Norman: Confie em Mim (Norman: The Moderate Rise and Tragic Fall of a New York Fixer)

5/30/2017 12:51:00 AM |

Como vemos muitos filmes, sempre somos colocados à prova por algum que sequer vimos o trailer e nem lemos sua sinopse antes de ir ao cinema, e geralmente a surpresa por conta disso é grande quando vemos um filme com um teor tão usual no Brasil acontecendo de forma igual (ao menos de modo fictício) fora daqui, pois aqui estamos acostumados com "vai lá na loja do primo do meu amigo, e fala que você é conhecido da irmã da dona Maria, que certamente vão lhe dar um brinde", ou melhor dizendo, o famoso QI (quem indicou), e não ouvimos falar tanto disso lá fora, ainda mais no meio de negócios mais politizados, e sendo assim, quando um diretor nos permeia com a ideia de "Norman: Confie em Mim", ou como o título original diz, "Norman, A Ascensão Moderada e a Trágica Queda de um Estrategista Nova Iorquino" ficamos até assustados um pouco com a forma que tudo flui, trabalhando bem as ligações, e quase se perdendo com quem vai dar o que para quem, ou quem está sendo usado por quem, de tal maneira que tudo acaba se embolando. Porém no meio dessa bagunça, o resultado todo é bem positivo tanto para a atuação/interpretação de Richard Gere, quanto para o estilo proposto pela trama, pois poderia recair tanto para o dramalhão, quanto ficar como uma comédia abstrata, e ao trabalhar bem dentro do campo de negócios, ficamos apenas como um exercício dialogado, aonde a estética poderia ser de qualquer diretor amalucado, e a interpretação também, mas ao final sabemos para onde tudo vai se resultar e é fechado como se nada fosse mais do que um filmes simples. Você que leu até aqui deve achar que o Coelho ficou maluco, mas a onda que o filme entrega é bem maluca mesmo, mas certamente quem for do meio de negócios irá se conectar bem com o que é passado, e mais do que isso, de uma forma completamente artística que poucos longas se arriscaram a trabalhar, ou seja, algo divertido e que vale o ingresso.

O longa nos mostra que Norman Oppenheimer é o dono de um pequeno negócio. Ele faz amizade com um jovem político em um período complicado da vida. Porém, três anos depois, o político torna-se um influente líder mundial, transformando drasticamente a vida de Norman tanto positivamente quanto negativamente.

O trabalho que o diretor e roteirista Joseph Cedar fez é algo que pode ser visto sob diversas nuances, pois podemos analisar a forma de contato de rede que o protagonista tanto mostra, incorporando sob uma ótica de consultorias (o que geralmente acontece hoje nas empresas, aonde um cara vai só para ir interligando sua grandiosas rede de contatos), mas também podemos usar do afinco usar alguém para crescer e lucrar em cima, e dessa forma com duas óticas diferentes, o longa também acaba sendo diferenciado, pois muitos podem gostar tanto do que Gere faz quanto o que Ashkenazi, ou até mesmo não torcer por nenhum dos vértices e ver no que dá, mas confesso que será algo bem difícil, pois a todo momento o diretor nos joga propensos para um dos lados, o que é bem interessante para se pensar, pois são raros os filmes que trabalham os dois vértices e acabam balançando o barco para os dois lados para o público fluir junto, afinal sempre escolhemos um e vamos com ele até o fim, mas aqui o trabalho é tão poetizado e desenvolvido que sequer conseguimos afeiçoar a nenhum, e ficando até com raiva disso. Ou seja, o diretor acabou brincando o tempo inteiro nessa mensagem dúbia e acertando em cheio quem costuma ficar na dúvida de que lado seguir em uma trama, não fluindo nem tanto para o lado cômico, nem apelando para o drama mais duro, e assim o resultado desse entremeio acaba chegando em forma de arte bem feita, que muitos até vão reclamar, mas certamente após entrar dentro da ideia completa irá gostar bastante.

Dentro das atuações, o fato marcante é o estilo clássico de Richard Gere dando um show básico com muita serenidade no olhar e pontuações claras na fala de seu Norman, de maneira que inicialmente achamos até um pouco forçado, mas conforme ele vai trabalhando o personagem, tudo acaba com um olhar tão crítico e sincero que não tem como não incorporar seus trejeitos e sair contente com o que nos é apresentado, ou seja, o ator mostrou que muito mais do que sua fama de galã que tantos falam por aí, ainda tem muita bala na agulha para queimar no estilo dominar a cena e chamar a responsabilidade para si, agradando do começo ao fim, sempre num tom sereno e bem determinado. Lior Ashkenazi não é um ator tão conhecido no molde hollywoodiano, mas trabalhou tão bem as nuances de seu Micha que não sentimos diferença alguma se fosse qualquer outro grande ator de renome, pois o jovem ator soube dosar a serenidade amistosa, com a sacanagem política por trás de trejeitos simples, e isso estamos tão bem acostumados a ver, que avaliamos o resultado em mais do que satisfatório. Dos demais personagens, a maioria está na trama para as diversas conexões, e tirando um ou outro defeitinho pontual, todos acabam agradando bem no que faz, de modo que é até um pouco estranho vermos Steve Buscemi e Hank Azaria fazendo papeis sérios, Michael Sheen apenas pontuando e por aí vai, mas como disse, ninguém atrapalha ao menos, mesmo soando estranho.

Dentro do contexto cênico, a produção foi gravada numa época bem fria em todos os capítulos (não comentei dentro do contexto do roteiro, mas ficar quebrando o longa por capítulos só serve para mostrar falta de conteúdo, e necessidade de explicação! Mas vou relevar aqui, pois até que foi feito de forma agradável!) e com isso todos os personagens usam roupas fortes e compridas, o que deixou o longa um pouco mais denso do que deveria, não estou dizendo que é errado, mas certamente teríamos um filme mais cômico caso trabalhassem menos um ar rígido que tiveram com o figurino. Além disso, escolheram cenários propícios para reuniões de grandes homens de negócios, presidentes e ministros, criando um contexto luxuoso para uma trama de baixo orçamento, o que resultou em um ar simples e com muitas câmeras fechadas para não ampliar muito algo que poderia dar erros de continuísmo, e assim sendo o ambiente cenográfico junto com os diversos elementos acabaram bem trabalhados, agradando dentro da medida possível, mas volto a frisar que poderiam ir muito além, pois o longa aceitaria. A fotografia da trama também soou bem leve, com tons mais frios para não adicionar comicidade demais, e com isso o longa em alguns momentos chega a ficar até dramático demais, o que certamente não era a intensão, porém salvo alguns errinhos de iluminação, o resultado agrada bastante.

Enfim, é um filme que soa bem e que diverte ao mesmo tempo que polemiza dentro do que é a proposta dele, mas poderia ter pegado bem mais pesado e criticado mais, ou ter jogado tudo para o alto colocando a comicidade em primeiro lugar, ou seja, em resumo ficou em cima do muro não atirando para nenhum dos dois lados. Recomendo o longa pela proposta em si, e pelas ótimas atuações, mas que poderia ser mais de tudo, poderia com toda certeza. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, mas logo mais começo a próxima que vem bem recheada também de estreias, então abraços e até breve.

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As Aventuras de Ozzy

5/27/2017 08:25:00 PM |

Já havia discutido outras vezes que com o fácil acesso à tecnologia, hoje ficou muito mais fácil criar animações do que era antigamente, mas até que ponto se conseguem atingir todas as idades sem ficar cansativo para um dos lados? Digo isso de cara para o longa espanhol "As Aventuras de Ozzy", pois o longa até é bem feito em quesitos cênicos, mas não possui carisma (e olha que falar isso de cachorros é algo dificílimo), é lento demais e não entrega nenhuma aventura como promete no título nacional, ou seja, acaba enrolando tanto que por bem pouco não faz o público dormir, e assim sendo não posso afirmar que conseguirá segurar crianças na sessão, pois geralmente ou o longa cativa os pequenos, ou já começam a querer fugir, reclamar e tudo mais, hoje como foi pré, tinham poucos e bem pequenos, então ficaram parados, mas acredito que com uma sessão mais geral cheia de criançada, vão correr pra pedir para ir embora, já que o longa não deve agradar nenhum público.

Ozzy é um pacífico e amigável cão da raça Beagle que mora com os Martins. Quando a família decide fazer uma longa viagem na qual cães não são permitidos, eles decidem deixar o amado Ozzy em um spa para cachorros. Acontece que esse lugar perfeito na verdade é um fachada construída por um vilão que deseja sequestrar cachorros. Preso, Ozzy precisa evitar o perigo e encontrar força nos seus novos amigos para conseguir voltar a salvo para casa.

Não posso dizer que é um filme que nada se aproveite, pois estaria mentindo, afinal a segunda metade do longa acaba sendo empolgante com a correria de fuga da prisão, mas até chegarmos nessa parte, os diretores sequer tentaram cativar o público para possivelmente vender bichinhos e/ou fazer com que as crianças vissem mais que uma vez o longa, tanto que se amanhã perguntarem pra qualquer criança que tenha visto o filme hoje, se ela lembra de ter visto um filme de cachorrinhos, provavelmente ela deverá lembrar de qualquer outro, menos desse que acabou de ver, e isso é horrível para uma produção. A abertura de mercados e a facilidade da tecnologia ajudam jovens diretores para criar mais e mais animações, mas aqui os espanhóis junto com os canadenses se perderam em estereótipos e acabaram criando um longa chato demais de conferir, não criando perspectivas nem trabalhando nada que fizesse o público querer ver o longa.

Quanto dos personagens, em animações costumamos ver características diferenciadas em cada personagem, olhares de tristeza, sentimentos sendo exalados realmente, e que acabam criando o carisma dos personagens para agradarmos com o que eles fazem, mas aqui só vemos praticamente sempre os mesmos personagens apenas dentro de corpos/raças diferentes. o que é muito triste, pois acabamos não torcendo nem para o protagonista Ozzy, nem para o vilão Decker ou sequer para o alvo cômico Fronzie, e isso é algo que acaba sendo bem incomum em animações. Mas se temos de pontuar algo positivo dos personagens, suas voltas para os reais donos acabam sendo bem emocionantes e bonitas para compensar todo o restante ruim.

Dentro do conceito cênico, podemos dizer que trabalharam bem com o que tinham em mãos, criando ambientes interessantes como é o caso do hotel spa de luxo de fachada, aonde os tratamentos são bem divertidos de ver no começo, e a prisão com trabalho escravo de frisbees acaba sendo bem divertida de se observar, mas falta textura, falta cores, falta tudo para chamar o longa de uma animação realmente, então fica parecendo que pegaram o tutorial de acabamentos e colocaram para finalizar dessa forma mesmo.

Enfim, é uma animação que não tem como recomendar, pois é muito fraca, e me surpreende mais ainda ver ao pesquisar sobre ela que ganhou alguns prêmios internacionais, ou seja, pode ser que a dublagem tenha feito estragos, mas duvido muito disso. Portanto só vá levar as crianças se não tiver outra animação para conferir, pois certamente não irá agradar nem aos pequenos, nem os pais que forem levar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia que apareceu por aqui, então abraços e até mais.

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Piratas do Caribe 5: A Vingança de Salazar em Imax 3D (Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales)

5/27/2017 03:34:00 AM |

É interessante antes de falarmos sobre "Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar" darmos uma rápida analisada no motivo do sucesso da franquia, seria o carisma de Johnny Depp ou as aventuras piratas em si, que com uma dinâmica acelerada e personagens bizarros acabam divertindo bastante? Se você respondeu o primeiro item, ser Depp, certamente a série acabou no terceiro filme e pronto, mas se você acredita que longas de piratas sempre irão divertir e suportou o razoável quarto filme da série, ao assistir essa nova produção certamente irá sair bem contente com o que verá, se divertindo na medida com piadas interessantes e bons personagens, e na minha humilde opinião, a melhor forma de encerrar a série, trabalhando bem os personagens que conhecemos lá no início, pontuando boas conexões entre os novos e velhos personagens, e principalmente acabando em alta, pois mesmo tendo uma cena pós-crédito que referencie outro personagem conhecido, a série se desgastou demais com as bagunças de Depp, e talvez continuar patinando mesmo com altas bilheterias resulte em algo ruim como perda de fãs, o que não é bacana. Ainda friso o que falei no encerramento do meu texto do quarto capítulo, que nunca fui fã da série e aquele capítulo não me conquistou para isso, mas aqui ao menos pude sentir um gostinho de felicidade analisando o longa com essa ideia, e posso dizer que me diverti bastante com tudo o que foi mostrado na telona nesse novo capítulo. Agora é esperar as decisões (se Depp vai realmente desistir do salário milionário personagem), os resultados das bilheterias, e ver se irão ou não continuar a franquia, mas vamos torcer para criarem algo novo sem a necessidade da ideologia completa, que piratas podem surgir novos sempre, pois roubar está na sina do mundo!

A sinopse em si é bem simples, afinal a história prioriza dinâmica e diversão com muita ação, então ela nos conta que o capitão Salazar é a nova pedra no sapato do capitão Jack Sparrow. Ele lidera um exército de piratas fantasmas assassinos e está disposto a matar todos os piratas existentes na face da Terra. Para escapar, Sparrow precisa encontrar o Tridente de Poseidon, que dá ao seu dono o poder de controlar o mar.

Uma das maiores curiosidades dos críticos (bem maior que a dos fãs, por sinal) era como os diretores noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg iriam se sair a frente de um blockbuster de ação, pois acostumados com longas mais dramáticos e de baixíssimo orçamento apenas para festivais e competições, certamente teriam uma longa sabatinada para resolver com esse tipo de questionamento, e principalmente tentar manter sua essência artística bem trabalhada criando diversão para um público que não busca tanta história, ou seja, um trabalho bem árduo, e eles acabaram se saindo muito bem com o que fizeram, deixando que a história principal fluísse com os demais personagens, trabalhando uma ideia de quebra de maldições, busca pela família, envolvendo a maravilhosa saga de misticismo versus ciência e deixando que Jack divertisse o público com suas tradicionais bagunças, o que não atrapalha e ainda cria dinâmica para que o longa não ficasse monótono. Ou seja, não apenas seguiram a cartilha de como manter a chama de um blockbuster acesa após alguns tropeços, como mostraram que podem fazer filmes de qualquer estilo, e assim serem chamados por outros grandes projetos. Claro que vamos ouvir muitas reclamações espalhadas mundo afora, pois sempre terá aqueles que desejavam mais Jack e suas palhaçadas, terá aqueles que queriam mais histórias para serem contadas, e vai ter também aqueles que desejavam mais novidades e menos passado no longa, mas aí não seria Piratas do Caribe, e sim algum outro filme, então o misto de tudo isso que acaba resultando em algo legal de curtir e ver na telona com bons efeitos e muita ação.

Quanto das atuações, é fato que não existiria Piratas do Caribe sem Johnny Depp e seu Jack Sparrow, e aqui ao mostrarem sua "origem" vemos que desde jovem já tinha marra e só foi piorando, não digo que isso é algo ruim da personalidade que Depp deu à Sparrow desde 2003, mas se hoje reclamam tanto de seus trejeitos, o motivo prioritário foi que abusou disso lá no começo e acabou ficando marcado, de modo que hoje muitos vão ao cinema só para rir de suas trapalhadas sem se preocupar com qualquer coisa que aconteça no longa, ou seja, Depp é um bom ator, e isso é inquestionável, mas precisa se afastar de Sparrow o quanto antes se ainda quiser que parem de lhe atacar por ter apenas "uma" expressão facial, a de Sparrow. Em compensação, Javier Barden é um ator de múltiplas facetas expressivas, e seu Salazar embora esteja bem longe de ser um grandioso vilão, acaba agradando pelo estilo vocal seu, seus olhares, trejeitos e tudo mais que o ator acaba entregando na trama, de modo que se quisessem poderiam até fazer um longa somente de Salazar que o ator daria conta do recado. Agora se temos de falar de fraquezas, precisamos pontuar que casalzinho fraco arrumaram para a produção, de modo que deveriam ter deixado eles sem se apaixonar que seria bem melhor, pois não sentimos química entre Brenton Thwaites e Kaya Scodelario, fazendo com que seus Henry e Carina fossem personagens "bacanas", mas que juntos pareciam mais se repelir do que atrair, tanto que para dar um ar romanceado, necessitaram buscar ao final o casal protagonista das histórias iniciais, Orlando Bloom e Keira Knightley. Geoffrey Rush até faz boas participações e coloca cenas icônicas com seu Barbossa, mas é outro que acabou desgastado com a franquia, não criando novas nuances, e talvez a sacada de Paul McCartney como Tio Jack fosse tão boa, que se dessem para ele substituir Rush como um pirata importante na saga agradaria mais visualmente, mas não renderia o mote da história, então como optamos por história, as vezes é preciso colocar mais passado na tela. Dos demais, todos procuram puxar uma pontinha para aparecer, mas são tão rápidas as cenas sem o elenco principal, que só quem estiver bem ligado no restante poderá encontrar um ou outro personagem que faça alguma aparição bem colocada, ou seja, não atrapalharam o andamento e também não foram apenas abajures de cena.

Dentro do conceito cênico, a equipe de arte não mediu esforços, nem físicos nem computacionais, pois o longa trabalhou com figurinos bem trabalhados, muitos objetos cênicos importantes, ótimas locações, e claro, muita computação gráfica para sumir partes dos piratas fantasmas, criar as grandiosas cenas de ação dentro do mar aberto, arrastar um cofre por meia cidade (no melhor estilo "Velozes e Furiosos 5" - seria numerologia?) e claro que isso é o melhor que poderiam entregar, fazendo quem gosta de ver grandes produções vibrar a cada novo ato grandioso, ou seja, um trabalho que diria impecável no conceito cênico, e que não decepciona nos efeitos visuais. Quanto da fotografia, foram bem colocados para que as cenas de ação não destoassem e funcionassem bem, mesmo filmadas com muito chromakey, mas ainda assim não soaram falsas, e isso é o que importa, pois quando se trabalha com muitos tons, como é o caso aqui, o risco de erro era iminente, e satisfatoriamente as cenas com os fantasmas ficaram incríveis e mereciam mais tempo de tela. Os efeitos ficaram bem trabalhados e auxiliados pela tecnologia 3D de imersão (pois mesmo tendo algumas partes com coisas voando para fora - bem poucas), o resultado é um tal de olha pra cima, olha pro lado, pro outro que a conversão fez o público trabalhar bem dentro da tecnologia Imax, ou seja, não é um filme que vai aparecer tanto o 3D, mas que agrada pela boa movimentação que o efeito acaba causando.

Enfim, é um filme bem trabalhado e que agrada bem mais que o quarto longa, mas ainda está bem longe de ser primoroso como os primeiros da franquia, valendo mais como uma boa diversão (e como eu disse, um bom encerramento - caso queiram) do que um filme que cative por uma boa história. Portanto vá aos cinemas, compre uma boa pipoca com combo de brindes que todos estão oferecendo coisas bem legais de colecionar, e se divirta, essa é a minha recomendação, pois ir esperando ver qualquer coisa diferente é loucura. Como costumo falar, é um longa feito mais para fãs da saga do que para os demais, mas aqui certamente agradará ambos os públicos, e isso é o que importa em uma boa franquia. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho alguns longas que apareceram por aqui para conferir, então abraços e até breve.

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Punhos De Sangue (Chuck) (The Bleeder)

5/26/2017 01:51:00 AM |

Não sei se esperava mais luta na biografia de um lutador ou se por ser quem Stallone se baseou para criar Rocky desejava algo mais empolgante em "Punhos de Sangue" que não a história de um homem mulherengo, viciado e que como ele fala no começo: "você já deve ter me visto, mas não deve me conhecer" ou algo do tipo, pois é o longa é algo tão esquecível que certamente será daqueles que quem conferir, nem lembrará caso passe propaganda na TV quando for exibido em canal aberto. Ou seja, um filme bem abaixo da média que acaba cansando ao faltar um pouco de tudo, mas mais do que faltar, é algo que não necessitaria ser filmado, afinal a série Rocky já foi algo melhor que baseando em sua vida (claro que de modo fictício) mostrou como foi a vida de alguém que sobreviveu a uma luta contra o campeão dos pesos pesados, Muhammad Ali, e seguiu fazendo besteira na vida, mas como quiseram mostrar o lado inverso, acabaram fazendo isso que agora lançado não chega nem aos pés do sucesso do outro filme. Se você achou confuso tudo isso que disse agora, vamos ao resumo, se Rocky mostrou o engrandecimento de um homem nos seus aprendizados, aqui Chuck vê como esse mesmo homem se afundou achando que era famoso por ter sua vida contada nas telonas.

O longa nos mostra a verdadeira história de vida de Chuck Wepner, um vendedor de bebidas de Nova Jersey que aguentou por 15 rounds no incrível campeonato mundial de pesos pesados contra o maior lutador de todos os tempos, Muhammad Ali, e que inspirou Rocky, a bilionária franquia do cinema. Em seus dez anos como boxeador, Wepner teve o nariz quebrado oito vezes, 14 derrotas, dois nocautes e um total de 313 pontos. Mas suas lutas mais duras foram fora do ringue – vivendo uma vida de bebedeiras, drogas, mulheres, passando por altos e baixos ao extremo.

Não posso nem comparar outro trabalho do diretor Philippe Falardeau, afinal olhando sua filmografia não me lembro de nada dele (e se pensar bem, daqui a algumas horas não devo nem me lembrar desse!), mas o que posso falar logo de cara é que o estilo gráfico que escolheu para sua obra, com uma imagem suja e bem arranhada mostra que quis deixar um estilo próprio dos anos 70 mesmo na trama, e conseguiu, pois vemos o longa como uma trama bem envelhecida, que se passasse despercebida numa zapeada de canais na TV pensaríamos estar vendo um longa mais antigo, e não uma produção atual, e isso sim é um ponto positivo para ele, porém infelizmente o longa não decola, sendo mostrado logo no começo a luta com Ali, e aí você pensa, o que mais podemos ter para ser mostrado a respeito do personagem, e já lhe digo rápido, a relação (ou melhor não bem relacionada) com a esposa e outras mulheres, os amigos/parentes que são jogados rapidamente fora para o ego do protagonista, o ator/produtor hollywoodiano que vai explorar alguém que "quer" conhecer, seus vícios e loucuras, ou seja, uma vida cotidiana simples, que nada teve para chamar atenção, ou seja, um roteiro fraco de ideias, que até talvez seja tudo verdade, mas que não empolga e cansa na metade do caminho, e o diretor não soube como agilizar ou melhorar o que foi escrito, trabalhando bem pouco com nuances ou qualquer coisa do tipo.

No conceito da atuação, ao menos podemos dizer que todos foram bem esforçados para que a trama se desenvolvesse o mínimo que fosse, e isso se deve principalmente ao protagonista (que também assina a produção do longa) Liev Schreiber, que conseguiu criar vértices pontuais para seu Chuck adotando uma personalidade quase tão fechada (e egocêntrica) que acaba se destacando por não destoar do caminho proposto, pois vemos sempre determinado, coisa que muitos acabam se perdendo em textos fracos como é o caso aqui, e o ator sempre coloca a dinâmica à frente da tela, o que chama atenção e mostra o quanto ele é bom. Ron Pearlman faz bem seu papel de Al, mas é pouco utilizado, e talvez mostrando mais a vida do personagem na academia com sua conexão com o treinador/amigo agradasse bem mais, pois como bom ator que é, sabemos que Ron não decepcionaria. Elisabeth Moss também consegue fazer boas expressões com sua Phyliss, mas sempre que coloca alguma boa pontuação, já é cortada e vamos de novo para os problemas do protagonista, e isso cansa. Diria que é a participação mais icônica de Naomi Watts com sua Linda, pois funciona seus momentos jogados, até ser encaixada para o fechamento da trama, e talvez fosse até mais que foi mostrado, mas acabou totalmente inaproveitável seus bons momentos. Dos demais vale os rápidos destaques para os elementos mais conhecidos da trama, que são Pooch Hall como Muhammad Ali que aparece bem rapidamente para as entrevistas e luta, e Morgan Spector que acabou muito bem caracterizado como Stallone nos anos 70, ou seja, funcionou mais visualmente do que com diálogos para chamar atenção.

Sobre o visual da trama podemos dizer que foi algo bem colocado, trabalhando bem as nuances de época, mostrando o estilo de jornalistas, misturando cenas filmadas com reais para dar um contexto interessante nos momentos clássicos, mas ao acabar a parte que conhecemos, a equipe de arte teve mais preocupação com o figurino do que com o contexto em si, não tendo grande criatividade e usando mais locações internas para não precisar trabalhar tanto as locações, e não digo que isso seja algo ruim, mas o resultado acabou sendo apenas bem feito, sem nada para vangloriar, e olha que certamente se bem trabalhado seria algo para criar condições chamativas para prêmios, principalmente pelo estilo do longa. No conceito fotográfico, já falei que foi o maior acerto da trama em trabalhar com muita sujeira nas lentes e/ou efeitos na pós-produção, criando um aspecto arranhado e grosseiro nas imagens, o que deu um tom de filmagens antigas, e trabalhando bem com tons de sépia/amarelados em quase todas as locações, a iluminação acabou saturada agradando bastante o conceito da trama em si.

Enfim, é um filme que poderia ser muito melhor, mas que para isso precisaria de uma reformulação completa do roteiro, e certamente não seria uma biografia completa do personagem, mas como andam sem muitas ideias por aí, podemos esperar biografias de tantos personagens desnecessários, e o resultado de todos os longas serão bem próximos desse, ou seja, fracos e cansativos. Não posso recomendar o longa pela história em si, mas apenas como algo curioso para saber mais sobre o homem que Stallone se baseou para criar o Rocky, e nada mais, portanto se não tiver mais nada para conferir e gostar de longas fracos, essa é uma opção para o final de semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até logo mais.

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Um Homem De Família (A Family Man) (The Headhunter's Calling)

5/23/2017 02:08:00 AM |

Sei que existem diversos críticos que odeiam filmes motivacionais, com lições de vida, e que apelam para doenças para emocionar o público, mas geralmente são pessoas sem coração que não conseguem enxergar a beleza em uma trama sem que ela tenha um roteiro pensante que ninguém vá entender ou qualquer outra coisa do tipo. Mas esse Coelho que vos digita sempre é diferente (ao menos um pouco!), e com isso foi ver "Um Homem de Família" sem nem ao menos ter visto um trailer sequer, não tendo lido a sinopse, nem nada, ou seja, cheguei pronto pro pior possível, mas com o elenco do cartaz ao menos promissor seria. E vos digo agora sem pestanejar, não estava pronto pro baque com o tanto de lições que o longa nos proporciona, sobre os diversos sentimentos que acaba provocando, e principalmente por mostrar que longas simples também podem agradar quando bem coesos, ou seja, um filme simples, bonito, bem pontuado e que vai fazer metade do cinema chorar com certeza, e a outra metade sair querendo socar qualquer chefe independente de ser apaixonado por ele. Portanto vá ao cinema ficando no meio termo que é bom tanto para sua saúde emocional quanto para seu emprego, mas vá, pois é um filme que vale a pena ser conferido!

O longa nos mostra que Dane Jensen é um implacavél caça-talentos corporativo de Chicago, que está disputando com uma colega de trabalho a chance de substituir o chefe da empresa, prestes a se aposentar. Ele é o favorito, mas ainda assim precisa bater as metas nos últimos três meses do ano. Enquanto a rivalidade atinge níveis extremos, no entanto, uma tragédia familiar faz com que ele coloque na balança suas prioridades.

Essa semana foi interessante por os melhores filmes virem de diretores estreantes, e isso mostra o velho ditado que sangue novo quer mostrar serviço, e consegue, pois, o filme de Mark Williams feito em cima do roteiro de Bill Dubuque ("O Contador", "O Juiz") possui diversas lições para aprendermos tanto no conceito familiar, quanto no conceito corporativo (mesmo que o personagem principal seja tão inescrupuloso, que em diversos momentos torcemos pelo seu pior!). Não diria que tudo é perfeito, pois vemos também muitas coisas ruins sendo mostradas, como mentiras, transgressões de imagem e até negociações em cima de algo complexo, mas o diretor e o roteirista souberam dosar bem as situações para que o resultado misturado com a positividade, com a ideologia do que se faz volta para você, entre outras coisas bem interessantes acabaram fluindo para que o longa não soasse cansativo, nem impositor de ideias, mas sim um catalisador de sentimentos, que claro usou e abusou de cenas mais duras com o garotinho para chamar as lágrimas do público. Ou seja, o diretor seguiu o manual corretamente do estilo, e claramente poderia ter feito um longa completamente diferente caso não resolvesse apelar para o dramalhão subjetivo, mas ainda assim os resultados das lições são tão empolgantes de ver (e que irão servir demais para muita gente) que podemos dizer que o acerto foi bem colocado. Quanto do estilo de filmagem/montagem, poderia ter feito menos quebrado (serviço, doença/família, passeio turístico, serviço, ...), mas foi uma opção e principalmente trabalhando sempre com planos bem abertos, mostrou que não tinha medo de filmar em locações reais, trabalhando bem a angular e criando uma perspectiva mais ampla, para abrir horizontes realmente.

Sobre as interpretações, todos gostamos de Gerard Butler, mas já disse isso uma vez e volto a repetir, seu estilo é fazer longas de ação, aonde possa quebrar tudo, socar muitas caras e tudo mais, pois dramas com ele acabamos ficando esperando uma reação abrupta sua, tanto que nas cenas dentro do escritório era certeza de bater o telefone quebrando em mil pedacinhos com seu Dean, ou seja, ele até se esforça, mas falta um pouco mais para convencer como ator dramático. Já Willem Dafoe é daqueles que vamos xingar sempre por fazer tão bem papéis de vilões, e como todos bem sabemos todo chefe é um tipo de vilão, pode até ser bonzinho em algum momento, mas não está nem aí com você quando você mais precisar, claro que o final do longa deu uma amenizada, mas ainda assim não tem como ficar contente com as atitudes de seu Ed, e claro que o ator mostrou isso com muita precisão. Gretchen Mol trabalhou bem sua Elise e conseguiu encarnar uma mãe convincente, se emocionando nos momentos certos e sendo dinâmica para com a personagem, sua cena na escolinha é uma das mais fortes no quesito desespero total, mostrando uma precisão de expressões que agrada demais. Temos de pontuar claro a ótima atuação do garotinho Max Jenkins que fez expressões fofas, trabalhou situações com intenção dramática forte e fez de seu Ryan aqueles garotos que acabamos torcendo pelas atitudes, agradando bastante, mas ainda precisa aprender a segurar um pouco mais a respiração, ou o diretor cortar a cena um pouco antes, pois se mexeu demais quando não deveria. Alfred Molina é aquele ator tradicional que mesmo fazendo uma pontinha acaba chamando atenção e seu Lou acaba mostrando algo que estamos acostumados a ver, de pais mais velhos que perdem emprego e dificilmente conseguem realocação no mercado, mas suas duas cenas finais são bem empolgantes e bonitas de ver tanto pelo roteiro, quanto pela expressão do ator. E para finalizar, mas não menos importante, Alison Brie fez de sua Lynn aquelas "colegas" de trabalho que até tentamos copiar, mas que são tão inconvenientes para conseguir um cargo melhor que fica difícil de brigar, e a atriz se vestiu com o papel, sendo totalmente desagradável em diversos momentos e acertando na expressão com isso. Dos demais, apenas temos de dizer que foram boas participações, tanto do médico indiano Anupam Kher, quanto do auxiliar de enfermagem Dwain Murph, mas nenhum com destaque para podermos parar e falar muito sobre o que fizeram.

Quanto da direção de arte, temos de dividir a trama em duas, a primeira pela composição cênica do escritório, da casa e do hospital, ambos com bons elementos cênicos, criando um visual tradicional, mas bem identificado qual o estilo de empresa, o nível da família e claro o nível altíssimo do hospital, e isso tudo foi bem colocado, mas tirando esse lado mais fechado, a profundidade dos momentos meio road movie, mostrando prédios de Chicago que possuem uma estrutura cultural pela arquitetura acabou ficando tão interessante, e informativa que acabou soando bonita, mesmo que saia por um lado não tão dentro do que a trama poderia seguir, ou seja, temos um leve desvio, mas que acaba agradando de uma forma mais ampla. A fotografia aproveitou esses belos lugares para trabalhar luzes mais naturais dando um tom vivo mais gostoso para a produção, enquanto nos ambientes fechados procuraram trabalhar com menos iluminação criando um pouco de tensão, ou seja, algo leve e bem estudado.

Enfim, é um filme simples e que muitos acabarão pulando por parecer fraco demais, mas que quem for disposto a aprender com ele pode sair bem satisfeito com o resultado e acabar surpreendido com tudo o que é mostrado. Claro que está bem longe de ser algo perfeito e que possui muitos defeitos técnicos (como citei de movimentos do garotinho, não citei tanto mas movimentos de câmera bruscos desnecessários, montagem fragmentada demais sem necessidade), mas isso é algo que só quem for da área acabará percebendo e reclamando, pois o restante acabará chorando, se emocionando e saindo feliz da sessão, então fica a dica para se ainda estiver em cartaz assistir. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa, e de bons filmes (graças aos deuses do cinema), e volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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Corra! (Get Out)

5/22/2017 01:05:00 AM |

Chega a ser difícil pensar em adjetivos qualitativos que expressem a grandiosidade de "Corra!", pois mais que um longa de terror comum, ele consegue nos prender na sessão sem colocar grandes sustos (somos surpreendidos somente duas ou três vezes em momentos que já apareceram no trailer), e assim fazer com que o monstro maior que é o preconceito e a forma discriminatória que acabam fazendo com os negros vire um terror psicológico tão envolvente que a cada novo ato vamos adentrando a mente do diretor e acabamos quase presos como o protagonista na ambientação completa da trama. E se com o primeiro ato tudo acaba apenas chocando e intrigando, no segundo a situação começa a ficar ainda pior com as descobertas, ou seja, um filme com somente dois grandes atos, mas que parece ter milhões e um mais profundo que o outro, arrepiando completamente e mostrando o que sempre falei: que não temos de ter medo dos mortos, espíritos e afins, mas sim dos vivos, pois esses sim são os monstros que podem prejudicar muita gente!

O longa nos mostra que Chris é um jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose. A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas, com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador.

Depois de muito trabalhar como ator, Jordan Peele resolveu mudar de lado e dirigir seu primeiro longa, claro também escrito por ele, e se na estreia logo de cara nos entregou algo tão impressionante, como fez aqui, se manter essa essência nos próximos certamente já ficará com um grande nome no meio, pois são poucos os diretores de terror que conseguem trabalhar o fluxo sem apelar, e aqui em momento algum ele precisou dar sustos gratuitos, colocar câmeras malucas, incluir coisas nojentas e principalmente jogar com situações abstratas para que seu filme se tornasse cult nos meios, apenas trabalhou a essência de um medo real (conhecer familiares de uma namorada) com o terror psicológico envolvendo racismo e sociedades secretas, ou seja, coisas simples que certamente se você documentar com pessoas mundo afora saberá que são seus piores medos na sociedade contemporânea, de modo que com isso o filme acaba fluindo fácil, e principalmente acaba prendendo o espectador na poltrona pensando o quanto tudo pode piorar, ou como ele vai se livrar de tudo, ou ainda se vai se livrar, e pior ainda, conforme vamos chegando ao final, quando já achamos que nada mais pode impressionar, o diretor ainda deixou uma pontinha incrível para impressionar mais o público que sequer esperava algo daquele estilo, e você para e fala: "como não pensei nisso antes!!", ou seja, um trabalho incrível tanto de roteiro, quanto de direção, pois ao escolher seus planos, não precisou ficar com câmeras fechadas, não precisou escurecer a tela, fez tudo às claras e agradou demais.

Quanto das atuações, o longa mostra mais uma vez que não são necessários atores famosos para que algo funcione bem, pois com um princípio simples, de se mostrar apavorado, ou desejando fazer algo, se os atores forem bem dirigidos conseguem transmitir o melhor para cada ato, criando vivência e dando um show. E para começar temos de falar de Daniel Kaluuya que mesmo inicialmente não aparentando ser ator para um longa de terror, foi entrando no personagem, mostrando sentimentos e personalidade para com seu Chris, de forma que ao final já estamos torcendo por ele, e vibrando com seus olhares e trejeitos, ou seja, conseguiu conquistar o público somente atuando, e isso é o papel de um bom ator. Allison Williams fez seu primeiro trabalho em um longa de forma correta, pois inicialmente apenas foi a namorada amante e bem colocada, mas infelizmente demonstrou logo de cara que não era santa (afinal já vimos filmes demais para saber identificar uma mocinha indefesa), mas com o andamento vemos ela ir melhorando, e claro que em suas últimas cenas mostrou a que veio, trabalhando bem melhor sua Rose. Catherine Keener e Bradley Whitford fizeram papeis interessantes de acompanhar, demonstrando atitude de síntese forte com os olhares de seu Missy e Dean, mas nas cenas finais ficaram jogados demais, o que é estranho, pois ao mostrarem suas forças no começo, pareciam mais eloquentes e duros, e depois ficaram frágeis demais frente a correria toda, mas ainda assim soaram bem no que precisavam fazer. Marcus Henderson e Betty Gabriel foram precisos nas expressões de Walter e Georgina, criando perspectivas assustadoras nas cenas mais tensas, e que ao final ficamos ainda mais pasmos ao saber de tudo, ou seja, dois atores incríveis de ver, e que mereciam até mais tempo de tela pelo que fizeram. Embora Caleb Landry Jones não tenha empolgado muito com seu Jeremy, pois o ator foi muito agressivo e direto ao ponto, ele funcionou para dar sintonia ao terror do longa, mas certamente poderia ter feito caras e bocas menos jogadas para chamar mais atenção. Agora embora destoe um pouco do tom do longa, indo mais para a comédia, LilRel Howery conseguiu descontrair os momentos tensos e criar um bom trabalho para que o filme não impactasse mais ainda do que impactou, e sendo assim seu Rod acaba sendo importantíssimo, pois sem ele o filme seria duro e cru demais. Os demais foram apenas leves figurações na trama, mas sem dúvida temos de pontuar que todos fizeram bem seus momentos na reunião de "amigos" e claro que temos de dar leve destaque para Stephen Root com seu Jim Hudson e Lakeith Stanfiel com seu Logan, pois ambos tiveram um pouco mais de tempo de tela, e suas falas impactaram bem na trama.

No conceito visual, a ideologia da equipe de arte foi bem simples, não enfeitando demais o doce, afinal como o próprio longa pedia, é apenas uma casa em meio à floresta, diversas pessoas com seus carrões, algumas poltronas, uma estante e uma sala médica, nada mais, e com poucos elementos, o resultado chamou atenção principalmente para os detalhes, como a xícara, e sendo assim não podemos dizer que a equipe teve grandes trabalhos, pois o forte do longa está no roteiro e não na produção em si, mas de forma alguma esses poucos aparatos foram feitos jogados, e isso é o que importa, agradando de maneira geral. A fotografia trabalhou bem as cenas escuras para não precisar ficar usando muita luz artificial, mas também soube ser pontual para criar a ambientação com baixa luz e criar perspectivas e nuances tensas, o que é algo muito interessante de ver em um longa de terror, e claramente foram domados para não exagerar, pois a todo momento vemos possibilidades de se usar o escuro a favor da trama, e cair para o lado mais clichê e não fizeram, ou seja, um acerto preciso.

Enfim, estava com medo de ver o longa não por ser terror, mas por diversos críticos artísticos estarem falando tão bem do longa (e geralmente minha opinião não bate muito com a deles), mas aqui posso dizer sem pesar na consciência que o trabalho feito foi genial, de uma simplicidade incrível e que quem souber ver com precisão entenderá o motivo de o terror aqui ser bem mais pesado do que se tivessem matado mil pessoas com monstros, espíritos e afins. Ou seja, um filme para ficar tenso com o que é mostrado e ainda assim gostar do que viu mesmo sem se assustar com nada. Portanto fica a dica para todos conferirem, mesmo quem não gosta de filmes de terror, pois garanto que dificilmente você irá se assustar com algo na trama, mas sairá da sessão horrorizado com certas situações e irá pensar muito sobre tudo o que é mostrado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o texto da última estreia da semana, então abraços e até lá.

PS: Esse longa raspou a trave de ser o primeiro 10 do ano, mas faltou um pouco mais nas atuações dos personagens secundários para que a trama ficasse perfeita, mas ainda assim é um filmaço que vale a pena assistir.

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O Rastro

5/21/2017 02:51:00 AM |

Já disse diversas vezes o quanto sou fã de longas de terror, e sempre prezei para que o cinema nacional saísse do trivial de comédias novelescas, então ao saber de mais um longa que trabalharia com qualidade o gênero dentro de um cinema comercial mesmo, acabei me empolgando um pouco demais criando uma certa expectativa em cima de "O Rastro" quando vi os primeiros trailers. Pois bem, eis que hoje finalmente chegou o dia de conferir o longa, e infelizmente mesmo tendo uma qualidade incrível de cenografia, técnicas de filmagens e tudo mais do melhor estilo técnico, a trama pecou demais na história, não evoluindo em nada para algum contexto que realmente causasse frio na espinha, ou até mesmo assustasse mais do que alguns gritos jogados durante a projeção, de modo que foi preciso apelar para algo digamos surreal (que até impressionou um pouco no fechamento) para que conseguissem terminar o longa de maneira coerente, sem precisar apelar tanto, mas como resultado de um bom filme de terror, não chegou a atingir nem o menos esperançoso que acreditava em um filme de espíritos bem trabalhado. Ou seja, não é um filme ruim, muito pelo contrário, mas também está longe de ser algo esplêndido, mostrando que temos sim potencial para fazer longas de gêneros complexos, basta querer!

A sinopse nos conta que João Rocha é um jovem e talentoso médico em ascensão, que acaba encarregado de uma tarefa ingrata: supervisionar a transferência de pacientes quando um hospital público da cidade do Rio de Janeiro é fechado por falta de verba. Quando tudo parece correr dentro da normalidade, uma das pacientes, criança, desaparece no meio da noite, levando João para uma jornada num mundo obscuro e perigoso.

Em sua estreia na direção de longas, J.C. Feyer pode trabalhar bem o gênero terror, pois teve em suas mãos uma produção minuciosa, com muitos detalhes e que talvez mais elaborada na questão de roteiro fosse perfeita, pois o diretor ousou bastante com muitos planos com a câmera quase grudada no protagonista, deixando a sensação claustrofóbica de que a qualquer momento poderia aparecer algo, adicionou muitos ruídos, choros, e claro escolheu uma locação perfeita para um bom longa de terror: um hospital abandonado, que quem acredita em misticismos sabe a quantidade de energia negativa que ali predomina, ajudando claro a criar a tensão completa no elenco, equipe e tudo mais. Porém o roteiro quis trabalhar também algo que veremos muito nos próximos anos (mesmo que a maioria dos longas tenham investimento de órgãos do governo) que é opinar sobre os problemas dos governos do país/estado/cidade (que sabemos que são muitos), mas que poderiam ser explorados de outra forma sem ser em um longa de terror (apesar de que é um horror pensar no que fazem conosco), e assim sendo, a trama que tinha tudo para causar, acaba fluindo para um lado um pouco depreciativo e não se desenrola num desfecho mais bem pautado, e todo o trabalho de situação acaba indo por água abaixo numa explicação fraca e boba demais, que não choca e nem faz o público ir além, ou seja, o diretor foi bem, mas poderia ter pego o roteiro e trabalhado ele melhor (e/ou mudar mais coisas, o que seria difícil de acontecer).

Dentro das atuações temos de ser honestos para dizer o quão boa ficou a interpretação que Rafael Cardoso deu para seu João, pois não tenho o costume de acompanhar novelas, então desconhecia o potencial do ator, e sua loucura por respostas foi aumentando num crescente tão bem colocado e inteligente, que acabamos indo junto com ele desejando saber mais sobre cadê a menina, ou o que mais aconteceu ali, e com um trabalho de olhares, suores, desespero facial e corporal, o ator acaba empolgando demais, e agradando como nunca, ou seja, torço para que faça boa carreira no cinema, pois mostrou potencial demais para ficar preso a novelas. Leandra Leal, pelo contrário, já estamos acostumados com seu estilo de atuação que sempre impressiona, e aqui até a parte final era quase um enfeite, fazendo apenas a mulher do protagonista, mas ao virar o jogo de sua Leila, a atriz mostrou a que veio e colocou seus temores na mesa para grandes atuações, resultando em algo bem bacana de ver, porém poderia ser bem antes para empolgar mais. A garotinha Natália Guedes trabalhou bem com sua performance, fazendo de sua Júlia alguém com dinâmica, mas que logo na primeira cena pelo movimento em si já se faz bem para bom entendedor, porém fica um erro meio que estranho dentro do roteiro ao colocarem a garotinha no telão na apresentação (pois isso acaba sendo até uma falha técnica para com a ideia do filme, mas aí não teríamos o longa, então, melhor abstrair e curtir), ou seja, a jovem foi bem usada na proposta, chega a assustar realmente, mas talvez merecesse melhores explicações de seu personagem. Jonas Block e Felipe Camargo fizeram bem seus papeis de Heitor e Ricardo, nos devidos momentos sendo bem encaixados, mas soaram bem secundários para os papeis que representavam, sendo importantes em devidos momentos, e assim sendo mereciam algo a mais. Agora, Cláudia Abreu, mero enfeite com sua Olivia, aparecendo mais seu nome escrito no computador do que a atriz propriamente. Como último trabalho gravado de Domingos Montagner, seu personagem acabou bem trabalhado, e bem encaixado dentro da proposta do longa como governador, mas talvez a escolha politizada da trama tenha sido o maior erro do longa, e sendo assim, acabamos mais bravos com o personagem pelo roteiro, do que pela sua boa interpretação.

Agora já falei e repito, a escolha cênica para fazer um longa de terror foi mais do que precisa, escolhendo um hospital abandonado a trama ficou convincente de elementos cênicos, criou-se perspectivas para que os sustos fossem criados, e a cada novo rangido ou ambiente revelado, o temor só aumentava ali, ou seja, talvez se o longa focasse só ali, como as pessoas foram mortas, a agonia que os espíritos presos buscavam por alguma solução, e o protagonista afoito em suas descobertas renderiam um longa incrível, que só a equipe de arte saberia entregar bem para o longa, o que é uma pena, pois o filme tinha muito potencial. Quanto da fotografia do longa, outro show, pois quase sem iluminação, sendo iluminado muitas vezes apenas pelas luzes do celular do protagonista, o longa não necessitou de iluminações falsas para revelar os sustos, e nem abusou de pegar o público desprevenido por muitas vezes (confesso que gosto disso, e poderiam ter feito mais vezes!), e sendo assim o resultado dentro do contexto artístico saiu melhor do que a encomenda.

Enfim, é um filme que já merece todos os aplausos por sair da zona de conforto e trabalhar bem com a produção completa, mas como falei nos diversos parágrafos acima, poderiam ter melhorado muitas coisas para que o resultado final realmente impressionasse (a começar pelo roteiro politizado demais) e que acabaria dando diversas perspectivas melhores, causando uma excelente impressão não só no Brasil, mas lá fora também para os verdadeiros amantes do gênero terror. Ou seja, é um filme que vale a pena ser conferido (por quem gosta de um suspense/terror leve), mas que talvez tenha pecado demais na leveza e com isso perdeu um pouco o foco de aonde poderia atingir. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, deixando essa recomendação, afinal volto a frisar que não é um longa ruim, apenas cometeu muitos deslizes, portanto confira e tirem suas conclusões, pois só por ser diferenciado dentro do cinema nacional, já vale a pena o ingresso. Volto logo mais com mais estreias, então abraços e até breve.

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Antes Que Eu Vá (Before I Fall)

5/20/2017 04:12:00 AM |

Um filme simples e bem feito, essa pode ser a definição mais coerente para "Antes Que Eu Vá", que ao adaptar um livro teen que explodiu mundialmente não erra pela falta de elementos, mas que soa leve demais para a temática do carpe diem misturada com a ideologia do caos que "Efeito Borboleta" trabalhou tão bem em 2004 (nossa estamos velhos!!!) e que diversas pessoas já beberam na fonte da ideia (inclusive eu, no segundo semestre da faculdade, que quem quiser conferir tem no meu portifólio aí em cima). Então você ao ler isso deve estar achando que achei o longa ruim? Não, é a resposta mais rápida, o único problema é que achei o filme teen demais, e que até consegue prender o público nas milhões de voltas no tempo repetidas quase que igualmente (o que o diferencia dos seus demais parentes, que ao mudar algo seu, muda todo o restante também), porém poderiam ter trabalhado mais na pegada dramática, na entonação do problema pessoal, na dinâmica das atrizes (que parecem ter saído todas de uma série boba para garotas) e até mesmo na forma de condução, mas aí é que entra a grande sacada, que o longa não seria acertivo para o público que deseja atingir (e que o livro tanto agradou), que são as garotas jovens, ou seja, é um filme feito para mulheres na faixa dos seus 18 a 35 anos, que vão se conectar com a protagonista e (talvez) pensar na vida de forma diferente, pois os demais até podem curtir o que verão, mas não se empolgarão com a ideia, nem filosofarão com o que será passado como mote da trama. Em resumo, é um filme bom, mas que poderia ser muito melhor!

O longa nos mostra que Samantha tem tudo: o namorado mais cobiçado do universo, amigas populares e todos os privilégios no colégio. Aquela sexta-feira deveria ser apenas mais um dia de sua vida, mas acaba sendo o último. Mas algo acontece e agora ela terá várias chances de reviver aquele dia mais uma vez e desvendar o mistério que envolve sua morte.

Não posso afirmar que o que vemos no longa está impregnado nas páginas do livro de Lauren Oliver, pois esse não é um estilo de livro que conseguiria me prender, mas posso dizer que a história fluiu bem tranquilamente sem ser preciso capitular nada, e muito menos vermos as páginas do livro virando como muitos outros diretores tem trabalhado no cinema alguns livros, ou seja, podemos dizer que a diretora Ry Russo-Young foi singela no modo de conduzir e que trabalhou bem com as garotas para que seu filme não ficasse monótono, pois a ideia em si repetitiva poderia cansar um pouco, mas de modo algum ficamos cansados, pelo contrário, ficamos esperando cada vez mais para saber como tudo pode mudar no dia da protagonista. Assim sendo, o resultado de planos bem encaixados, bons elementos cênicos e uma produção bem simples, porém eficiente, acaba tendo um fluxo bem dominado para que funcione, e acaba agradando o público alvo, mas por bem pouco não desandou, pois cada nova cena repetida entra em conflito com as demais, e assim sendo o final acaba chocante, mas cognitivo para com a ideia original, o que nem atrapalha nem causa muito, ou seja, círculo infinito de opiniões, não rumando para lado algum e não atingindo o ápice que poderia ter em algum momento da trama.

Sobre as garotas, Zoey Deutch tem feito bons papeis no cinema ultimamente, e não se destaca demais para impressionar, nem faz carões que atrapalhem sua expressão, o que é bom por um lado e ruim por outro, pois parece sempre fazendo a mesma pessoa, ou seja, sua Sam é bem colocada, e agrada, mas mesmo nos momentos mais descontraídos da trama, parece ter só um sorriso e um olhar, sendo quase um robozinho, o que infelizmente pode lhe render apenas um estilo de papel nos longas, mas convenhamos que aqui era o que precisava ser feito, então foi correta ao menos. Halston Sage é uma atriz jovem, mas com uma personalidade marcante nos seus papeis, e com isso por bem pouco sua Lindsay não acaba sendo mais protagonista que a própria Sam no longa, e esse talvez seja o maior problema da trama, a falta de carisma/dinâmica da protagonista em relação às demais, principalmente Sage, que ainda está apenas com 24 anos, mas certamente vai explodir muito em breve com seu estilo próprio. Elena Kampouris merecia um destaque maior para sua Juliet, pois nos momentos que teve a possibilidade de se mostrar, devorou a protagonista com expressões duras e bem pontuadas, mas soube lidar e segurar os momentos para si, ousando quando precisou apenas, e isso mostra a quão boa ela é. Medalion Rahimi e Cynthy Wu apenas riram e apareceram como Elody e Ally, mas foram bem em suas caras e bocas, e assim ao menos não atrapalharam. Logan Miller também fez um Kent bacana de ver, e trabalhou os olhares de maneira singela e pura, quase de forma romantizada, mostrando realmente seus sentimentos somente através de expressões, ou seja, um ator que tem potencial. Os demais apenas apareceram, tendo momentos especiais, mas nada que impressione pelo estilo de atuação, então apenas temos de falar que não foram objetos cênicos ao menos.

A equipe cênica fez um trabalho muito bem feito, de forma a criar os ambientes em detalhes, o que certamente ajudará os fãs do livro, pois vemos uma floresta densa na névoa para as cenas mais tensas (apesar de um errinho aqui, outro ali no conceito de continuidade, com relação ao que ocorre antes!) , escolheram boas casas tanto para a festa quanto para a da protagonista, apesar de a casa do garoto ser mais ampliada e com elementos demais para se festejar do que para morar realmente, além de uma escola bem elaborada, cheia de elementos bem pontuados e ambientes prontos para a criação em si, com muitos detalhes claro do dia do cupido, que até poderiam ter trabalhado um pouco mais, mas foram bem certeiros nas escolhas. E claro que temos de falar dos figurinos excêntricos que arrumaram para todos, que cada cena conseguiam ficar mais malucos ainda, tirando claro a camiseta de dormir rasgada (que tanto irritava ao mostrar toda hora faltando um pedaço!), ou seja, quando falamos de um longa baseado em livros, a equipe de arte sempre possui muito trabalho para tentar recriar o que os fãs tanto gostariam de ver por terem imaginado aquilo, e certamente acertaram nas escolhas, por vezes até exagerando refazendo a mesma cena igualzinha diversas vezes para que algum detalhe fosse visto, mas que de certo modo acabou agradando e deixando o longa mais barato. A fotografia foi simples, mas bem colocada, pois como optaram por cenas mais escuras como dentro de carros, na floresta e claro numa festa dentro de uma casa, tiveram de trabalhar com muita iluminação falsa, mas nada que tenha incomodado quem não for técnico e assim sendo funciona.

Outro ponto bem positivo do longa ficou a cargo das ótimas escolhas musicais para compor a trilha sonora, e que além de ditarem o ritmo da edição, auxiliaram para criar um clima mais juvenil na trama, o que é legal de ouvir para acompanhar tudo que a diretora desejou mostrar. Aqui eu deixo o link para quem quiser escutar antes ou depois do longa com todas as músicas que tocaram lá.

Enfim, é um filme bem feito, e que alcança o público alvo, mas que poderia ser mais denso e bem trabalhado (principalmente na história, na direção e na atuação) para que atingisse mais pessoas, afinal a moral que tenta passar ao final é algo que vale para todos e não apenas para jovens, mas como não foi feito assim, o resultado acaba pecando um pouco demais, mas nada que não flua para ser algo que dê para assistir e se divertir ao menos na sala do cinema. Portanto essa acaba sendo minha recomendação, que você vá sem esperar muita coisa do longa e que talvez assim se divirta com o que verá, pois se quiser algo mais trabalhado esse certamente não é o longa que deverá ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam muitos longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve.

PS: A nota poderia ser um 6.5, ou talvez um 6.8, mas por faltar muita coisa para empolgar, e por não ter coelhinhos picados na nota, mesmo sendo um bom filme, vou arredondar para baixo.

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Rei Arthur: A Lenda da Espada em 3D (King Arthur: Legend of the Sword )

5/19/2017 02:03:00 AM |

Sabe aquele filme que você viu o trailer só uma vez (mesmo indo ao cinema 5x por semana) e que achou uma maluquice completa, mas que ao ver dirigido por Guy Ritchie já sabe que aquela maluquice do trailer não será nem 10% da maluquice completa do longa? Pois bem, não precisava nem apostar que acertei completamente, pois a assinatura de Ritchie em "Rei Arthur: A Lenda da Espada" é tão forte que a cada nova cena de ação (e não são poucas!!) ficamos mais abismados com a qualidade técnica que ele consegue passar ao trabalhar bem tanto a história quanto a forma de desenvoltura dos personagens nas lutas, e com isso, um filme que foge completamente de tudo que já vimos sobre Excalibur, Arthur, Merlin, Camelot, e tudo mais que diversos outros longas já mostraram, consegue agradar do começo ao fim, divertindo demais, criando altas perspectivas, e quem sabe (como muitos já estão falando por aí) iniciar uma nova franquia do estilo, pois inventar histórias é fácil, só precisa ter lucro e certamente todos estarão dispostos para muito mais câmeras lentas mixadas com alta velocidade sequencial! Portanto, vá ao cinema se divertir com a trama, não ligue de colocar seus óculos 3D, pois valerá muito a pena, tudo o que acabará vendo na telona com muitos efeitos.

A sinopse nos conta que Arthur é um jovem das ruas que controla os becos de Londonium e desconhece sua predestinação até o momento em que entra em contato pela primeira vez com a Excalibur. Desafiado pela espada, ele precisa tomar difíceis decisões, enfrentar seus demônios e aprender a dominar o poder que possui para conseguir, enfim, unir seu povo e partir para a luta contra o tirano Vortigern, que destruiu sua família.

Acho bem bacana quando assistimos a um filme de determinado diretor já sabendo que estilo de elementos encontraremos na tela, pois por mais que os diretores façam longas de diferentes gêneros, eles sempre procuram colocar sua assinatura na trama, e as vezes isso costuma funcionar bem, por exemplo aqui o longa poderia emplacar facilmente como uma aventura tradicional, mas sem o apelo divertido, as cenas com câmeras lentas, os elementos alegóricos vindo em nossa direção, as múltiplas personalidades dos protagonistas, não seria um longa de Guy Ritchie, e principalmente não empolgaria tanto como a trama acabou conseguindo empolgar. Claro que muito do que vemos na tela passou antes pelas mãos dos roteiristas malucos que criaram uma história embasada em tudo da lenda, mas a confecção final da ideologia, junto das diversas possibilidades do estilo que o diretor tanto gosta de fazer, acabou dando novos vértices, e que talvez até funcione com mais um filme (seis como estão falando é exagero!!), pois poderiam trabalhar com coisas que até já vimos, mas de uma maneira diferenciada. O ponto chave da trama fica a cargo do desenvolvimento virtuoso em cima de um personagem que até poderia ser mais sério e criado de forma diferente, mas ao criar alguém "comum" para crescer com a trama, o diretor pode abusar de elementos cênicos de outros longas/séries, pode criar misticismos formais interessantes, e claro como é de praxe de seu estilo, pode abusar de efeitos especiais para todos os lados, pois a trama acabou permitindo essa abertura, desde que logo de cara nada ficasse "real" demais. Ou seja, só não diria que o que Ritchie fez foi algo perfeito, pelo excesso de ideologias pensantes reversas na trama (o que é uma característica sua, e que funcionou muito bem em Sherlock Holmes), pois jogar com o futuro para mudar um questionamento é legal, duas vezes soa bem, mas na terceira já incomoda demais, ou seja, as idas e vindas agradam, mas poderia forçar menos.

Poderíamos falar muito sobre os diversos personagens e as respectivas atuações que tivemos no longa, mas todos fizeram tão bem seus papeis que soaria até repetitivo para cada um dos personagens secundários, e isso é bom, pois o diretor não precisou se preocupar em criar suas personalidades, deixando que fluíssem naturalmente e agradasse bastante com isso. Porém dos principais temos de pontuar em nível máximo o impacto do personagem Vortigern para com Jude Law, de tal maneira que acabamos realmente ficando com medo dele, sentindo raiva do que faz em algumas cenas e abismados com seus olhares, fazendo do personagem um daqueles vilões que tanto pedimos para ver nos longas, e que certamente mostra que sua parceria com o diretor tem tudo para sempre render bons frutos. Charlie Hunnam deu um tom meio canastrão para seu Arthur, de modo que não o vemos com trejeitos de rei nem ao final da trama, mas claro que isso não é um problema para o filme, afinal trabalharam bem essa possibilidade, e ela funciona, aliás usaram tanto do artifício de querer conquistar as mulheres para o longa, que em diversos momentos lá vai o ator tirar a camisa ou usar algo mais agarrado para mostrar a musculatura, o que é desnecessário muitas vezes. Embora o papel de Astrid Bergès-Frisbey seja importantíssimo com sua Maga, ela foi usada mais como algo subconsciente na trama, aparecendo pouco e fazendo trejeitos estranhos demais quando aparecia, e talvez pudessem ter dado para ela (ou para alguma outra atriz melhor) um impacto visual melhor e mais interessante de ver, ou seja, não foi algo ruim que fez, mas para o personagem merecia ser melhor. O mesmo podemos dizer de Djimon Hounsou com seu Bedivere, que logo de cara vemos nas cenas iniciais e já podemos dizer que ficará bem quando é chamado para a segunda parte do longa, mas ao funcionar mais como um conselheiro, acaba deixando o impacto forte que sabemos ser de sua personalidade para trás, fazendo um papel bom soar simples demais. Outro que vale um breve destaque é o garotinho Bleu Landau com seu Blue bem expressivo e que se souber pegar bons papeis tem futuro na indústria.

Agora se existe algo impressionante em filmes de época fantasiosos é a direção de arte, pois aqui temos tantos elementos cênicos para se divertir olhando, tantos cenários para vivenciar, tantos figurinos e alegorias que mesmo que a história fosse ruim de acompanhar, o longa sozinho nos falaria muita coisa, por exemplo no momento da provação do herói em sua jornada pelo mundo sombrio com tantos animais monstruosos, que só ali já foi um deslumbre mágico tão visual que os olhos chegam a saltar, depois as diversas cenas de batalhas épicas tanto no começo, quanto no miolo e para arrebatar no final temos mais uma, os diversos personagens com seus semblantes fortes, máscaras, cachorros soltando fumaça nos latidos, tudo passa muita beleza e temor, ou seja, é algo incrível de ver e que foi trabalhado com primor em cada cena, para que mesmo sabendo que muita coisa ali é digital, foi pensada para funcionar na telona. A fotografia do longa trabalhou bem tons cinzas e marrons para dar um ar de filme épico, mas trabalhou também muitas cores nos figurinos e diversos elementos criando nuances clássicas misturadas com muita modernidade, porém a grande sacada da trama ficou a cargo de não depender tanto das cores para criar a ambientação tridimensional que o longa tem, pois ao deixar que a funcionalidade do 3D ficasse somente para a pós-produção, o diretor teve o trabalho apenas de dirigir bem as cenas pensando já claro como ficariam com os efeitos finais (que volto a frisar, estão incríveis!) e assim tudo tivesse profundidade ao mesmo tempo que saísse bastante da tela, iluminando tudo na medida certa sem precisar estourar a luz, nem deixar nada na penumbra. Como já falei muito, apenas pontuo que é um dos poucos longas que ultimamente valem ser visto nas salas 3D, pois tem muita coisa saindo da tela para quem gosta desse estilo de efeito e tudo parece ter dinâmica com o estilo de aceleração (rápida e lenta) que o diretor gosta de trabalhar.

Outro destaque do longa ficou a cargo da ótima trilha sonora, com uma pegada forte e bem colocada que ditou o ritmo da trama do começo ao fim, criando momentos próprios para entoar canções e também muita orquestra para compor cada momento. E claro que deixo o link para todos ouvirem, afinal se é bom tem de ser compartilhado.

Enfim, é um filme que não decepciona pela ótima diversão e estética, mas que também podemos reclamar de não refletir nada, jogando tudo na cara do espectador, e esse que corra para pegar tudo e trabalhe desenvolvendo cada parte, pois temos uma apresentação de quase 10 minutos no máximo, um desfecho de mais ou menos isso também, e toda uma história no miolo, mas que mesmo nessa loucura não dá tempo de cansar. Ou seja, um filmão que agradará quem estiver disposto a curtir, e que quem desejar algo mais enfeitado irá reclamar com certeza, portanto assim fica a dica para quem estiver com receio de conferir, pois sabendo em qual grupo se enquadra, certamente irá ver o filme de maneira diferenciada, e irá gostar bastante do resultado final. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas essa semana tenho ainda muitas estreias para compartilhar minha opinião com vocês, então abraços e até breve.

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A Promessa (The Promise)

5/16/2017 01:54:00 AM |

É bem interessante quando alguns diretores/roteiristas resolvem sair das tradicionais guerras que estamos acostumados (e até de saco cheio) de ver nas telonas dos cinemas, pois primeiramente conseguem criar novas ambientações, e claro, com isso acabamos conhecendo um pouco mais de História, mesmo que para que aconteça uma produção seja necessário criar algo bem romanceado no miolo e desenvolver o longa todo em cima disso, deixando a ambientação histórica como segundo plano. Ou seja, se você de cara viu o romance e acreditou que "A Promessa" não poderia lhe mostrar nada novo, reveja seus conceitos e subtraia essa ideia, pois o filme muito mais do que um triângulo amoroso (até que razoável!), consegue se desenvolver bem para mostrar que os turcos mesmo não assumindo até hoje o genocídio histórico dos armênios, certamente foram bem responsáveis por tudo o que aconteceu lá, e que a guerra pode estar acontecendo no seu quintal, se nenhum jornalista sobreviver, ninguém ficará sabendo. Portanto é um filme bem feito, que possui inúmeros defeitos, mas que mais do que tentar apontar o dedo para onde erraram, devemos aprender e desenvolver com o erro acontecido, e sendo assim o resultado do filme acaba incrível, agradando na medida certa.

O longa nos situa em Constantinopla, no ano de 1915, aonde o armênio Michael, brilhante estudante de medicina, conhece o famoso repórter fotográfico estadunidense Chris, e sua amante, a armênia Ana. Enquanto o jornalista empenha-se em registrar os caóticos acontecimentos políticos que vão determinando o fim do Império Otomano, Michael e Ana envolvem-se em uma paixão avassaladora que, ao mesmo tempo, os leva a unir forças para proteger a sua população do grande massacre prestes a acontecer.

O diretor e roteirista Terry George é conhecido por trabalhar sempre bem com filmes históricos e conflitivos, e sempre se espera muito de algo que venha dele, mas aqui coincidentemente foi feito quase tudo em segredo para que não houvesse problemas com alguns países, e ao surgir do nada o filme acabou até pegando muita gente de surpresa. Não digo que isso é algo ruim, pois já falei algumas vezes que altas expectativas acabam frustrando muito o resultado final, mas certamente se fosse mais desenvolvido o roteiro por outras mãos, se tivessem trabalhado um pouco mais o conceito histórico e tudo mais, o longa não necessitaria focar tanto no triângulo amoroso, e sim focar mais no drama histórico que o genocídio acabou sendo. Claro que isso mudaria bem o estilo da trama, e não teríamos um filme tão artístico, mas sim um épico denso e duro, o que talvez agradaria um determinado grupo e desagradaria muito quem anda adorando o resultado final que tivemos aqui, mas certamente é algo para se pensar, e quem sabe, algum outro diretor resolver trabalhar mais nessa época da História que quase não é retratada nos cinemas (ao menos diante desse problema). Portanto, o filme em si é bem feito, o diretor soube trabalhar os dois vértices, mas que certamente poderia ter optado por um ou outro para que não ficasse tudo tão singelo, mesmo que a direção de arte e o conteúdo completo seja agradabilíssimo, pois aí sim o resultado seria destruidor e incrível, mas volto a frisar que vale muito a pena conferir, afinal o trabalho foi diluído, mas ainda assim amarga pelo contexto mostrado.

Dentro das atuações, inicialmente precisamos pontuar o problema gigante que já citamos outras vezes, e precisam parar com isso, pois é um filme que acontece na Turquia/Armênia, e mesmo tendo um americano no meio do caminho, certamente naquela época o inglês não era uma língua tão forte, e assim sendo, poderiam ter economizado o excesso de todos falam inglês fluentemente com gírias e trejeitos da melhor qualidade, mas é a vida do cinema, então vamos reclamar sempre disso, e esperar que coloquem mais filmes falados nos devidos idiomas locais. Também podemos falar sem dúvida alguma que a cada novo filme que Oscar Isaac faz, ele consegue se superar em trejeitos, e que dificilmente ele escapará de ter seu nome citado para grandiosas produções, pois aqui seu Michael começa bem simples, depois consegue demonstrar expressões tão duras e vividas que certamente demonstraram o longo período sofrido nas montanhas, e que ao ter suas cenas de dor e sofrimento tão impactantes, acaba fluindo para além do esperado, ou seja, perfeito e na medida certa sem precisar exagerar. Christian Bale até tenta trabalhar uma expressão mais velha para seu Chris, mas faltou um pouco mais de colocação do personagem na trama, de modo que o vemos apenas forte nas cenas de sua prisão, e na sempre boa tentativa de retratar tudo o que está acontecendo, mas dentro da pontualidade romance, sua ponta do triângulo falhou muito, e mesmo que mostre uma conectividade forte somente através de olhares, ainda assim ficou falso demais. Charlotte Le Bon é uma atriz singela que não faz questão de se destacar, e assim sendo sua Ana é bem pontuada, agradável nas cenas com todos os personagens, desde as crianças, passando pelos momentos de luta, com seu namorado e com o amante tudo na mesma toada, o que é algo positivo, pois mostra que a atriz não mede forças com ninguém, mas também acaba falhando em poder chamar a responsabilidade cênica para si nas cenas que necessitavam disso, ou seja, faltou um pouco a mais. Dos demais, a maioria passa despercebida dentro dos trejeitos expressivos, e poucos conseguem aparecer um pouco mais, mas é claro que temos de falar mais do contexto bem colocado do personagem de Marwan Kenzari com seu Emre, pois o ator em si nem fez tanto para ser lembrado, mas suas colocações foram tão bem usadas que vale destacar ele.

Quanto do conceito cênico, podemos dizer que a equipe de arte caprichou e muito para que a ambientação ficasse no melhor nível, e se pontuarmos ainda que trabalharam quase que as escondidas, sem dúvida alguma o resultado se torna melhor ainda. Foram singelos nas construções armênias com casebres simples, mas bem alocados, mostrando que a região possuía pessoas de dinheiro, mas que acabaram sendo destituídos de suas posses, mostraram bem os ricos de Constantinopla que viviam bem com seu racismo (o que se mantém até hoje no mundo inteiro), mas que trabalhavam para ser abastados, e claro que isso foi trabalhado bem com elementos cênicos bem colocados, figurinos bem escolhidos, e claro que com o andamento da trama tudo é mudado de acordo com os acontecimentos. A fotografia ficou árida demais, mesmo nas cenas fora do deserto/montanhas, trabalhando demais o marrom para dar um tom épico, mas não necessário, portanto não podemos dizer que é um erro assumido, mas que poderiam ter amenizado para que o filme ficasse mais fluído.

Enfim, é um filme muito bem feito, que agrada de modo geral, mas que poderia ser imensamente melhor se tivessem atentado aos pequenos detalhes que falei no texto inteiro. Portanto, veja o filme com ambos os olhos para agradar da forma que desejar, pois quem quiser ver romance, temos um romance atrapalhado por uma guerra, e quem desejar ver História/Guerra, verá um bom filme disso, mas com um romance atrapalhando um pouco o andamento histórico das coisas, ou seja, vai agradar e ter reclamações de ambos os lados, sendo um filme para todos assistirem. Fica assim minha recomendação, pois mesmo com esse grande defeito, é um algo que vale muito a conferida. E esse Coelho que vos digita encerra aqui essa semana cinematográfica, voltando na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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O Dia Do Atentado (Patriots Day)

5/13/2017 03:00:00 AM |

Se tem um estilo de filme que sempre vai cair bem e criar tensão é o tal do policial, claro se feito de maneira própria para transmitir esses sentimentos. Digo isso não apenas baseado no fato de "O Dia Do Atentado" ser algo embasado em fatos reais, na prerrogativa de "vingança/caçada" aos culpados, mas sim pelo fato de que quando o arquétipo do herói flui a favor de algo mais crível, como é a busca pelos culpados de algumas mortes e diversos feridos de alta gravidade, a trama acaba empolgando, e até funcionando de forma maior do que poderia. E digo mais, se o diretor tivesse evitado trabalhar com tantos grupos e personagens, criando mais um herói mesmo e vilões ferrenhos (claro que para isso precisaria sair completamente da realidade), a trama acabaria se tornando daquelas dignas do público sair da sala de cinema e caçar sozinha terroristas pelo mundo afora. Ou seja, é claro que não podemos julgar todos, e o filme nem faz esse apelo (de certo modo), mas a visceralidade das buscas, da mostra do patriotismo como sugere o nome original (não apenas pelo estilo dos americanos, mas pelo feriado em si, que é o nome da trama) e do estilo bacana que desejaram mostrar na forma de carinho que cada personagem real demonstra depois nos 10 últimos minutos (documentais com personagens reais dando seus depoimentos) acaba resultando em um longa até maior do que ele realmente é, e isso por si só já vale a conferida, e que quem gostar do estilo até poderá se emocionar um pouco além do que o esperado com tudo o que acabará vendo.

O longa mostra que no feriado do Dia do Patriota sempre é realizada a Maratona de Boston. Na comemoração de 2013, o policial Tommy Saunders fica incumbido de supervisionar a região próxima a linha de chegada da corrida. Uma explosão acontece. Não demora muito para se constatar que foi um atentado terrorista e Davis parte na caçada dos suspeitos, os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev.

Um fato interessante de observarmos no estilo de direção de Peter Berg é que ele procura humanizar demais seus personagens, criando vértices que poderiam ser mais impactantes com personagens mais secos, mas que ao virarem bons pais, bons maridos, amantes de algo acabam fluindo por outros caminhos dentro do longa, e acabam levando o público a criar conexões com eles, o que acaba sendo legal por um lado, mas que poderia fluir bem por outro. Não digo que isso atrapalhe seus filmes, mas acaba dando uma dinâmica diferenciada e não própria do que aconteceria normalmente em algo mais real, e aqui como o longa é baseado em um acontecimento real, dificilmente veríamos acontecer historinhas romantizadas no meio de situações tão duras (pode até ter ocorrido realmente, mas que é impensável, é!), ou seja, ele acabou pegando uma boa história, entrevistou diversas pessoas que fizeram parte do acontecimento no dia (esperto, ainda usou no fim do longa parte como um mini-documentário), e acabou colocando todos os personagens e situações dentro do longa, desenvolvendo algo até maior, e alongado, do que se esperaria para mostrar um atentado e a caça aos culpados, porém longe desse esticamento do filme ser algo ruim, a trama acaba fluindo tão rápido e de forma gostosa que nos emocionamos com as situações e acabamos gostando do que vemos, mesmo com um início desajeitado para mostrar situações cotidianas de cada personagem.

Se fosse falar de todos os atores e personagens daria para montar um livro (e não estou exagerando, pois é muita gente realmente na trama, e com devidas importâncias), portanto vou me ater nos que apareceram mais tempo na tela, e do restante posso dizer que fizeram bem seus papeis, nada que seja memorável, mas também não atrapalharam em nada. E claro que como produtor do longa, Mark Wahlberg é quem mais aparece com seu policial Tommy, e como bem sabemos numa investigação desse naipe, o policial seria quem menos teria tempo de tela, não digo que o que fez em cena seja algo ruim, mas convenhamos, porém, tirando o detalhe realista, o ator caiu bem na personalidade e teve bons momentos em cena, gerando diversos sentimentos e criando boas perspectivas para que o filme se encaixasse na proposta, ou seja, acabou acertando. Kevin Bacon trabalhou de forma coerente para com seu Richard, mas ficou sempre um passo atrás do tom que poderia adotar, e isso é crucial para chamar a atenção em um longa policial, ou seja, falhou um pouco. J.K. Simmons e John Goodman são praticamente figurantes de luxo, mas tiveram algumas cenas mais pontuais com seus Ed e Jefrey respectivamente, e detalhe, a trama é baseada nos relatos de Ed, portanto era esperado algo mais de Goodman. Alex Wolff e Themo Melikidze fizeram bem suas cenas como os terroristas Dzhokhar e Tamerlan, e talvez caso quisessem poderiam ter mostrado um pouco mais de suas vidas e motivos pelos quais decidiram explodir tudo, pois ficou aberto demais ser apenas algo religioso, mas como não foi mostrado, ao menos foram bem expressivos com o que fizeram.

Dentro do conceito cênico, ficou bem elaborado o galpão de investigações, e mostrou como o FBI monta rapidamente um quartel general de primeira linha para que tudo fosse minuciosamente investigado, e claro que o grande uso de muitos figurantes ajudou tanto na concepção da corrida, quanto das cenas de caça nas casas/ruas, ou seja, o longa acaba se tornando um mini-road-movie, e talvez pudesse até incorporar mais estilos, mas a equipe foi sucinta em não gastar muito e fazer bem feitinho de modo simples. Dentro da fotografia, por usar muitas câmeras simples para criar exatamente como se fossem câmeras de segurança, imagens de celulares e vários outros dispositivos não tão bons de filmagem, a equipe ousou um pouco, e confesso que no cinema acaba funcionando de maneira interessante pela tela ser bem grande, mas quem for ver em casa talvez não veja detalhes, e isso é ruim para o longa, portanto talvez pudessem ter exagerado menos nesse conceito, e iluminado/capturado tudo de uma maneira melhor (o que acabaria saindo da base da história).

Enfim, é um filme que foi de modo geral bem interessante de acompanhar e que agradou mais do que imaginava, passando bons momentos na sessão, criando emoções em quem for mais emotivo, e trabalhando bem dentro do conceito que desejavam mostrar, ou seja, um filme razoavelmente completo. Claro que poderia ser melhor ainda, mas com certeza vale a conferida, e fará muitos pensarem de forma diferente sobre as situações de terrorismo. Portanto, fica a dica para quem gosta de longas policiais, mas mais do que isso, para quem gosta de longas emotivos baseados em fatos reais, que causem uma certa tensão, pois o elo policial em si acaba perdido frente a isso. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com a última estreia dessa semana, então abraços e até lá.

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Alien: Covenant

5/11/2017 02:13:00 AM |

Tem sagas no cinema que quando você é fã acabará não aceitando críticas ruins de forma alguma, porém se existe algo que aprendi nesses últimos anos conferindo longas é que não podemos criar expectativas, pois quanto mais esperamos por algo, a chance de decepção é maior. Nunca fui fã de gostar do estilo de terror com aliens babentos como é o caso dessa franquia, e por mais que seja "O Oitavo Passageiro" seja um clássico da época, o longa acaba nos ganhando mais pela tensão que causa do que pela essência em si, e claro que isso é o que mais desejamos num longa do gênero, e assim já se basta. Portanto, quando conferi "Prometheus" há quase 5 anos atrás, acabei gostando do que vi, mas mais pela produção em si, do que pelo terror que tanto causava os longas antigos, e claro que como produtor, uma boa produção sempre irá me conquistar. O caso é que aqui novamente temos uma produção de altíssimo nível, com cenografia impecável, excelentes cenas de ação, mas se no anterior ainda éramos surpreendidos pelo menos com algumas cenas de susto, aqui sequer temos isso, ficando apenas como uma aventura scify bem trabalhada aonde dá para brincar tentando descobrir o que vai acontecer na próxima cena, qual é a próxima evolução do alien, se vai sobrar alguém vivo, ou até mesmo um joguinho leve de interpretação, mas que se colocar algo aqui vira spoiler, então vá, confira e se divirta com a trama, pois mesmo se você tem medo de longas de terror, pode ir tranquilo que irá dormir tranquilamente após a sessão.

A sinopse do longa nos situa em 2104. Viajando pela galáxia, a nave colonizadora Covenant tem por objetivo chegar ao planeta Origae-6, bem distante da Terra. Um acidente cósmico antes de chegar ao seu destino faz com que Walter, o andróide a bordo da espaçonave, seja obrigado a despertar os 17 tripulantes da missão. Logo Oram precisa assumir o posto de capitão, devido a um acidente ocorrido no momento em que todos são despertos. Em meio aos necessários consertos, eles descobrem que nas proximidades há um planeta desconhecido, que abrigaria as condições necessárias para abrigar vida humana. Oram e sua equipe decidem ir ao local para investigá-lo, considerando até mesmo a possibilidade de deixar de lado a viagem até Origae-6 e se estabelecer por lá. Só que, ao chegar, eles rapidamente descobrem que o planeta abriga seres mortais.

Antes de falarmos sobre o filme, a Fox liberou um prólogo que mostra o que aconteceu com os sobreviventes da nave "Prometheus", pois no filme só é mostrado a cena após esse prólogo, e ela é bem curtinha, então quem quiser ver (não possui nenhum spoiler, fiquem tranquilos) segue o link. Dito isso, temos de ser sinceros com o diretor Ridley Scott, pois após ganhar muito dinheiro, agora seus filmes são apenas mega produções bem feitas, que acabam esquecendo de trabalhar história, conteúdo e/ou qualquer outra coisa que faça o público ficar conectado, tenso e desesperado por algo, e isso é o que mais sentimos falta aqui, pois o filme em si é interessante de acompanhar, ficamos querendo saber mais sobre a civilização que morou ali, ficamos querendo saber mais da loucura de David, ficamos ansiando demasiadamente por mortes mais impactantes (que realmente choquem, apesar de algumas serem bem feias!), e até mesmo desejamos mais coisas nojentas na tela, mas o diretor parece preocupado apenas com a aventura em si e com mais efeitos (que até agora não entendi o motivo de não ter sido lançado em 3D, já que o anterior foi!), e assim o restante acaba sendo perdido. Em momento algum posso falar que é um filme ruim, muito pelo contrário, de forma que gostei até mais dele do que de "Prometheus", mas esperava algo mais aterrorizador, com base nas origens mesmo, que causasse tensão e fizesse com que perdesse o sono pensando no bichão (que ficou bem bacana!!!), ou seja, uma aventura boa (um pouco nojenta) no melhor estilo de "Jurassic Park" (até penso que em breve façam um parque temático do Alien, com uma nave chacoalhante passando pela atmosfera ionizada, depois uma correria pelas planícies e tudo mais) que vai agradar quem gosta desse estilo, mas que quem for esperando ver um terror sairá bem decepcionado com o resultado entregue pelo diretor.

Sobre as atuações, temos de falar que se um Michael Fassbender já é bom, dois então é pra destruir, e aqui tanto como Walter quanto como David, o ator incorpora semblantes, trabalha expressões e faz uma cena melhor que a outra, criando situações perfeitas de serem montadas (e que claro deram muito trabalho para a equipe do longa quando os personagens estavam juntos). Katherine Waterston fez o trabalho correto para com sua Daniels, demonstrando tristeza na maior parte da trama (afinal seu drama inicial é bem forte), desespero frente ao desconhecido, raiva e tudo mais que fosse possível em um único longa, o que é bacana de ver, pois alguns atores e atrizes fazem apenas uma cara para tudo, e ela se mostrou bem inteligente quanto às formas faciais, demonstrando exatamente o que estava sentindo para que o público se conectasse com ela, mas ainda assim poderia ter sido menos singela em algumas cenas, o que acabou deixando ela um pouco opaca durante quase metade do filme. Billy Crudup ainda está se perguntando se acredita ou não no que viu com seu Oram, e se agora me perguntasse a sua frase indagada no começo do longa sobre sua capacidade de liderança da nave, responderia na cara: "moço, você não sabe cuidar nem de si, quanto mais de uma nave!", que suas expressões perdidas, seu estilo meio deslocado chegam a ser chatos demais, de forma que torcemos para que o alien lhe coma logo! No início do longa chegamos a caçoar do estilo cowboy de Danny McBride com seu Tenesse (Tee), mas vamos começando a curtir suas cenas, ele passa a ser mais presente e ao final até chegamos a desejar mais cenas com o ator que se mostra bem colocado, ou seja, chegou quieto e ao mostrar serviço agradou. Dos demais, a maioria é quase enfeite (ou criadouro para alien) e não chega a chamar atenção por nada expressivo em si, mas temos que destacar negativamente primeiro o produtor do longa, que paga um cachê enorme para um ator do porte de James Franco para uma mísera cena sem falas que poderia ser com qualquer ator mequetrefe de Hollywood, e positivamente para as caras desesperadoras de Amy Seimets como Faris, pois se ela não se machucou na correria de sua cena principal, ao menos passou um semblante muito positivo de como os demais personagens deveriam fazer nas demais cenas.

O visual da trama foi praticamente todo gravado com muita computação gráfica, trabalhando com poucas cenas aonde os personagens realmente estivessem imersos em algo real, e isso é notável na falta de percepção de espaço por alguns atores, mas isso não vem ao caso aqui, servindo apenas de referência para aqueles que gostam de achar erros em gravações, porém temos que falar que a criação dos ambientes ficaram bem interessantes de se ver, pois ao criar um templo abandonado cheio de estátuas/corpos espalhados se criou um tom bem diferenciado ao se contrapor com uma floresta sinistra, no conceito espacial tivemos naves bem elaboradas com detalhes precisos de se ver, mas que sempre gravados em planos quase 100% fechados (para se tentar criar uma tensão inexistente) ficamos sempre na dúvida se ela é realmente do tamanho que mostra por fora, ou se mede o tamanho de uma casa minúscula, e os carros também poderiam aparecer mais, pois eram bem trabalhados (talvez até construídos realmente) e usaram em quase nada. Quanto do alien realmente, ficou bem feio e nojento, mas ainda assim é daqueles que não causam medo se encontrarmos na rua (ok, dá pra correr um pouco, mas na cena junto de David parecia até amistoso demais). A fotografia do longa ficou bem escura, o que claro gostamos de ver em longas de terror, e felizmente (mesmo que de maneira bem artificial e falsa demais) vemos tudo, não tendo nenhuma surpresa de sustos inesperados, ou seja, um trabalho minucioso de cores para que tudo fosse bem visto e agradável. A falta de gastarem com tecnologia 3D para se gravar é louvável, afinal seriam poucas cenas com coisas saindo para fora da tela, mas podem pensar para o próximo de colocarem baba escorrendo pelos óculos que seria bem bacana de ver.

Enfim, como filme geral independente de gênero, é algo que vai divertir na medida do possível, e fazer passar um bom tempo, pois como frisei é melhor que seu antecessor, mas como desejávamos ver um terror mesmo, com muitas cenas tensas, sangue e nojeiras para todo lado, que ao caminhar até o estacionamento pensasse na possibilidade de ver um bicho daquele e correr pra passar por cima de alguma forma, passa bem longe e não vai meter medo nem em um bebezinho que for conferir a trama com os pais. Ou seja, se você gosta de uma boa aventura, fica a recomendação, agora se deseja ver um bom terror, não vai ser nessa semana que você irá ao cinema. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais uma das poucas estreias dessa semana, então abraços e até mais.

PS: Estou dando a mesma nota que dei para "Prometheus", por achar que 8 seria um exagero para essa produção, mas não posso diminuir a do outro longa, deixando claro que esse seria um 7,5 então.

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