Missão Cegonha em 3D (Richard The Stork) (A Stork's Journey)

10/28/2017 12:28:00 AM |

Sempre gosto de observar as animações de países longe dos grandes centros conhecidos, e aqui a turma da Bélgica, Alemanha, Noruega e Luxemburgo que criou o "Epa! Cade o Noé?" nos entrega uma nova produção simples, porém efetiva ao contar uma aventura bem trabalhada de um pardal que acha que é uma cegonha, e até podemos dizer que não é de todo ruim, pois "Missão Cegonha" funciona muito bem no quesito história a ser contada, ensinando bons princípios de amizade, traição e até mesmo trabalhando um pouco a ideia de família adotiva (embora o abandono aqui possa aparentar estranho a causa!), mas como estamos falando de algo aonde o público-alvo são crianças, acaba faltando o grande elo que segura os pequenos nas poltronas: diversão e personagens carismáticos, pois aqui o longa parece uma jornada pronta para adultos tirarem as lições ao invés de se divertir com tudo o que possa ser mostrado. Não digo assim que seja algo ruim, mas está muito longe de ser algo que vá impressionar, agradando mais pelos entremeios do que pelo resultado completo como poderia atingir.

A sinopse nos conta que após seus pais serem mortos quando ainda estava no ovo, o pequeno pardal Rick é encontrado por uma cegonha, que o cria como se fosse seu filho. Desta forma Rick cresce seguindo os costumes de postura e alimentação típicos de uma cegonha, por mais que sua aparência deixe bem claro que não se trata da mesma espécie. Quando o bando decide migrar para a África, Rick é deixado para trás justamente por não ter estrutura física para uma viagem tão longa. Entretanto, o pequeno pardal que acredita ser uma cegonha não se dá por vencido e inicia uma viagem por conta própria, onde conhece a coruja-pigmeu Olga e o periquito Kiki.

Chega a ser bem interessante a proposta da trama, pois com os debates rolando de família tradicional, de adoção, de imigração e muitos outros detalhes pelo mundo afora, quando um diretor resolve trabalhar essa ideia em forma de animação temos de ser coerentes e ver até onde ele deseja chegar, porém a dupla Toby Genkel e Reza Memari optaram por algo mais alongado e cheio de vértices na história, o que é estranho de se ver em longas animados, pois geralmente nesse estilo prezam por histórias rápidas para que sobre tempo para a ação/aventura, comicidade e para que o carisma dos personagens domine. Aqui até temos personagens bonitinhos, malucos e interessantes, passando desde os protagonistas da história até mesmo os pombos figurantes (que valem as melhores piadas das maravilhas e inutilidades de se viver conectado a tudo e todos), mas a aventura é tão alongada, com muita história, passando por tantos lugares, que acabamos cansando um pouco do que é mostrado, e isso para nós que gostamos de uma boa história, então imagine uma criança que quer ver os bichinhos fazendo firulas mil!! Ou seja, o diretor poderia ter sido mais enxuto como fez na sua produção anterior, que acertaria a mão e agradaria bem mais, colocando junto a emoção que a trama propõe.

Sobre o design gráfico da trama, temos uma cenografia bem elaborada para os personagens passarem, trabalhando bem tanto a natureza quanto as cidades por onde os personagens pousam, com destaque claro para os personagens de cada uma incorporando trejeitos e gírias, mesmo na dublagem. E quanto aos personagens, o pardalzinho Richard no original ou Rick como preferiram na dublagem, é bem fofo e determinado, com uma dinâmica de superação bem interessante de acompanhar. As cegonhas acabaram soando arrogantes, principalmente o pai. A coruja Olga e seu imaginário Oleg ficaram bem divertidos e desenhados com minúcias, trabalhando personalidade e visual, o que é bem raro de ver. O canário Kiki soou um pouco bobinho demais, mas foi bem trabalhado em alguns momentos para mostrar ego e tudo mais. E claro, os pombos foram o charme da produção, mostrando todo tipo de pessoa que passa e recebe informação online quase que 24hs por dia, algo muito bem feito e colocado na medida certa.

Temos algumas boas cenas de 3D, mas falta um pouco de ousadia da equipe, pois como temos muitos voos dos pássaros, esperava embarcar mais ainda do que o que foi mostrado. Claro que está melhor que muitos filmes que dizem ter a tecnologia, mas ainda é pouco para algo que poderia brincar muito com o que tem.

Outro detalhe ficou a cargo da trilha sonora da trama, que até coloca algumas canções espalhadas pela trama, mas também falta aquele detalhe envolvente que faz uma canção virar o tema, coisa que aqui só aconteceu no trailer e nos créditos, ou seja, faltou colocar ritmo realmente no longa.

Enfim, é um filme bonitinho, mas que certamente os pais vão ter trabalho para segurar a garotada sentada até o final da sessão, pois haja história para ser contada. De certa forma até dá para recomendar, mas que vá sem muitas pretensões, pois pelo trailer aparentava ser algo mais emocionante do que o que foi mostrado. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana fraca de estreias, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Thor: Ragnarok em Imax 3D

10/27/2017 02:02:00 AM |

Em caso de blockbusters gosto de ir ao cinema preparado para o que vou ver, e sempre torço por alguma reviravolta que me surpreenda, e com "Thor: Ragnarok" tinha a certeza de que me divertiria com muitas piadas (algumas certamente desnecessárias), e que veria um filme muito colorido pelos diversos trailers/pôsteres que foram mostrados, com boa trilha e com boas cenas de ação. E com toda certeza, foi exatamente isso o que vi nos 130 minutos de projeção, pois nada sai desse eixo, e acabamos saindo felizes com o que vemos na telona, porém acabou faltando aquele detalhe que faria o filme ficar incrível, alguma reviravolta mais impactante, um 3D mais imersivo e até mesmo mais referências para serem trabalhadas, pois mesmo quem não for um grande conhecedor das HQs vai conhecer praticamente tudo o que é mostrado lá, e sendo assim o resultado é algo bem feito, mas que poderia ser melhor ainda. Se você gosta de uma boa comédia de ação, com muitas piadas nerds em um filme muito colorido, pode ir para o cinema tranquilamente que não sairá desapontado com o que verá.

A sinopse mais básica e que não conta tudo o que acontece, nos fala que Thor precisa impedir o Ragnarok, a destruição de seu lar, Asgard, que agora está sob o poder da temida Hela. Mas o problema é que ele está preso do outro lado do universo, sem o seu martelo, e ainda tem de enfrentar seu ex-aliado e vingador, Hulk, numa batalha de gladiadores.

A grande sacada do diretor neozelandês Taika Waititi foi mudar completamente a concepção de estilo dos filmes do herói de Asgard, pois seus dois filmes anteriores ficavam bem em cima do muro se iriam ser cômicos ou mais dramáticos, trabalhando com situações difíceis, mas que no final acabam colocando uma ou duas cenas cômicas perdidas, que praticamente destoavam completamente de todo o restante, e aqui, ele não só jogou tudo para o ar, como transformou o longa em um estilo próprio de comédia, que faz rir do começo ao fim, unindo boas cenas de ação com lutas bem coreografadas em uma cenografia própria e cheia de dinâmica. Porém temos alguns detalhes que o diretor acabou esquecendo de trabalhar mais, para começar o tal Ragnarok que é o título do longa acontece tão rapidamente, que acabamos achando que o diretor acabou deixando de lado a ideia original, e além disso mesmo sendo convertido em 3D e em Imax 3D, estamos falando de um longa que se passa completamente no espaço, e assim sendo tudo pode voar e sair da tela, mas temos apenas uma grande cena bem feita no começo com uma boa imersão e o restante quase podemos tirar os óculos da cara, ou seja, certamente com toda a ação envolvida, e a alta quantidade de cores da trama, poderíamos até sair com tontura da sala se os efeitos fossem melhor utilizados. Ou seja, o resultado do trabalho do diretor é como seu personagem na trama (sim, o diretor atua também na trama como Korg, um dos gladiadores da trama) duro como pedra, mas extremamente divertido e cheio de piadas e boas sacadas para ficar lembrando.

Sobre as atuações, podemos dizer que todos sem exceção caíram perfeitamente dentro da personalidade de seus personagens, criando ótimas vertentes interpretativas e entregando o máximo que poderiam dar para que suas cenas fossem bem lembradas. Chris Hemsworth já incorporou o perfil de Thor faz tempo, com olhares bem marcados, postura corporal de lutador e tudo mais para entregar algo forte realmente, e aqui felizmente saiu-se bem com uma postura cômica, pois muitos esperavam que ele não fosse ter um tino cômico bem trabalhado, e acabaria desmoronando com todas as cenas divertidas, e muito pelo contrário, aparentou ter se divertido muito com tudo o que acaba acontecendo, apenas acabou exagerado demais toda hora os diversos flashbacks com seu pai para puxar seu poder real, mas isso nem foi culpa dele, e sim da edição/direção. Mark Ruffalo é daqueles atores que não tem como não adorar o trabalho que faz, pois aqui além de sair muito bem como Bruce Banner, mostrou que o Hulk também pode dialogar e ter ótimas interpretações sem ficar apenas esmagando tudo o que vier pela sua frente, e o carisma do ator/personagem aqui foi algo impressionante de acompanhar. Tom Hiddleston é o vilão mais heroico e amado da Marvel com seu Loki, e isso dificilmente vai mudar, de modo que se matarem ele em algum filme é capaz de reviverem ele com pelo menos uns mil flashbacks, pois o ator é muito bom no que faz, e aqui embora seja previsível seus momentos/movimentos (até foi feita uma piada com isso em uma das cenas!) ele acaba sempre surpreendendo e agradando. Cate Blanchett é uma tremenda atriz, e sua Hela chega com força total, mas embora saibamos do seu potencial, talvez uma atriz desconhecida, ou alguém com mais sede de expressão/ação agradaria mais, pois ela é daquelas que dominam demais os diálogos, e aqui, sua precisão acaba quase sendo inútil já que a personagem é mais de explodir do que falar realmente. Tessa Thompson acabou muito bem encaixada com sua Valquíria, trabalhando expressões fortes e até ousando com grandiosos movimentos de ação, e com uma personalidade bem encaixada, poderiam até ter falado mais sobre quem eram as valquírias, já apenas uma ceninha de flashback foi pouco para isso. Outro que acabou um pouco apagado demais, e certamente na história da trama tinha mais participação foi o Heindall de Idris Elba, que participou de dois a três grandes momentos, mas de uma maneira tão rápida, que nem deu tempo de explicar mais de sua situação atual, e o ator como bem sabemos é fenomenal e agradaria muito com toda certeza. Jeff Goldblum entregou um grão-mestre bem interessante, com altas projeções tecnológicas, e criando um personagem interessante para ser trabalhado mais para frente (como mostra a segunda cena pós-crédito) e de certo modo, a personalidade trabalhada mostrou algo até que chamativo, para um personagem que certamente acabaria ficando em segundo plano por outros diretores. Dentre os demais, tivemos ótimas participações também, e com personagens marcantes que poderiam até ter sido mais trabalhados, como Karl Urban com seu Skurge que oscilou bastante entre momentos fortes e outros bem apagados, Anthony Hopkins com seu Odin bem simbólico para a trama, mas que não avançou muito, e claro o grande destaque no começo para Benedict Cumberbatch com seu Doutor Estranho dando um show de cenas dinâmicas e divertidas junto dos protagonistas, de modo que mereceria aparecer até mais.

Quanto do visual da trama, embora quase tudo seja computação gráfica, a equipe se preocupou muito em criar cenários grandiosos para compor as cenas, criando ângulos bem trabalhados para mostrar as cidades aonde o longa se passa, e claro junto de uma gama de muitos objetos cênicos como naves, equipamentos caindo do céu, figurinos elaborados e muita simbologia cênica para que quem desejar caçar easter-eggs tenha muito trabalho. Aliado a esse grande trabalho da cenografia, entra em cena uma equipe de fotografia minuciosa que trabalhou tantos tons, que chega a ser difícil não se empolgar com alguma cena, pois desde cores bem quentes para criar a dinâmica de ação, misturando com outras mais coloridas para segurar o tom cômica, a trama chegou a ser desenvolvida em vários atos, tendo possibilidade até de alguns tons escuros em cenas mais densas com os vilões, mas nada que chegasse a puxar o longa para um ar dramático, afinal a escolha aqui como disse no começo foi entregar algo 100% cômico. Como já falei no começo também, o 3D é praticamente nulo no longa, mas nem por isso os efeitos foram fracos, e com isso, temos boas cenas interessantes, com tiros, saltos, fumaça, poeira e tudo mais que fosse possível para agradar os olhares mais atentos.

Como sempre digo, um bom filme contém uma boa trilha, e além de ótimas músicas instrumentais criadas por Mark Mothersbaugh, o encaixe perfeito de "Immigrant Song" de Led Zeppelin em diversos momentos, e "In The Face of Evil" do grupo Magic Sword foram de uma perfeição única, dando dinâmica para a trama, e envolvendo do começo ao fim.

Enfim, é uma grande esquete cômica, que quem gosta do estilo sairá da sessão extremamente feliz, se divertindo em 100% da trama, mas que quem desejar ver um pouco mais de história, talvez reclame bastante, pois acredito que a HQ realmente do Ragnarok conte muito mais de outros personagens, e não somente as cenas divertidas que foram escolhidas para fechar esse roteiro, tendo até mais dramaticidade e envolvimento para ser trabalhado talvez até em dois filmes, mas como bem sabemos esse não é o plano da Marvel, então como costumo dizer, compre uma boa pipoca e vá se divertir sem pensar muito, afinal longas de super-heróis não podem ser chatos, e aqui o resultado não fica chato de forma alguma. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, e amanhã posto a crítica da outra estreia da semana, então abraços e até breve.

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Além da Morte (Flatliners)

10/22/2017 03:10:00 AM |

Se existe um gênero que adoram requentar filmes é o de suspense/terror, pois sabem que três coisas ocorrerão, a primeira é vender um filme achando que se já teve um bom, pode ser que o novo vai ser igual, a segunda é acharem que é uma continuação e acabará vendendo erroneamente, e a terceira, é que vão conferir o antigo para comparar, assim venderão algo do passado também. Com essa premissa em mente, se em 1990, "Flatliners" ou "Linha Mortal" mesmo lotado de estrelas aparentemente não fez tanto sucesso (era muito novo e não lembro de ter visto nunca o original, mas quem sabe agora entro nessa da turma que vai ver o antigo para comparar!), o que esperar de um agora jovial, com um elenco menos carismático, e que talvez trabalhe de modo bem mais simples? A resposta é clara e já disse até na própria pergunta, pois "Além da Morte" é um filme simples, com sustos jogados, e uma ideia clara de colocar uma droga diferente na mente desses jovens médicos malucos, que acabam fazendo artes demais na faculdade/residência, e agora vão inventar de parar o coração para ver o que acontece! Ou seja, com uma ideologia bem marcada, a trama até trabalhou bem do começo ao fim, mas fechou de uma maneira bem boba com a ideia finalizadora, afinal se estamos em um longa de terror, envolvendo a mente, a consciência seria o menor dos problemas para se trabalhar, e com isso, o resultado ficou apenas satisfatório em algo que poderia explorar muito mais, e empolgar também muito mais.

O longa tenta nos mostrar que na esperança de fazer algumas descobertas, estudantes de medicina começam a explorar o reino das experiências de quase morte. Cada um deles passa pela experiência de ter o coração parado e depois revivido. Eles passam a ter visões em flash, como pesadelos da infância, e a refletir sobre pecados que cometeram. Os experimentos se intensificam, e eles passam a serem afetados fisicamente por suas visões enquanto tentam achar uma cura para a morte.

Quem conferiu a saga "Millenium" sueca, e viu o primeiro filme "Os Homens Que Não Amavam As Mulheres" sabe muito bem a qualidade técnica do diretor dinamarquês Niels Arden Oplev, e aqui ele mostra que sabe trabalhar bem roteiros menos dramáticos, mas que tenha de certa forma um conteúdo para ser explorado, e é bem isso que vemos no roteiro que Ben Ripley lhe entregou, ousando pouco em cenas tensas de terror realmente, mas criando um ambiente aterrorizante, pois todas as vezes que param o coração de um dos protagonistas, ficamos pensando realmente que esse não irá sobreviver, entramos em apuros no último caso, e até criamos uma certa tensão nos momentos de pensamento ou ocorrência real dos personagens após suas voltas, pois embora o filme tenha um cunho levemente científico, vemos em alguns momentos a famosa fé em entidades tentar predominar rapidamente a mente dos protagonistas. Não digo que o diretor tenha errado em algo na forma de conduzir sua trama, mas talvez mudaria o final do longa para algo menos singelo, com maior impacto, pois ficou parecendo um fim de série, que vamos ter logo em breve uma continuação, e certamente não era essa a ideia original. Sendo assim, com um bom tom de incorporação, o resultado é um filme interessante, e feito com maestria por ideias simples, mas volto a dizer, a perfeição passou bem perto de se encaixar aqui.

Os atores da trama embora bem jovens, foram escolhidos com perfis bem pautados para termos muitas discussões, tanto preconceituosas, quanto de ideias mesmo, e isso é algo interessante de se observar, pois foram encaixes bem sorrateiros por parte da equipe. Ellen Page já entrou na casa dos 30, mas tem uma face tão nova que realmente parece ser uma estudante de medicina em começo de faculdade, e com uma dinâmica bem convincente, ela acaba até influenciando os demais a participar sempre de suas loucuras, ou seja, sua Courtney inicialmente aparenta ser apática e metida demais, mas com o fluxo andando acaba soando interessante de acompanhar. Como em todo filme necessita de um "pegador", aqui isso foi atribuído à James Norton com seu Jamie, e chega a soar até forçado sua preponderância de jovem rico, que só está ali para arrumar pretendentes e ter um selo médico, mas suas cenas de visões são as mais interessantes de acompanhar, e realmente nos pegam no susto. Com Nina Dobrev, temos um pouco mais de tensão nos sonhos, pois sua Marlo acabou adentrando em algo mais complicado de trabalhar, e ousou da equipe mais efeitos, e com isso, o resultado de suas cenas sempre são mais pesadas e intrigantes. O perfil latino sempre recai bem em escolas médicas de grande renome, pois geralmente quem está lá, estuda muito, e aqui esse papel caiu para Diego Luna, que com seu Ray soou até duro demais, e agradou nas cenas de reanimação, mas dificilmente um namorado diria as palavras dele para Marlo, e isso acabou impactando um pouco no público gostar dele. Kiersey Clemons foi a que mais mostrou o drama dos estudantes com sua Sophia, que é o desespero com os nomes difíceis de decorar, os pais indo fundo nas reclamações com os estudos e claro as diversas vontades, mas também entrou a fundo na sua viagem pela mente e foi a que a história mais ficou estranha de ver, pois até sabemos que bullying é algo forte, mas poderia ser mais impactante sua conversa de "redenção". Dentre os demais temos de pontuar apenas a participação de Kiefer Sutherland como Dr. Barry Wolfson, mas nem tanto pelo que faz aqui, mas sim por ter participado no longa original em 1990, como outro personagem Nelson, então nem podemos cogitar como sendo uma continuação.

No conceito visual, arrumaram bons hospitais/escola para trabalhar, e claro muitas festas para que os protagonistas participassem para encaixar seus momentos "drogados" pós-ressuscitação, e com isso o filme teve uma certa realidade abstrata para trabalhar de forma bem coerente nos momentos de vida, agora nos momentos de pensamento (que são o grande charme da produção), a equipe de arte já necessitou muita criatividade para trabalhar as ideias do roteiro e com isso tivemos alguns efeitos até estranhos, mas que acabaram ficando interessantes de acompanhar, claro que poderiam ter exagerado um pouco menos, e criado algo mais assustador realmente, mas todos acabam valendo bem a pena. A fotografia da trama, felizmente fugiu bem desse tom azulado do pôster, tendo uma certa ousadia de deixar tons fortes misturados com claros na mesma proporção criando ambientes calmos que de repente viravam algo aterrorizante com nuances bem escuras, no melhor estilo de culpa para com os protagonistas, ou seja, algo bem trabalhado.

Enfim, é um filme que até entregou algo bem interessante, mas que também falha bastante ao criar uma atmosfera sombria, e na mesma proporção colocar tudo como algo simples de se fazer, e que ao mesmo tempo pode soar como ciência ao invés de misticismo da mente, ou seja, um filme que dá para trabalhar um certo estudo em cima, mas que pelo estilo de público na sala vai agradar bem mais os jovens. Sendo assim, recomendo ele para quem gosta de um terror mais leve, e que goste de tomar alguns sustos fáceis, pois o filme fica bem nessa toada. Portanto vá ao cinema, confira e comente sua opinião aqui embaixo, pois é bacana discutirmos as peças que nossa mente pode pregar, principalmente após um "trauma". Bem é isso pessoal, infelizmente faltaram muitas estreias vir para a cidade, então já encerro aqui essa semana cinematográfica, voltando apenas na quinta com outro grande blockbuster que deve segurar mais salas ainda, então abraços e até lá.

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Uma Razão Para Recomeçar (New Life)

10/21/2017 01:50:00 AM |

Ultimamente temos assistido a tantos romances que parecem livros pela sua essência contada quase que de forma capitular, alguns com quebras de tela (fundo preto), outros com capítulos realmente, mas sempre mantendo o mote principal, que é fazer o público chorar por algum motivo determinante. Em alguns esse modelo acaba agradando e acertando para o grande bem do cinema, em outros, acabamos ficando esperando tanto o grande ponto de virada que mesmo que a trama acabe emocionando em alguns momentos, apenas sentimos a emoção e iremos esquecer de tudo o que vimos tão logo saímos da sessão. Infelizmente "Uma Razão Para Recomeçar" se enquadra nesse último estilo, pois tem uma proposta bonita, que mistura muitas ideias que já vimos em quase todos os filmes de Nicholas Sparks (esse não é dele, mas a ideia é tão próxima que achamos ser), com algumas leves ideias de "Meu Primeiro Amor", e claro usando as pitadas mais dramáticos do grande mal da era moderna, que acaba até sendo impactante, mas os atores são tão fraquinhos que nem para emocionar com expressões conseguiram, ficando mais a comoção pela ideia em si, do que pelo que o filme mostra. Ou seja, um filme simples, bem bonito visualmente, mas que não atinge nem metade do que poderia.

O longa nos conta que ainda criança, Ben conhece Ava, a pequena e graciosa vizinha, surgindo um forte laço de amizade e confiança que os acompanha durante toda a infância como atração e posteriormente paixão quando adolescentes. Esse conto de fadas na vida adulta torna-se amor e casam-se. Mas aí o destino prega-lhes uma peça quando a Ava tem o diagnóstico de uma doença e o amor e cumplicidade ficam sob ameaça.

Quando um ator resolve assinar um roteiro, e consequentemente a direção de um longa, deve levar em conta todo seu histórico, e principalmente pensar aonde ele quer chegar na carreira, pois muitos obtiveram grandes sucessos, e outros apenas elevaram seus egos entregando algo que não chega a impressionar nem com muito esforço. O que Drew Waters fez aqui foi algo singelo dentro de suas limitações, pois após muitos filmes e séries que fez pequenas pontas e alguns elementos secundários, ele acabou criando algo bonito de se ver, aonde usou um pouco de inspiração em sua família, e acabou ordenando as ideias para que tudo soasse bem feito, porém toda hora o rapaz narrando os seus sentimentos, daí ocorre algo, meio que para com um fade, vai para um novo acontecimento, muda de novo o ângulo, e por aí vai acabando ficando cansativo demais, e com isso, ele não conseguiu mostrar seu poder de ordenar as ideias em sequência e criar algo que fosse realmente empolgante de ver. Porém mesmo que isso fosse feito, o maior defeito da trama ficou com a falta de um clímax realmente chocante, ou emocionante, pois o que acaba ocorrendo vem de uma maneira tão natural, que vemos como uma passagem pré-preparada pelo conteúdo completo, e ao final quando temos um novo clímax que poderia realmente ter o nome do filme em português, já acaba o longa.

Outro grande defeito da produção, que embora tenha ocorrido assim para economizar nos custos, foi usar atores bem desconhecidos, e quase sem nenhum carisma emotivo para nos surpreender, o que acaba causando até um certo estranhamento inicial, mas que depois de certo tempo passamos a achar jovens demais para algumas atitudes, e por consequência o resultado final fica abaixo do esperado. Jonathan Patrick Moore acabou entregando um Ben até que descolado inicialmente, com boas propostas para o personagem, mostrando disposição de encarar as cenas mais tensas, mas sempre estava com a mesma expressão sem sal, o que é estranho de ver, pois em filmes desse estilo, geralmente os diretores de elenco exigem muitas caras e bocas dos artistas para fazer realmente o público sentir sua dor, e na sua cena mais bem colocada, embaixo da chuva, ficamos falando "sério que ele tá assim?", ou seja, fraco demais para um papel que exigia algo mediano pelo menos. Erin Bethea até possui um semblante bem colocado e entregou uma Ava interessante, mas que por mais sorrisos e personalidade bem trabalhada que inicie a trama, ao entrar no drama realmente conseguiu trazer uma expressão tão desanimada que realmente parece que desligou a personagem, e embora isso seja um certo acerto, o resultado acabou soando estranho. Dentre os demais, tivemos algumas participações que mereceriam mais tempo de tela, pois fizeram certos tons agradáveis como Kelsey Formost como a francesinha Monique, Kris Lemche com seu irreverente Michael, e até mesmo o médico sério Terry O'Quinn junto com seus pacientes, "pacientes", mas optaram por ficar colocando mais em cena os pais dos protagonistas, e James Marsters aparentou estar tão desanimado com a produção com seu William que chega a desanimar até o público.

Embora não seja tão identificável a locação do filme, escolheram uma pacata cidade localizada ao lado de um lago ou rio que trouxe bons tons para a trama, além de ter trabalhado bem com muitas cores tanto na casa dos protagonistas quanto no hospital, não criando uma textura dura e triste como vemos em muitos hospitais em filmes, o que é legal de observar, mas faltou um pouco mais de cada cena ter seus próprios elementos marcantes, pois deixaram apenas o barco para conectar tudo, e acabou faltando mais detalhamento da vida pessoal deles e coisas interessantes para se lembrar no fim. A fotografia optou por uma iluminação mais clara e nítida que deu um contexto gostoso de acompanhar ao menos, mas com isso não oscilou as cenas cômicas, românticas e dramáticas presentes na trama, entregando tudo com um ar único e sem muito sal, ou seja, vamos trabalhar o básico bem feitinho e esquecer que o longa tem mais vértices.

Enfim, é um filme que acaba entregando algo bonito, que até pode comover e emocionar de certa forma, mas que infelizmente possui tantos defeitos, e que acaba falhando no conceito maior de criar um ar romântico e emotivo realmente, que como disse no começo, é bem capaz que após terminar de escrever meu texto eu nem lembre mais de ter visto esse filme, ou seja, algo que acabou não marcando como poderia, pois volto a frisar, quem estiver emotivo vai lavar a sala, mas não vai nem saber o real motivo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia dessa semana que as distribuidoras esqueceram do interior novamente, e ficou metade das estreias sem vir para cá, então abraços e até logo mais.

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Tempestade - Planeta em Fúria em Imax 3D (Geostorm)

10/20/2017 01:26:00 AM |

Filmes de destruição do planeta sempre costumam ter seus moldes tão bem encaixados que nem mais chamamos de clichês, mas sim de forma de bolo realmente, pois você já vai pronto para assistir sabendo exatamente o que vai encontrar: o pai de família que promete sobreviver e voltar para casa, o casalzinho que não está bem formado mas que vai arrumar um jeito de se apaixonar definitivamente, alguém tentando explorar algum jeito de sair ganhando com isso, pessoas desesperadas correndo e outras apenas olhando tudo acontecer, carros que não andariam nem a 100 km/h mas que correm na velocidade da luz no meio de um trânsito caótico e desesperado, pessoas técnicas falando palavras difíceis e que você mesmo sabendo sobre aquilo não vai entender nada, e claro, muita coisa sendo destruída em diversos países pelo planeta afora (sempre mostrando os países com maiores públicos de cinema, afinal esses que irão lotar as salas de cinema) e até fora dele se possível. Ou seja, "Tempestade - Planeta em Fúria" não vai ser diferente de forma alguma, muito pelo contrário, contém todos esses elementos, não necessariamente nessa ordem que coloquei, mas que sabendo o que vamos encontrar, acabamos nos divertindo com as situações, torcendo para que tudo seja ao menos aceitável (dizer crível é apelar demais, pois sabemos ser impossível metade do que ocorre sempre!), e com certeza vamos sempre esperar um ou outro elemento novo para se discutir, afinal nenhum diretor é igual ao outro, e também copiar na cara dura é feio demais, e aqui temos o novo engajamento do momento bem conectado: família + política + clima, ou seja, algo para se divertir. Talvez o maior defeito da trama tenha sido não acreditar na possibilidade dos efeitos em cima do roteiro, pois já que é pra destruir tudo em 3D numa tela imensa em Imax como estão tanto fazendo a propaganda, que coloque o mundo no chão, e aqui os efeitos foram até que bem feitos, mas faltou destruir a valer mesmo voando coisas pra todo lado, pois temos no máximo uns três ou quatro momentos que tudo parece valer mesmo ficar com os óculos.

A sinopse nos conta que depois de uma série de desastres naturais sem precedentes ameaçar o planeta, os líderes mundiais se unem para criar uma rede complexa de satélites para controlar o clima mundial e manter todos em segurança. Porém, agora, algo deu errado – o sistema criado para proteger a Terra passou a atacá-la, dando início a uma corrida contra o tempo para descobrir a verdadeira ameaça, antes que uma tempestade de proporções globais devaste tudo... e todos em seu caminho.

Depois de produzir muitos filmes de destruição, começando em 96 com "Independence Day", aonde também escreveu o roteiro, eis que Dean Devlin resolveu pela primeira vez coordenar um longa como diretor, e digamos que é exatamente essa a cara que o filme tem: de um principiante no estilo, que faltou ousadia para colocar tudo abaixo e agradar sem pensar muito, pois seu filme tem uma história bem colocada, um mote muito interessante, pois com todas as catástrofes climáticas que andam ocorrendo, é fato que muito em breve se fale em medidas para tentar controlar o clima através de ciência (se é que isso é possível!), e claro que também haverá muita confusão envolvendo política para que isso ocorra, então o que é mostrado no filme certamente pode ocorrer, mas quando falamos de destruição, o que queremos ver é tudo indo pelos ares realmente, e o diretor acabou focando em tantas coisas na história que acabou deixando toda a parte de ação realmente para valer em poucos minutos, e além disso, como foi noticiado em diversos lugares, o filme demorou muito para estrear por necessidade de refilmar muitas cenas, e isso se vê naturalmente principalmente no começo com o excesso de cortes e coisas que ficaram fora de uma sequência comum, ou seja, até poderiam ter entregue algo mais longo e melhor de história, mas aí acabaria cansando mais do que empolgando, e isso como já disse não é o que desejamos ver. Ou seja, melhor voltar a somente produzir e/ou escrever roteiros do que assumir a bronca e não conseguir, pois o resultado acabou embora bacana de se ver, faltando com a qualidade que poderia ter.

Sobre as atuações, gosto muito do estilo de atuar de Gerard Butler, que sabe dosar o tom família com ação e sempre incorporar uma pegada mais forte quando precisa mostrar experiência, mas aqui embora seja um dos protagonistas, ele é o que ficou mais apagado com a quantidade de cenas cortadas do espaço, e mesmo que todas as de seu Jake sejam bem cheias de ação, ficamos esperando mais vontade de ver ele realmente brigando com todos lá em cima como foi na sua melhor cena. Jim Sturgess é o típico ator que vai estar em cena pronto para tentar chamar a atenção, mas que não vai conseguir, de modo que seu Max possui boas sacadas e até agradaria mais cenas junto das personagens femininas, mas sabemos bem aonde vai levar seu romance, e sua forma de brigar com os homens soa falsa demais, funcionando bem pouco em cena. Falando nas garotas, a hacker divertida Zazie Beetz (que no ano que vem certamente irá detonar em "Deadpool 2") teve poucas cenas para mostrar serviço, mas vem dela a definição mais perfeita em inglês para Abbie Cornish que aqui foi traduzida "ela é gatíssima", e quem entende inglês irá traduzir melhor "she is hot", pois sua personagem Sarah só serviu mesmo para embelezar a tela, e abrilhantar as ótimas cenas de ação com o carro já mostradas no trailer, e que em grandiosidade ficaram melhores ainda, mas faltou mais para mostrar realmente a que veio. No lado politizado da trama, por bem mais que tentassem Andy Garcia não entregou nem 10% do que sabe fazer com seu Presidente Palma, e Ed Harris até entoou alguns momentos bem encaixados com seu Dekkom, mas precisaria de algo a mais para entregar tudo o que acaba influenciando nas últimas cenas, de modo que acabou faltando muito para mostrar realmente o que sabe também. Quanto dos demais, praticamente todos tiveram momentos espaçados, com leves destaques para as expressões da garotinha Talitha Bateman com sua Hannah, e para os momentos exagerados de Robert Sheehan com seu Duncan.

Dentro do conceito visual a trama teve boas locações tanto para os momentos mais colocados dentro dos EUA, como a convenção do partido (que poderia ser mais impactante a cena!), as ruas de Hong Kong sendo destruídas, a praia do Rio de Janeiro, a praia e os superprédios de Dubai, e até mesmo as grandiosas cenas no espaço ficaram interessantes de se ver, mas claro que dentro de algo mais simbólico, tudo ficou muito computadorizado, pois certamente ninguém foi até a EEI e tudo ali ficou muito amplo demais, com maquinários cheios de detalhes e tudo mais, o que acabou ficando estranho de ver. Aliado aos conceitos de locação, os efeitos digitais até funcionaram bem, mas ficaram estranhos, com raios caindo quase que sequencialmente, fogo explodindo como bombas, e até mesmo os gelos e ondas ficaram estranhos, claro que sabemos que tudo é extremamente artificial, mas poderiam ter amenizado para parecer mais real (olhem o filme "O Impossível" do tsunami para ver como se faz ondas gigantes reais de forma falsa, mas convincente!!), e junte a isso que todos esses efeitos deveriam ter sido feitos de maneira melhor que combinasse com o 3D da trama, pois queríamos pedras de gelo em nossa direção, profundidades no espaço imensas com todos as peças da EEI voando para fora da tela, e muito mais, mas não quiseram ousar, entregando algo duro e simples demais, até mesmo para não funcionar infelizmente da melhor forma na sala Imax. E talvez essa falha na tridimensionalização seja por conta de uma fotografia dura, sem muitos tons amenos para contrastar com os tons mais puxados para o cinza escuro, com muitas cenas a noite, ou em iluminações exageradas de sol, que não deram um ar de profundidade mais correto, ou seja, falhou demais na forma técnica.

Outro detalhe que acabou faltando demais, foi uma trilha sonora mais envolvente, que prendesse a respiração do público e permeasse mais desespero na trama, pois tudo soou bem engessado, e com isso ficamos empolgados com o que vemos, mas não desesperados torcendo por tudo.

Enfim, estaria mentindo se falasse que não gostei do que vi, também estaria mentindo se falasse que não me diverti, pois bem ao contrário saí bem empolgado com tudo o que vi na telona, entrando completamente no clima, e me remetendo demais ao que vi há muitos anos atrás com "Armagedon", claro que de uma maneira simbólica, pois aqui temos tantos defeitos técnicos que precisei mensurar, que se fosse criticar realmente com unhas e dentes daria uma nota bem inferior para a trama, mas como acabei tendo mais sentimentos pela história do que reclamando das falhas, o resultado acaba empolgando e agradando de uma forma geral. Como bem disse, nas mãos de um diretor de maior renome e impacto, a trama seria grandiosa e entraria pro seleto hall de bons filmes de destruição, mas vai acabar sendo daqueles que vamos lembrar apenas mais pelo que vimos no trailer do que pelo longa em si. Bem é isso pessoal, se você gosta de se divertir sem se importar com clichês, coisas falsas demais, ligando apenas para uma boa ação, a chance de sair satisfeito com o que verá aqui é alta, mas do contrário fuja, pois a chance de apenas reclamar é mais alta ainda. Fico por aqui hoje, mas ainda tenho mais algumas estreias (das poucas que vieram para o interior) para conferir, então abraços e até breve.

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De Volta Para Casa (Home Again)

10/17/2017 01:53:00 AM |

Gostamos de ver muitos filmes tensos e que contenham roteiros com mil reviravoltas, que deem nós no nosso cérebro e que nos faça pensar bastante, mas com toda certeza também gostamos de ver um filme leve apenas para relaxar, que trabalhe ideias simples e consiga cativar por mostrar que nem sempre o mundo do cinema é tão simples como muitos imaginam, juntando a isso a ideia de que seus planos jamais podem ter data para ser fechados, e que amizades podem acontecer a qualquer momento. Com essa ideia em mente, conferir o longa "De Volta Para Casa" pode ser uma experiência bem prazerosa, que até podemos reclamar de ser piegas demais, com reviravoltas simples e clichês demais, mas que com toda certeza fará muitos da área de cinema lembrar o quanto é difícil criar uma ideia, e ir mostrar para um financiador/produtor, e pensando dessa forma, por bem pouco esse Coelho quase esqueceu o romance/filme que ocorre no primeiro plano e focou somente na história dos três jovens secundários, pois não digo que a história/relacionamento do grupo todo com o ar maternal/incorporador da protagonista seja algo subjetivo, mas o longa certamente acabará sendo visto de duas formas, uma por quem for querendo o romance mesmo, e outro como esse que vos digita sempre acabou vendo, e sendo assim, vou tentar falar mais dos dois vértices mais para baixo, mas garanto que quem gosta de filmes leves, com uma pegada quase europeia vai curtir esse roteiro bem simples e bacana aqui.

A sinopse nos conta que recém-separada do marido, Alice Kinney decide recomeçar a sua vida se mudando para sua cidade natal, Los Angeles, com as duas filhas. Durante uma comemoração do seu aniversário de 40 anos, ela conhece três cineastas que precisam de um lugar para morar e acaba deixando os rapazes permanecerem em seu quarto de hóspede temporariamente, mas o acordo gera situações inesperadas.

O estilo encontrado pela diretora e roteirista estreante Hallie Meyers-Shyer basicamente é algo que bebeu muito na fonte de sua mãe Nancy Meyers, que aqui atacou de produtora, pois basicamente o que vimos em "Um Senhor Estagiário", "Simplesmente Complicado", vemos novamente aqui com uma roupagem diferente, mas usando os mesmos artifícios e pontuais evoluções, o que mostra a seguinte frase que "filho de peixe, peixinho é", e com isso, não temos nada que surpreenda o espectador, aliás não se deve esperar nada de um filme desse estilo, pois as reviravoltas são sempre as mesmas, os fechamentos os mesmos, e só acabamos errando em detalhes (por exemplo apostei que o que acontece na penúltima cena, aconteceria 3 minutos antes, na cena anterior!). Ou seja, a diretora entrega o que conhece, de um modo simples, mas que acaba se tornando gostoso de assistir, pois não força nossa amizade (colocando clichês sim, e de forma correta, pois quando alguém tenta usar um clichê e falha inventando, o resultado soa péssimo), nem ousa querer que o público se emocione com o que é mostrado, apenas faz relaxar e mostra com serenidade cada ato seja ele visto pelo pessoal da área de cinema como a vida nessa área nem sempre é favorável e que temos de fazer algumas escolhas para ajudar os amigos, ou na área mais comum de público, que podemos optar por todos os lados gerando uma harmonia com nossas escolhas para ficarmos felizes e quem sabe até agradar a todos.

Sobre as atuações, temos de ser factíveis que a estrela de Reese Witherspoon já não lhe sorri mais tanto como quando era mais jovem, e mesmo tendo um carisma incrível em cena com sua Alice, seus grandes momentos acabam sempre sobrepostos pelos demais personagens, o que é estranho de ver, pois certamente uma atriz do porte dela conseguiria sobrepor qualquer um dos atores menos conhecidos, ou ao menos, as garotinhas, o que acaba não ocorrendo, mas isso não é motivo de derrota, pois ela agrada bem na maior parte do tempo, e mostra que quando ela quer soar simples consegue sem forçar. Michael Sheen aparece pouco com seu Austen, mas põe pra jogo seu estilo forte e consegue chamar a atenção com isso, criando momentos isolados que acabam floreando o resultado, talvez um pouco mais de briga/dinâmica com os garotos daria um tom mais forte para o filme. Nat Wolff cresceu demais e mudou muito nesses 2 anos, de modo que o garoto mais sonhador e cheio de trejeitos que vimos em "Cidades de Papel" e "Um Senhor Estagiário", aqui ficou estático demais com seu Teddy e é fácil notar que muitas cenas suas foram eliminadas, talvez por não ousar tanto. Pico Alexander aqui é inserido como o famoso galanteador que faz as garotas suspirarem e que sempre vai ficar tentando aparecer nas cenas mais impactantes, de modo que seu Harry acaba sendo bem entregue e até agrada tirando alguns exageros expressivos nas suas cenas mais revoltadas. Agora sem dúvida alguma (ao menos no meu conceito) dos três jovens, o que foi mais bem elaborado tanto em trejeitos bem colocados, quanto na concepção mesmo do personagem foi Jon Rudnitsky com seu George, de modo que chega a ser difícil não se afeiçoar com ele, seja na forma de tratamento dado para as garotinhas, quanto para com seu relacionamento com a protagonista, numa forma de olhares muito melhor do que a trocada com o seu par realmente na trama. Quanto aos demais, temos de dar um leve destaque para Candice Bergen com sua Lillian que cai completamente na tradicional forma de ser conquistada pela reverência de fãs, e um grandioso destaque para o nível interpretativo das duas garotinhas Lola Flanery com sua Isabel e Eden Grace Redfield com sua Rosie, pois ambas detonaram do começo ao fim com olhares, trejeitos e principalmente colocando seus diálogos num nível de carisma impressionante.

Dentro do conceito cênico, o longa conseguiu ter um charme extra ao trabalhar bem o cinema mais artístico e claro suas locações mais cheias de detalhes, de modo que temos a casa da protagonista literalmente como uma casa de cinema, com lençóis que parecem abraçar os protagonistas (é usado inclusive como tema de piada na trama), com festas nos quintais regadas a projetores antigos em panos amarrados, e muita dosagem de elementos cênicos representativos, seja por quadros, oscares, rolos de filmes, máquinas de escrever, e claro tudo que pudesse remeter aos bons tempos que o pai da protagonista viveu (inclusive usando um carro bem da época - em uma outra piada clara de que hoje ninguém por lá sabe usar carro de câmbio manual), e claro que nas demais cenas dos jovens indo à encontros com produtores, é mostrado que esses pouco ligam para os artistas, querendo colocar eles até mesmo como elementos cênicos (outro ótimo ponto de piada), ou seja, até mesmo os personagens em diversos momentos acabam servindo de elementos de arte para a equipe de arte, num ótimo trabalho de composição. Quanto à fotografia, tivemos tons leves para manter a simplicidade da trama, ousando bem pouco em iluminações de foco para dar leves destaques, mas nada que seja impressionante de ver, deixando o longa não tão forte comicamente, mas também não caindo para tons dramáticos como poderia acontecer.

Enfim, é um filme que até pode passar despercebido por muitos, e que não vai também chamar muito a atenção para quem não é fã do estilo, mas acaba saindo tão gostoso de ver, que acaba agradando quem for disposto a relaxar e entrar na onda da história realmente. Claro que é notável a quantidade de cenas cortadas fora, a quantidade imensa de clichês colocados para pontuar cada cena, mas a função do filme não é ser algo grandioso, muito menos algo novo no estilo, mostrando apenas que a jovem diretora se seguir os passos da mãe, logo mais deve ter grandes filmes do estilo em suas mãos e certamente vai acertar. Portanto, vá conferir sem esperar muito dele, que a chance de gostar do que verá é bem alta, mas se romances não é sua praia, fuja. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já vendo esse como uma das estreias da próxima semana, afinal está com várias sessões de pré-estreia paga, mas volto na próxima quinta com realmente mais estreias, então abraços e até lá.

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Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola

10/14/2017 03:12:00 AM |

Sempre digo que é interessante quando saímos de uma sessão e ficamos pensando no que o filme quis dizer para nós, e basicamente "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola" não conta realmente como fazer essa proeza, pois até possui algumas lições incorporadas na trama, mas o filme se desenvolve tanto com diversas bagunças (claro que felizmente sem destruir uma estrutura tradicional de cinema!) que ao final acaba funcionando como uma espécie de filme de sessão da tarde aonde tudo é possível acontecer, mas que por ter tantos xingamentos não irá passar nesse horário. Ou seja, até é um filme que passa um tempo, possui uma boa dinâmica que não cansa o espectador, mas você já praticamente sabe como a trama vai acabar fluindo, com o que vai sendo entregue, e claro que como de praxe do estilo, vem carregada de escatologias para todos os lados para tentar divertir um pouco. Portanto, vai ser daqueles que irá divertir os fãs de Gentili, que realmente gostam desse estilo peculiar exagerado dele, mas que não funciona como um filme cômico para quem deseja ver realmente uma comédia.

A sinopse nos conta que Bernardo e Pedro são estudantes e enfrentam as clássicas tarefas de cumprir as obrigações escolares, tirar boas notas, ter bom comportamento e cumprir as regras da escola, cada vez mais elaboradas graças ao diretor Ademar. Frustrados, Pedro acaba encontrando um diário de como provocar o caos na escola sem ser pego, o que leva os dois amigos a seguirem as dicas do caderno.

Em sua primeira direção e adaptação de livros para longas, Fabrício Bittar (que já foi uma criança no arco-íris de "Xuxa Contra o Baixo Astral"!!!!) não só conseguiu criar algo bem diferenciado, como também criou uma grande amizade com Gentili, tanto que em breve estará dirigindo os dois próximos longas criados pelo apresentador, mas o fato que vai ficar marcado em sua carreira é o estilo que soube misturar bem desenhos do diário com as situações ocorrendo na trama, meio que realmente como se fosse rolar o desenvolvimento do manual de Gentili. Claro que talvez o manual em si só desenvolvido ficasse um pouco chato, e nem sei se no livro que é baseado do Danilo Gentili é realmente assim, mas podemos dizer que embora tudo seja muito maluco, o resultado acaba impressionando. Como o personagem de Fábio Porchat diz no trailer, esse filme é um desserviço com o cinema nacional e você deveria ficar em casa ao invés de ir ao cinema conferir, claro que isso foi um tremendo marketing bem feito no trailer, mas em parte a bagunça que acabaram criando é tão imensa que mesmo o filme tendo alguns momentos interessantes (principalmente nas cenas finais!) o que é dito é bem válido.

Quanto das atuações, os jovens Daniel Pimentel e Bruno Munhoz se saíram até que bem expressivos em seu primeiro trabalho nos cinemas, de modo que conseguiram criar uma boa amizade com uma química interessante, e também se desenvolveram bem durante o longa com seus Pedro e Bernardo, porém ambos poderiam ter feito caras mais empolgadas em diversos momentos, parecendo estranhar ainda um pouco para onde olhar, mas isso como já disse outras vezes, se aprende com o tempo, e claro que um bom diretor ajuda bastante. É claro que por ser seu livro, Danilo Gentili tem o papel mais importante na trama, como o antigo pior aluno, dono do diário original e mentor dos garotos que desejam se salvar da escola, e com isso ele praticamente faz o papel real de sua vida, como playboy que frequenta festas abarrotadas de bebidas e mulheres, tem um apartamento com tudo que um garoto sonhou e claro fala muitos palavrões, mas embora ele seja assim, talvez não precisasse exagerar tanto, e com isso acabou ficando até forçado demais, mesmo que com isso acabe fazendo rir em diversas vezes. Carlos Villagrán (nosso eterno Quico) entregou um diretor Ademar bem autoritário, mas embora use frases consagradas suas, faça algumas caretas também bem conhecidas, os produtores ainda devem estar se perguntando o motivo de colocar alguém falando um portunhol horrendo que ninguém consegue entender praticamente nada no filme, de modo que garanto que associamos 99% do que ele fala pelas respostas dos demais em cena, pois dificilmente alguma palavra sai bem colocada, talvez legendando ele melhoraria muito, mas aí sairia da essência da trama, que acho que era a de realmente ninguém entender ele. Moacyr Franco caiu bem como zelador da escola, mas também acabou um pouco forçado no besteirol, aparentando mais um zelador de prisão do que de escola realmente, ficando um pouco estranho de se ver. Agora dificilmente fico triste por algum ator/humorista estragar carreira em filmes, mas o que Fábio Porchat  fez com seu Cristiano é algo para se desprezar muito, afinal ele vinha numa pegada de excelentes filmes, mostrando  que tem uma boa interpretação e poderia se tornar um grande ator de comédias normais, mas aqui jogou tudo pra cima e ficou péssimo. Dos demais, podemos dizer que os professores Raul Gazolla, Joana Fomm e Rogério Skylab fizeram caras e bocas forçados para aparentar seus papeis, mas nada que fosse impressionante como poderia, já que queriam algo como mestres monstruosos, poderiam ter incorporado isso ficando bravos realmente.

Sem dúvida o melhor do filme (e que irá compor a maior parte da nota!) é a arte visual do longa, aonde conseguiram juntar cenários tradicionais de filmes escolares, com muitas traquinagens dos anos 80/90, muitos cenários preparados para receber cada cena, desde um apartamento fabuloso com muitos elementos cênicos para ser incorporado na trama, passando por um apartamento deplorável (com um Rei do Mate - patrocinador - no meio, no fabuloso também aparece toda hora uma chopeira adesivada), uma escola bem trabalhada de salas prontas para serem usadas, e claro banheiros rabiscados característicos da maioria das escolas. A fotografia da trama também colocou muitos tons fortes contrastando com pasteis dos uniformes, e algumas iluminações chamativas para destacar somente onde desejavam mostrar, criando pontos uniformes e interessantes. Mas sem dúvida alguma o grande feitio técnico ficou por usar muita animação nas vinhetas de quebra das lições, ousando com sabedoria na utilização dos rabiscos de cadernos, fazendo algo bem trash e bacana de ver na telona.

Enfim, se eu falasse que gostei do que vi, estaria mentindo bastante, pois é um filme estranho, bagunçado e que não serve para muita coisa, mas claro que vai ter muitos que gostam do estilo do Gentili, que irão ver o filme, irão se divertir com o que é mostrado e vão ficar com toda certeza aguardando "Como Se Tornar o Pior Aluno da Faculdade", então é daqueles longas que tem seu público definido, mas que não posso recomendar para quem não for desse nicho conferir. Então é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfico, mas volto na terça já com uma pré da próxima semana que está em cartaz já, então abraços e até breve.

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A Menina Índigo

10/13/2017 08:55:00 PM |

Já vi muitos filmes religiosos que deram certo e também muitos que foram um afronte para qualquer pessoa que vá ao cinema conferir, mas confesso que sinto uma grande afinidade por bons diretores que atacam nesse estilo e sabem mostrar a que vieram, pois quando botam a cara à tapa para mostrar sua opinião e criam um filme interessante que combine a religiosidade/espiritualidade bem com a história a que se propõe contar, o resultado acaba magnífico. Só é uma pena que infelizmente "A Menina Índigo" não poderá ser incluído nesses exemplos de filmes maravilhosos sobre a espiritualidade presente em muitas pessoas boas que querem e vão mudar o mundo, que acaba sendo a base/tema do filme, mas que não consegue atingir por focar tanto em tantas coisas e menos no que se propunha. Claro que o filme não é ruim, pois com uma estética maravilhosa de cores (característica marcante do diretor que fez de "Nosso Lar", um longa de uma beleza visual incrível!) e uma atuação de nível mais do que profissional da garotinha, o resultado é sim algo que causa uma felicidade, mesmo que momentânea, porém faltou aquele detalhe que transforma uma história boa em um filme bom, que é a direção atacar com unhas e dentes a proposta e tirar dali algo visceral e incrível. E com isso, o longa acabou ficando realmente alongado, pois não possui muito tempo de duração (99 minutos) mas aparentou ter no mínimo umas 2-3 horas no total de tão repetitivo e sem objetivo que acabou soando. Ou seja, é um filme bem feito, mas que não atingiu o ápice que poderia mostrar, e claro contagiar mais pessoas para viver com mais alegria num mundo colorido e cheio de bondade.

A história nos conta que Sofia é uma garota de 7 anos que tem enfrentado problemas na escola, por não se interessar nas matérias ensinadas. Após se trancar em uma sala e pintá-la por completo, seu pai é chamado ao local. Meio afastado dela devido ao trabalho como jornalista, ele se reaproxima após o pedido da própria Sofia para que more com ele. Aos poucos, ele percebe que Sofia possui é não só uma criança bastante espontânea que se manifesta através da pintura, mas que também possui o dom de curar pessoas doentes.

Fico realmente triste quando um filme não consegue entregar o que se propões, pois já disse outras vezes que a temática espírita/religiosa é um dos maiores filões que se os diretores e roteiristas quiserem adaptar livros e mais livros irão ter filmes para fazer em quase todas as semanas de sua vida, basta que enfrentem preconceitos e tudo mais, e nem queiram mostrar sua verdadeira frente, afinal pode-se fazer um longa evangélico/espírita/cristão tranquilamente sem necessitar se um seguidor dos grandes mantras e religiosos de cada religião, desde que siga os princípios, se pesquise bastante e principalmente entregue na tela o que o público alvo da religião deseja ver, pois assim sendo é certeza de ser indicado no famoso boca a boca e com isso ganhar muito ou pelo menos o dinheiro investido com o retorno. Porém voltando a falar do filme aqui em questão, o diretor e roteirista Wagner de Assis que fez um dos filmes de maior produção nacional, o espírita "Nosso Lar" (até hoje acredito que tenha sido um dos maiores no quesito efeitos visuais no Brasil, e que acabou tendo uma excelente bilheteria dentro do nicho), apenas entregou um longa singelo, sem atingir nada e quase ninguém, pois era notável que a sala com um bom público (não estava lotada, mas tinha lá bem mais que muitos filmes que confiro!) alguns já estavam quase no final deitados na poltrona quase dormindo, outros conversando sobre qualquer coisa, alguns entrando e saindo da sala e até mesmo eu, olhando para outros para ver reações ao invés de me prender no filme, e no que estava acontecendo, pois sua história acaba divagando demais sobre o tema, entrado em temas políticos, e apenas salpicando na tela o que deveria mostrar realmente, não chegando a nenhuma conclusão específica. Com isso, o que vemos de seu trabalho é apenas algo muito colorido e bonito de se ver, aonde o resultado não importava, mas sim a tentativa de mostrar algo, e assim sendo, o filme acaba cantando uma música bonitinha também e saímos da sessão prontos para ver outro filme, sem nem ao menos precisar refletir ou pensar no que vimos.

Sobre as atuações, é fato mais do que claro, que Letícia Braga se crescer e manter o bom estilo de atuação que vem mantendo, e principalmente o que fez aqui, irá ser uma das melhores atrizes desse país, quiçá se ousar sair para fora, e digo isso sem pensar em mais nada, pois uma garotinha de 12 anos simplesmente derrubou com todas as mínimas forças as interpretações/atuações dos adultos, com um carisma mais do que impressionante e incríveis expressões claras tanto da idade, como de uma proposta mais ousada com sua Sofia, fazendo com que todos os momentos seus fossem marcados por realmente uma luz especial, um sorriso/expressão especial e uma clareza de saber o que estava fazendo ali com maestria, acertando em cheio cada momento. Já não podemos dizer o mesmo de Murilo Rosa, que até se saiu bem com seu Ricardo, mas aparentemente saiu melhor como produtor do filme do que como ator realmente, criando momentos marcados pela simplicidade de expressão ao mesmo tempo que não chegava a conclusões de suas cenas, ficando sempre no meio do caminho. De Fernanda Machado então chega a ser quase como um enfeite cênico com as poucas cenas de sua Luciana, que ainda por cima não expressava nada quando aparecia, fazendo uma mãe mais perdida do que pronta para fazer algo, claro que sabemos que não é fácil saber o que fazer numa situação dessas, mas ao menos tentasse ser mais expressiva com a dúvida. Dentre os demais atores, a maioria até trabalhou bem dentro do que foi proposto para eles, não atingindo nada além do comum, mas também não atrapalhando (tirando claro TODOS da escola, que chegou a ser deprimente o depoimento e a conversa de uma diretora/pedagoga com um pai e na sequência sua entrevista para a TV!), podendo dar leves destaques para Eriberto Leão com seu Geremias numa clara alusão ao oportunismo midiático, que prefere perder o amigo à matéria de sua revista, Paulo Figueiredo com seu Paulo Gregório trabalhando o ar da corrupção que afronta o país e a vida das pessoas, e até mesmo a rápida participação de Nizo Netto como um médico que nem procura saber o que sua paciente tem já tacando logo de cara um remedinho tarja preta que vai "acalmar" os problemas da criança.

Sendo uma das características dos trabalhos do diretor, o conceito cênico do filme acaba sendo tão incrível, que por bem pouco não acaba dominando todo o filme, pois com muitas cores, tintas (com certeza atóxicas, pois a garota literalmente come as tintas, joga pra todos os lados, toma banho, faz de tudo com as cores - principalmente o azul índigo!!!) e que com muita clareza de sentido fez de sua obra algo bem trabalhado de elementos cênicos, de ótimas pinturas abstratas que acabam dando um tom bem bonito de olhar, mas que acaba faltando também um pouco para atingir realmente um ápice cênico, afinal toda vez que saía da casa dos protagonistas, o resultado praticamente descia e ia para rumos mais fracos, ou seja, poderiam ter ficado somente na casa e trabalhado ali a espiritualidade total e acertaria mais em cheio. No conceito fotográfico a ousadia também foi bem pouca, deixando tudo num único tom claro, sem muita dinâmica de ângulos, apenas deixando fluir a criatividade da garotinha e com isso jogando fora todas as possibilidades de nuances que longas desse estilo costumam ter.

No conceito sonoro, o tradicional pianinho de fundo, com melodias tristes orquestradas dominam do começo ao fim para tentar causar alguma emoção no público, mas além de atrapalhar e cansar, acabam que deixam o filme mais lento ainda, e não atinge nada além do que já está sendo mostrado, de modo que precisam parar com isso, que já deu esse estilo musical para o gênero, e dificilmente vem sendo acertado na função de fazer chorar.

Enfim, com uma proposta razoável, e um tema bem interessante para se discutir, e claro provar algo, a trama acaba soando fraca demais e não comove, nem atinge os objetivos propostos, apenas funcionando como mais um filme apenas, aonde a beleza visual disfarça os problemas reais de um roteiro/direção. Ou seja, existem muitos outros bons filmes que tratam de espiritualidade, de que podemos e devemos criar um mundo melhor mais alegre e feliz, mas que de uma forma mais coerente acaba agradando mais. Portanto, quem quiser pular esse, pode deixar tranquilamente que não vai fazer diferença alguma com o que será mostrado, o que é uma pena imensa, pois como sempre falo, temos potencial para criar bons filmes, mas falta a coragem realmente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou encarar outro longa nacional, agora saindo da espiritualidade e indo para a sujeira realmente, então abraços e até logo mais.

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As Aventuras do Capitão Cueca - O Filme em 3D (Captain Underpants: The First Epic Movie)

10/13/2017 12:56:00 AM |

Fazia tempo que ao ver uma animação dublada, eu não ficava tão curioso para ver a versão original. Digo isso, pois sempre as animações acabam fluindo tanto com as vozes dos dubladores, encaixando bem o mundo completo e divertindo que acabo nem ligando para a forma original, claro que muitas vezes que consegui ver as duas, o original geralmente surpreende com algo, e aqui em "As Aventuras do Capitão Cueca - O Filme" tenho certeza absoluta de que as piadas de duplo sentido funcionaram muito bem na versão americana, enquanto aqui tudo acabou ficando politicamente correto para ser vendido para crianças, e com isso o longa acabou ficando bem em cima do muro, não atingindo nem as crianças (tirando o grande colorido e as bobagens feitas pelo protagonista) e nem os adultos que viram algo estranho acontecendo com personagens agindo de um jeito e falando coisas de outro completamente desconexo. Ou seja, um filme que certamente até teria algo impróprio para menores no conteúdo, algo meio "Beavis and Buttered" ou "South Park" (claro que bem mais light!), acabou soando fraco e colorido apenas, com algumas pitadas cômicas e muita loucura criativa.

A sinopse nos conta que Jorge e Haroldo são amigos inseparáveis, tanto no colégio quanto na casa na árvore que mantém juntos, onde se dedicam a escrever histórias em quadrinhos do Capitão Cueca, super-herói por eles inventado. Ambos adoram se divertir na base de pegadinhas, especialmente em relação aos professores e ao rabugento diretor Krupp. Quando são ameaçados de serem separados de turma, Jorge usa um anel hipnótico contra o diretor, que faz com que ele obedeça a todas as suas ordens. É quando a dupla tem a ideia de transformá-lo no próprio Capitão Cueca.

O longa que é baseado na série mundial de livros de Dav Pilkey, veio com uma proposta até que bem ousada, com personagens falando com o público e boas esquetes misturando animação computadorizada tridimensional com desenhos 2D bem elaborados e interessantes no melhor estilo de HQ, o que mostrou um pouco mais do estilo do diretor David Soren que fez de "Turbo" um sucesso diferenciado. Porém faltou aqui uma escolha melhor de que caminhos seguir, pois se lhe entregassem um roteiro mais fechado com algo mais palpável, ou algo completamente maluco como ele tentou fazer no início da trama, trabalhando bem a criatividade dos protagonistas, certamente teríamos um filme mais forte, pois sabemos que seu estilo é amplo, e quem sabe numa continuação ele saia bem melhor.

Sobre os personagens, temos de falar que o carisma dos dois protagonistas Jorge e Haroldo é algo completamente fora do padrão para um desenho, de modo que logo de cara parece que conhecemos eles, e até torcemos para as suas travessuras dentro da escola, mas aí entra o divertido Capitão Cueca com seu trá-lá-láááá e uma proposta irreverente e praticamente quebra eles para um segundo plano, o que não é algo comum de se ver (claro o filme se chama As Aventuras do Capitão Cueca e não algo de Jorge e Haroldo você deve estar falando para mim!), mas acredito que poderiam ter mantido a essência deles e junto com o Capitão para ser criado algo mais dinâmico e interessante. Agora quanto ao vilão, Professor Fraldinha Suja volto a dizer que quero ouvir a dublagem original para poder comparar, pois acabaram fazendo uma voz forçada, com muito sotaque, de modo que muitas palavras acabam sendo até difíceis de entender o que ele fala, e isso não é legal para uma animação. Dos demais, a personalidade do diretor Krupp é algo bem forte e a sacada dela ser assim por não ter amigos/relacionamentos foi bem interessante de ver, e inteligente pela parte da equipe de roteiro, e o jovem Melvin soou bem chato por parte de suas atitudes, mas sabemos bem que existem vários assim nas escolas, então fizeram um xerox bem colocado.

No conceito visual, a trama mesmo feita com muita computação gráfica acabou pecando um pouco nas texturas e nos designs dos personagens, pois inicialmente todos pareciam ser bem desenhados, mas com o andar da trama acabamos vendo formas muito semelhantes, quase nenhum movimento de cabelo, capa e afins, e o resultado soa um pouco duro demais, o que não é bonito de ver em um longa misto (quando a proposta é ser duro, ou cair mesmo para o 2D até é bem válido, mas aqui não aparentou esse o motivo!). Mas para contrabalancear esse estilo mais sólido, a equipe compensou muito em cores e tons, trabalhando bem vermelhos, tons de peles diversos, figurinos com cores exageradas, e principalmente uma gosma verde ácida que até o Superman fugiria quilômetros daquilo. Outro grande defeito do longa ficou a cargo do 3D completamente inútil, não tendo uma profundidade sequer, um detalhe saindo para fora da tela, absolutamente nada, de modo que na cena dos papeis higiênicos voando até achei que iria virar uma festa na tela, mas nada, tudo vai para o outro lado, e o resultado acaba sendo bem desapontador por parte dessa tecnologia.

Enfim, é um filme com uma proposta boa para uma série, consegue ser divertida dentro de um plano mais abrangente, mas que tanto na dublagem nacional, quanto na ousadia cênica acabou desapontando um pouco. Claro que não verei tão cedo a versão original, já que não veio para o interior, mas tenho certeza absoluta de que está melhor dublada e que talvez goste mais do filme desse modo. Portanto até recomendo levar as crianças pelo colorido, pela ideia de que rir é bom, mas faltou o filme causar mais esse sentimento do que apenas falar. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas nessa sexta verei mais dois filmes, então abraços e até breve com mais textos.

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A Morte Te Dá Parabéns (Happy Death Day)

10/12/2017 06:33:00 PM |

Embora "A Morte Te Dá Parabéns" não seja um filme ruim, o desapontamento de ir ao cinema esperando ver um filme de terror tenso e ver quase um romance teen bem leve foi tão alto que esse Coelho quase nem sabe o que falar dele. Digo isso, pois o filme é tão levinho, que raramente somos pego no susto com o máscara de bebê aparecendo, pois toda hora que vai acontecer já praticamente sabemos e ficamos apenas esperando para ver qual vai ser a forma que vai matar a protagonista (e isso sem quase sangue algum, bem leve mesmo!!), ou seja, a mistura de "Pânico" com "Efeito Borboleta" mal conseguiu ficar próxima de "Feitiço do Tempo" (o qual é citado no longa!), e acaba mais decepcionando do que empolgando com o que poderia ser. Volto a frisar que a história embora seja bobinha é interessante, e possui bons momentos para tentarmos adivinhar quem é o assassino entre tantos suspeitos, afinal a menina é daquelas que qualquer um desejaria dar uma boa paulada na testa, mas faltou o tom de terror mesmo para empolgar e/ou assustar como poderia acontecer.

A sinopse nos conta que uma mulher é assassinada e fica presa em um ciclo vicioso entre vida e morte. Ela deve resolver o mistério de seu próprio assassinato, ressuscitando várias vezes até descobrir quem foi o responsável pelo crime. Só quando ela compreender o que causou sua morte, pode conseguir escapar de seu destino trágico.

Com um grande currículo como roteirista de terror, e dois bons filmes (um de terror e um de comédia trash envolvendo terror), era de se esperar bem mais de Christopher Landon aqui, pois mesmo criando o ambiente tenso em diversas cenas, a máscara do assassino chega a ser bizarra em diversos momentos, e além disso tudo é criado para não ir muito além, ou seja, acabamos vendo um filme repetido com algumas alterações bem colocadas, mas que fica mais próximo de algo comum do que algo que poderia realmente surpreender com alguma virada, ou até mesmo com algo mais envolvente. Ou seja, a direção pareceu cansada em causar algo, e apenas entregou o básico bem feito, e como disse antes, esse básico vai acabar desapontando muita gente, pois a maioria irá ao cinema esperando ver um bom terror, ou algo tenso ao menos, e aqui a comicidade e a despretensão acabam indo muito acima do que qualquer outra coisa.

Dentre as atuações, é fato que o destaque fica a cargo da protagonista Jessica Rothe, que trabalhou bem sua Tree, ousando em caras e bocas, sendo surpreendida e surpreendendo a cada novo ato de suas reviravoltas, mas embora os filmes sempre mostrem que garotas de fraternidades americanas são fúteis, aqui o nível dela chega a ser assustador de tão jogado, e se pararmos para pensar nas outras garotas então!!! Ou seja, sua penúltima volta foi bem bacana e bonita de ver, que acaba agradando mais pela proposta em si de algo bonitinho e funcional, mas ainda longe do que esperávamos ver. Dentre os demais, temos de pontuar que Israel Broussard caiu bem como par romântico e agrada com seu Carter, sendo sucinto como par de conversas e até empolga nos olhares apaixonados, mas está longe de ser alguém que chamasse a atenção. Como já disse antes, as demais garotas soam tão falsas que chega a dar pena, e mesmo as duas coadjuvantes Ruby Modine e Rachel Matthews como Lori e Danielle respectivamente, que tiveram alguns momentos marcantes acabaram ficando sem sal de tudo, ou seja, também torceríamos para morrer rapidamente. Dentre os demais quase ninguém chama atenção, tendo um ou outro momento pontual que acaba mostrando leves destaques para se conectar a história principal, mas nada que valha realmente pontuar.

Por ser uma produção de Jason Blum, é fato que todo o conceito cênico para criar algo macabro é conseguido em diversas cenas, como por exemplo na primeira passada da protagonista por uma área em obras, com tudo escuro e somente um presente ali girando e cantando, outras cenas de tensão e fuga da protagonista, como as já mostradas no trailer do carro, e até mesmo nas diversas cenas que ocorrem repetidamente no início da saída da jovem do quarto de Carter foram bem trabalhadas com muitos elementos cênicos, mas poderiam certamente ter criado algo mais sobrenatural, e assim empolgar como terror realmente. Outro grande detalhe que falhou foi a fotografia, pois se ao menos tivessem usado tons mais escuros, acabaríamos vendo menos coisas na tela, e com isso ao menos seríamos surpreendidos com as aparições do assassino.

Enfim, é um filme que falhou em muita coisa, que após conhecer o assassino ligamos todos os pontinhos e fica até chato pensar em tudo, pois era algo bem óbvio, e ser revermos o filme certamente não terá a menor graça, mas que serve para passar um tempo no cinema e/ou em casa, afinal como disse está bem longe de ser algo ruim, apenas não é um terror, nem é algo fantástico dentro do que se propôs a entregar. Sendo assim, só recomendo ele se você não estiver esperando um longa de terror, e ainda assim gostar de tramas jovens de faculdade. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas daqui a pouco irei conferir outro longa que pela manhã compartilharei minha opinião com vocês, então abraços e até breve.

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Your Name (Kimi no na wa.)

10/12/2017 02:31:00 AM |

É tão bonito quando assistimos a um filme e saímos satisfeitos após a sessão, mais ainda quando vemos que o filme não apenas nos atingiu, como também tocou a todos que estavam na sessão, fazendo com que ele fosse aplaudido (coisa que só costuma acontecer em sessões com diretores/atores, mas não em uma exibição comum, bem longe do país de origem, como é o caso aqui) ao final, e muitos saíssem emocionados com o que foi passado pela trama, ou seja, o resultado de "Your Name", que já fez história com a bilheteria antes mesmo de estrear em diversos grandes países, acabou sendo tão bom que chega a ser difícil transmitir em palavras todos os sentimentos que acabei tendo durante a exibição. Para começar, passei muita raiva com as diversas conexões da trama, ri muito com diversos momentos, imaginei muitos filmes que já vi e senti a presença de espírito na trama, mas muito mais do que isso, o resultado final acabou dando um ótimo nó na garganta, emocionando, pois mesmo que você não acredite em reencarnações ou viagens temporais, tudo soa tão gostoso de ver que passamos até a acreditar nessas possibilidades, quase que flutuando com a letra da canção tema durante os créditos, que mesmo que não tivessem legendado (mas que ajudou muito) iríamos ficar ali até o fim extasiados com o tom que estava passando pelas vozes dos cantores japoneses da banda Radwimps. Ou seja, no Brasil todo terá mais algumas sessões no Cinemark (que adquiriu os direitos de exibição por aqui) então veja as programações e vá conferir, pois garanto que não você sairá muito feliz da sessão, valendo cada momento.

O filme nos mostra que Mitsuha Miyamizu é uma jovem que mora no interior do Japão e que deseja deixar sua pequena cidade para trás para tentar a sorte em Tóquio. Enquanto isso, Taki Tachibana, um jovem que trabalha em um restaurante italiano em Tóquio, deseja largar o seu emprego para tentar se tornar um arquiteto. Os dois não se conhecem, mas estão direta e misteriosamente conectados pelas imagens de seus sonhos.

O trabalho feito aqui pelo diretor e roteirista Makoto Shinkai é algo que transcende tudo o que se possa imaginar em uma animação, que não foi feita para crianças (devo frisar bem isso!!), trabalhando vidas passadas com viagens temporais de uma forma única, a qual muitos podem julgar apenas como uma coincidência, mas é possível se pensar nessas possibilidades, de quando conhecemos alguém na rua sem nunca ter visto essa pessoa, ou até mesmo quando sonhamos com algo estranho e parece que já fizemos aquilo antes por saber tantos detalhes. E com essa essência, tudo é tão bem trabalhado com traços tão marcantes (por diversos momentos até parecem feitos através de técnicas de captura, mas não, são desenhos mesmo!) e com uma síntese de diálogos tão bem construídos que o filme flui trazendo diversas alegorias para se refletir, e até mais do que isso, para curtir, pois diferente de outros longas do estilo que apenas criam reflexões, aqui o filme tem o trabalho de ser uma animação divertida, gostosa e prazerosa de se assistir, de modo que o público acaba rindo no meio da sessão até com coisas banais, sorrindo em diversos momentos, e claro se emocionando em diversos outros, resultando em algo completo de se conferir. Com isso em mente, o trabalho de desenho, até pode ousar, tendo momentos mais crus, com rabiscos realmente, mas que acabam funcionando para entregar realmente algo além do planejado, e que acabou entrando até num segundo mundo paralelo e reflexivo (quem sou eu agora? estou no corpo de quem? como ajudar o outro?) e junto dessas coincidências, a trama acaba revirando e ficando incrível.

Sobre os personagens e entonações (não vou falar de interpretação, pelo simples motivo que o som do idioma japonês me faz mais rir pelas repetições do que pensar no que estão dizendo, de modo que toda hora que a protagonista falava Taki Kan, por mais que eu quisesse não pensar, vinha na mente tá quicando!) temos de ser sinceros, que todos caíram como uma luva, e mesmo com clichês imensos (afinal já vimos um milhão de longas de trocas de corpo!) o resultado dos protagonistas, e até mesmo dos coadjuvantes amigos acabaram indo num fluxo tão divertido e coeso que nos conectamos a eles, torcemos pelo encontro, e mais do que isso, nos surpreendemos com o ponto de virada/explicação de como tudo está acontecendo/motivos de não termos tudo resolvido tão rapidamente. Ou seja, Taki mesmo com seu jeito certinho, tímido e funcional acaba fazendo coisas que um jovem faria normalmente, e quando se inverte é fato que vai fazer muitas coisas divertidas, mesmo sem saber o porquÊ de estar ali. Da mesma forma, Mitsuha nos é entregue por muitos caminhos, como a filha do prefeito, depois a neta que segue as tradições, a garota que deseja sair do povoado, a diferente de todos ali, e claro demonstra tudo isso também quando está no outro corpo, ou seja, múltiplas formas de interpretarmos todos os seus momentos, e acaba agradando bem com isso.

No conceito visual, o filme acaba tendo muitos momentos bonitos e agradáveis, e da mesma forma coloca alguns pontos bem duros e fortes, de modo que as paisagens do povoado soam lindas, transmitem sensações da cultura, e por mais incrível que seja, só notamos o detalhe máximo de tudo quando somos apresentados no ponto de virada, e isso é algo que chega a derrubar o queixo, pois liga o começo que acaba parecendo inútil, o meio desenvolvido por quase todo o filme, e o final mágico, criando muitos elementos e arquétipos para serem trabalhados e envoltos. Ou seja, um trabalho de arte minucioso, que como já disse mais acima, foi feito de duas formas, primeiro com traços fortes, marcantes e bem detalhados, aonde tudo parece quase real sem ser computacional demais, e depois com traços mais crus e simples que apenas criam alegorias, mas funcionam bem para dar a síntese necessária, no momento necessário, sendo um grande acerto também.

O longa possui boas trilhas orquestradas no miolo, que ajudam bastante no ritmo para que o filme flua sozinho, mas principalmente a canção tema que abre e fecha o longa, traz toda a letra para o que a história tentou passar, e mais do que isso, como o nome em japonês do filme diz "Não Me Importo"(Kimi no na wa.), a letra acaba passando bem isso. Portanto ouça a música "Nandemonaiya" do grupo Radwimps, e leia a letra traduzida.

Enfim, é um filme perfeito que até poderia pontuar um ou outro defeito por certos exageros, mas como já vimos em outros filmes japoneses, ou eles demonstram os sentimentos, ou acaba parecendo que tá sem sal, e sendo assim, melhor pecar pelo bom e velho tempero mais forte. Com isso, o longa acaba agradando demais, e mais do que recomendo ele para todos que gostem de ver um bom romance, mas sim para todos que gostem de uma pegada animada com muita de ficção abstrata e que acaba se desenvolvendo dando grandes sacadas. O filme será reprisado na terça-feira no Cinemark de muitas cidades, e praqueles que caçam na internet também já fui informado que tem pela grande web, afinal o longa originalmente é do ano passado, então só dar uma boa procurada também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto bem em breve já com as estreias da semana, então abraços e até logo mais.

PS: Até daria para remover um coelho pelos exageros, mas como o longa conseguiu tirar tantos sentimentos de mim nas reviravoltas, vamos manter a nota máxima.

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My Little Pony - O Filme

10/09/2017 12:54:00 AM |

Sou do tempo que uma boa animação não necessitava ter um milhão de texturas, diversas morais filosóficas e algum tipo de complexo para agradar todos (pais e crianças), bastava ter muitas cores, desenhos até feios para um padrão e claro muita música envolvendo tudo e todos. E sendo assim, não posso reclamar do estilo de "My Little Pony", que trabalhou muito bem cores para todos os lados (até demais confesso!), muitas canções grudentas, mas que funcionam bem dentro da proposta de contar a história, e principalmente uma história com começo, meio e fim, que por mais que não conheçamos os personagens (afinal a série televisiva já é um sucesso, e aqui praticamente não apresentaram ninguém para os desconhecidos, sem ser os vilões e personagens fora da cidade dos pôneis) acabamos nos divertindo com toda a situação entregue. Ou seja, pode levar suas crianças tranquilamente para conferir o longa que é garantia de diversão para elas, e para nós adultos vamos lembrar muito de quando víamos os primeiros filmes musicais da Disney, que a história praticamente toda era bem encaixada nas partes musicais.

A sinopse nos mostra que a paz reina em Equestria, quando a pônei Twilight Sparkle se prepara para criar uma festa fabulosa para os habitantes locais. Mas os planos são arruinados pele chegada do Rei Storm e da inimiga Tempest, que planejam roubar os poderes das princesas na intenção de controlar o clima e dominar o mundo. Twilight e suas amigas são obrigadas a abandonar a terra natal e enfrentar o vilão para salvarem as vidas de suas famílias. No caminho, descobrem outros animais que também sofrem com a opressão do Rei Storm.

Basicamente o filme é bem simples, tendo quase um roadmovie aonde os pôneis vão em busca de uma rainha mística, fugindo de outro pônei do mal, ou seja, nada que impressione, mas mesmo com muita simplicidade, a trama acaba agradando no conceito de uma história feita para crianças, e nada mais que o diretor tenha que se preocupar. Agora, apontar defeitos é algo muito fácil, e o principal aqui fica por induzirem que só quem assiste aos desenhos na TV por assinatura é que irá ver o filme, então nem apresentaram quem são cada um dos pôneis, deixando que assimilássemos por conta própria o que cada um faz, qual seu estilo, e por aí vai, ou seja, não é um longa de apresentação, já entregando ação de vez. Ou seja, o filme até consegue fluir bem, mas parece que o diretor (que já faz o desenho há muito tempo, e já fez outros filmes para a TV dos pôneis) não quis se preocupar com isso, deixando a trama como um complemento com maior tempo da série. Porém digo que mesmo sem saber quem é o que ali, apenas trabalhando bem o conceito de amizade, conseguimos compreender a trama e se divertir com o que é mostrado, e a criançada fica entretida com as cores e músicas, ou seja, funciona.

Quanto dos personagens, posso dizer que a maior diversão foi aparecer a pônei cantora com o visual da Sia, que inclusive na versão original também dubla a personagem, e claro canta no final. Mas dentre as protagonistas Twilight consegue segurar bem a atenção, e Pink é o exagero total. No caso dos "vilões", a dublagem ficou com pessoas conhecidas, sendo Tempest dublada por Mariana Rios, que cantou muito bem em seus momentos, e o Rei Storm com Sergio Marone, e ambos fizeram o melhor de tudo numa boa dublagem, que é não deixar que suas vozes transparecessem para o público e com isso acabaram agradando bastante.

No conceito visual, como já falei no começo o longa não possui nenhuma textura, e até possui diversos traços mal-acabados, que quem for mais exigente vai até achar feio demais, mas como o colorido completo tenta compensar, a trama acaba se desenvolvendo bem, tendo muitos detalhes para ficarmos olhando e se atentando. Destaque de muitos itens cênicos para as cenas com os piratas e com os pôneis marinhos, que é onde o contraste acaba um pouco melhor. Por ser um filme bem bidimensional, graças aos deuses do cinema, nem tentaram converter para 3D, e assim o resultado ficou simples, mas bem feito.

Enfim, nem tenho muito o que falar, apenas dizer que o longa funciona bem dentro do que se propõe, que é agradar as crianças com muitas cores, e músicas bem cantadas pelos dubladores. Claro que se for analisar a fundo só vamos achar defeitos na trama, mas como pontuei a principal é não apresentar quem é quem ali para quem não for um conhecedor do desenho, mas que passa batido tranquilamente após os 20 minutos iniciais. Portanto, se você tem crianças pequenas, pode levar tranquilamente para o cinema que vai ser uma boa diversão com certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na quarta-feira com a estreia de uma animação japonesa que já fez muito sucesso lá, e agora resolveu dar as caras por aqui, então abraços e até breve.

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