar que a trama tem defeitos, mas soaram insignificantes perto de todo o resultado que acabamos vendo na tela, portanto se você gosta de musicais com muita dança e boas canções que se conectam perfeitamente à uma boa trama, vá para o cinema que é certeza de sair muito feliz com tudo, mas se esse não é seu gênero predileto talvez ir para outros rumos. Fica aqui então minha dica para finalizar bem o ano, apesar de ainda termos outras boas estreias para conferir antes da retrospectiva de fechamento do ano, e sendo assim volto em breve com mais textos.

Leia Mais

O Poder e O Impossível (6 Below: Miracle On The Mountain)

12/20/2017 01:34:00 AM |

Acho bem interessante a onda de filmes motivacionais que andam aparecendo para mostrar que se você tiver fé e força de vontade pode sobreviver no meio de um frio de -20°C por 8 dias seguidos. Claro que isso foi um milagre, que relatado em um livro do protagonista, o spoiler máximo já é dado de cara em "O Poder e O Impossível", e só ficamos aguardando o andamento de como tudo vai rolar, mas diferente de outros filmes que trabalharam mais o conceito moral de sobrevivência, aqui tivemos mais alguém lembrando das coisas erradas que fez na vida, refletindo sobre isso, e com essa força em mente tentando ir até seu máximo para tentar se redimir. Até aí tudo bem, a trama chega a dar frio, sentimos a dor de sua perna machucada a cada puxada de meia, porém exageraram tanto em flashbacks dos erros do rapaz, que já nem tinham mais o que mostrar e começaram a repetir os mesmos, ou seja, apelação em nível máximo. Mas mesmo com esse defeito gigantesco, o ator fez bem sua interpretação e conseguiu entregar algo satisfatório de acompanhar, que até poderia ser bem melhor, mas para isso teriam de mudar coisas demais.

A sinopse nos conta que o jovem Eric é um atleta profissional de hóquei no gelo, que atravessa uma fase ruim na carreira. Após abandonar a equipe, ele se entrega às drogas e fica longe do esporte. Um dia, para compensar os problemas, decide praticar snowboard numa montanha, mas toma um atalho proibido. Com a chegada de uma nevasca, não consegue mais encontrar o caminho de volta. Perdido, sofrendo com frio, fome, sede e com um ferimento grave na perna, ele deve encontrar forças para sobreviver.

O dublê que virou diretor Scott Waugh mostrou que consegue criar boas façanhas e firulas de ação em seus filmes, de modo que em "Need For Speed: O Filme" ele conseguiu nos transportar para as grandes cenas de ação que víamos no jogo, e aqui baseado no livro do verdadeiro Eric LeMarque, ele inicialmente trabalhou boas cenas no snowboard com uma dinâmica bem presencial e interessante, mas para aí sua grande faceta, pois de onde um ex-dublê pode criar vértices dramáticos, de um acidente ou quem sabe da perda de algo, e aqui ele tentou usar o abuso de drogas por atletas para ir trabalhando a dramaticidade do protagonista, e até ousou trabalhar uma certa religiosidade na sua trama, mas infelizmente faltou essa chave de virada na trama, e certamente quando viram que não atingiria o ápice somente deixando o jovem em sua tragédia, resolveram atacar na edição com flashbacks para todos os lados, mostrando o abuso de treinos do pai, a briga familiar, os excessos nos jogos, drogas e brigas com amigos, a briga repentina com a mãe e até mesmo um acidente fatal, de modo que mesmo quem estivesse com um pingo de dó do sofrimento dele preso na neve, acabou torcendo mesmo que seja no seu íntimo para que ele morresse de uma forma bem dolorosa, comido por lobos e tudo mais, mas aí mudaríamos o gênero do filme de drama para terror, e não era o que previam no livro. Ou seja, faltou aquele estalo de diretor para saber até onde ele poderia ousar e até onde ele poderia usar certos artifícios, e aí a falha acabou ficando um pouco pesada demais para que a trama convencesse realmente como poderia emocionar. Volto a frisar que não ficou algo ruim, apenas foi falho em técnicas para que sua trama não desandasse, mas isso ele vai aprender apanhando, e quem sabe seu próximo drama seja mais dramático realmente.

Sobre as interpretações basicamente temos de falar das expressões que o protagonista Josh Hartnett deu para seu personagem, fazendo com que o público sentisse a dor da perna de seu Eric, sentisse frio como ele, e até se desesperasse pelo sinal de música (que não imaginava ter uma tecnologia dessa tão bacana, e claro que o personagem sabia disso!), ou seja, o ator que até hoje fez poucos grandes papeis conseguiu entregar algo bem visceral para que fosse lembrado por outros diretores, e quem sabe abocanhar algo mais chamativo ainda, e com isso ao menos entregou uma personalidade coesa, bons momentos e agradou bastante. Dentre os demais, a maioria teve cenas de briga com o protagonista, alguns certos desesperos e até uma certa apatia da jovem do serviço de resgate, e por isso não tenho como dar destaque para ninguém, apenas dizer que fizeram o básico.

Sobre o visual da trama, filmes com neve só quebra a equipe para ficar no frio intenso, mas basta ir para uma grande montanha, com muita neve para todos os lados, florestas espaçadas, e claro alguns lobos treinados para não atacar a equipe, e a escolha aqui foi de Utah, aonde a grande região montanhosa deu uma paisagem perfeita, bons elementos característicos para a trama, e aí a equipe só necessitou trabalhar bem a maquiagem das pernas e ir congelando o cabelo, fazendo algumas cicatrizes e o resultado visual acabou bem convincente. Da questão fotográfica, o branco da neve é algo sempre muito bonito de ver, que se encontrado bons ângulos acaba sendo incrível de ver, e aqui aconteceu isso, colocando bons efeitos de nevasca, tons cinzas na noite para dar um ar mais temeroso, e até mesmo nos flashbacks puxados para tons azulados acabou diferenciado, embora o exagero tenha cansado como já disse mais para cima.

Enfim, é um bom filme que poderia ser incrível se não tivesse tantos defeitos técnicos, mas vale para quem gosta de algo motivacional sobre perseverança e atitude. Portanto recomendo ele com todas essas ressalvas, e finalmente encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa, mas volto já na quinta com mais estreias, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Victoria e Abdul - O Confidente Da Rainha (Victoria & Abdul)

12/19/2017 01:39:00 AM |

Olha, já vi muitos filmes bonitos de essência que conseguiram tirar um sorriso dessa cara amarrada do Coelho, mas como "Victoria e Abdul - O Confidente da Rainha" foram bem poucos, pois o longa é levíssimo, trabalha demais na personalidade e no carisma dos personagens, e mais do que isso, ele não necessita de nada além do diálogo dos protagonistas, podendo funcionar bem num teatro ou até mesmo em um elevador, que agradaria e trabalharia de forma icônica com simplicidade e bons trejeitos, mas como colocaram num palácio e com muitos adereços então, a produção acabou ficando impecável e só não foi melhor por exageros técnicos desnecessários, que acabaram caindo no tradicional clichê de ponto de virada e tudo mais, mas felizmente isso não vai atrapalhar em nada a experiência de quem gostar de um bom filme cômico com pitadas dramáticas.

O longa nos situa em 1887, cidade de Agra, na Índia. Dois jovens locais são escolhidos para viajar até Londres de forma a presentear a rainha Victoria com uma valiosa moeda local. Ao chegar, tanto Abdul quanto Mohammed estranham bastante os costumes da realeza britânica, sempre a postos para mimar a rainha. Ao entregar a moeda, Abdul quebra o protocolo e encara a monarca. Tamanha ousadia chama a atenção da rainha Victoria, que através de várias conversas não só passa a conhecê-lo melhor como também o transforma em seu conselheiro. Esta decisão não agrada nem um pouco a corte inglesa, que não entende como um humilde indiano pode ser detentor de tal honraria.

A mão de Stephen Frears para longas trabalhados em sentimentos é algo tão bem dominado que já vamos para o cinema sabendo o que veremos, e o melhor é que raramente ele nos desaponta, sempre entregando doçura nos enquadramentos e deixando que os protagonistas resolvam a dinâmica da melhor forma possível, criando as nuances, trabalhando cada momento como único, e fazendo com que a história baseada (a maior parte como dita no começo do filme) em algo que realmente aconteceu fluísse sozinha divertindo o público nas excelentes cenas, e também tivesse os momentos mais dramáticos para que emocionasse na medida certa sem apelar. Então você deve estar achando que foi tudo perfeito, e é aí que se engana, pois a trama tem alguns dos defeitos mais cruéis que alguns longas possuem, o de usar moldes, como por exemplo chuva no ponto de virada (que até meu primo de 3 anos já deve saber que a coisa vai azedar quando começa a chover com trovoadas em filmes), personagens armando algo para dar um golpe, e por aí vai, que não é ruim de acontecer, mas que já ficou tão piegas que poderiam facilmente ter criado algo mais singelo que funcionaria da mesma forma e agradaria bem mais de uma maneira mais criativa. Volto a frisar que isso não atrapalha o andamento da trama, mas ficou falho como algo que poderia ser melhor.

Sobre as atuações, Judi Dench já está indicada à maioria das premiações, e certamente estará em todas, pois sua Victoria é mais do que perfeita, encaixada com minúcias numa personalidade tão centrada com compostura de rainha, vivência de uma imperatriz e sabedoria que poucas atrizes conseguiriam transformar uma velha gorda em algo tão primoroso e de um luxo tamanho que não tem como não se encantar, de modo que ainda não vi os demais filmes que as atrizes estão indicadas, mas minha torcida já tem nome! Ali Fazal caiu muito bem também na personalidade de Abdul, trabalhando olhares, criando sotaques e incorporando cada momento como um passo a passo para se tornar algo grande, mas sinceramente seu final é algo que não imaginava acontecer, ainda bem que é falado nos créditos algumas palavras, senão sairia nervoso do filme, pois o ator foi muito bem e mostrou o quão importante foi o personagem na história. Adeel Akhtar caiu como o mote cômico da trama com seu Mohammed, encaixando piadas onde nem sequer haveria, mas sendo sincero ao menos no pensamento que muitos ali teriam, ou seja, bem colocado. Dentre os demais personagens, praticamente todos entraram como encaixes na história, sempre procurando acabar com a amizade dos personagens principais, e dentre eles temos de citar como boas atuações, Eddie Izzard como um Bertie bem mal-humorado cheio de marra, Paul Higgins como o médico real Dr. Reid completamente humilhado pela protagonista, mas sendo de uma comicidade sem tamanho com as situações que se envolve, e Tim Pigott-Smith como um inconformado primeiro-ministro que por pouco não explode de raiva com tudo o que vê da rainha fazendo. Ou seja, um elenco de primeira linha bem encaixado e que trabalhou muito bem.

Já disse no começo que o visual da trama pouco importava, pois a essência dos diálogos aqui foi muito maior (e olha que pra um produtor falar isso é algo que pode chover a qualquer momento!), mas visto toda a cenografia bem encaixada, com um palácio riquíssimo em detalhes, figurantes bem vestidos prontos para cada cena ser melhor que a outra, casas de veraneio perfeitas, locações no meio do nada cheias de detalhes e muitos outros momentos perfeitos foram tão precisos que mostrou que a equipe de arte não estava para brincadeira, criando algo completamente bem conexo e pesquisado para que tirando os momentos com muitos navios num CGI completamente desnecessário, fossem perfeitos e incríveis de ver. A fotografia como todo bom drama cômico ousou pouco em sombras, deixando que os tons escuros predominassem mais nas vestimentas dos personagens e se contrapusessem com iluminações de contra para que os personagens se realçassem, ou seja, algo comum de se ver, mas que foi trabalhado de maneira bem sutil para que o longa não ficasse carregado com tantas roupas escuras.

Enfim, é daqueles filmes que você assiste e nem vê a hora passar, sendo agradável em tudo, em que não conseguimos sequer tirar os olhos dos protagonistas, agradando tanto pelo conceito real da trama, quanto pelas boas comicidades que certamente foram colocadas para dar um alívio na tensão. Portanto se estiver passando em sua cidade, não deixe de dar uma conferida no longa, pois certamente vai valer a pena a descontração da trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o último longa que falta conferir nessa semana bem comprida, então abraços e até breve.

Leia Mais

O Motorista de Táxi (Taeksi Woonjunsa) (A Taxi Driver)

12/18/2017 01:20:00 AM |

Chega ser até difícil formar palavras sobre o quão impactante foi ver o filme "O Motorista de Táxi", pois a trama inicialmente parece meio boba, ao mostrar um motorista bem pobre, alienado que nada está acontecendo no seu país, com uma mentalidade bem pequena e com manias bem estranhas e cômicas, mas com o andamento da história, as fortes cenas de guerra contra o povo na cidade, e até mesmo a maneira que mostra a distorção dos fatos para que a imprensa foque a favor da ditadura e não do povo vai vertendo em algo tão forte, duro e emocionante que a vontade era de aplaudir o diretor de pé caso estivesse na sessão, pois muitos já fizeram filmes impactantes, mas poucos conduziram algo com uma maestria tão bem pontuada, sem abusar de diálogos soltos, sendo preciso no que desejava mostrar e criando uma história de pano de fundo bem colocada, que amarrada aos fatos reais relatados pelo repórter, o resultado acabou ficando mais do que perfeito, quase sendo uma ode contra a ditadura, que todos que torcem por isso precisam assistir, e mesmo quem também é contra precisa ver para conhecer mais ainda o que é esse meio de governo impositivo.

A sinopse nos conta que um taxista de Seul é contratado por um jornalista estrangeiro para levá-lo até a cidade de Gwangju. Ao chegar lá, eles se deparam com o lugar tomado pelo governo militar e com os cidadãos, liderados por um grupo de estudantes, reivindicando liberdade. O que começa com uma simples corrida de táxi se torna uma luta pela sobrevivência em meio à Revolta de Gwangju, evento real que aconteceu na Coreia do Sul em maio de 1980.

Não vou falar que já vi qualquer um dos filmes do diretor Hun Jang, pois certamente estaria mentindo, mas vendo os temas e pôsters consigo observar o quão fácil foi trabalhar a criatividade de guerra desse novo filme, pois já trabalhou muito com o tema de enfrentamento, apenas teve de verter ele para as manifestações públicas ao invés de lutas de soldados, e com isso, o que ele fez foi algo tão bem encaixado, que não vemos nenhum subjetivismo incorporado, apenas a forma mais crua de fazer arte e trabalhar bem a opinião pessoal sobre um tema, colocando fatos reais juntos de uma história contada, que como é dito no final, ele nunca mais encontrou o taxista, então não temos uma outra versão dos fatos, mas de certo modo a forma trabalhada foi desenvolvida da melhor forma possível, conseguindo divertir em muitas cenas, fazer com que ficássemos bravos em outras, e claro emocionando na maioria das situações, criando uma trama de diversos sentidos, que funciona bem e resume de forma incrível cada ato que já foi visto em manifestações mundo afora, que por muitas vezes foram até "amenizadas" pela imprensa em favor dos políticos do país.

Sobre as interpretações, temos de falar basicamente dos dois protagonistas, mas tenho que pontuar sem dúvida alguma as boas expressões carismáticas de todos, procurando sempre ajudar e sendo determinantes nos seus momentos para que o filme funcionasse como um todo. Dito isso, é fato que a escolha de Kang-ho Song para o papel de Kim foi algo bem posicionado e incrível ao mesmo tempo, pois seus trejeitos, postura e tudo mais caíram como uma luva bem encaixada para com o personagem, trabalhando inicialmente como uma pessoa positivista, acreditando que o país é o melhor lugar do mundo, indo contra as notícias, mas ao ver a realidade, o ator incorporou uma faceta tão expressiva, que vamos junto com ele no desespero de sair dali, mas também salvar seus co-irmãos, ou seja, perfeito para o papel. Thomas Kretschmann é bem conhecido por fazer grandes produções de ação, mas aqui ele praticamente falou bem pouco com a voz, afinal um alemão falando inglês no meio da Coreia com todos falando em outra língua não seria tão interessante, mas ao menos deu um bom tom divertido no começo, mas ele não precisou de sua voz para mostrar o grande feitio, mas sim com olhares aflitivos de repórter que quer mais, mas já não sabe como, sua grande cena é a do hospital quando já desacreditado é entusiasmado a voltar a filmar, e com uma grande ânsia conseguiu mostrar como sobreviveu graças ao taxista e mesmo que o real Peter tenha morrido no ano passado, ele certamente um dia irá encontrar seu amigo Kim.

Com toda certeza a equipe de arte deve estar procurando o diretor para receber um cachê dobrado, pois foram chamados para um drama envolvendo um táxi, e acabaram no meio de um filme de guerra, com armas, soldados, muitos tiros, figurinos e maquiagens destroçadas, cidade em caos e tudo mais que você possa imaginar, ou seja, um trabalho imenso de grandiosidade de produção de nível altíssimo, mas visto como um filme de arte singelo, que acabou acertando nos detalhes e valeu cada centavo investido na produção para marcar em todo lugar como um filme que precisa ser visto, ou seja, um trabalho perfeito da arte. A fotografia encontrou ângulos precisos para relatar tudo, trabalhou cada nuance no meio da fumaça e do caos, encontrou tons e cores para realçar cada momento, ousou em sombras e luzes, fazendo com que o filme tivesse uma densidade tão precisa que volto a frisar, lembrarei muito desse longa.

Enfim, um filme que me tocou demais, que fui ver desacreditado que seria tão bom quando vi o trailer, mas que vale demais por tudo o que passa, fechando com certeza a Mostra Internacional (ou ao menos os 10 filmes que vieram para cá) como o melhor de todos, e que certamente irei recomendar para todos que me perguntarem um filme sobre a real vértice da ditadura em um país. Portanto quem puder veja o longa, teoricamente ele estreia comercialmente no Brasil no dia 11 de Janeiro, e vamos torcer para que muitos que desejam esse tipo de governo veja e pense melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando a Mostra, mas amanhã já irei conferir uma das duas últimas estreias que ficaram faltando dessa semana, então abraços e até breve.

Leia Mais

Uma Espécie de Família (Una Especie de Familia) (A Sort of Family)

12/17/2017 10:08:00 PM |

É interessante quando vemos uma produção da Argentina em parceria com o Brasil, que vemos as características de nossas novelas, mas envolvendo temáticas duras que são trabalhadas nos filmes por lá, e o misto geral acaba ficando ao mesmo tempo forte e com uma pegada que fica faltando algo em "Uma Espécie de Família". Não digo que foi um longa perfeito, nem que tenha ficado ruim, apenas ficou faltando algo mais crível para a situação toda, pois uma mulher que deseja ser mãe acabaria fazendo tudo de uma forma bem diferente, e dificilmente faria as mesmas situações de desespero ou a falta dele como a protagonista acabou fazendo. Agora tirando esse desvio, outro detalhe que o filme pontua com força é a famosa venda de adoções que existem em milhares de países, e que quem deseja adotar tem de ficar com o máximo de cuidado até o fim do processo, ou seja, a trama também funciona como um alerta além de ficção.

A sinopse nos conta até mais do que o próprio filme, dizendo que Malena é uma médica de classe média em Buenos Aires. Certa tarde ela recebe uma ligação do Dr. Costas dizendo que ela deve ir imediatamente para o norte do país, pois o bebê que ela estava esperando está prestes a nascer. De repente e sem pensar, Malena decide partir em uma viagem incerta, cheia de encruzilhadas, nas quais ela precisa lidar com obstáculos legais e morais. Ela se pergunta constantemente até que ponto está preparada para conseguir o que mais quer.

Embora tenha usado de muito impacto em sua trama, o diretor Diego Lerman acabou indo por vértices novelescos demais para com seu filme, de modo que se a pessoa já está sofrendo, ou com azar, tem de ir piorando da forma mais deplorável possível, e com isso a trama não se desenrola. Porém longe disso ser ruim aqui, a forma acaba funcionando para prender a atenção do público e para que entrássemos dentro dos sentimentos da protagonista, ou seja, para que fosse inserido algo mais visceral e além de alerta o filme funcionasse dentro de um carisma próprio. Ou seja, temos um filme com funcionalidade, mas que poderia ser visto de inúmeras outras maneiras, e com certeza escolheram a menos correta que é o formato mais próximo de um capítulo de novela. Claro que isso não é errado, mas a trama subverte e depende demais da protagonista e seus surtos, ao invés de recair sobre a história, mas ao menos no final toda essa dureza acaba de uma maneira forte e coesa para a ideia do diretor, que com muita certeza é diferente da do público (ao menos ele não deixou a história aberta como muitos fariam, e deu sua opinião).

Dentro das interpretações, diria que Bárbara Lennie foi bem ampla em sua atuação, incorporando diversos sentimentos e aflorando praticamente todos nos momentos exatos que o longa necessitava com sua Malena, mas claro que certamente faltou ainda aquele detalhe dinâmico para que seus atos ficassem marcados em nossa mente, de modo que sempre soou simples para com suas atitudes. Daniel Araóz entregou um Dr. Costas bem típico de médico de quadrilha, que faz tudo parecer bonzinho, mas que no fundo está envolvido em muitos esquemas, assim como todos do hospital, fazendo caras e bocas mas nada que impressionasse pelas expressões, mas sim pelo conteúdo de suas atitudes. Yanina Ávila trabalhou pouco com sua Marcela, mas mostrou o desespero tradicional de mulheres que sofrem as atitudes de ter que "vender" seus filhos para poder criar os demais, caindo sempre no golpe das quadrilhas, e seu grande momento claro foi na saída do hospital tão mais impactante quanto a sua cena final. Claro que como líder da quadrilha tínhamos de ter uma atriz brasileira, e isso ficou a cargo de Paula Cohen, com olhares de boa moça para informar, mas totalmente expressiva na hora de contar o dinheiro, ou seja, a loba vestida de cordeiro.

Visualmente o longa escolheu locações bem pobres para expressar a ambientação de lugares criminosos, como um hospital no meio do nada, praticamente abandonado e funcionando apenas em prol da quadrilha, e que desde a primeira cena expressa uma certa estranheza que não sabemos o que é mas que mais para o fim descobrimos, casebres jogados em regiões quase desérticas, e claro famílias pobres que dependem dessa "ajuda" para sobreviver. Junto disso coloque símbolos como a nuvem de gafanhotos, a má sorte da protagonista na lama com seu carro, e muitas outras coisas que foram colocadas como referências e arquétipos para que a trama tivesse um tom mais fantasioso, ou seja, um trabalho da arte feito com minúcias, mas que pouco refletiram na melhoria da história.

Enfim, é um filme interessante, mas que não ousou como poderia e acabou entregando algo mais simplista e simbólico do que realista, claro tendo as devidas doses de informação e alerta, além claro de fazer com que o público refletisse quais atitudes teriam em cada momento (e revelo a minha, que se fosse a protagonista, pegaria a criança no hospital mesmo e dava adeus correndo!). Ou seja, não é um filme que vai agradar muita gente, mas que vai moldar bem as ideias de quem for conferir, sendo assim recomendo ele com ressalvas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a crítica do último filme da Mostra, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

O Jovem Karl Marx (Le Jeune Karl Marx) (The Young Karl Marx)

12/17/2017 03:08:00 AM |

Muito se fala sobre comunismo, sobre um modo de vida, sobre burguesia e proletariado, mas muitos que falam disso sequer leram ou viram algo sobre Karl Marx, então porque não fazer um longa contando o começo da vida adulta desse homem que foi um dos grandes pensadores e que revolucionou o mundo na sua época com grandes ideais, e eis que ao cair nas mãos de um diretor premiado por documentários, o resultado de "O Jovem Karl Marx" é uma ficção com um ar tão documental que acompanhamos os personagens, suas ideias, seus trejeitos como se estivéssemos vendo cada um falando como foi a época, os personagens que marcaram a política nos anos 1800, lugares que frequentou e tudo mais, ou seja, um filme muito bem pesquisado, com um ar de realidade incrível e que funciona muito bem dentro do contexto de época que se propõe a mostrar, e assim agradar quem gosta de um filme mais fechado de época.

A sinopse nos mostra que aos 26 anos, Karl Marx embarca para o exílio junto com sua esposa, Jenny. Na Paris de 1844, ele conhece Friedrich Engels, filho de um industrialista que investigou o nascimento da classe trabalhadora britânica. Engels oferece ao jovem Marx a peça que faltava para completar a sua nova visão de mundo. Entre a censura e a repressão, os tumultos e as repressões políticas, eles liderarão o movimento operário em meio a era moderna.

O diretor Raoul Peck sempre foi mais conhecido pelos documentários fortes que fez, e ao colocar as mãos em um roteiro ficcional com a possibilidade de trabalhar vértices documentais, ele não pensou duas vezes e reeditou o trabalho do roteirista Pascal Bonitzer para que sua trama não criasse um Marx heroico ou talvez líder de massas, como já vimos acontecer com outros revolucionários, mas sim um homem "comum" que adotou um estilo de vida com mulher, filhos, e que ao estudar muito outros pensadores e economistas, sempre procurou criar suas próprias ideias, e que junto de outros grandes nomes conseguiu revolucionar uma época por moldes ideais, que muitos vão contra, outros a favor, mas como filme o que vale é a forma didática e bem empregada de cada ato, trabalhando as reuniões dos figurões, a forma que lidavam com os personagens de várias camadas sociais, e principalmente o conceito da época, ou seja, um trabalho preciso do diretor e do roteirista para que tudo fosse contado com minúcias, criando algo bem eloquente e trabalhado sem que ficasse forçado para um cunho social de opiniões dos criadores.

A interpretação que August Diehl deu para seu Karl Marx pode até parecer simplista, pois não vemos nenhuma expressividade forte, nenhum momento explosivo chamativo, mas com olhares neutros e dinâmicas coesas para entregar seus pensamentos, o resultado acabou bem colocado e cheio de nuances. Junto dele claro tivemos ótimas cenas de Stefan Konarske como Friedrich Engels, que mostrou como um homem com família de muitas posses mudou de lado para estar ao lado dos trabalhadores, e com pensamentos bem fortes também chamou a atenção com muito estilo e classe. Vicky Krieps fez a tradicional mulher da época com sua Jenny, abandonando a família pelo amor de sua vida, e parindo filhos e mais filhos, e se assustando com as que não fazem isso, mas com boas dinâmicas em apoio ao marido conseguiu agradar bastante também. Olivier Gourmet acabou entregando um Proudhon interessante que conseguiu mostrar vértices políticos com estilo, coisa rara de ver em personagens desse porte, e ao trabalhar bem a classe ele soou forte e colocado dentro da proporção do personagem. Hannah Steele apareceu pouco com sua Mary Burns, mas mostrou muita personalidade e conseguiu chamar a atenção do protagonista, e claro que seu momento forte ao final foi algo que para a época mostrou muita personalidade, se claro foi algo real isso também. O longa contou com muitos nomes fortes de personagens politizados, em que a maioria dos atores também foi colocado para chamar atenção aos detalhes, mas nada que ficasse chamativo a ponto de se destacar, apenas podemos dizer que foram corretos de trejeitos, e ajudaram os protagonistas para que estes sim se destacassem em todas as cenas.

Sempre costumo dizer que o estilo mais difícil de retratar em longas é o conceito de época, pois arrumar locações coerentes, determinar figurinos e impostar maquiagens para que os personagens fiquem o mais próximo de fotos e ilustrações é algo que envolve muita pesquisa, onera os orçamentos e acaba nem sempre agradando como poderia, diferente de outros estilos que basta inventar e pronto já irá encher os olhos de todos, e aqui o trabalho foi tão bem feito que nos vemos no meio da revolução industrial com suas fábricas a todo vapor escravizando tecelões, crianças, mulheres e tudo mais por mais e mais lucro dos empresários, vemos as montagens políticas orquestradas, as polícias invadindo lugares e prendendo jornalistas e pensadores, e tudo com figurinos na medida certa para que encaixassem o visual da trama nas locações e tudo soasse perfeito. A equipe de fotografia foi muito ajudada pela técnica de efeitos com chuvas, sombras e iluminações que colocaram tensões nas cenas, determinando cada ato como algo bem visual e quase fotográfico de estampar livros, ou seja, uma precisão técnica bem elaborada.

Enfim, um filme que até contém alguns momentos desnecessários, mas que agrada tanto pelo conteúdo e pela forma que foi desenvolvido, que vale demais a conferida tanto para conhecer o começo do comunismo, mesmo que retratado como algo 100% bom e necessário, mas que também mostrou a vida de personagens fortes da época funcionando bem como algo biográfico e interessante de se conhecer. Portanto assim que estrear comercialmente no final do ano, quem puder confira. Bem fico por aqui hoje, mas volto em breve com os dois últimos textos da Mostra Internacional, e ainda tenho mais duas estreias normais para conferir, então abraços e até logo mais pessoal.

Leia Mais