A Estrela de Belém (The Star)

11/26/2017 11:59:00 PM |

É engraçado que gostam de fazer reboot de tudo o que possa ser feito, mas o que fazer quando uma das histórias bíblicas mais conhecidas já não tem mais como ser contada de outra forma? Vamos olhar pelos olhos dos animais que estiveram envolvidos, simples! E assim, eis que "A Estrela de Belém" vem apresentar o nascimento de Jesus e o primeiro Natal de uma maneira bem singela, gostosa e divertida, com animais bem colocados, que sem abusar da inocência, nem da inteligência das pessoas consegue trabalhar agradando tanto os pequeninos (que acabam torcendo para alguns bichos inusitados!!) quanto os mais velhos que vão até se emocionar com alguns momentos. Ou seja, um filme que é datado, sendo sempre exibido nessa época do ano, mas que certamente muitos assistirão a trama muitas vezes com as crianças, pois ficou muito gracioso e inteligente, com uma alegria fora do comum para uma animação "bíblica".

A sinopse nos conta que um pequeno, porém bravo, asno chamado Bo, anseia por uma vida melhor. Um dia ele encontra a coragem de se libertar, e junto de seus novos amigos começa uma jornada. Agora eles seguem uma estrela e acabam se tornando heróis acidentais na maior história já contada, o primeiro Natal.

Depois de ter seu curta-metragem animado em stop-motion indicado ao Oscar, o diretor Timothy Reckart encarou um desafio e tanto com esse novo longa, pois além de mudar de estilo, ele agora encarou algo que muitos filmes já mostraram e o ar de novidade principalmente em animações é algo que conta muito. Porém felizmente o acerto em trabalhar com animais foi muito bem incorporado, e principalmente fez com que a trama funcionasse de uma maneira simples e bem feita, que não mostrou nem muita ousadia e texturas, mas também não pecou com traços falhos, e assim sendo o resultado que o diretor acabou entregando foi algo que a história em si se conta sozinha, e que acaba virando mais uma aventura dos personagens do que uma tensão bíblica como poderia ser contada, e isso já mostra um acerto de não forçar a barra para que o longa ficasse correto, mas também não debochasse de algo já tão conhecido. Ou seja, ele fez um filme animado que funcionasse para toda a família e agradasse diversas gerações sem deixar de ser sincero com a crença na história original.

Sobre os personagens é difícil não se conectar com cada um, desde burrinho carismático (quase um cachorro de tão fofo) Bo, passando pelo pombo Davi com suas loucuras, a ovelha Ruth e sua dinâmica agitada e os camelos Deborah, Ciro e Felix cada um com um trejeito e estilo diferenciado, e até mesmo os "vilões" da trama, os cachorros conseguem ser bem colocados, divertindo de uma maneira icônica. Quanto os personagens humanos, todos foram bem trabalhados com estilo próprio e tiveram características simples, para que a história se mantivesse fiel, colocando muita humanidade e destreza na forma de condução para com Maria e José, além de todos outros personagens que já ouvimos tanto falar. Quanto ao desenho deles, tivemos texturas mais retas, mas ainda assim conseguiram agradar visualmente, e claro que a dublagem ficou bem bacana, senão esse Coelho aqui já estaria reclamando muito, funcionando tanto as piadas, quanto a simbologia do ato natalino em si.

Como já falei das texturas, o que posso dizer do conteúdo visual é que a trama trabalhou bem as cores de cada personagem para que cada um pudesse ter o destaque em camadas, e assim o público mais jovem pudesse se conectar com eles, funcionando bem de forma agradável e sem muitos exageros cênicos, ou seja, simples e eficaz.

Uma coisa que talvez mudaria, foi a forma musical da trama, que mesmo contando com muitas músicas novas e bem colocadas, as quais você pode ouvir aqui, acaba entrando em momentos espaçados, quase que forçando o público a ouvir elas, e não se integrando a trama, mas isso é algo particular que talvez na versão original tenha funcionado com legendas, mas só saberemos o dia que vermos legendado, o que não deve ocorrer tão cedo. Não digo que tenha ficado algo ruim, só não ficou perfeito como poderia.

Enfim, é uma animação muito gostosa e bonita que recomendo para todos. Felizmente não inventaram de trazer ela em 3D, pois aparentemente não temos nada que pudesse ser destacado de tela, e com isso seria apenas gasto de dinheiro em vão para o público, mas o que vale aqui é a essência e a bela mensagem que a trama conseguiu passar dentro da história completa, além da mensagem tradicional do Natal. Portanto fica a dica para levar os pequeninos, e também para os adultos curtirem uma nova versão do nascimento de Jesus. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já meio que adiantado, afinal esse foi apenas pré-estreia da próxima semana, mas na quinta volto com mais filmes, então abraços e até lá.

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Não Devore Meu Coração

11/26/2017 03:23:00 AM |

Sempre vou acreditar que podemos ter um cinema brasileiro estiloso e diferenciado, sem a necessidade de fugir do comercial, mas ultimamente ou vemos algo completamente artístico, ou algo que vai atingir a grande massa! Dito isso, tenho de falar que facilmente "Não Devore Meu Coração" embora seja uma produção linda no conceito estético, possua excelentes atuações (inclusive com Cauã Reymond surpreendendo! - o que é raro!) e contenha uma história bem elaborada, não irá conseguir segurar o público normal de cinema, tanto que o casal que estava mais para trás na sessão ameaçou ir embora umas três vezes, desistindo e resolvendo ver até o fim para ver que rumo tomaria a história, e com um ritmo bem desenvolvido e cadenciado, por pouco a trama de 106 minutos não vira uma novela imensa de muitas horas, claro que felizmente com um formato bem longe do novelesco, que agrada demais quem for procurando uma boa obra artística para conferir. Ou seja, como costumo dizer é um filme para poucos, e que vai funcionar muito para esses poucos, pois contém tudo o que devemos ver num bom longa de classe e ainda envolver com uma história criativa (embora tenha essência de vários clássicos da literatura!) e bem trabalhada.

A história nos mostra que Joca, um jovem de treze anos, descobre o amor quando conhece Basano, uma menina paraguaia. No entanto, para conquistá-la, Joca passará por grandes dificuldades relativas a problemas na fronteira entre o Brasil e o Paraguai e seu irmão Fernando, que pertence a uma perigosa gangue de motociclistas.

Sei que é mais fácil fazer um longa capitular, pois ao mesmo tempo que você "explica" para o espectador o que deseja que ele veja naqueles momentos, você acaba trabalhando todo o conceito do ato fechado, quase que deixando a história de forma independente, porém esse é um modo muito fraco se você não souber trabalhar bem a trama ao redor, além de cansar com uma forma não linear, ou então, mais criativa de apresentar cada momento, transformando a trama em um livro que possa ser foleado e que quem desejar pular algo fique a vontade. Ou seja, a grande sacada que o diretor e roteirista Felipe Bragança acabou usando em demasia não tornou seu filme um ato emblemático como já vimos em outros longas capitulares (apenas para citar, quem faz isso maravilhosamente bem é Tarantino), mas sim acabou criando um livro visual que podemos não gostar de algo e esquecer aquele momento desconexo, quase podendo pular uns dois ou três capítulos funcionando o resultado final como foi entregue. Não digo de forma alguma que ele tenha falho no conceito que quis passar, mas poderia facilmente entregar a história todinha sem precisar quebrar a todo momento, apenas criando encaixes melhores. Sendo assim, uma dica para quem for conferir, tente evitar ler os títulos dos capítulos, que talvez a explicação criativa seja melhor do que a escrita.

Dentro do conceito das atuações temos de ser sinceros ao dizer que escolheram bem Cauã Reymond para dar vida ao personagem Fernando, pois ao mesmo tempo que trabalha o ar bad boy que ele costumeiramente faz, ele conseguiu expressar fortes traços serenos de quase um pai nas conversas com o jovem Joca, mas como destaque temos de citar suas cenas junto de Telecath, e principalmente na cena com a mãe aonde mostrou ser impactante sem destoar da cena. O estreante Eduardo Macedo foi determinante nas cenas de seu Joca, criando tanto uma boa dinâmica, quanto um carisma gigante para que conectássemos ao seu personagem mesmo que por diversas vezes seu amor platônico pela garota seja algo difícil de encarar, mas como bem sabemos o primeiro amor é algo que marca, e aqui o jovem fez isso muito bem. E se teve alguém que conseguiu um destaque expressivo foi a também estreante Adeli Benitez que fez com sua Basano, sem perder a compostura artística em momento algum, tendo um ar interpretativo que poucas vezes conseguimos ver alguém tão nova fazendo, e assim sendo teremos de observar sua carreira, pois pode despontar forte em outros longas. Dentre os demais que saem um pouco do trio principal temos Marco Lori tentando chamar a atenção com um expressivo Telecath, mas também soando como alguém de presságios e características místicas que chamam bem a atenção, e pelo outro lado mais negativo tivemos uma participação meio que jogada do pai dos garotos interpretado por Leopoldo Pacheco. Temos algumas rápidas participações de Ney Matogrosso como um Mago, que deram uma pegada mais mística para a trama, mas nada que mostrasse uma grande expressividade do cantor.

Se vai fazer um filme artístico, o mínimo que se espera é um conceito visual de primeira linha, aonde a estética fale por si e agrade demais nesse conceito, e aqui o longa fez tudo isso com muito louvou, ao escolher ótimas locações que criaram símbolos com muita cenografia de precisão e que junto de ótimas escolhas de ângulos, acabou transformando uma trama singela em algo bem mais ousado e trabalhado. Além disso, aparentemente usaram vaga-lumes reais para compor uma cena (criando algo lindo de se ver), colocaram muitas motos para realçar as cenas das gangues, e principalmente casas simples jogadas no meio do nada para mostrar o clima de guerra na fronteira sem forçar a barra, nem deixar abstrato demais. Com uma fotografia mais densa, a trama conseguiu ousar em determinados pontos para auxiliar na tensão, no romantismo poético, e até mesmo criar uma ambientação misteriosa e mística, mas o principal ponto foi o design perfeito que optaram por seguir para que tudo ficasse simbólico e incrível.

Enfim, é um filme poético e bem trabalhado, cheio de nuances, mas que falhou principalmente no modelo capitular demasiado explicativo e em alguns momentos enrolados demais que acabaram alongando demais a trama, mas nada que atrapalhasse o resultado final. Claro que é um filme que o público comercial não irá curtir, pois sai do elo tradicional e do ritmo agradável para se acompanhar uma trama, mas quem gostar de longas de festivais, artísticos e mais cheios de mensagens, certamente irá gostar bastante do que verá. Portanto fica a recomendação de mais um longa nacional de boa qualidade, que vai surpreender pelo lirismo entregue. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Mark Felt - O Homem Que Derrubou A Casa Branca (Mark Felt: The Man Who Brought Down The White House)

11/18/2017 09:16:00 PM |

O escândalo de Watergate já teve tantos filmes contando os bastidores que fica até difícil um conseguir superar o outro, e com isso sempre procuram trabalhar algum vértice não mostrado ou melhorar alguma questão de diálogo, trabalhando algum personagem diferente da história, de modo que acho difícil não sabermos exatamente o que vai ocorrer, ou ter alguma surpresa com cada filme novo. Sei que muitos também nunca viram nenhum filme, e nem sabem o que ocorreu no ano de 1972 em um dos maiores episódios de corrupção dos EUA, então pra esses recomendo ver o filme "Mark Felt - O Homem Que Derrubou a Casa Branca", mas com muita força de vontade, pois aqui a trama é tão dialogada, tão lenta, tão cansativa que até ficamos envolvidos pela história, mas a falta de dinâmica acaba cansando mais do que deveria, e mesmo sabendo que esse estilo é assim, o resultado acaba falhando mais do que agradando. Não digo que a história em si seja mal-contada, apenas falharam no ritmo da trama para que tivesse algo empolgante como um suspense policial bem colocado que agradaria bem mais.

A sinopse nos mostra que sendo o segundo homem mais poderoso do FBI, Mark Felt crê que irá assumir a organização após a morte de J. Edgar Hoover, mas tem seu tapete puxado pela Casa Branca. Incomodado com a intromissão da presidência em sua área, ele desobedece ordens engajando-se na investigação do escândalo de Watergate e se torna o principal informante da imprensa, o Garganta Profunda.

Realmente o diretor e roteirista Peter Landesman gosta de política como tema central de seus longas, pois depois de "JFK, A História Não Contada" e "Um Homem Entre Gigantes"(que tem um leve cunho politizado, mesmo envolvendo mais o futebol americano), agora ele volta ao tema forte de corrupção em seu terceiro filme, brincando com a bagunça que foi feita nos anos 70 com governo tentando atrapalhar FBI e vice versa num dos escândalos mais fortes do governo americano. Sendo seu terceiro filme como diretor, fica bem claro que seu estilo é lento, portanto já sabemos que quando lançar algo novo iremos ver algo calmo sem quase nenhuma dinâmica, mas o grande problema aqui nesse filme foi mesmo o filme sendo baseado em algo real, usando inclusive como base o livro do próprio Mark Felt, ter deixado que as situações ficassem maiores do que os personagens, pois talvez se os personagens chamassem a responsabilidade, e tivéssemos um filme de espionagem com suspense em cima da execução policial, mesmo que a ficção fosse trabalhada além da história real, teríamos um filme muito mais envolvente e certamente menos chato. Ou seja, faltou para o diretor sair do roteiro e entregar uma trama realmente, não apenas uma história contada. Como costumo dizer é um filme expressivo, com uma trama que é interessante, mas que faltou atitude para virar algo memorável e bom de se assistir.

A carreira de Liam Neeson é estranha, pois consegue entregar tanto filmes de ação sem limite que torcemos muito para ele, como também costuma colocar expressividade em dramas fortes de modo que ficamos pensando se ele está curtindo realmente o que está fazendo, por exemplo aqui seu Mark Felt foi muito bem caracterizado, teve bons momentos expressivos, mas ao final aparentava estar cansado com a produção em si, não que o personagem estivesse exausto dos 30 anos de carreira, mas sim o ator com o que teve de fazer, ou seja, aparentava estar ali pelo dinheiro somente, e isso não é legal de ver. Chega até ser difícil falar de qualquer outro ator no filme, pois temos até muitos grandes nomes no elenco, mas a maioria somente aparece e dá alguma grande cartada com o protagonista e em seguida quase desaparece de cena, o que soa bem estranho para um filme envolvendo políticos e com muito diálogo envolvido, de modo que todos poderiam se destacar ou até aparecer mais, tendo nesse caso um leve destaque para Marton Csokas como L. Patrick Gray e Michael C. Hall como John Dean. Também temos o lado família de Felt, e embora seja algo completamente desnecessário na trama (apenas para mostrar que o grande nome do FBI também usou seus dados para algo particular), Diane Lane fez duas boas cenas como Audrey Felt, mas nada que seja surpreendente.

No conceito visual, se falarem que o filme custou muito temos de ir atrás do dinheiro, pois basicamente o longa inteiro foi feito dentro de salas de escritório, sem quase nada ocorrendo para impressionar, tendo mesas, documentos e figurinos apenas para compor a cenografia, mas nada impressionante também, ou seja, um filme de época que não necessitou muito para ser trabalhado, já que não se necessitou muitos elementos cênicos para desenvolver a trama. A fotografia trabalhou de forma criativa escurecendo quase todo o ambiente, dando foco para os personagens principais nos momentos corretos para que o filme ficasse tenso, mas esse escuro demais chegou a ajudar no cansaço que o ritmo fraco da trama acabou entregando.

Enfim, é um filme cansativo que tem uma história muito interessante, mas que não foi desenvolvido como poderia, ficando bem em cima do muro quanto dos fatos e não chegando a quase lugar algum. Ou seja, se você não gosta de tramas cansativas, fuja, pois, a chance de dormir em grande parte da trama é alta, mas se você suporta esse estilo, pode ser que goste do que verá, pois conhecerá um pouco mais da história americana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica bem curta, mas volto na próxima quinta, numa semana que promete ter ainda menos estreias. Então abraços e até logo mais.

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Uma Razão Para Viver (Breathe)

11/17/2017 02:12:00 AM |

Descobrir uma história interessante faz parte da vida de um produtor, mas como fazer quando a grandiosa história está dentro de sua casa e você precisa arrumar alguém muito bom para contar, interpretar e conduzir ela de modo que fique grandiosa, bem feita e ainda traga todo o simbolismo necessário para que não seja algo em vão? Certamente, essa foi a grande questão na cabeça do produtor Jonathan Cavendish ("O Diário de Bridget Jones") para contar a vida real de seu pai nos cinemas, e embora "Uma Razão Para Viver" tenha sido um filme muito bonito, com ótimas interpretações (que talvez até receba menções para premiações!), o maior erro foi dar a direção completa para um "iniciante" nessa cadeira, afinal Andy Serkis já dirigiu muitos atores em performances expressivas para captura de movimentos, e aqui fez algo incrível com os atores também, mas a trama toda faltou aquela pegada forte que um diretor de peso traria para complementar o roteiro (que é bem interessante por se tratar de algo que mudou o mundo para os deficientes respiratórios!) e que acabaria consagrando a trama como algo muito além do que acabamos vendo nas telonas. Como disse, está bem longe de ser ruim, mas poderia ser imensamente melhor!

O filme nos conta que no ano de 1958, Robin Cavendish, carismático e aventureiro comerciante britânico, sê vê de repente paralisado por poliomielite contraída em viagem de trabalho ao Quênia. Grávida do primeiro filho, sua esposa Diana Cavendish escuta dos médicos que ele jamais sairá da cama e não deverá viver muito mais tempo. Deprimido por não mover nada abaixo da cabeça, Robin inicialmente deseja morrer, mas o inabalável amor de Diana o faz olhar de outra maneira para a situação e desafiar os limites impostos. Baseado em fatos reais.

Volto a frisar que para um primeiro trabalho, o que Andy Serkis entregou como diretor foi o que ele mais sabe fazer: direção de atores num nível incrível, pois possivelmente consiga angariar a segunda indicação de Andrew Garfield para o Oscar, mas como sempre costumamos dizer, no cinema não basta ser um bom diretor de atores, se necessita saber orquestrar todo o resto e ainda reverter um roteiro simples e funcional em algo brilhante, o que Andy não conseguiu aqui, entregando cada cena como algo comum, que até envolve usando do tradicional clichê musical, mas não derruba o público com a comovente história de um amor para se viver. Claro que entregar um argumento para um roteirista e querer que ele retrate a vida de sua família com muito esmero e criatividade é algo que Jonathan não esperava que do grandioso dramaturgo William Nicholson ("Os Miseráveis", "Everest", "Mandela", "Gladiador", entre outros), mas talvez ele poderia ao menos ter entregue um filme mais dinâmico e/ou visceral para que o diretor de primeira viagem apenas captasse as cenas e nada mais, ou que Andy apenas ficasse como diretor de atores, e alguém mais impositivo extraísse tudo o que foi a vida de Robin e Diana, sem ser pelo olhar sereno do filho. Volto a dizer com muita força, o filme é lindo, possui bons momentos, mas faltou a estrela para brilhar, e não foi por quesitos interpretativos.

Já até falei demais das atuações, pois é inegável o trabalho interpretativo que Andrew Garfield conseguiu reproduzir aqui somente com olhares, movimentos de boca, trejeitos faciais e principalmente dicção para que seu Robin ficasse incrível durante praticamente todo o filme, pois inicialmente seu estilo aventureiro e competitivo soou um pouco falso, mas assim que a doença assola a vida do personagem, temos praticamente um novo ator em cena que comoveu e entregou algo que certamente nem mesmo o produtor/filho do personagem esperava ver na tela, incorporando com serenidade e agradando demais em tudo. Claire Foy até possui um bom estilo, uma classe tamanha de interpretação, mas deixou-se ficar muito em segundo plano com sua Diana, pois certamente uma mulher que era teoricamente uma patricinha/madame da época se deixar levar por tudo o que ocorre na trama, é ter muito amor pelo parceiro, e com isso em mente, é difícil vermos sempre apagada e sem muita atitude, sendo apenas alguém amorosa e compreensiva com as maluquices do marido, talvez um pouco mais de primeiro plano para ela, e alguns atos desesperados como fez em duas cenas, deixaria ela mais perfeita para o papel. Dentre os demais, tivemos participações bem espaçadas, tendo cada um, leves destaques cênicos, mas que não chegaram a impressionar tanto pela expressividade/interpretação dos atores, mas sim pelos papéis que desenvolveram, como Hugh Bonneville que entregou o grandioso Teddy Hall criador da cadeira de rodas com respirador, entre outros que foram menores, mas não menos importantes na concepção total, fazendo o principal, deixando que o protagonista se destacasse.

Por ser um filme de época, se passando entre 1958 e 1981, a equipe de arte foi coesa em criar hospitais singelos sem praticamente nenhuma tecnologia (e que chega a assustar como não morriam mais pessoas com as coisas bizarras que eram usadas!), e com locações bem trabalhadas para colocar objetos cênicos representativos para que o filme fluísse bem, de maneira que vemos tudo ali e ficamos pensando em cada detalhe, o que é incrível de ver, mostrando um trabalho minucioso de pesquisa e que claro pelo produtor ter vivido 21 anos junto do pai, viu muito do que ocorreu ali podendo referenciar completamente. Detalhe de como falei da pouca tecnologia, aonde a família vivia, mas ao mostrar um hospital alemão cheio de aparatos estranhos e tecnológicos, o filme deu um choque realmente, principalmente pela frase dita de que hospitais para deficientes eram vistos como prisões, e infelizmente isso não mudou muito até hoje!! Ou seja, um trabalho preciso e bem feito que junto da equipe de fotografia, procurou os melhores ângulos e horários, para que sempre o céu ficasse perfeito, com o sol num tom maravilhoso e muita ambientação de sombras para que os tons encaixassem e ficassem incríveis de ver.

Outro defeito chato do longa é a trilha sonora clichê demais para tentar fazer o público chorar, de modo que no começo chega a fazer chorar de chata e melódica demais, dá uma leve melhorada no miolo, mas volta a forçar a barra no final, ou seja, poderiam ter trabalhado melhor ela para não cansar tanto e ficar monótona demais.

Enfim, é um filme bonito e muito bem interpretado, que teve alguns problemas no percurso para se tornar algo perfeito, mas que vale a pena a conferida tanto para quem gosta de dramas românticos bem feitos, quanto para quem gosta de histórias reais contundentes, ou seja, um grande público, e mesmo com esses defeitos que citei no texto, o resultado final vai agradar e comover quem gostou tanto de "Intocáveis" quanto de "Como Eu Era Antes De Você", pois em diversos momentos a trama lembra ambos os filmes. Ou seja, vá conferir, e curta a sessão, pois vai passar ao menos algumas mensagens bonitas para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana, então abraços e até breve.

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Liga da Justiça em Imax 3D (Justice League)

11/16/2017 01:54:00 AM |

Se tem um estilo de filmes que anda lotando as salas de cinema são os longas de heróis, e mesmo que o molde esteja bem batido, cada novo longa anda conseguindo superar em algum detalhe para que se encaixe bem dentro do estilo, agrade os fãs das HQs, e principalmente agrade quem gosta de cinema também. Pois bem, como sempre digo, ir sem expectativas é a melhor forma de gostar de algum filme e sem dúvida alguma hoje isso foi algo perfeito com "Liga da Justiça", pois além de termos um filme bem montado (que incrivelmente funcionou sem precisar apresentar todos os personagens, e de modo bem inteligente para que todos entendessem tudo o que estava sendo mostrado!) com doses cômicas colocadas na medida certa (sem ser apelativa, e claramente como parte das refilmagens de Joss Whedon, que acertou a mão e o tom que certamente deveria estar mais tenso), cenas de luta trabalhadas com impacto e determinação, mas principalmente colocando boas mensagens que super-heróis devem trabalhar realmente com união, esperança, justiça, e que claramente vai encaixar nos termos que querem para o Universo Estendido DC que tanto se fala, e que agora sim veremos os rumos que vai acabar tomando. Ou seja, um filmaço com bom tom e que agrada bastante do começo ao fim, tendo alguns pequenos deslizes, mas que não atrapalham em nada a alegria que é ver essa formação de grupo de heróis, que iremos torcer muito para que todos os demais filmes funcionem, já começando bem pela "Mulher Maravilha", agora esse, e com certeza "Aquaman" não irá decepcionar, afinal como costumo dizem #InWanWeTrust.

A sinopse nos conta que impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman, Bruce Wayne convoca sua nova aliada Diana Prince para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes - Batman, Mulher-Maraviha, Aquaman, Cyborg e Flash -, poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.

É até interessante falar sobre as direções (no plural mesmo), pois é fácil demais notar as cenas que Joss Whedon dirigiu após a saída de Zack Snyder (por luto em sua família), basta ver diversas cenas mais tensas, com clima mais sombrio no estilo Snyder de fazer filmes, e as cheias de comicidade, com brincadeiras e jogadas mais icônicas tradicionais de Whedon na trama. E por mais incrível que possa parecer, e para alívio dos fãs, Whedon não estragou o resultado, criando bons vértices, e colocando no eixo uma liga realmente que faltava para esse Universo que tanto se fala da DC, pois sempre com filmes desconexos, ao juntar todos os heróis, com suas rápidas cenas de apresentação, mostrando de onde vieram e para onde vão, o resultado acabou sendo bem encaixado, e principalmente, funcional, o que vai agradar tanto quem for ver um longa despretensioso, quanto aqueles que estavam desesperados por esse dia, por serem fãs das HQs desde muito tempo atrás. Claro que há defeitos, afinal, temos praticamente a apresentação de três novos heróis, a introdução de um vilão que ao que é mostrado já esteve em outras brigas, e que voltará mais para frente em outros filmes, e com tudo isso ainda entregaram um longa de apenas 120 minutos (com duas cenas pós-crédito - a primeira meio que uma brincadeira que já ocorre em diversas HQs, e a segunda com algo muitíssimo importante para os próximos longas que virão, que até mesmo quem nunca leu uma HQ sequer vai compreender e falar noooossa!!), ou seja, precisaram fazer algo acelerado, que empolga sim, mas que poderia ter facilmente colocado mais 30 minutos que ninguém iria reclamar. Com isso em mente, a trama desenhou novos ares, colocou um bom vilão, e conseguiu fazer detalhes de uma equipe tão boa, que saímos da sessão torcendo para que venha logo mais filmes individuais de todos, mas principalmente do grupo todo lutando junto com suas devidas qualidades.

Se tinha algo que realmente me preocupava com o filme era a forma que iriam apresentar os novos personagens desse universo, e como os atores se sairiam, e posso dizer sem sombra de dúvida alguma que todos encontraram formas perfeitas para desenvolver cada ato seu, e a forma expressada na tela foi incrível de ver. Para começar, já dissemos algumas vezes que Ben Affleck pode não ser o melhor Batman que já vimos, mas vem sempre entregando algo tão impactante, com personalidade e imposição que ficamos até com medo de excessos persuasivos, o que é um estilo para se pensar quando fizerem seu longa solo, pois pode ser que não empolgue e nem emplaque como ocorreu com todas as demais versões, porém aqui é justamente o que precisava para que a Liga tivesse dinheiro e alguém mais realista, ou seja, foi bem. Gal Gadot empolgou com muita classe, mostrando tudo o que já vimos de bom em seu longa solo, e incrementando ainda mais a personalidade de conciliadora de sua Mulher-Maravilha, de modo que vamos colocando ela como não só como um elo feminino chamativo na Liga, mas sim uma força impactante para chamar a atenção e encaixar não apenas com beleza, mas sim com força e impacto. Ezra Miller caiu como uma luva para o estilo que Flash pedia, pois com uma personalidade bem jovial, despretensiosa e dando um ar cômico cheio de tiradas bem encaixadas e que chega a ser até estranho que seu filme solo possa ser o mais denso do mundo da DC. Outro grandioso acerto (e que muitos até duvidaram por ser bem diferente dos quadrinhos) foi a escolha de Jason Momoa como Aquaman, e com toda certeza ele não decepcionou quem o escolheu, encaixando força, brutalidade e estilo para um rei dos mares, de modo que seu filme solo será algo que certamente vai impressionar já com o pouco mostrado aqui, e mesmo que tenha caído em certas piadas, a personalidade que o ator deu para o personagem ficou incrível. Não é nem spoiler, mas todos sabiam que para a Liga ficar completa, o Superman voltaria, e isso já havia aparecido nos trailers, só não sabíamos de que forma, e Henry Cavill mostrou que é um tremendo de um ator que só precisava de um bom roteiro para chamar a responsabilidade e agradar muito, ou seja, perfeita introdução na história, e perfeita atuação. Embora seja o que mais precisasse de uma introdução melhor, Ray Fisher conseguiu trabalhar bem o estilo de seu Cyborg, colocando muita interpretação dúbia para que ficássemos pensando se ele não mudaria de lado, mas o encaixe foi bem trabalhado, e certamente para se fazer a parte 2 da Liga, vão precisar colocar um longa solo seu para melhores explicações de seu estilo. O vilão Lobo da Estepe ficou muito interessante, e brigou como poucos vilões que já vimos no cinema, e claro que mesmo sendo praticamente todo feito em computação gráfica, suas expressões foram captadas com muita interpretação de Ciarán Hinds, entregando algo bem impactante e interessante, tanto no contexto histórico quanto nos momentos presentes do filme. Dentre os demais, tivemos muitos bons personagens que já apareceram em outros filmes e ajudaram muito na composição completa da trama, entre eles temos de dar destaque para Amy Adams com sua Louis Lane sempre dócil e bem encaixada, J.K.Simmons como Comissário Gordon, Jeremy Irons como Alfred, e até mesmo as leves aparições bem colocadas de Amber Heard como Mera e Jesse Eisenberg como Lex Luthor, que certamente vamos ver muito ainda nos próximos filmes.

Dentro do contexto visual sabemos que o filme todo foi feito com muita computação gráfica, mas ainda assim escolheram boas locações para inserir o enredo e botar toda a tecnologia em cima para criar as texturas, e com isso tivemos um longa com muitos objetos cênicos importantes, figurinos precisos para compor cenicamente cada personagem da melhor forma que conhecemos, e principalmente muitos efeitos para criar o ambiente de guerra, com tudo funcionando e claramente ficando como um dos melhores longas de super-heróis feitos até hoje (no conceito técnico, de história ainda temos outros). Aliado a uma boa conceituada arte, trabalharam muito bem sombras e iluminações para que o filme ficasse denso e cheio de tons, criando camadas dramáticas, ares cômicos e até cenas de espiritualidade bem colocada, para que toda a tensão fosse diluída e o filme funcionasse bem de forma rápida e bem interessante visualmente para todos. É claro que ainda não é o 3D que desejávamos ver em um longa de muita ação, pois como bem sabemos filmar com as câmeras 3D é algo muito caro e grande, que os estúdios acabam fugindo, deixando para que a conversão funcione depois, e felizmente tivemos muitas cenas em perspectiva que aproveitaram bem para jogar elementos para fora da tela, o que é sempre válido (e que as pessoas que pagam por 3D querem ver), e assim sendo, mesmo o longa todo não tendo a tecnologia, o resultado das cenas que tiveram ficaram incríveis e valem por fazer o resultado.

Outro ponto que temos de abranger foi a escolha musical para desenvolver todo o filme, ajudando tanto na concepção da história para dar um tom de resposta, quanto para envolver realmente e criar o ritmo necessário, de modo que temos de ouvir mais uma vez, e não deixaria de colocar o link aqui para todos.

Enfim, é um filme que empolga muito e com toda certeza, como a maioria dos filmes de ação temos muitas falhas também, mas que felizmente acabaram não estragando o que desejávamos ver e assim sendo acabamos saindo da sessão felizes e sorridentes após as duas cenas pós-crédito esperando por muito mais dos próximos filmes. Ou seja, é algo que vai compensar conferir até mais vezes, para achar indicações de outros filmes, fagulhas de easter-eggs, e que vai agradar tanto os fãs mais sedentos quanto quem gosta de longas de aventura e heróis, mas deixo claro que se você não se encaixa em nenhum desses dois estilos, fuja das sessões, pois assim como andamos vendo críticas negativas de muitos filmes desse gênero, a maioria é de pessoas que preferem mais filmes com histórias, dramaticidades e por aí vai, e esse certamente não é um longa desse estilo. Portanto, fica a dica e a recomendação, e aguardo a opinião dos amigos nos comentários abaixo, pois por enquanto eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto das demais estreias que apareceram pelo interior. Então abraços e até logo mais.


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Pai Em Dose Dupla 2 (Daddy's Home Two)

11/12/2017 03:06:00 AM |

O estilo comédia familiar é algo que muitos gostam de conferir, pois mesmo que não faça você se mijar de rir, acaba sempre soando divertido e passando algumas boas lições de moral, e claro que se tiver uma boa dose de comicidade, o resultado acaba indo melhor ainda, pois acaba entretendo com boas situações também. É fácil falar que "Pai Em Dose Dupla 2" supera e muito o longa de 2016, pois quem quiser ler o texto, na época de apenas 3 coelhinhos para ele, e recomendei ver somente se passasse numa sessão da tarde de tão fraco que foi, mas felizmente além de superar, aqui a história soou mais convincente e bacana de ver, pois como bem conhecemos, muitos pais e filhos acabam fazendo coisas e mais coisas para aparecer e com isso o relacionamento acaba se desenvolvendo de forma estranha, e aqui ao trabalhar todo esse mote familiar, sem ficar jogado como foi no primeiro filme, acabamos tendo um resultado bacana e até gostoso de acompanhar. Claro que tivemos também muitos absurdos jogados de forma inútil na tela, e a maioria já até apareceu no trailer (será que acham que isso chamaria público? Pela quantidade de gente na pré-estreia paga hoje, acredito que sim!), mas diferente do que ocorreu no primeiro filme aonde isso só incomodava sem dar sentido à história, aqui ao menos funcionou para o rumo que desejavam tomar. Ou seja, com um ar leve e gostoso, bem no clima natalino que já sentimos ao chegar no shopping todo decorado para as vendas de fim de ano, a trama não vai ser um desastre completo e até vai divertir quem for esperando ver isso, e sendo assim, faz valer a sessão.

A sinopse nos conta que Brad e Dusty alcançaram o status impossível - amizade e co-parentabilidade. Tudo está indo bem até a chegada de Kurt, o pai machista de Dusty, e Don, o pai ultra-sensível de Brad, que chegam a tempo para o Natal. Oposto ao seu estilo progressivo de parentabilidade, Kurt promete tocar fogo na rotina desta família. À medida que as diferenças começam a aparecer, Brad e Dusty precisam trabalhar juntos para sobreviver ao Natal da família e provar que o estilo de pais modernos funciona.

É interessante ver quando um diretor evolui, pois se analisarmos suas obras anteriores, vamos vendo que ele pegou uma filme que fez grande sucesso e acabou estragando ("Quero Matar Meu Chefe 2"), depois fez o fraquíssimo primeiro "Pai Em Dose Dupla", e agora conseguiu enfim colocar situações boas que já havia colocado em outros roteiros seus (por exemplo, "A Ressaca", "Os Pinguins do Papai" e até mesmo em "Família do Bagulho"), e usando um pouco da boa essência de cada um desses filmes que citei, ele acabou criando algo simples, bem familiar sem apelos exagerados, e que consegue trabalhar as situações, não deixando apenas gags cômicas soltas para rirmos, irmos para outro lugar, e ficar algo perdido. Ou seja, ainda está anos luz de ser um diretor/roteirista que vamos desejar ver um filme seu, que vamos recomendar para todos irem rolar de tanto rir, mas que já conseguiu criar uma trama divertida ao menos, e soube dosar as aberrações para que seu filme não estragasse.

Sei que muitos vão discordar, mas não consigo ver muita graça nos protagonistas, pois mesmo Will Ferrell sendo comediante, parece que suas piadas são sempre as mesmas, e seu rosto fica esperando a piada, mas aqui esse seu estilo casa muito bem com a personalidade de Brad, e as situações bobas e bizarras que acaba se envolvendo resultam sempre em algo que já vamos esperando ocorrer, ou seja, um acerto considerável. Agora se no primeiro filme Mark Wahlberg mesmo se fazendo de machão ficou mais bem colocado com seu Dusty, aqui seu personagem aparenta ter entrado num clima bem abaixo do que esperamos ver ele fazendo, o que acaba ficando estranho, pois sabemos do seu potencial e ele vai colocando tanta serenidade no personagem que não condiz com o que é entregue, ou seja, algo bizarro de ver. Agora com certeza o alívio bem tramado, embora aparente não estar no mesmo filme, ficou a cargo de Mel Gibson como Kurt, que mesmo sendo um galanteador fica sempre rindo demais, parecendo estar abobado com algo, o que soa divertido, mas também um pouco perdido, talvez faltando determinar mais sua ação, pois a conexão histórica foi muito bem explicada, e sem dúvida alguma é a parte mais divertida da trama, ou seja, foi um bom acerto de inclusão, mas poderia ser ainda melhor. O mesmo podemos falar de John Lithgow, que incorporou bem seu personagem totalmente bobo Don, e conseguiu ir colocando a comicidade sempre em suas cenas, quase sendo um stand up de vida ambulante, o que para alguns vai ser bacana, mas para a maioria enjoa na terceira cena que faz a mesma situação, ou seja, também falha mais do que acerta. Quanto dos demais, temos boas cenas com a criançada, que dá mais boas lições do que os adultos, mostrando bebedeira infantil, primeiro amor, bullying e por aí vai, mas também temos de dar destaque para agora participando do filme inteiro, a modelo brasileira Alessandra Ambrosio, que no primeiro filme apenas surgiu na última cena, e aqui fez de sua Karen alguém fútil, mas interessante de se observar. Temos também um leve destaque para a participação de John Cena como Roger, e o fechamento com um personagem real marcante nos EUA, mas que aqui soou mais como piada pronta.

Dentro do conceito visual, a trama foi bem certeira em não ficar nas duas casas, indo para um resort de neve, com uma cabana tão incrementada que nem que quisessem arrumar um lugar mais chique não caberia tão bem na trama, tendo tudo para poder desenvolver bem a trama só no casarão, mas ainda tiveram rápidas passagens por um presépio vivo, uma montanha de esqui, uma pista de boliche (as melhores cenas cômicas do filme ocorrem aqui!!) e claro para complementar um cinema aonde temos várias lições bem colocadas, que agradam demais, aonde ocorrem as cenas dramáticas de fechamento bem colocadas, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante para que o filme ficasse bem condizente, e acabou acertando mais do que errando. A fotografia brincou bastante com o branco da neve, e deixou tons pasteis demais na concepção total da trama, o que diminuiu bem a comicidade que o longa poderia atingir, mas nada que fosse impressionante ao ponto de destruir tudo.

Enfim, é um filme bem feito e divertido, que não posso dizer ser a melhor coisa que já vi na vida, mas também foi algo bem mais satisfatório para curtir no fim de semana. Claro que não vou falar para todos saírem desesperados para conferir a trama, pois é algo bem de gosto que alguns vão gostar e outros odiar, pois acaba sendo algo mais singelo e familiar do que um filme de comédia realmente. Portanto se você gosta desse estilo mais leve, vá nas pré-estreias ou aguarde até o dia 23 quando o longa estreia realmente, e esse Coelho que vos digita fica por aqui até a próxima quarta quando estreia mais um grande blockbuster do ano, então abraços e até lá.

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Gosto Se Discute

11/11/2017 01:31:00 AM |

Existem filmes que nos fazem chorar, outros fazem rir aos montes, em alguns casos saímos com medo, outros saímos indignados da sessão, mas também há aqueles que saímos da mesma forma que entramos, sem que nada tenha ocorrido, impressionado ou causado ao menos algum esboço expressivo de nós mesmos, ou seja, aqueles filmes que ficamos pensando o real motivo de não terem tentado fazer algo para ir para algum lado, e infelizmente a única estreia da semana, "Gosto Se Discute" se encaixa nessa gama de filmes, pois até tentou passar fome no público com ótimas imagens de comidas excêntricas (e aparentemente bem gostosas) sendo preparadas, tentou criar pitadas românticas, tentou fazer rir em piadas bem fracas, mas não conseguiu chegar a lugar algum, criando algo bem feito apenas, que já que estamos falando de um filme com temática alimentícia, faltou tempero para dar um toque agradável para tudo o que acabaram entregando (ou melhor, não entregando!). Não digo de forma alguma que seja daqueles filmes que vamos xingar e falar que é a pior coisa do muito, muito pelo contrário, é bem feito e até a Kéfera conseguiu mostrar expressividade, mas não empolga ninguém, e dificilmente será daqueles que vamos lembrar de ter visto um dia.

O chef de um restaurante estrelado, mas um tanto ultrapassado, vê toda sua clientela ir para um novo “food truck” em frente ao seu estabelecimento. Para piorar, ele é obrigado a aceitar uma auditora do banco que quer promover uma verdadeira revolução no restaurante. O nervosismo é tanto que leva o chef a perder o seu paladar. Um novo cardápio parece ser a solução para recuperar o restaurante, mas como criá-lo sem sentir gosto algum?

Sinceramente não sei o que anda ocorrendo com o diretor André Pellenz, pois começou no cinema muito bem com "Minha Mãe é Uma Peça", voltou para a TV bem com "220 Volts" (que até hoje não consegue sair do papel a versão de cinema), derrapou um pouco no infantil "D.P.A - Detetives do Prédio Azul", e agora com um roteiro seu realmente mostrou a falta de conexão total, não sabendo para onde desenvolver seu filme, de modo que podemos dizer que realmente o grande problema do longa é o roteiro, que entrega tão fácil tudo o que vai acontecer (tirando claro o insight por sonho de que estilo de comida seguir, completamente inusitado), que parece que tivemos uma indigestão com o prato entregue, e que tudo fica rodando sem sair do lugar, apenas esperando uma melhora considerável para finalizar a trama. Não digo que talvez o longa conseguisse emplacar melhor com alguma desenvoltura caso escolhessem apelar para comicidade, ou jogar de vez com algum drama mais romantizado, mas que sim, ele poderia ter ficado nesse novo nicho alimentício, mas com algumas pitadas mais dramatizadas que conseguisse pontuar ou chamar o público para ele, não deixando que tudo acontecesse apenas, como é o caso aqui. Ou seja, seu filme acabou ficando realmente sem sal nem tempero algum, faltando dizer a que veio fazer nos cinemas.

Sei que muitos irão colocar a culpa na youtuber Kéfera Buchmann pelo fracasso do filme, mas muito pelo contrário, dos três filmes que participou, nesse foi o que ela mais pode demonstrar sua formação de atriz, colocando em sua Cristina personalidade forte, e principalmente um visual bem trabalhado, que quem não a conhecer, e for sem saber, é bem capaz de confundi-la com Fernanda Paes Leme, pois a jovem fez boas caras e bocas, e soube dominar suas cenas principais, não entregando nada fora do usual. Cassio Gabus Mendes é um bom ator, mas aparenta estar enferrujado com seu Augusto, entregando um papel simples demais, e que não decola seja por falta de atitude da direção, ou até mesmo da vontade do ator para com seu personagem. Quando um filme falha no conceito, o grande erro acaba aparecendo nas pontas soltas do elenco de apoio, de modo que vemos Paulo Miklos exagerando em trejeitos como um médico com sotaques e tiques, que tenta soar engraçado, vemos Zéu Britto fazendo gagueiras forçadas para também tentar puxar graça para si, mas só fica desengonçado, vemos Gabriel Godoy enfeitando apenas a cena com seu Patrick, que ao menos mostra o exagero do tradicional modismo dos trucks, e vemos a literal participação especial de Mariana Ximenes, que deve ser produtora na trama para seu nome aparecer em letras graúdas na abertura, pois aparece duas cenas dando apenas tchau para a câmera, ou seja, se recebeu cachê por isso, alguém no longa deveria apanhar!!!

O melhor do filme sem dúvida alguma é a produção e a equipe de arte, que se empenhou bastante em criar um ambiente clássico tradicional de grandes restaurantes, mostrando muita comida bonita e suas preparações, e com digamos pouco gasto, pois certamente foi escolhido algum bom restaurante e tudo rolou por ali, o que é de grande valia, pois realçaram bem a dinâmica, e o resultado visual acabou funcionando bastante, embora pudessem ter colocado flores melhores que as de plástico, ou seja, tivemos ao mesmo tempo um certo capricho, mas também um desleixo para mostrar que o restaurante parou no tempo. Sendo assim, podemos dizer que a equipe de arte trabalhou bem, e uniu-se à equipe de fotografia para manter tons fortes e que dessem ao menos fome no público, o que resultou em poucas sombras e escolhas de ângulos mais fechados, o que chama uma certa atenção visual.

Enfim, é um filme bem feito, mas que falhou na principal parte inicial, que é a ideia funcionar e causar algo no público para que fosse lembrado/recomendado, ficando morno na maior parte do tempo, e não chegando em nenhum ápice que valesse ser destacado. Sendo assim, nem tem como falar para que confiram, pois certamente quem for irá vir reclamar de ter pago, então deixe esse de lado, e aguarde melhores produções que estão para estrear. Bem é isso pessoal, fico por aqui com a única estreia da semana, mas ao menos veio uma pré para passar o fim de semana, então abraços e até breve.

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Historietas Assombradas - O Filme

11/06/2017 12:49:00 AM |

Podemos dizer que 2017 foi um ano especial para as animações brasileiras, pois pela primeira vez tivemos 7 longas lançados nos cinemas (aqui no interior só vieram 3, mas tudo bem), e aqui com "Historietas Assombradas - O Filme" ficamos perguntando que tipo de tóxico o diretor fumou para fazer a loucura completa que é esse longa, não digo que seja algo ruim, muito pelo contrário conseguimos rir muito da completa confusão entregue, mas que é algo surreal, com toda certeza é. O estilo de desenho é bem simples, mas com cores fortes e uma história bem maluca o resultado da trama acaba agradando e divertindo quem gosta de um humor mais elaborado, quase puxado para o negro, mas que feito com minúcias para agradar os pequenos fãs do programa que passa na TV. Aqui o grande problema é que a história foi um pouco alongada e com isso a trama que tem apenas 90 minutos parece ter bem mais. Ou seja, quem for ao cinema vá preparado para se divertir, mas também para cansar com a grande quantidade de informação mostrada.

A sinopse nos conta que aos 12 anos, Pepe mora com sua avó, uma bruxa-empresária, e descobre que é adotado. Ao saber que seus pais estão vivos, ele parte em uma aventura para encontrá-los. O menino atrai a atenção de Edmundo, um vilão biomecânico que precisa da energia de crianças para se tornar imortal, que rapta a avó de Pepe. Desta forma, o garoto e seus amigos precisam resgatá-la o quanto antes, ao mesmo tempo em que Pepe busca solucionar o mistério do desaparecimento de seus pais.

O trabalho feito pelo diretor Victor-Hugo Borges é algo que se mostrou bem aprimorado, mas completamente insano, pois ele não nos obrigou a ter visto o desenho original da TV (o que é ótimo!), mas com isso acabou fazendo personagens tão malucos que acabamos conhecendo eles tão rapidamente que chega a ficar estranho e bizarro também, pois temos gatos ajudantes da vó, temos um robô maligno buscando conseguir ajudar sua família com a juventude alheia, temos personagens excêntricos com personalidade teatral, de forma que como o título da TV diz, "Historietas Assombradas para Crianças Malcriadas", certamente acabam transmitindo um ar de terror para todos, mas de forma divertida e bacana de ver. Ou seja, temos um filme que não se preza por levar muito a sério, mas com isso acaba conquistando e divertindo, o que é um grande acerto.

Quanto dos personagens, praticamente todos possuem ao mesmo tempo carisma para acompanharmos em sua aventura, e desgosto pelo que fazem de errado na tela, o que é algo bem interessante de se acompanhar, e além disso a dublagem foi muito bem acertada para ajudar a incrementar trejeitos e qualidades vocais de cada personagem. Ou seja, o protagonista Pepe é daqueles que ao mesmo tempo que amamos, também odiamos, sendo rebelde, cheio de defeitos, mas que consegue incorporar o estilo aventureiro na busca por seus pais, ao mesmo tempo fazer com que os amigos sigam seus passos malucos, e com isso o resultado acaba empolgante de ver, o que é raro quando colocam personagens ambíguos. A vó é daquelas feiticeiras que torcemos por ver mais e mais feitiços pois seu estilo rancoroso e cheio de rebeldia é sempre bem encaixado, o que acaba divertindo demais. Os irmãos Guto e Gastón são ótimos em contraste e conseguem mostrar dinâmica musical ao mesmo tempo que colocam posturas de diferenças de países, o que foi um grande agrado visual. A jovenzinha Marilu, trabalhou bem a personalidade romântica com o protagonista, mas também mostra o alvo que muitos artistas sofrem com o rigor de suas atitudes pela família/críticos, ou seja, temos de tudo um pouco aqui. E claro que o vilão robô, prefiro esse do que o cérebro, conseguiu fazer bem suas maldades, cantar desafinado para agredir os tímpanos de suas vítimas e ainda se sair bem com suas atitudes, o que é o tradicional de filmes infantis.

O visual da trama trabalhou com cores bem fortes, ousando muito em preto, vermelho e roxo, o que acaba sendo bem ousado para filmes sem muitas texturas (2D tradicional) e com isso sempre tendo destaque para onde o diretor deseja que o público observe o contraste de iluminação acaba sendo funcional. Ou seja, uma arte cheia de objetos estranhos, mas que funcionam bem para a proposta do filme.

Enfim, é um desenho bem estranho que não sei se todas as crianças gostariam de assistir, tendo claro seu público mais limitado, tanto que a sala estava praticamente vazia hoje, mas acredito que mesmo tendo alguns conteúdos mais pesados, a desenvoltura divertida acabará agradando alguns pequenos que forem conferir, e claro, divertindo bem mais os adultos que forem levar eles, mesmo a temática sendo infantil. Portanto, podem levar os maiorzinhos que a diversão mesmo bizarra será interessante. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica bem grandiosa, e torço para que a próxima venha de mesmo nível, então abraços e até a próxima quinta.

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Pokémon - O Filme: Eu Escolho Você! (Gekijōban Pocket Monster: Kimi ni Kimeta!)

11/05/2017 08:47:00 PM |

Voltar a infância, essa é a frase que define assistir "Pokémon - O Filme: Eu Escolho Você!", pois mesmo jogando Pokémon Go, a lembrança engraçada dos personagens batalhando e descobrindo novos Pokémons era algo ingênuo e ao mesmo tempo empolgante de ver, e aqui tivemos essa mesma essência numa sala cheia de crianças que andam conhecendo os personagens agora com muitos adultos que viram o desenho no passado e voltaram à esse mundo agora com o jogo de celular. Claro que para mostrar o começo de Ash com seu Pikachu, suas primeiras batalhas, seus primeiros Pokémons evoluindo, a busca por Ho-Oh a trama precisou ser bem acelerada, tanto que muitas coisas passaram em branco, mas ainda assim foi algo divertido e interessante de assistir, que vale a recomendação tanto para quem joga, quanto para quem gosta de uma boa animação japonesa.

A sinopse nos conta que Ash Ketchum acaba de completar 10 anos de idade. Isso significa que ele está pronto para se tornar um treinador de Pokémon. Agora, ele espera receber seu primeiro Pokémon, o Pikachu, que também será seu melhor amigo. Juntos, eles embarcam em uma jornada repleta de aventuras em busca do lendário Pokémon Ho-Oh.

O filme que foi feito para comemorar os 20 anos do primeiro episódio foi dirigido pelo mesmo diretor da série original de 1997, Kunihiko Yuyama, mas não contou exatamente com as mesmas dublagens, porém isso não foi um problema, pois a trama foi bem desenvolvida e conseguiu transmitir a mesma ideia gostosa que a serie entregava e aqui com uma cadência de eventos ocorrendo para mostrar tudo foi condizente e bem desenhada ao menos, mostrando muitos personagens que conhecemos, vários novos e até mesmo diversos poderes dos personagens que sabíamos da existência, mas não como ficariam na tela, e isso foi o que mais agradou, empolgando a todos na sala.

Quanto dos personagens, como sempre vemos em animações, todos tomam diversas pancadas resultantes de poderes imensos, mas ficam apenas com algumas leves escoriações, e isso é o mais divertido da série. Ash já passou por 20 anos e continua com 10 na série e com o mesmo ar ingênuo consegue agradar com suas bobeiras. Pikachu como sempre é o personagem mais fofo da trama e mesmo bravo lutando continua agradável. Vera e Sérgio foram inseridos na trama mais para termos outros treinadores acompanhando o protagonista, pois são quase enfeites mesmo colocando seus Pokémons pra lutar, ou seja, talvez precisassem de mais tempo para empolgar realmente suas histórias. Cruz foi um bom adversário para o protagonista, e conseguiu ter cenas fortes para um filme infantil, mas nada que deixasse ninguém traumatizado. E claro os demais Pokémons foram bem inseridos e interessantes de ver, todos com desenho tradicional, mas bem feitos.

Contando com um visual clássico, bem colorido e empolgante a trama agrada tanto os pequenos quanto os que já conhecem o desenho, sempre tendo muitas explosões e efeitos que funcionam, mas também soam toscos, porém no geral o resultado visual acaba sendo inteligente e agradável de conferir, não cansando, nem faltando com dinâmica para que o público-alvo fique até o fim.

É claro que a trama contou com as canções clássicas do desenho e isso quase fez o público cantar no cinema, o que já foi um grande início para o filme, mas poderiam ter usado mais canções durante o longa todo para que o ritmo ficasse ainda melhor.

Enfim, é um filme que foi feito para os fãs do jogo, e até da série original assistirem e se empolgarem com o que é mostrado, e também para os pequenos que apenas jogam seja no celular ou no videogame conheçam mais da história, mas certamente se voltassem com mais desenhos seguidos agradaria e divertiria bem mais. Portanto se você não viu hoje, vá amanhã conferir na segunda sessão que terá e quem sabe ganhe até mais uma carta do jogo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para mais uma sessão, então abraços e até breve.

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Depois Daquela Montanha (The Mountain Between Us)

11/05/2017 02:14:00 AM |

Quando falamos de longas envolvendo sobrevivência, já ficamos imaginando o que faríamos se nos encontrássemos na mesma situação dos protagonistas do filme, e a única coisa que vem na minha mente é: "vou morrer na primeira cena ou na segunda!!!". Se você não é assim, e gosta desse estilo, "Depois Daquela Montanha" trabalha bem a situação e ainda incrementa bem um romance (desnecessário, mas que sei lá o que aconteceria no meio da neve com escoriações por todo o corpo quando alguém me ajudasse a sobreviver!), fazendo com que a trama se desenvolvesse maravilhosamente numa paisagem incrível e que chega até a dar frio de tanta neve por todos os lados, criando vértices interpretativos bem colocados para ambos os protagonistas e até mesmo para o cachorro labrador, que acabou virando um bom personagem na história, ajudando eles na busca por civilização no meio do nada. Não digo que é um filme perfeito, pois possui diversos pontos falhos no meio do caminho, mas consegue prender bem o espectador do começo ao fim da trama, e ainda faz pensar no que faríamos diante de uma situação desse tipo: se ficaríamos esperando ajuda, ou se procuraríamos ajuda, se confiaríamos em outra pessoa (a ponto de até criar um romance) ou se salve-se quem puder, com os recursos que tiver. Ou seja, um bom entretenimento, com uma história até que simples, mas que agrada bastante junto de uma fotografia incrível.

O longa nos mostra que perdidos após um trágico acidente de avião, dois estranhos precisam forjar uma conexão para sobreviver aos elementos extremos de uma remota montanha coberta de neve. Quando percebem que a ajuda não está vindo, eles embarcam em uma terrível viagem através de centenas de quilômetros de neve, empurrando um ao outro para suportar essas condições, e uma atração inesperada surge entre eles.

Baseando-se no livro de Charles Martin, o diretor israelense Hany Abu-Assad conseguiu pegar um roteiro esmiuçado bem simples, mas cheio de pontos a serem determinados, aonde tudo pode acontecer, situações difíceis passam a ser contornadas e acabamos entrando na ideia de que o longa em determinado momento pode até ser baseado em alguma história real, pois temos sim situações absurdas, mas que poderiam ter acontecido num lugar tão remoto como esse, mas o grande feitio do diretor foi conduzir a história num ritmo rápido, pois a trama até parece alongada, mas com situações marcantes para quebrar cada ato, o resultado se permeia fácil e acaba agradando. Claro que ele contou com a ajuda de dois grandes atores para dominar seus textos e incorporar a situação de filmar no meio da neve realmente (sem precisar de CGI absurdo que alguns diretores fariam e atores frescos exigiriam), e com isso cada ato mesmo que de forma absurda acaba soando real e bem colocado, como a cena do puma que certamente foi feita sem os atores, mas que com boas jogadas de câmeras acabou funcionando muito bem. O maior problema da trama, sem dúvida alguma fica por conta de absurdos técnicos, por exemplo todos sabemos que se você joga Candy Crush em qualquer celular a bateria vai embora em segundos, e aqui a bateria do celular do protagonista funcionou mesmo tocando música durante vários dias sem sinal (ou seja, comendo mais ainda!), temos também vários momentos com o cachorro sumindo e aparecendo das cenas, e por aí vai, mas nada que atrapalhe a essência da trama, que funciona e agrada bastante pela boa pegada de ritmo e dinâmica das cenas. E claro antes de mais nada, tenho de falar que por ser uma obra baseada em um livro de sucesso, muitas reclamações irão surgir dos fãs, afinal como sempre ocorre, mudanças são livres nos filmes, portanto se você já leu o livro, não seja chato de reclamar de algo que não apareceu, de alguma mudança de nome e por aí vai, pois volto a frisar filmes são baseados em livros, e não reproduzidos no cinema.

Sem dúvida o grande acerto do filme foi na composição do elenco, pois a química entre Idris Elba e Kate Winslet foi tão grandiosa, que mesmo que o filme não caísse no romance, o resultado seria bem conectado pelo sentimento de ajuda de um para com o outro, que mesmo nos momentos de briga aparentavam se necessitar para sobreviver. Dito isso, é fácil colocar Idris Elba como um grande nome do cinema, pois mesmo fazendo quase sempre personagens secundários, ele consegue chamar atenção e desenvolver uma percepção expressiva tão bem colocada que ficamos esperando suas boas deixas, e aqui seu médico Ben Pass foi interessante, dinâmico e certeiro nas dinâmicas que o personagem pedia. Kate Winslet dificilmente erra nas escolhas que faz, e mesmo que caia em bombas certeiras, a atriz consegue se destacar com seu personagem, sempre chamando a atenção para si, e aqui não foi diferente com sua Alex, que se mostrou autoritária em diversos momentos, mas com serenidade e de uma maneira bem gostosa foi se deixando levar por tudo e agradando bastante com o resultado num ritmo bem coeso. Como não poderia deixar em branco, os labradores Raleigh e Austin merecem muita atenção em suas cenas, afinal deram show de expressividade, correram atrás de animais, brigaram com pumas, pularam na neve e tudo mais que um bom cachorro merece, agradando bastante (e dando um spoiler, felizmente o cão não morre!!), portanto deem um prêmio de ótima interpretação canina para essa dupla!

Como de praxe em um bom filme com muita neve, a locação canadense em British Columbia, Vancouver é quase a única escolha para todos os filmes, e as paisagens são de tirar o fôlego de tanta neve sem nada ao redor, apenas montanhas, árvores, mais neve, gelo, montanhas e com isso o filme acaba sufocante em diversos momentos, criando a ambientação necessária para que a tensão ficasse no ar, claro que talvez mais cenas de impacto ajudariam a mudar um pouco o romance, mas aí o filme seria outro e não agradaria tanto. Como a trama possui pouquíssimos objetos cênicos, podemos dizer que a direção de arte acertou mais nos figurinos (embora seja bem estranho em uma viagem de avião os personagens terem botas e roupas tão pesadas de frio) e claro na montagem do casebre, além de trabalhar bem nos momentos dentro dos restos do avião (que também soou um pouco estranho de se fazer fogo dentro de algo que estava pingando combustível!), mas sendo apenas defeitos interpretativos, o resultado visual agradou bastante. Como muitos bem sabem, o branco neve é a fotografia que mais agrada esse Coelho, e aqui o diretor de fotografia brincou com os tons da montanha, trabalhou muito bem a iluminação natural sem esmaecer a imagem, e deu um show de ângulos, sem precisar fazer estripulias, ou seja, simples e efetivo.

Enfim, um filmaço que tem defeitos (e muitos!), mas que consegue prender o espectador, fazer com que ele fale com o que está sendo mostrado na tela, e principalmente, soou muito convincente, embora seja 100% ficcional. Não digo que é um filme para todos os tipos de público, pois como o romance toma forma em momento jogado até, talvez não empolgue muito quem gosta de algo mais realista nesse sentido, então vai ter aquele time que odeia romances e vai desagradar, bem como terá quem não curte dramas de sobrevivência que irá apenas pela toada romantizada do livro e sairá bem desapontado também, sendo então um filme para quem goste do estilo misto. Portanto, vá ao cinema, entre no clima passado, sinta frio, e se empolgue com o que estará sendo mostrado, pois vale o programa, sendo um dos melhores dessa semana estranha de estreias. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam duas estreias para conferir, então deixo meus abraços e volto muito em breve com mais textos.

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A Noiva (The Bride) (Nevesta)

11/04/2017 02:38:00 AM |

Alguns dizem ser difícil fazer um bom filme de terror, e há também aqueles que é difícil aparecer algo completamente ruim do gênero, mas a tentativa da Rússia de fazer algo aterrorizador passou bem longe com "A Noiva", pois certamente é o pior filme que já vi em anos, com falhas grotescas de cortes inusitados, atores despreparados fazendo cara de paisagem em cenas bizarras, um teor de terror falso que não assusta nem causa estranheza, e por aí vai, com tudo o que você possa imaginar de falhas (e ainda para ajudar a ficar um pouco pior, a versão legendada é dublada em inglês, para daí colocarem a legenda em português, ou seja, vozes completamente bizarras conseguiram deixar algo que já era ruim, numa tragédia). O mais engraçado é que se o filme ficasse lá no contexto de época do começo da trama, aonde mostraram as técnicas de fotos de mortos com olhos pintados, e o terror pairasse ali, certamente seria daqueles filmes de arrepiar a espinha, pois já dá para brincar muito com o terror de imagens fotográficas, ainda mais com mortos ali com suas cabeças caindo para o lado, mas foram colocar algo atual na trama, o resultado ficou vexaminoso e com um final que induz a um segundo filme (por favor não deixem que isso aconteça), mas digo mais, está já em pré-produção a versão americana da trama, ou seja, será que vão conseguir fazer algo melhorado, ou a tragédia irá continuar no nível hard de destruição? Façam suas apostas!!

A sinopse nos conta que Nastya é uma jovem mulher que viaja com seu futuro marido para a casa da família dele. Logo após chegar, ela percebe que a visita pode ter sido um erro terrível. Rodeada por pessoas estranhas, ela passa a ter visões horríveis à medida que a família do seu futuro esposo a prepara para uma tradicional cerimônia de casamento eslava.

Chega a ser difícil falar algo do longa sem ser: "é uma furada, fuja!", e acabar o texto por aqui mesmo, mas vamos tentar pontuar alguns detalhes a mais para não ser tão direto ao ponto. Sei bem que a escola russa de cinema é estranha, mas pouquíssimos longas de lá chegam até aqui comercialmente nos cinemas (afinal é tudo muito estranho para conseguir vender ingressos!), mas nesse ano mesmo já conseguiram com um "leve" sucesso lançar um longa de super-heróis estranhos, então porque não tentar a sorte também com um terror, o problema é que mesmo tendo muitos clichês que até gostamos de ver em longas do estilo, como cenas escuras, sustos previsíveis, uma casa "assombrada", pessoas com mentalidade da época feudal que quer queimar tudo e todos para salvar-se do mal, e por aí vai, a trama não consegue ser conclusiva, de modo que o diretor Svyatoslav Podgaevskiy (que dificuldade escrever esse nome!!) ficou jogando tudo na tela sem muita coerência, cortando conforme lhe vinha na cabeça (apenas como exemplo, temos a cena das crianças quebrando o quadro eliminada e na sequência apenas a mãe pegando e dando bronca neles, sem ao menos termos um barulho de algo quebrando!!), e assim sendo, não tem como elogiar nada do trabalho que ele tentou fazer, soando estranho e sem nexo.

Quanto das atuações, nem vou falar novamente da dublagem americana com ruídos de gravação de nível duvidoso, o que posso falar de cara é que a garota Victoria Agalakova estava mais perdida que tudo no cenário, correndo sem parar as vezes, e em outros momentos sua Nastya parecia sem ação parada esperando falarem ação e nada de fazer nem expressões de medo, ou seja, desorientada total. Vyacheslav Chepurchenko entregou um Vanya (sim é nome masculino isso!!) que conseguiu ser uma mistura ruim de todos os personagens sem expressão de "Crepúsculo" com um charme inexistente que só ele se achava em cena balançando seus cabelos lisos, ou seja, dá vontade de pedir pra Noiva do Mal matar ele logo!! Os demais personagens realmente chegam a dar medo de feios e estranhos, pois aparecem do nada, estão com figurinos antigos destroçados, cabelos desgrenhados e tudo mais bizarro que você possa pensar, mas não fazem nada além de aparecer do nada, sem sustos falsos, de maneira totalmente previsível, o que acaba sendo bem ruim, ou seja, tirando a noiva que aparece somente no finzinho para aterrorizar tudo, que sim, essa possui uma certa expressividade e um grito bem forte, o restante é quase parte cenográfica da trama.

Dentro do conceito cênico, a trama até teve um trabalho bem elaborado com relação a figurino de época (que para grande espanto se manteve na atualidade dentro da casa!), uma casa com bons túneis (mas com uma parede tão fácil de ser destruída, que ficamos pensando, porque raios ninguém nunca destruiu tudo ali), mas uma falha imensa na cena final, afinal se a casa é toda de madeira, com muito papel de parede, porque raios novamente ela não pegou fogo? Ou seja, a equipe de arte até trabalhou de maneira considerável, mas o diretor não ajudou a desenvolver tudo o que fizeram. E quanto da fotografia, chega a ser decepcionante o exagero de cenas totalmente escuras, com fumaça cênica aparecendo para todo lado, chuva que só cai em determinado ponto, ou seja, a equipe tentou criar iluminações pontuais para causar, mas falhou imensamente.

Enfim, é daqueles filmes que mesmo você sendo super-corajoso e amando longas de terror, deve passar bem longe, pois a chance de xingar a cada 5 minutos, é altíssima, mas quem quiser fazer isso, esse é o filme! Portanto não tem como recomendar nada dele, que mesmo tendo alguns leves pontos positivos como citei acima, nenhum conseguiu melhorar a nota que irei dar para a trama, se tornando sem dúvida o pior filme do ano até agora, e como estamos beirando o fim, acho difícil aparecer algum que supere ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda faltam algumas estreias para conferir, então abraços e até breve.

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Gabriel e a Montanha

11/03/2017 10:11:00 PM |

Viver um estilo de vida em uma viagem exótica pode ser um grande sonho de muitos, mas sabemos bem que querer não é poder, e muitas vezes precisamos seguir regras para turistas e com isso conseguir aproveitar as dicas e fazer melhor o passeio sugerido. Com isso em mente, logo de cara o diretor já nos entrega o final de "Gabriel é a Montanha", e voltamos vários dias para uma de suas paradas de conhecimento, para que juntos vamos conhecendo seu estilo de vida, suas propostas e como ele chegou até o ponto mostrado no início do filme. Claro que para conhecermos e adotarmos toda a sintaxe do filme, o resultado acaba sendo um pouco alongado, mas vamos nos permitindo acompanhar tudo, conhecer tudo, e principalmente viajando junto com as belas paisagens, os diferenciais hospitaleiros e claro turísticos do povo africano, que ajuda bastante o protagonista por poucos dólares, mas tudo acaba soando cansativo demais, pois esse estilo de vida, dentro de um road-movie capitular é algo que se necessita muita paciência, vontade e até mesmo ter esse mesmo estilo, sendo um longa próprio para um estilo de público, e com isso o resultado peca por se alongar demais.

A sinopse nos conta que Gabriel Buchmann tinha um grande sonho: conhecer a África. Entretanto, mais do que visitar seus pontos turísticos ele desejava conhecer como era o estilo de vida do africano, sem se passar por turista. Desta forma, decide encerrar sua viagem ao mundo justamente no continente, onde se envolve com vários habitantes locais e recebe a visita da namorada, Cristina, que mora no Brasil. Prestes a retornar, seu grande objetivo se torna alcançar o topo do monte Mulanje, localizado no Malawi.

Com essa ideia em mente, e claro também todas as fotos da câmera do verdadeiro Gabriel, juntamente com todos os depoimentos usados no longa quase que funcionando como um documentário ficcional ilustrativo, o diretor Felipe Barbosa trabalhou bem as locações e foi refazendo praticamente todos os passos do personagem principal, em algo quase que de busca para saber o real motivo de tudo ter acontecido, e com esse olhar, ele também nos permeia experimentar sua ideia e querer saber mais de tudo, afinal como disse, logo de cara sabemos o fim do filme. Não posso dizer que é algo ruim o que nos é mostrado, mas filmes baseados em histórias reais, necessitam de algo a mais para prender o público, tanto que uma senhora ao meu lado, já nas cenas finais resolveu mexer no celular por cansar do que estava acontecendo no longa, ou melhor, não acontecendo, e isso mostra a falta de um mote mais pretensioso, ou até mesmo que pudessem inventar algo melhor e criativo para que tudo empolgasse e criasse algo mais eloquente, pois como costumo dizer, ou fazemos uma ficção realmente, ou documentamos algo, pois a mistura geralmente não agrada. Sendo assim, volto a frisar que o diretor não errou no estilo seguido, apenas não vai atingir nada com o que acabou fazendo, tendo apenas uma história contada de maneira alongada.

Podemos dizer que o protagonista escolhido para viver Gabriel, João Pedro Zappa, tenha conseguido captar bem a essência frenética do verdadeiro Gabriel, pois ele nos transmite a paixão pelos povos, pela família, pela namorada e seus anseios políticos e humanitários, trabalhando bem expressões e carismas junto com os "verdadeiros" personagens da história real, e com isso ele consegue nos transmitir segurança do que está fazendo, bem como veracidade nos fatos, mas talvez poderia ser menos eufórico para que toda a situação final ficasse menos forçada. Como a maioria dos personagens secundários são pessoas reais, o grande mérito de captar ótimas expressões ficou a cargo do diretor que soube dosar seu estilo juntamente com tranquilidade, deixando que todos florescessem bem e chamassem a atenção da forma mais natural possível, o que foi um grande acerto, e quanto a namorada interpretada por Caroline Abras, talvez pudesse ter sido mais natural, pois acabou soando forçada demais em trejeitos, nem parecendo realmente amar o protagonista.

Quanto do visual da trama, o acerto foi bem colocado, afinal seguir uma trama real, nos locais reais é algo que digamos seja "fácil", porém a grande sacada foi procurar os pontos reais das fotos para que a veracidade ficasse ainda melhor, e com isso, temos quase uma pesquisa de campo pela África, aonde a equipe de arte minuciou a documentação dos fatos, criando algo simples, bonito e bem feito, aonde tudo cabe como um mapa turístico para quem um dia planejar uma viagem visceral do mesmo estilo. A fotografia também procurou ser o mais documental possível, e agrada bastante com esse estilo, mas nada que impressione, nem atinja patamares chamativos de um longa ficcional realmente.

Enfim, é algo que consegue passar sua mensagem, mas que falha em ser extremamente linear e documental demais, numa busca cansativa de ideias que não atinge nenhum ápice, e mais cansa do que agrada. Recomendo ele mais para os fãs de viagens alternativas que gostem de filmes alternativos também, pois para os demais será apenas mais um longa que leva nada a lugar algum. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para mais um filme nessa semana frenética de estreias, então abraços e até breve.

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O Estado Das Coisas (Brad's Status)

11/03/2017 01:20:00 AM |

Todo filme que vamos assistir sempre nos entrega alguma lição para refletirmos, e muitos acabam influenciando nas nossas vidas por muitos anos após conferirmos ele, porém tenho de ser crítico o suficiente para pontuar que alguns filmes colocam tantas filosofias, ideologias e reflexões na telona, que esquecem do ponto principal que é entregar um filme realmente para acompanharmos e ficarmos entretidos, de tal maneira que acaba parecendo que saímos de uma palestra de auto-ajuda espiritual com mantras para trabalharmos e não de uma sessão do cinema. Digo isso com a cabeça ainda pensando no que vi em "O Estado Das Coisas", ou usando melhor a tradução do título original, "Os Status de Brad", pois é usando dessa palavra, status, que incorporamos tanto ao nosso cotidiano que o filme acaba rodando, mostrando o famoso ponto de que sempre queremos bem mais do que temos, ou a famosa frase antiga: "a grama do vizinho é sempre mais verde do que a nossa", demonstrando que por mais "boa" que seja a inveja de algo ou de alguém, muitas vezes esquecemos que temos muitas coisas boas nossas, e queremos ser alguém ou ter algo que nem precisaríamos. O filme em si, é muito bem trabalhado, mostra boas perspectivas, mas acabou faltando algo a mais para termos algo além da mente maluca do protagonista (que sim, vemos muito da nossa ali, com tantas dúvidas sobre futuro), e de sua relação com o filho, talvez uma explosão do protagonista, ou algo surpreendente para quebrar o ar bonitinho de tudo, que aí sim tudo ficaria bem mais interessante e o resultado da reflexão também continuaria.

O longa nos conta que Brad tem uma família e um emprego estável. Quando ele e o filho viajam para visitar faculdades potenciais para o jovem estudar, Brad vive uma crise existencial. Ele é confrontado por sentimentos como frustração e fracasso ao se comparar com os colegas que teve na faculdade, tendo de reavaliar o que realmente lhe deixa feliz.

O trabalho feito pelo diretor, roteirista e ator Mike White é algo que sai bem do seu eixo cômico, pois ao trabalhar algo mais introspectivo, certamente ousou entrar em sua mente e pensar como faria para mostrar algo tão comum na nossa sociedade, de sempre querer mais, de ser melhor em tudo, mas o que mais faltou para ele foi saber organizar suas ideias para que pensamentos virassem filme, e não somente narração em off, pois praticamente o protagonista atuou o longa inteiro fazendo expressões dramáticas, e depois gravou o filme inteiro novamente (ou vice-versa) e vermos isso em uma cena ou duas até é bonito e interessante, mas no longa inteiro acaba soando cansativo e previsível, pois logo que passa da metade, tudo o que ele pensa no que ocorre, já ficamos prontos esperando para ver como vai ser o lado oposto do pensamento, e assim sendo, o resultado acaba ficando pronto demais. Outro grande desvio que acabou ficando ruim é que diferente do que ocorre na maioria dos filmes é que esperamos sempre um clímax e um bom fechamento, e aqui não temos nenhuma das duas coisas, ocorrendo tudo muito linear e homogêneo de assistir. Claro que isso é um estilo de opinião, pois para muitos, esse estilo de direção e filme é algo que faz brilhar mentes, mas faltou muito para empolgar realmente, mesmo sendo algo surpreendente, pois esperava ver algo completamente diferente, ou melhor, esperava ver outro sucesso de cair o queixo como foi "A Vida Secreta de Walter Mitty".

Como já citei Walter Mitty, volto a frisar que o estilo de atuação de Ben Stiller melhorou muito desde aquele filme, e aqui ele dosou o mesmo estilo para que seu Brad ficasse marcante e com pensamentos a mil para que a expressão conectasse tudo e entregasse algo bonito de ver, claro, que se lá desejamos todos os prêmios para ele, aqui ficamos pensando, será que alguém pode ganhar um prêmio por expressar sua voz em off? Sinceramente acho que não, pois esperava mais dele aqui. Por diversos momentos ficamos pensando que o personagem de Austin Abrams tem algum problema, como déficit de atenção, ou algo do tipo, pois seu Troy quase não tem falas, e quando se expressa fica muito flutuante, parecendo nem gostar de estar no filme, o que é muito estranho de ver. Basicamente o filme fica só com os dois, pois os demais aparecem tão rapidamente, em cenas de pensamentos e/ou diálogos espaçados que nem podemos dizer grandes destaques, mas temos de pontuar o bom dinamismo cênico de Shazi Raja como Ananya, a forte expressão de sucesso de Michael Sheen como Craig, e pontuar bem levemente a forma bem dialogada no início de Jenna Fischer como Melanie.

No conceito visual, temos cenas bem bonitas nas grandes faculdades americanas, e embora não tenham feito um tour maior, as cenas nas salas foram bem icônicas e trabalhadas na medida certa de nervosismo que muitos pais passam ao levar os filhos para as audições (como é feito nas universidades por lá!), mas principalmente as cenas mais fortes foram feitas nos quartos com as grandes divagações do protagonista, e suas viagens cênicas por diversos lugares imaginando o sucesso de seus amigos. Ou seja, a equipe de arte precisou trabalhar muito para conseguir enfeitar a trama, fazendo diversas cenas pequenas, dentre muitas que certamente foram cortadas no final, mas que deram trabalho para serem feitas. Outro detalhe um pouco ruim, foi que a fotografia ficou mediana demais, não caindo nem pro lado mais denso que criaria uma certa tensão, nem puxou para tons coloridos nos momentos mais felizes, o que acabou deixando o público pensativo e perdido por diversos momentos.

Enfim, é um filme bonito, mas que como disse no começo funciona mais para termos um momento de reflexão sobre o que fazemos de nossa vida, como seguimos, o que pensamos, do que como um filme realmente com pontos de virada, e ação realmente para ser assistido e vivenciado, funcionando quase como um daqueles livros de auto-ajuda que lemos, e às vezes resolvemos fazer algo do que vimos ali, mas nada muito além. Portanto, recomendar essa trama chega a ser algo até difícil, pois sei que para muitos vai ser uma lição de vida, que vai agradar e ajudar demais, mas para a maioria que for conferir apenas como filme, acabará vendo algo chato demais, e que com um final sem final, vai ser ainda mais decepcionante. E sendo assim, deixo a recomendação em aberto, se você está precisando ver algo para mudar de vida, e parar de pensar na vida dos outros, é uma boa opção, mas se deseja ver um filme realmente, vá conferir outro longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal essa semana veio bem recheada, então abraços e até logo mais.

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