A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell em Imax 3D

3/31/2017 01:11:00 AM |

Tem filmes que possuem uma essência tão complexa quanto a história em si, e só para parar e analisar um pouco o que o longa deseja transmitir já se vai quase o tempo inteiro da projeção. Digo isso ao abrir o texto de "A Vigilante do Amanhã: Ghost In The Shell", pois muitos que forem conferir o longa nos cinemas provavelmente irão sair tão confusos quanto ao tentarem entender a história antes de ver completamente a ideia. Não digo que seja algo absurdo, pois tudo é muito bem explicado nas cenas finais, mas durante quase toda a duração do longa ficamos meio que perdidos com tantas imagens, tantas situações e diversas indagações pipocando na mente, o que acaba tornando o filme algo que daria para colocar num estilo de ficção bem cult, e remeter a uma mistura dos grandes clássicos do cinema como "Blade Runner", "Matrix" e até "A.I. Inteligência Artificial", ou seja, um filme bem cheio de ficção, mas que transmite muitas mensagens subliminares para se pensar e criar um vértice bem maior. Sendo assim, o filme conta com muitos efeitos, e mesmo tendo sido convertido, o 3D está interessantíssimo de acompanhar na sala do cinema.

O longa nos mostra que em um mundo pós-2029, é bastante comum o aperfeiçoamento do corpo humano a partir de inserções tecnológicas. O ápice desta evolução é a Major Mira Killian, que teve seu cérebro transplantado para um corpo inteiramente construído pela Hanka Corporation. Considerada o futuro da empresa, Major logo é inserida no Seção 9, um departamento da polícia local. Lá ela passa a combater o crime, sob o comando de Aramaki e tendo Batou como parceiro. Só que, em meio à investigação sobre o assassinato de executivos da Hanka, ela começa a perceber certas falhas em sua programação que a fazem ter vislumbres do passado quando era inteiramente humana.

Alguns dias atrás tive a oportunidade de ver o anime de 1995 que serviu de base para esse novo longa, e se lá a situação mostrada para quem não viu a série foi algo bem confuso, aqui esse problema ocorre quase que durante o longa inteiro, tirando o final aonde praticamente tudo é explicado e fica redondinho, mas foi com muita sagacidade que o diretor Rupert Sanders colocou uma história lúdica em seu segundo longa para funcionar bem com uma proposta enfática, criar um mundo tecnológico com cara japonesa, baseado em um anime/mangá japonês, gravando na Nova Zelândia, e com protagonistas americanos, ou seja, algo que poucos teriam coragem, e principalmente conseguiriam acertar. E por um grande milagre, acaba funcionando bem, mesmo que para isso você não possa sequer piscar durante toda a projeção, senão a chance de se perder no meio da história maluca é altíssima. O resultado é mais favorável devido à alta concentração tecnológica da trama, e pela história ser algo que faz o público ficar curioso, pois não é algo clássico de funcionar em filmes, já que o longa agradaria bem mais como uma série em 10-12 capítulos do que num filme de 107 minutos, pois ele tem de nos apresentar quem é cada personagem, como eles estão/se encontram nas atuais condições e tudo mais, de modo que fique funcional, entendível e principalmente, funcione como cinema, e o tempo é curto para tudo isso, então vemos um longa bem corrido, com situações praticamente jogadas, que quem gosta do estilo vai se esforçar para entender, mas quem não for fã do gênero ou dormirá, ou sairá da sessão falando que foi a pior coisa que já assistiu na vida, e de forma alguma o longa é algo para ser jogado fora.

Dentro das atuações, mesmo após as diversas polêmicas em cima da escolha de Scarlett Johansson como uma protagonista que originalmente é japonesa, podemos dizer que a jovem acabou saindo muito bem no estilo, dando boa dinâmica para as cenas de ação e agradando com suas facetas interpretativas/expressivas que costuma fazer, além claro do diretor dar uma ótima lição, afinal apenas o cérebro é de uma japonesa, o corpo inteiro é um robô, então poderia ser a Viola Davis ali que estaria tudo certo, ou seja, sua Major é bem trabalhada e funciona, mesmo que poderia ter sido um pouquinho mais extrovertida, pois a seriedade chega a ser dura demais. A caracterização de Pilou Asbæk para viver Batou foi algo incrível, pois deram um visual tão bem colocado se assemelhando tanto à animação que mesmo o ator não empolgando tanto com sua expressão rude, ele acaba chamando a atenção nas cenas mais impactantes. Juliette Binoche como sempre consegue mostrar seu potencial mesmo com poucas cenas medianas, colocando dinâmica e interesse em sua Dra. Ouelet, mas como a personagem funciona apenas como um elemento de quebra, tendo um momento marcante para acertar na expressão a atriz acaba não sendo tão boa como costuma ser. Takeshi Kitano faz um Aramaki bem colocado, principalmente nas cenas finais, mas pareceu um pouco perdido no longa, talvez por falar mais japonês no meio de tantos americanos e não se conectar tanto com a trama, pois certamente o personagem teria bem mais importância do que o que foi mostrado. Peter Ferdinando começa meio de lado com seu Cutter, mas vai sendo incrementado na trama e melhorando a cada novo ato de forma que ao final já está bem colocado e até agrada, mas poderia ter aparecido um pouco mais. Os demais apareceram menos ainda que esses e não tiveram grandes atos, com exceção de Michael Pitt que com seu Kuze acabou tendo uma história para contar, mas o modificaram tanto para ficar robotizado que por pouco não acabaram desaparecendo com sua interpretação.

Agora um dos melhores pontos sem dúvida do longa fica a cargo da produção incorporada à direção de arte, que claro usou demais computação gráfica, mas em momento algum isso atrapalhou o clima futurista, com diversos elementos passeando pelo cenário (e até pela tela com o uso do 3D), prédios, carros e tudo interagindo entre si com efeitos bem colocados, e principalmente, diversos objetos cênicos agradando como parte da história, não ficando disponíveis apenas como enfeite, e sim servindo para introduzir a história e cair dentro do contexto futurista que a trama tanto pedia. Com muitas cores espalhadas cenicamente, a trama até funciona com um tom vibrante, mas nas cenas de tensão o cinza azulado sempre predominou para criar o momento sem fugir do teor da trama. Quanto do 3D, temos sim muitas cenas desnecessárias do uso dos óculos, mas na maior parte sempre tem um ou outro elemento saindo da tela e muita profundidade sendo usada, mesmo sendo inteiramente convertido na pós-produção.

Enfim, o longa usou muitas coisas boas da animação, trabalhou bem uma história dentro do contexto completo, mas também teve muitos erros como pontuei acima, porém fica acima da média e agrada de certa maneira quem for fã desse estilo futurista mais complexo, principalmente pelo excelente trabalho visual e pela complexidade da história em si. Ou seja, não é um longa que vai fazer você gostar de ficção, mas certamente vai agradar quem já for fã. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto de outra estreia da semana, então abraços e até mais.

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Fragmentado (Split)

3/26/2017 02:53:00 AM |

Existem alguns longas que conseguem manter nossa atenção mesmo quando a ideia completa é um pouco confusa, e filmes que trabalham TDI (Transtorno Dissociativo de Identidade) é daqueles que o diretor pode brincar com o que quiser que irá envolver o público com toda a situação e ainda deixar a pulga atrás da orelha para caso deseje continuar com mais filmes. E com "Fragmentado", o diretor M. Night Shyamalan volta às suas origens para trabalhar o suspense de maneira eficaz e pertinente para que sua história seja contada de forma trabalhada, sem dar muitas pistas até criar toda a tensão condizente para contar tudo o que deve ser mostrado, mas claro, sem quebrar a intensão maior e se possível deixar aberturas prontas para novos desenvolvimentos. O longa em si é complexo por não entregar facilmente as diversas personalidades de Kevin, mas se prestada a devida atenção você já lá pela metade consegue saber quem está na frente da câmera (ou no controle da luz como o filme tanto fala) e com isso até vai se conectando melhor com cada uma das personalidades, mas claro que dentro do contexto de psicopatia, sabemos que nem todos no longa sobreviverão, e só ficamos esperando para ver quem (ou se alguém) vai sobrar até o final da trama. Ou seja, um longa do melhor nível possível, que tem uma desenvoltura bem trabalhada e que certamente irá prender sua atenção, e que vale muito a pena conferir, afinal é Shyamalan voltando a ser o diretor que tanto gostamos de ver, e que mesmo tendo alguns erros leves, ou melhor, cenas desnecessárias, acaba fechando da forma mais incrível possível.

O longa nos conta que Kevin possui 23 personalidades distintas e consegue alterná-las quimicamente em seu organismo apenas com a força do pensamento. Um dia, ele sequestra três adolescentes que encontra em um estacionamento. Vivendo em cativeiro, elas passam a conhecer as diferentes facetas de Kevin e precisam encontrar algum meio de escapar.

Podemos até dizer que não é o melhor de Shyamalan nas telonas, pois ele não ficou preso somente no protagonista e suas diversas histórias (que daria só ali para fazer 23 filmes diferentes), mas sim quis incorporar um motivo para com a jovem sequestrada ter também uma personalidade estranha diferente das demais meninas (sim, o longa se perde um pouco aí), mesmo que bem contado todo o trauma que ela já viveu, mas acaba sendo digamos um pouco desnecessário com um protagonista tão bom do outro lado que dentro do roteiro poderia fazer muito mais em cena, do que ficarmos com uma leve peninha da garota. Tirando esse detalhe, o roteiro é tão incrível que faz com que o público fique inquieto tentando saber para onde o longa vai, e claro que no melhor estilo do diretor, ele vai fazendo pequenas quebras para não entregar logo de cara, e nem dar pistas fáceis de onde quer chegar, o que acaba sendo bem gostoso de acompanhar. Ou seja, um filme livre, que não força a barra para ser um terror pesado, ou daqueles suspenses que traumatizam de agonia quem for conferir, mas que consegue eximir o conjunto boa história, que bem contada acaba chamando atenção por si só, sem necessitar de efeitos, sustos, ou até mesmo apelações.

Dentro do conceito da atuação no longa não tem como não aplaudirmos de pé o trabalho de James McAvoy, pois acabamos não conhecendo muito de seu Kevin, mas sim das suas múltiplas personalidades conseguimos ver detalhes que o ator conseguiu mudar entonação, expressão, trejeitos e até as características mais básicas de uma ou outra personalidade, falando com outro ator em cena, na nossa frente sem praticamente nenhum truque, ou seja, um trabalho memorável que mostra o quanto esse jovem ator é bom e vai explodir muito em breve, isso se já não usarem essa interpretação toda para lhe dar algum prêmio, pois mereceu demais. Inicialmente achamos que Betty Buckley não seria tão importante com sua Dra. Fletcher, mas com o desenrolar da trama, vimos que ela vai nos incorporando e trabalhando tão bem no desenvolvimento das múltiplas personalidades de Kevin, que talvez sem ela não conseguiríamos aprender sobre tudo, ou seja, a atriz mais do que uma boa interpretação, fez também uma boa conexão para com o filme e os espectadores, saindo melhor do que a encomenda. Anya Taylor-Joy já havia mostrado uma expressão marcante no filme "A Bruxa", com um olhar duro e impactante, e aqui sua Casey é tão fixa que chega a incomodar, mas claro que de uma boa forma, pois a atriz não deixou o temor lhe prender (e isso é mostrado o motivo, numa trama paralela que já disse que não seria tão necessária para a trama completa) e foi a fundo se conectando com as personalidades e até desenvolvendo algumas que o protagonista pode mostrar mais, ou seja, agradou de certa forma. Pode até ser um pouco de spoiler o que vou dizer, mas acabamos torcendo para que Haley Lu Richardson e Jessica Sula tenham suas personagens Claire e Marcia mortas o mais rápido possível, pois são muito chatas, e mesmo Jessica trabalhando algumas expressões bem divertidas no jantar, o restante do tempo acaba soando a tradicional garota aflita que faz besteira em filmes de terror. Já que a trama paralela foi usada, Izzie Coffey fez uma jovem Casey muito graciosa e interessante de acompanhar, agradando na medida certa, e Brad William Henke também foi bem canalha como tio John, adequando a personalidade de tal forma que acabamos odiando ele. Dos demais atores, a maioria é mero enfeite, mas a aparição final, deixou um gostinho de quero mais para a continuação, e veremos o que irá rolar em 2020 segundo informações.

A equipe de arte foi bem singela na concepção do cativeiro/casa de Kevin para que os elementos caíssem bem no quarto das garotas, no quarto de Hedwig, na cozinha com poucos mas detalhados objetos para funcionar as personalidades do protagonista, o quartinho do computador bem simples, mas colocado para simbolizar e dar a deixa para a garota, os pequenos cubículos onde são colocadas as pessoas de mal comportamento funcionando com referência à tudo que vamos aprendendo no longa, e claro o consultório da psiquiatra cheio de referências à outros casos de múltiplas personalidades, recaindo bem cada momento e agradando em cheio com o fechamento bem colocado. A equipe de maquiagem também deve ter o seu mérito para trabalhar o figurino e os detalhes nas expressões de Kevin. E claro que a fotografia usando de luzes pontuais clássicas dos filmes de Shyamalan deram um tom incrível para que a produção ficasse tensa e bem colocada no ar misto de suspense com um leve toque de terror bem feito.

Enfim, um filme excelente que vale a pena ser conferido tanto pelos fãs de longas de suspense/terror, como para quem não gosta desse estilo, pois ele acaba funcionando bem para conquistar novos públicos para o gênero, afinal com nuances cativantes e bem colocadas, o resultado acaba chamando muita atenção para conhecimento de pessoas e só por isso já vai valer a conferida. Portanto fica a dica para conferir e se divertir vendo um bom filme do gênero mais interessante que temos atualmente. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana curta, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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Power Rangers (Saban's Power Rangers)

3/25/2017 02:32:00 AM |

Como bem sabemos todo início de franquia temos mais apresentações do que ações propriamente ditas, e com o novo "Power Rangers" não ocorre nada diferente, o que é muito bom, pois se alguém disser que lembra como os jovens viraram rangers há 24 anos atrás com detalhes estaria mentindo na cara dura, além de que com certeza deram novos vértices para cada um dos personagens e mesmo cobrindo as diversas "cotas" conseguiu ser interessante e agradar bastante, mantendo bem a essência nas diversas situações que ocorrem do começo até os 20-30 minutos finais, aonde realmente temos muitas lutas e ação pra valer. Ou seja, é um filme bacana que nos remete sim à infância que víamos na hora do almoço antes de ir pra aula ou depois dependendo do turno que estudava, e que com certeza será apenas o começo de uma franquia de sucesso, pois moldaram ela de forma bem colocada para gerar muito mais, agora vai depender da bilheteria para termos ou não os seis filmes que já estão prometendo.

A jornada de cinco adolescentes que devem buscar algo extraordinário quando eles tomam consciência que a sua pequena cidade Angel Grove - e o mundo - estão à beira de sofrer um ataque alienígena. Escolhidos pelo destino, eles irão descobrir que são os únicos que poderão salvar o planeta. Mas para isso, eles devem superar seus problemas pessoais e juntarem suas forças como os Power Rangers, antes que seja tarde demais.

Chega a ser engraçado a forma que o diretor Dean Israelite desenvolveu essa nova versão dos personagens, pois mesmo sendo "adolescentes" na formação original, todos tinham mais responsabilidades e eram mais "adultos" em suas atitudes, e aqui vemos empolgação em alguns jovens, medo do novo e até problemas "infantis" entre eles, o que torna a trama mais jovial e interessante de acompanhar. Claro que talvez isso mude nas continuações, mas a forma que tudo é apresentado aqui acaba soando tão gostoso de acompanhar, que na sala praticamente lotada de adultos (sim, vai ser difícil vermos muitas crianças entrando nessa nova pegada de heróis) todos voltaram 24 anos atrás em seus sofás curtindo as boas lutas e se empolgando junto com os personagens ao descobrirem seus poderes, em algo quase tão parecido com a forma que o "Homem-Aranha" acaba entrando numa vibe divertida ao descobrir tudo o que pode fazer. Ou seja, a base ainda é a mesma de antigamente, mas a pegada ficou bem mais próxima de algo mais atual, agrandando bastante nessa nova esquete que os roteiristas fizeram.

Assim como temos algo novo na telona, temos também atores bem jovens e praticamente desconhecidos do meio cinematográfico para os papeis principais, e isso é bacana, pois conseguem formar os personagens para si, e ir criando (caso haja realmente mais continuações) dinâmica e desenvoltura com a ideia do que o diretor/equipe desejam ver na tela com determinado personagem. Dacre Montgomery deu para Jason/Ranger Vermelho um estilo mais pretensioso para o final, e alguém completamente sem limites no começo, o que é interessante para ir criando a liderança do grupo, e o jovem ator possui uma personalidade (ou ao menos demonstrou) bem nesse estilo, o que é bacana de ver. RJ Cyler colocou tanta energia no seu Billy/Ranger Azul, que se não fosse falado um pouco de seus problemas, diríamos que o ator se empolgou demais com a ideia e acabou ficando feliz demais com tudo o que ocorria que acabaram deixando transparecer essa festa toda dele, e assim sendo é o que mais agrada em teor de vivência com o personagem. Naomi Scott fez uma Kimberly/Ranger Rosa bem interessante de olhares e personalidade, mas soou singela demais mesmo nos momentos mais duros seus, e poderia chamar mais para a sensualidade que agradaria também. Becky G. trouxe para sua Trini/Ranger Amarela a cota de homossexualismo que andam colocando em todos estilos de filmes, seja de heróis/desenhos/fantasia/etc, e não temos nada contra, mas essa imposição de ter de colocar já anda ficando chato, mas felizmente a atriz não apelou para trejeitos, não forçando a barra e até agradando no modo de declarar isso. Ludi Lin até chamou a atenção em algumas cenas com seu Zack/Ranger Preto, mas na maior parte do filme fica tão em segundo plano que chega a soar estranho. Elizabeth Banks possui trejeitos leves, então chega a ser chocante vê-la como a vilã Rita Repulsa, mas como sempre sendo uma excelente atriz chama a dinâmica para si e agrada bem nos closes e incorporações visuais da personagem. Bryan Cranston e Bill Hader são mais vozes do que expressões em si com seu Zordon e Alpha, embora Cranston tenha trabalhado também expressões corporais no início e sua face esteja na parede em diversas cenas, mas faltou um pouco mais de vida para ambos agradarem em cheio, mas nada que num próximo filme não possa ser resolvido. Dos demais, diríamos que é figuração em cima de figuração, e na cena pós-crédito poderiam já ter mostrado quem é o ator escolhido para o novo personagem, sem deixar tanto mistério.

No conceito visual, embora muitos não tenham curtido os novos uniformes, agora mais tecnológicos, o resultado acaba até agradando bastante, e a escolha de uma cidadela bem pacata como Alameda dos Anjos, temos algo bem singelo e interessante de ver. Com muitos elementos cênicos bem colocados, e diversas referências ao seriado espalhados por todo o longa, aqueles que gostam de brincar de achar detalhes em filmes vai fazer a festa, mas quem for apenas ver o filme como conteúdo único também irá gostar bastante do trabalho visual que a equipe de arte entregou de coisas reais, e também dos diversos elementos computadorizados. Um defeito grande e estranho ficou por conta dos bonecos do exército de Rita, que como pedronas ficaram desengonçadas demais para realmente brigar com força contra os heróis, mas de certo modo não atrapalha tanto visualmente. Os zords ficaram bem bacanas, e ao se transformar no megazord o resultado não decepciona de forma alguma. Com muitas cores sendo trabalhadas e incorporadas em cada personagem para determinar suas personalidades, o ar da fotografia foi bem intenso de analisar, e resultou num filme bem de aventura e que agrada bastante. Outro detalhe que poderiam ter usado, foi o recurso de converter ou filmar em 3D, pois o longa possui muitas cenas que funcionariam a tecnologia, com coisas explodindo, muitas cenas de corrida/perseguição em primeiro plano que teria uma boa profundidade e tudo mais, mas foi uma opção ser lançado apenas em 2D, e com isso o público que agradece os ingressos menos caros.

Outro ponto positivo sensacional ficou a cargo da trilha sonora só de canções dos anos 90, que empolgam do começo ao fim, dando ritmo e divertindo na medida certa. E que claro deixo o link aqui para todos curtirem após a sessão.

Enfim, um filme que agrada, diverte e que vale a pena ser visto. Como disse no começo é uma abertura de franquia, então temos muitas apresentações, antes da pancadaria para valer, então quem for esperando algo diferente disso é capaz de se decepcionar um pouco, mas ainda assim vai gostar do resultado final. Portanto, se você viveu sua infância vendo o seriado, ou apenas quer um novo tipo de filme de heróis na telona, vá e ajude a dar bilheteria para termos mais continuações desse que é algo mais juvenil do que um longa adulto para ser levado a sério mesmo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a última estreia dessa semana no interior, então abraços e até logo mais.

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Travessia

3/24/2017 12:51:00 AM |

Cinema artístico já é algo complexo de se assistir, e no Brasil ainda alguns diretores procuram mostrar algo que só lendo o que falaram sobre seu filme é possível sair da sessão entendendo algo pelo menos, pois é tudo sempre abstrato demais, transmissão de sentimentos e alegorias que fluem bem, mas que jogadas de modo novelesco e apenas criando situações acabam rodando em círculos imaginários e não chegando a lugar algum, ou seja, acaba sendo chato para o público geral, e mais chato ainda quando o diretor fecha seu longa sem deixar sua opinião real. Portanto, usando dessa abertura posso dizer logo de cara que "Travessia" é daqueles filmes que não valem nem passar perto, e que quem for sairá da sessão rindo, pois é tão absurdo toda a situação, que acredito que nem quem tenha vivido todos os "traumas" mostrados no longa irá conseguir se conectar, ou seja, fraco demais para perder 90 minutos numa sala de cinema.

A sinopse nos situa em Salvador, Brasil, e conta que Roberto acabou de perder a esposa e está solitário e infeliz. Além disso, o relacionamento com seu único filho, Júlio, vai de mal a pior. Um dia, após se embebedar e fracassar ao tentar contratar uma prostituta, ele acaba atropelando um garoto. Desesperado, ele coloca o menino no carro e o leva ao hospital mais próximo. Apesar do socorro imediato, Roberto precisa prestar esclarecimentos na polícia e corre o risco de ser preso. Paralelamente, Júlio está apaixonado por uma moça ingênua e a sustenta através do tráfico de drogas em festas badaladas que ocorrem na cidade.

Se você leu a sinopse que coloquei acima, você já viu o filme inteiro, pois não acontece nada além do que está escrito aí, e esse é apenas um dos problemas do longa: ser singelo demais, e não fazer nada que possa instigar o espectador, que crie vertentes para se refletir, mas sim cenas e situações evasivas que apenas fluem dentro de algo quase novelesco, pelos vários vértices de cada personagem, e que vão rolando até o final com cenas variadas com pouca fluidez. O primeiro longa do diretor João Gabriel até funciona visualmente e traz boas situações dentro do contexto que diz querer mostrar: o fluxo do trânsito, da vida, etc, ou a travessia das pessoas por esses ambientes como o próprio nome do longa diz, mas nada que trabalhe algo maior que até talvez esteja dentro da ideia do roteiro, ou seja, ele faz a montagem completa de muitas cenas, mas que não chegam a lugar algum dentro da proposta do longa.

Dentro das atuações, podemos dizer que Chico Diaz traz toda a sua desenvoltura para que o seu Roberto ficasse impactante e bem reflexivo pelos seus atos, e com isso até chama a atenção em tudo o que está fazendo, mas não chega a chamar tanta atenção pelo fraco roteiro, além de que o longa é ambientado na Bahia, e sequer esforçou qualquer sotaque para agradar. Falando em sotaque, Caio Castro mostrou que trabalhou muito bem com a fonoaudióloga, e com bons trejeitos acaba agradando bem com seu Julio, mas como disse, faltou desenvolvimento da situação toda para contextualizar mais, então ele faz suas cenas soltas de forma interessante, chama a responsabilidade, mas apenas faz sem poder chamar a dinâmica em si e convergir para um filme mesmo. Camilla Camargo e Cyria Coentro até fizeram caras e bocas bem colocadas com sua Marina e Leila respectivamente, mas entraram na dinâmica aparentemente perdidas, apenas fazendo suas expressões, não tendo motivos para o que fazem, o que é bem errado e não diz nada. Se os protagonistas aparentavam perdidos, imagina o restante de enfeite, que apenas apareceram, disseram algumas palavras perdidas e sumiram em seguida, ou seja, meros enfeites cênicos.

No conceito visual, a trama mostra uma Salvador bem diferente do que costumam mostrar, e isso é muito bom, pois mostra algo mais real e menos carnavalesco, mas poderiam ter usado mais esse ar denso e tenso para que as situações acontecessem realmente, o que não ocorreu! Com boas locações em closes mais fechados, e trabalhando muito o visual dentro do carro, ou em cima da moto, o resultado acaba ficando fora do conteúdo cinematográfico, mostrando mais uma ideologia e menos material cênico realmente. A fotografia trabalhou sempre para criar tensão, ajudando a desenvolver os conflitos, mas nada que mostrasse um ponto mais forte como deveria.

Enfim, é um filme com mais erros do que acertos, e o que me deixa mais surpreso é ver a quantidade de prêmios que o longa ganhou, pois só quem for lendo realmente tudo o que desejavam passar conseguirá sentir um pouco mais do filme, senão a chance de acontecer como aconteceu com outros espectadores da sessão é sair rindo de ter visto algo mais absurdo do que coeso. Portanto só recomendo o filme caso não tenha mais nada para ver, e ainda assim com muitas ressalvas de reflexão, pois não tem como ver o filme sem pensar no contexto antes de assistir. Bem é isso pessoal, esse foi apenas a primeira estreia dessa semana, e volto amanhã com mais uma, então abraços e até breve.

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Tinha Que Ser Ele? (Why Him?)

3/18/2017 02:21:00 AM |

Existem algumas comédias, que logo na primeira cena você já consegue identificar exatamente tudo o que vai rolar, e com "Tinha Que Ser Ele?", a cada nova cena mostrada, a dedução de fechamento dela é facílima (chega a ser interessante que tudo o que é aberto na trama tem de ser fechado, não criando situações crescentes!). Não digo que isso seja algo totalmente ruim, mas poderiam ter apelado mais ou trabalhado as situações divertidas mais vezes para que o longa realmente fosse mais divertido, ou caísse no absurdo completo para impactar como ocorreu em diversas cenas, pois o filme até tem uma proposta bem colocada, mas acabou fluindo de forma jogada, e para piorar não souberam como ligar o miolo ao final, resolvendo da maneira mais brusca e estúpida já feita em um longa, o que não é legal de ver. Ou seja, um filme que até diverte, mas passa longe de ser algo que daria para recomendar logo de cara.

A sinopse nos conta que durante as férias, Ned - um pai superprotetor - e sua família visitam a filha na Universidade de Stanford, onde ele encontra seu maior pesadelo: o bem-intencionado, mas socialmente desajeitado namorado de sua filha, um bilionário do Vale do Silício, Laird. O certinho Ned acha que Laird, que não tem absolutamente nenhum filtro, é um par extremamente inadequado para sua filha. A rivalidade e o nível de pânico de Ned se intensificam quando ele se encontra cada vez mais fora de sintonia no glamoroso centro de alta tecnologia, e descobre que Laird está prestes a pedir sua filha em casamento.

Lendo um pouco das curiosidades da produção, descobri que foram gravados 240 horas de cenas diferentes, deixando os atores bem a vontade para improvisar, e quem já viu produções de longas, ou trabalhou com isso sabe muito bem que o diretor e roteirista John Hamburg foi completamente maluco com isso, pois deveria sim ter mantido a base escrita por ele, Ian Helfer e Jonah Hill, e até ter uma ou outra cena improvisada, mas 240 horas é tempo demais para escolher boas cenas em uma ficção, e principalmente para saber como vai fechar a história (que como disse no início, é o maior problema da trama). Claro que com esse estilo mais solto, e liberando Franco para soltar seus inúmeros palavrões, o filme fluiu completamente maluco e bem divertido em diversos momentos, mas acabou se perdendo no meio da bagunça ficando um pouco fora do rumo clássico que certamente a história original tinha. Não digo que o diretor errou em fazer isso, mas pela pouca experiência em direções, ele acabou arriscando a vida, e errou mais do que acertou, pois talvez em uma série mais longa e maluca sobre a vida do personagem principal até role toda essa desenvoltura, mas para um longa de 90 minutos, nem em sonho.

Dentro das atuações, o fato maior é que vimos diversos atores/cantores que precisavam de uma graninha extra e resolveram cair numa roubada bem séria, a começar por Bryan Cranston que é um ator bem escolhido para dramas, aventuras e tudo que necessite de um personagem bem sério, então colocá-lo como Ned (um pai bem sério) dentro de uma comédia seria loucura completa você deve estar pensando, e lhe respondo com primor, sim foi uma loucura total, pois o ator aparenta estar completamente fora do seu eixo, faz caras e bocas perdidas, e não consegue se desenvolver bem dentro do que o personagem pede, ou seja, qualquer outro ator faria o mínimo que ele fez, ou até melhor, o que é uma pena e que torceremos para que ele esqueça esse papel bem em breve. James Franco precisa voltar a encontrar seu estilo, pois se for pra ficar fazendo só zoações na telona, logo mais deva ser esquecido, e aqui seu Laird é bem bacana, funciona para o ator, mas nada mais é do que reproduções de todos os seus últimos filmes, o que não é legal de ficar vendo. Zoey Deutch até tenta fazer algumas boas cenas com sua Stephanie, mas o máximo que consegue é algumas caras impressionadas e diversas cenas com expressão gritada, o que parece mais um desespero do que uma atuação realmente. Megan Mullally é praticamente a única comediante mesmo da trama, afinal já fez outras séries animadas e tudo mais, mas colocaram ela num papel mais sério, e sua Barb só possui algumas cenas para mostrar sua desenvoltura de comediante, a qual agrada bastante, mas fazer o que, já que essa era a proposta do diretor. Keegan-Michael Key até caiu muito bem dentro do que podemos chamar de atuação de encaixe com seu Gustav, fazendo caras e bocas, e dentro de uma mistura divertida acaba agradando bastante. O jovem Griffin Gluck até se divertiu bastante com seu Scotty, e aparentava estar quase que brincando de atuar dentro do filme, mas não fez nada que pudesse chamar de original, recaindo dentro das piadas forçadas de Franco. Dentre os demais, a maioria é bem figurativa, mas temos de destacar o DJ Steve Aoki tocando numa festa bem insana, e sem dúvida a participação dos integrantes da banda KISS cantando músicas natalinas, ou seja, a grana move montanhas mesmo!

No conceito visual, acabaram tendo um grande trabalho para criar a cenografia da mansão de Laird, pois se fosse uma mansão normal até seria fácil, pois a casa em si é bem bonita, mas ao precisar colocar quadros bizarros, esculturas bizarras e muitas coisas estranhas para aparecer, o resultado já foi bem mais trabalhado, junto com algumas cenas externas bem trabalhadas com animais e muitas dinâmicas que seriam até ousadas num filme mais comum.

Enfim, um filme simples, razoavelmente bem feito, que diverte mais pelo absurdo das cenas do que por boas piadas realmente, mas que dá para perder algumas horinhas assistindo por não apelar, nem abusar do espectador. Porém, como citei acima, possui erros demais, tem um fechamento completamente jogado e não vai lhe fazer rir até cansar, portando fica a dica para ir conferir somente se não tiver nada melhor para fazer. Bem é isso pessoal, fico por aqui já encerrando essa semana cinematográfica bem curta, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até mais!

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A Bela e A Fera em Imax 3D (Beauty And The Beast)

3/17/2017 02:30:00 AM |

A magia da Disney sempre vai nos acompanhar, seja quando você tem seus poucos anos e é apresentado ao primeiro desenho, depois vê um clássico, se apaixona, vê um filme mágico que permeia sua infância, e vai aparecendo pontinha aqui, pontinha ali, até chegar aos patamares mágicos que temos hoje, aonde uma produção que já era belíssima no começo dos anos 90 conseguiu manter a mesma essência musical deliciosa e envolver os adultos novamente com a magia de um longa animado clássico transformado em live-action com novas cenas, sim, mas o necessário do original mantido para que os sonhos flutuassem da mesma forma. E é com essas palavras que inicio meu texto do novo "A Bela e A Fera", que não apenas veio para os cinemas, mas mais que qualquer outro longa da nova fase live-action da Disney ganhará forças para diversas novas adaptações, pois irá arrebatar um público trabalhando bem a magia tradicional de suas produções, irá colocar novas vertentes que irão criar polêmicas, mas principalmente com uma produção bem criativa e mágica, e claro boas canções que sempre fizeram parte do mundo clássico Disney, o resultado acabará chamando muita atenção e irá encantar adultos que viram no passado e se apaixonaram pelo que foi mostrado, e consequentemente levará os pequeninos para conhecer esse mundo e desejar um dia ir ainda para o parque que Walt criou lá trás, mas que a cada ano que passa incrementa mais magia com suas produções criadas. Ou seja, um filme lindo, que possui defeitos sim, e irei mensurar melhor eles nas próximas linhas, mas que passa por cima de qualquer preconceito de musicais, de produções sem dinâmica e cria algo que esperávamos ver com todo o capricho necessário.

A sinopse do longa nos mostra que uma moradora de uma pequena aldeia francesa, Bela tem o pai capturado pela Fera e decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade dele. No castelo, ela conhece objetos mágicos e descobre que a Fera é, na verdade, um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana.

Tudo bem que me empolguei no início do texto, mas é fato falarmos que essa nova produção que vem 26 anos após o original de 1991 muda o conceito das demais adaptações live, pois ou copiavam fielmente a história original, ou inventavam coisas absurdas de um nível que sequer imaginávamos ter visto nos clássicos de nossa infância, e aqui os roteiristas Stephen Chbosky ("As Vantagens de Ser Invisível") e Evan Spiliotopoulos("O Caçador e A Rainha de Gelo") se basearam fielmente no livro de Jeanne-Marie Leprince de Beaumont e no clássico desenho da Disney para colocar tudo o que vimos lá nos anos 90, e acrescentar novos momentos, diversas pontas que eram largadas sem muitas explicações e junto disso criar vertentes incríveis que junto das ótimas e conhecidas boas canções se tornassem mágica nas mãos de um diretor experiente em fantasias e musicais como é o caso de Bill Condon ("Dreamgirls: Em Busca do Sonho", "A Saga Crepúsculo: Amanhecer"). Ou seja, montaram uma base incrível que o diretor só teve o trabalho de orquestrar magicamente com um orçamento monstruoso e fazer de sua produção um novo clássico Disney. É fato que ao adicionar novos elementos para a produção, algumas ousadias ficaram complexas, como por exemplo a polêmica da vez de incrementar a moda de temáticas homossexuais, com isso o filme tem passado um aperto em algumas cidades mais duras com a ideia, e LeFou está bem gay, não temos beijo nem nada, mas é claríssimo sua forma purpurinada e sua paixão por Gaston, mas não teremos nenhuma criança virando gay por ver um filme, ou seja, menos pessoal. Outra grande polêmica foi a mudança da classificação original de livre para 10 anos, e sim, tem muita base, pois é um filme com um teor um pouco mais pesado do que o original, pois temos violência verbal que é trabalhada, e alguns momentos mais duros, mas nada que uma criança não veja diariamente na tela da TV ou na rua atualmente, então vamos ser menos polêmicos e voltar para a magia que tanto insisto em falar que o longa possui, pois é aí sim que desejavam atingir e conseguiram.

Para nós brasileiros, algumas mudanças na legendagem vão dar tilte na cabeça enquanto ouvimos falar um nome e vemos outro escrito, portanto aqui no texto vou colocar os dois nomes dos personagens. Dito isso, é fato que tivemos muita captura de movimentos para os personagens animados, inclusive para a Fera, e isso deixa o longa sem uma característica humana mais forte, mas longe de ser um problema, o resultado acabou soando tão belo, que podemos dizer que todos acabaram se saindo muito bem na interpretação, agradando demais tanto na entonação da voz, quanto nos movimentos dos personagens. Mas claro que antes de falar dos objetos, temos de pontuar a beleza e o encanto de Emma Watson como Bela, que acabou cantando muito bem, deu uma vida real para a personagem e trabalhou olhares expressivos clássicos misturando com ares de deslumbre verdadeiro para cada momento, se surpreendendo com os objetos falantes, se emocionando ao ver a maravilhosa biblioteca e transmitindo carinho/amor aos poucos para com a Fera, ou seja, um show que há tempos não víamos ela fazer. Dan Stevens trabalhou com muita técnica a sua Fera, fazendo movimentos precisos com sapatos bem altos para ficar mais alto que Emma, trabalhou sua voz para ficar impactante e se desenvolveu com muita atitude para que cada momento pudesse chamar atenção mesmo não mostrando seu rosto realmente, e assim o resultado ficou forte e bem colocado. Luke Evans fez um Gaston bem mais rude que o da animação, e acabou virando realmente um vilão dentro da trama, fazendo olhares clássicos de egomaníacos e nas cenas de luta incorporando olhares tão fortes que chegaram a dar medo realmente, ou seja, agradou aonde deveria, e até foi bem sutil nos seus momentos junto de LeFou. E falando em LeFou, Josh Gad caiu como uma luva para o estilo que desejavam, de realmente um personagem alegre e que é apaixonado pelo seu amigo, fazendo muitas nuances gays, mas longe de ser um incômodo, a graça recaiu tão gostosa para seus momentos que acabamos nos afeiçoando à ele, e até torcendo para que arrume um companheiro melhor que o vilão, o que acaba não acontecendo, mas poderia. Kevin Kline foi bem light com seu Maurice, trabalhando todas suas cenas com olhares meio amalucados, clássico dos inventores/artistas, mas sempre bem colocado nos seus atos, talvez um pouco menos de exagero na cena com os lobos agradaria mais, porém nada que atrapalhe. A última atriz de carne e osso que vale a pena falar, fez apenas três cenas, e falou quase nada, mas com um olhar penetrante, Haydn Gwynne conseguiu chamar atenção com sua Agata/feiticeira. Agora falando dos objetos, já pontuei que todos foram muito bem nas entonações, mas temos de falar um pouco de cada um, e Ewan McGregor fez de seu Lumiere, aquele mestre de cerimônias que diverte, encanta e chama a responsabilidade para si, de modo que seu musical acaba virando um deslumbre único, Ian McKellen fez do sério Cogsworth (ou Horloge no Brasil) aquele personagem que é sempre certinho no que faz, mas que sempre acha uma pontinha para desandar não tendo como errar, Emma Thompson entrega a doce Mrs. Potts (ou Madame Samovar) com muita classe e desenvoltura, Nathan Mack faz o divertido Chip (ou Zip) com muita graça e diverte sem esforço, Stanley Tucci coloca o seu maestro Cadenza nos melhores pontos musicais e ainda consegue divertir na cena de luta, Audra McDonald bota um luxo máximo na sua Madame Garderobe fazendo roupas e mais roupas voarem para todo lado, e não menos importante, mas funcionando menos na produção, Gugu Mbatha-Raw entrega uma Plumette bem colocada nos movimentos, e que mostra dinâmica no relacionamento com Lumiere. Ou seja, todos funcionaram, agradaram nas cenas sérias, e se divertiram muito cantando nas cenas musicais, pois aí é que entra a grande magia Disney.

US$ 160 milhões!!! Esse é o valor estimado gasto na produção do longa, ou seja, a equipe de arte fez o que desejava e criou tudo o que víamos de mágico na animação, de forma real e possível de se encantar, pois mesmo os objetos foram animados usando técnicas bem próximas da realidade, e claro gastando muito de computação gráfica em cima, ou seja, se deslumbre com cenografias e locações incríveis, muito design gráfico ambientando cada cena, muitos elementos trabalhados e claro muitos efeitos visuais, colocando a mistura de luxo nas cenas do castelo, com a simplicidade da vila, mas tudo recheado de elementos cenográficos para incorporar cada momento, e funcionar dentro da proposta do longa. Detalhe que tenho de falar da cena do baile, que além de linda visualmente com muitos cristais cênicos, o vestido da protagonista ainda teve colado mais de 2000 cristais, que deram um luxo imenso à produção, criando algo que vinha simples, mas que acabou virando para um outro lado bem lindo que a equipe de figurino não deixou passar em branco. Aliado à isso, a equipe de fotografia trabalhou tantas cores para termos referências de sentimentos e ações, que vemos realmente a animação criando vida na nossa frente, e cada cena foi colocada sem margens de erros, o que é incrível, pois algumas cores não costumam funcionar em longas que usam técnicas tridimensionais, e/ou objetos computacionais demais, e aqui tudo encaixa, flutua, e funciona como deveria. Falando em efeitos computacionais e juntando com a técnica 3D que o diretor empregou, temos de falar de fato que a edição de pós-produção do longa trabalhou muito para que tudo ficasse o mais real possível, com muitas cenas com neve caindo na nossa frente, diversos momentos com objetos voando para fora da tela (a bola de neve vai te acertar na cara!) e até diversas cenas aonde a profundidade de campo funciona para que o longa não soe falso com tantos objetos animados, ou seja, um trabalho árduo para os técnicos, mas que acabou dando um resultado incrível mesmo que convertido, afinal muito pouco se filmou com câmeras 3D, já que são poucos personagens de carne e osso na maioria das cenas. E sendo assim, se possível veja nas salas 3D, pois irá compensar muitas cenas com bons efeitos.

Claro que sendo um longa quase 100% musical, a trama contou com as clássicas canções do longa original e incrementou diversas outras, ficando muito lindo de se escutar, aumentando ainda mais toda a magia da trama. E claro que deixo aqui o link com as músicas da trilha composta por Alan Menken (que compôs as músicas do original e de diversos outras animações da Disney desde 86) junto com Tim Rice, que aqui foram interpretada por Celine Dion, Ariana Grande, John Legend, Josh Groban, além dos atores principais que soltaram o gogó e fizeram muito bem em cena, afinal o diretor exigiu deles desde o teste de elenco que cantassem muito, e o resultado acabou ficando lindo de se ouvir.

Enfim, é um filme que tem falhas, mas que se vocês leram o texto todo viram que falei muito pouco delas, pois todo o restante acaba suprindo esses pequenos deslizes. Claro que não vai substituir o clássico de 91, mas merece ser colocado lado a lado, pois o trabalho completo de toda a equipe é algo que vai fazer todos saírem das sessões encantados com o que verão, e sendo assim, não só tenho que recomendar ver o filme, como talvez rever mais do que uma vez, pois assim como as crianças fazem de ficar repetindo vendo as melhores cenas, aqui é possível e vai agradar demais cada vez que for vista. Bem, assisti legendado como sempre faço, e as canções e tudo mais me agradou demais, mas pretendo se possível voltar para ver dublado e lembrar da forma vista na infância, então quem já tiver visto dublado e claro legendado também, os comentários estão abertos para conversarmos mais sobre a produção, pois é um filme que repito, vai agradar desde o pequenino que irá conhecer esse novo clássico, como os adultos que vão voltar à infância vendo um dos maiores clássicos da Disney. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia da semana, então abraços e até breve pessoal.

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A Qualquer Custo (Hell Or High Water)

3/16/2017 01:21:00 AM |

Ahh o Texas, aquela vasta imensidão rural dos EUA que ou você sobrevive cuidando dos pastos, ou é um petroleiro, ou é um policial valentão que sai caçando as pessoas, ou claro é assaltante de banco, afinal com a segurança mostra em "A Qualquer Custo" certamente muitos já estão pensando em ir pra lá arriscar uns tiros. Piadas a parte, o longa é daqueles filmões do melhor estilo texano/western de se ver, trabalhando bem vertentes comuns, mas com um cerne mais atual dentro da proposta/motivo para estar roubando bancos, e com isso mesmo que seja errado, acabamos até torcendo pros ladrões do filme. É interessante vermos que a direção não forçou a barra em momento algum é utilizou diversos clichês tradicionais do estilo para que seu filme ficasse bem colocado, e isso de certo modo é o que tanto agrada na trama, ou seja, é algo que muitos reclamariam se fosse mal-feito, mas como não é o caso, cada cena é vivenciada, diverte e queremos que tenha mais uma logo na sequência.

Interior do Texas, Estados Unidos. Toby e Tanner são irmãos que, pressionados pela proximidade da hipoteca da fazenda da família, resolvem assaltar bancos para obter a quantia necessária ao pagamento. Com um detalhe: eles apenas roubam agências do próprio banco que está cobrando a hipoteca. Só que, no caminho, eles precisam lidar com um delegado veterano, que está prestes a se aposentar.

A pegada que o diretor David Mackenzie dá para o roteiro lembra muito a vertente que o roteirista Taylor Sheridan havia desenvolvido em seu projeto anterior ("Sicario"), mas não nas loucuras policiais, e sim no desenvolvimento de um longa em meio árido com nuances westerns bem colocadas e pontuando bem a saga mocinho versus bandido que tanto gostamos de ver em longas desse estilo, claro que sem muito bangue-bangue nem nada de estilo antigo, mas trabalhando ares novos, sallons novos e claro bancos novos, colocando pra jogo a nova forma do Texas que mantém ainda a essência western impregnada nas suas grandes planícies, mas que mudou de índios, cowboys bons e cowboys ruins para policiais, endividados e policiais. Embora não seja um filme que vemos tanto o trabalho da direção, mas sim as boas nuances que os atores embasam de seu estilo, o trabalho de Mackenzie é visto pelas boas sequências de perseguição abertas, a aridez impregnada no contexto dos personagens, e claro as boas críticas em cima do petróleo e dos bancos que tem cada vez mais tomado as casas das famílias texanas, da mesma forma que o personagem Alberto fala que os generais tiraram as terras dos índios no passado, ou seja, foi forte nessa insinuação bem colocada.

Sobre as atuações, o que posso falar de cara é que o ar caipira de sotaque forte nunca mais sairá de Jeff Bridges, que já em seu sabe-lá-qual-número de personagens desse estilo, fica claro seu gosto por personagens durões e bem caracterizados do interior dos EUA, e a cada cena preconceituosa sua em cima de seu parceiro, ao mesmo tempo que víamos uma boa conexão entre eles, também acabávamos ficando bravos, mas vendo tudo como uma boa piada de parceiros/amigos/colegas de trabalho, e que no final vemos bem isso mesmo, talvez pudesse ser menos caricato, mas aí não seria o Bridges nem o ranger Marcus. Chris Pine combinou bem com seu Toby de modo que em alguns momentos sentimos pena dele, em outros ficamos torcendo para conseguir o que quer, mas faltou um pouco mais de dinâmica real para ele, como acaba acontecendo nas cenas finais, pois se o ator se colocasse como fez ali no longa inteiro, teríamos um personagem digno de muito respeito. Da mesma forma Ben Foster se colocou bem como um cafajeste da melhor estirpe, que certamente aprontou muitas antes de chegar até ali com seu Tanner, mas que mostrou seu melhor lado também nas últimas cenas, não que tivesse sido ruim no início, só demorou um pouco para engrenar com tudo. Gil Birmingham caiu muito bem dentro da proposta de Alberto, um mestiço índio/mexicano/americano que com cenas bem trabalhadas, e claro muito preconceito na cabeça acaba desenvolvendo algo bem colocado na produção. Dentre os demais, todos fizeram o básico, não atrapalhando o desenvolvimento dos protagonistas e agradando dentro do possível, mas talvez pudessem ter dado um pouco mais de personalidade para as mulheres não serem tão jogadas no longa.

No quesito visual, é fato que o ar árido com os belos campos desérticos do Texas sempre vai envolver em cenas de perseguição e até mesmo em desenvolturas com uma câmera bem parada, e o diretor que souber fazer bom uso dessa fotografia, trabalhando somente elementos chave para que tudo se encaixe não tem como errar. Aqui a equipe de arte junto com a de fotografia encaixou bons momentos em cenas bem abertas, junto de muitas armas interessantes, bancos sem segurança alguma, prontos para serem roubados, e boas colocações críticas em cada cena, ou seja, um trabalho simples, bem seguro do que desejavam, e que no decorrer ainda pode mostrar bem carros tradicionais de fuga.

Enfim, um filme muito bom que poderia ainda ser mais perfeito caso quisessem, e trabalhassem melhor os atores/personagens para que desde o começo fizessem muita ação e dinâmica, mas que mesmo com leves defeitos ainda agrada demais quem gostar do estilo drama/crime/western, e recomendo ele bem mais para esse público do que para a galera que prefere filmes mais lights, pois a chance de reclamar de excessos aqui é alta, afinal o estilo western é um estilo bem enfeitado, porém a diversão é tanta com as partes mais cômicas, que até mesmo quem estiver nos seus piores dias é capaz de rir bastante com tudo o que é mostrado. Bem é isso pessoal, termino aqui essa semana cinematográfica bem recheada de estreias, mas já volto amanhã com a primeira crítica da próxima semana que será bem curtinha, então abraços e até breve.

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Ghost In The Shell (1995)

3/15/2017 12:58:00 AM |

Vou falar só um pouco de "Ghost In The Shell", afinal lançado em 96 no Brasil, muitos já devem ter visto o anime de alguma forma, e embora possua uma estética bem interessante, ele é um dos filmes que ajudaram a inspirar "Matrix" entre outras produções do estilo, que procuram desenvolver uma ideia robótica filosofal e intrigante. Porém como bem sabemos o longa fez parte de uma série e de certa forma não explica muito de onde veio nada, e nem para onde vai, acontecendo apenas um miolo bem colocado, mas extremamente lento e cansativo. Como virá daqui algumas semanas a versão americana que apenas se baseou na história completa e deve contar com um começo/meio/fim definidos, talvez o resultado seja até melhor, mas ainda assim podemos dizer que embora canse bastante, a animação tem sua pegada introspectiva bem colocada e mostra filosofias bem características que víamos muito nos filmes dos anos 90, ou seja, valeu a pena conferir para ver aonde o novo filme poderá chegar, e claro conhecer (no meu caso) um pouco mais do estilo dos animes que pouco vemos nas telonas.

O longa nos situa em 2029. O mundo se tornou um local altamente informatizado, a ponto dos seres humanos poderem acessar extensas redes de informações com seu ciber-cérebros. A agente cibernética Major Motoko é a líder da unidade de serviço secreto Esquadrão Shell, que combate o crime. Motoko foi tão modificada que quase todo seu corpo já é robótico. De humano só teria sobrado um "fantasma de si mesma". O governo informa o grupo de que o famoso hacker conhecido "Mestre das marionetes", especialista em invadir e controlar o ciber-cérebro das pessoas, está no Japão. Agora, Motoko e sua equipe terão que caçar este criminoso, e vão acabar se envolvendo em uma trama de conspirações, que atinge interesses da alta cópula da política.

O mais interessante do longa sem dúvida alguma é a ideia completa do futuro ser tudo em cima de tecnologia, de troca de mentes em outros corpos, e a forma de combate aos crimes, mas tudo flui de forma tão lenta que acaba dando mais sono do que empolgando, então tudo acaba cansando demais. Mas temos de observar os traços que o diretor trabalha acabam sendo tão impactantes que nos leva a imaginar o quanto a versão live-action vai ficar, pois tudo é muito bonito de ver, com cores bem colocadas, detalhes sexys, violentos e bem precisos e que fluem naturalmente. Ou seja, se o diretor Mamoru Oshii tivesse pontuado melhor sua trama para ter começo/meio/fim bem colocados (não dependendo de outros momentos que deveriam estar na série ou nas HQs) e um ritmo mais frenético, certamente sairíamos da sala frenéticos com o que vimos e não cansados de um longa calmo demais.

Enfim, um filme interessante que em 95 certamente chamou muita atenção, mas hoje fora de um contexto mais bem pautado acaba fraco demais. Veremos daqui 15 dias se os americanos souberam dar um tratamento melhor e que empolgue realmente para termos continuações ou não. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia dessa semana, então abraços e até lá.

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Versões De Um Crime (The Whole Truth)

3/14/2017 01:02:00 AM |

Filmes de julgamentos já começam com pré-conceitos a serem quebrados, pois é difícil assistir a um filme desse estilo sem acusar alguém logo de cara, ir mudando de opinião no meio, voltar para sua primeira opção e às vezes se surpreender com o fechamento. Digo isso, pois somente com o trailer de "Versões De Um Crime" já conseguimos matar diversas hipóteses logo de cara, e dificilmente durante o longa todo iremos acusar todos os entrevistados pelo que é exibido de cara. Mas a dica fica para observarem tudo, e quem sabe você sairá mais feliz da sessão por ter descoberto algo, ou triste por o filme não verter melhor esse que é um dos estilos mais gostosos de assistir quando se tem julgamentos quentes e que fazem o público ter mil reviravoltas na cabeça, e que infelizmente não acontece aqui, pois tudo é singelo, os depoimentos são fracos, a defesa é fraca, e se necessita narração demais da mente do advogado para que o filme se desenvolva, então longe de ser um filme ruim, o resultado acaba sendo apenas satisfatório, mas que dá para passar um tempo na frente da telona, isso dá, e para os amigos de Direito que gostam de longas para discutir, acaba servindo como um bom divertimento.

A sinopse nos conta que quando um adolescente é acusado de assassinar o pai rico, um advogado é encarregado de defendê-lo no tribunal e revelar a verdade por trás do crime. À medida que investiga, descobre que a mãe do garoto está ocultando diversos fatos essenciais ao caso.

O trabalho da diretora Courtney Hunt é simples e direto, ela vai brincar com sua mente ao quebrar o longa cada hora mostrando uma versão possível de seguir com os depoimentos, mas sempre de modo bem singelo, sem reviravoltas grandes, ou abstrações críticas para que julguemos cada um atacando o outro, e com uma acusação também bem light não temos as tradicionais disputas fortes que vemos em longas de julgamento, ou seja, a diretora fez as filmagens do assassinato, fez as da viagem, e fez as do tribunal tudo num linear leve e aceitável, sem muitos questionamentos que claramente poderiam estar no roteiro de Nicholas Kazan, e sendo assim, o resultado até flui bem, choca um pouco com o fechamento, mas nada que você saia da sala impressionado com o que é mostrado, de forma que poderia ter mais de tudo.

Sobre as atuações, anda meio difícil Keanu Reeves errar a escolha de um papel, e aqui seu Ramsey é bem colocado, se mostra como um advogado de elite bem determinado a seguir seu plano perfeito e consegue expressar bem seus sentimentos em cada cena, diria que poderia ter feito menos narrações em off para que o filme fluísse sozinho, mas isso já seria querer que mudassem a forma do roteiro. Gugu Mbatha-Raw fez bem seu papel como Janelle, mas fez expressões tão estranhas que ficamos na dúvida do que estava realmente sentindo nas cenas, de modo que poderia ter trabalhado melhor a interpretação de suas cenas para algo mais convincente, embora seja uma indicação meio que jogada o que fizeram com a personagem. Faltou também um pouco de atitude para a personagem de Renée Zellweger como Loretta, pois a personagem é extremamente importante e foi usada pouquíssima no longa, deixando tudo para o final, fazendo algumas caras de paisagem no miolo e faltando atitude para chamar a responsabilidade cênica para si. Agora Gabriel Basso caiu num personagem tão fraco, que seu Mike mesmo sendo o acusado, ficou mudo quase 80% do filme, fazendo alguns semblantes jogados e sem muito o que mostrar, por pouco não foi esquecido em cena como um objeto. Dos demais personagens, temos de dar leves destaques para Jim Belushi como o morto Boone, que fez cenas duras nas lembranças do caso, mostrando alguém bem violento e interessante de trabalhar a história, Jim Klock como Leblanc com suas acusações bem pontuadas, e claro Nicole Barré como a aeromoça Morley em suas duas cenas bem pontuadas e expressivas.

No contexto cênico poderiam ter trabalhado mais os objetos para termos pistas melhores, e claro irmos montando o quebra-cabeça em si, não deixando apenas para a última cena mostrar tudo, pois ficar em um juri o tempo quase que inteiro, dentro de um avião minúsculo e num quarto de casa quiseram deixar o longa econômico demais, e acabaram perdendo o tino em diversos momentos com poucos ângulos para usar, ou seja, um trabalho simples demais da equipe de arte. Na fotografia então nem se fala de simplicidade, já que usaram iluminação padrão para todas as cenas, não criando tonalidades em momento algum, o que acaba soando bem fraco para um filme que deseja algo a mais.

Enfim, é um filme interessante e bem feito, mas que poderia ser arrasador com pequenas mudanças, de modo que não ficasse tão dependente da última cena para impressionar. Portanto recomendo sim o longa para debates em cursos jurídicos, para amigos que gostam do estilo de filmes de julgamentos e até para quem gosta de um drama bem levinho, mas vá ver sem muitas pretensões, senão a chance de decepção é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

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Fome de Poder (The Founder)

3/13/2017 01:57:00 AM |

Se tem uma coisa que me estressa nessa vida é ver pessoas aproveitadoras, já havia ficado bravo vendo filme da Apple, vendo filme do Facebook, e agora com McDonald's foi a mesma sensação, pois alguém cria algo, vem uma mente "empreendedora" (que pra mim é nome de pilantra que estudou apenas) e rouba essa ideia de uma maneira tão forte que acaba transformando uma marca em algo gigantesco, mas para isso mata outras pessoas deixando à minguá. Não digo em momento algum que o filme "Fome de Poder" é ruim, muito pelo contrário, é um filmaço, com uma história incrível muito bem desenvolvida e atuada com personalidade total por todos atores, mas não consigo ter outro sentimento senão raiva por tudo que Ray Kroc faz em cena, e que muitos outros aproveitadores irão fazer ainda com outras empresas, pois o que mais existe no mundo são aproveitadores e empresários bobos que caem em conto da carochinha com facilidade. Ou seja, vá conferir o filme, fique bravo com o protagonista e também se divirta com as situações aprendendo um pouco de como é possível ficar rico enganando pessoas que tiveram boas ideias, mas não as desenvolveram de forma grandiosa.

O longa conta a história real do visionário proprietário do McDonald’s. Ray Kroc é um vendedor do estado de Illinois, nos Estados Unidos, que conhece Mac e Dick McDonald e fica impressionado com a velocidade com que os irmãos operam uma hamburgueria no Sul da Califórnia nos anos 50. Kroc vê potencial para a criação de uma franquia e adquire uma participação nos negócios. Pouco a pouco ele assume a rede, transformando a marca McDonald’s em uma das mais expressivas do império alimentício.

Deixando um pouco de lado a raiva de oportunistas, vamos analisar um pouco o filme em si, e fazendo um pouco diferente do estilo que usual de suas produções, o diretor John Lee Hancock ("Um Sonho Possível", "Walt Nos Bastidores de Mary Poppins") fez um filme bem correto, aonde dando muito material para o protagonista estudar, o que vemos na tela é uma reprodução quase exata de Ray Kroc (o vídeo no final mostrando a mesma entonação de voz chega a ser impressionante!) e com isso pudemos ver uma história baseada em algo que realmente aconteceu, com a melhor precisão de detalhes visuais e que se o McDonald's não patrocinou o longa, o longa acabou sendo um marketing gratuito e tanto. A grande sacada do diretor foi trabalhar ato a ato, pois não vemos recortes de cenas perdidas e muito menos os fatos ocorrendo isoladamente, de forma que ao mesmo tempo que os criadores vão tocando sua loja, Ray vai desenvolvendo seu molde de franquias de maneira cruel e impactante, e diferente de outras biografias, não fizeram questão de amenizar o tranco, mostrando que realmente ele era um oportunista sem escrúpulos algum que se achasse uma brecha para ganhar mais dinheiro faria sem pensar, como bem fez, mas mais do que mostrar o quão cara de pau foi esse "fundador" da rede, o diretor fez questão de mostrar o estilo de produção do Mc que com muita organização é a rede mais rápida de fastfood do mundo.

Como disse antes a atuação foi algo para ser aplaudida de pé, pois Michael Keaton viu diversos vídeos do Ray original, trabalhou bem sua voz e criou um personagem tão real que chega a impressionar, e claro que não chegamos a ficar com raiva do ator, mas sim do personagem que de tão inescrupuloso acaba sendo o primeiro vilão realmente protagonista em um drama, ou seja, uma nova modalidade para ser trabalhada em filmes, a qual Keaton vai poder ministrar cursos, pois fez muito bem o personagem e conseguiu chamar todas as atenções para si. Nick Offerman fez Dick McDonald de uma forma bem singela, mostrando que junto de seu irmão criaram algo muito bem elaborado, treinado como uma equipe mesmo para que a qualidade em si fosse o ponto forte da marca, não se importando tanto com lucros, mas sim com a felicidade de quem comesse seu lanche e tomasse seu milkshake, de maneira que o ator estava sempre com um olhar apaixonado pela empresa que agradou demais de ver. Da mesma maneira, John Carroll Lynch trabalhou seu Mac McDonald com muita vida, trabalhando olhares, dinâmicas e até infartando de raiva com todas as falcatruas que seu "sócio" fez contra eles, e o ator não minimizou em momento algum o personagem trabalhando com uma vontade ímpar ao mostrar cada parte do processo industrial de lanches. Laura Dern já foi bem melhor no seu estilo de atuar, pois como Ethel Kroc fez uma mulher muito murcha de atuação, quase sem vida, que não sei se na biografia fizeram questão de minimizar ela, ou se realmente a primeira esposa de Ray era tão fraquinha, de modo que o que acabou parecendo foi falha da atriz. Já pelo contrário, a segunda esposa Joan, que foi interpretada por Linda Cardellini foi linda como seu nome, trabalhando bem olhares sedutores, de modo que logo na sua primeira cena já sabemos o rumo que vai tomar todo o restante, ficando claro suas intenções junto com o oportunista do filme. Os demais atores trabalharam bem estilos para dar âmbito a tudo o que Ray fazia, e temos de dar leves destaques para Patrick Wilson como Rollie Smith e B.J. Novak como Harry Sonneborg, pois ambos fizeram bem seus papeis, trabalhando bem o estilo corporativo, mas com o fechar da história ficamos sabendo que ambos acabaram também surrupiados por Ray, o primeiro perdendo a esposa, e o segundo nas ideias.

No conceito visual, o trabalho da equipe de arte foi bem árduo, pois recriar os McDonald's dos anos 50 foi algo que exigiu muito já que tiveram de construir as lojas, já que hoje praticamente nenhuma mais segue esses moldes, arrumar as máquinas simples, mas muito geniais da época, muitos figurinos interessantes e claro carros e cenografias bem colocadas, ou seja, um trabalho da arte primoroso para não escapar nenhum detalhe. E dentro da equipe de fotografia, fizeram o básico de trabalhar claro com muito das cores da marca como o amarelo e o vermelho, mas usando um pouco de sujeira nas lentes para dar um ar de época (a fórmula mais tradicional e cliché de fazer isso), mas que acabou soando simples e bem feita, sem que nada fosse surpreendente, mas também não falhasse.

Enfim, é um filme que pode servir tanto para uma boa sessão divertida nos cinemas, como pode servir para que empresas mostrem persistência para conseguir algo, mas claro que tem de ser trabalhado um pouco o como não fazer, pois é fato que tudo o que Ray conseguiu foi de modo inescrupuloso e isso nas mãos de um funcionário ruim pode afundar uma empresa. Portanto vai ser daqueles filmes que veremos falar em palestras motivacionais, que alguns treinadores usarão para exemplificar empreendedorismo, mas que dificilmente passará em canais de TV, pois como bem sabemos, tem todo um marketing em cima da marca McDonald que as TVs gostariam de ganhar um pouco, e certamente o grupo não irá pagar nada a mais para passar "seu" filme em canal algum. Bem é isso pessoal, recomendo o longa por ser muito bom em termos de história, produção, direção e atuação, mas que se dependesse de recomendar pela índole de Ray Kroc, falaria para todos fugirem da trama, pois dá raiva demais tudo o que faz. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto de alguma das muitas estreias que apareceram nessa semana, então abraços e até breve pessoal.

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Silêncio (Silence)

3/12/2017 08:18:00 PM |

Trabalhar a fé no Cristianismo num país aonde poucos acreditam e junto com isso testar a própria fé é algo que nunca será fácil de mostrar em um longa, mas que diversos diretores irão tentar e que irão nos cansar com isso sempre acontecerá. Digo isso pois "Silêncio" é um filme muito bem feito, que prega bem a ideologia dos jesuítas de implantar sua língua e sua fé em diversos povos, mas que para isso abusou de cenas lentas e cansativas para incorporar a ideia de que Deus escreve certo por linhas tortas como diz o ditado e que nem sempre iremos escutar suas respostas para nossas perguntas, mas sim ouvindo o silêncio que ele nos deixa como mensagem teremos de tirar algo dali. Ou seja, Scorsese foi bem categórico no estilo que desejava seguir e conseguiu fazer bem o seu longa, mas para isso abusa da boa vontade dos espectadores em não dormir nas quase 3 longuíssimas horas de duração de uma trama lenta e cansativa, aonde os atores até saem muito bem, mas que não conseguem segurar toda a responsabilidade que a trama exigia.

O longa nos situa no século XVII. Dois padres jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues e Francisco Garupe, viajam até o Japão em uma época onde o catolicismo foi banido. À procura do mentor deles, padre Ferreira os jesuítas enfrentam a violência e perseguição de um governo que deseja expurgar todas as influências externas.

É fácil observar o estilo que o diretor e roteirista Martin Scorsese quis trabalhar com o livro de Shûsaku Endô, o qual disse ter se inspirado em "A Estrada da Vida", de Federico Fellini, para conceber a história, sobretudo no que diz respeito ao personagem Kichijiro, pois cada cena que o diretor vai trabalhando vemos boas nuances e um bom domínio da mão precisa que se necessita em filmes mais históricos, mas longe de vermos algo mais dinâmico e bem trabalhado dentro do contexto que é sua marca, aqui o diretor priorizou mais a estética, e com isso temos um filme duro de assistir, que causará muito sono nos espectadores menos devotos de alguma fé/religião e que irá precisar de paciência para aguentar todo silêncio que a trama resulta nas cenas alongadas e intrigantes que se envolvem na força do personagem de Garfield e nas diversas contradições pecaminosas que o personagem Kishijiro faz, ficando até engraçadas ao final pelo tanto de repetição. Ou seja, um filme bem marcado que vai fazer refletir, mas que poderia ser menor ou mais impactante para segurar o ânimo do espectador até o final, que é uma das características mais marcantes do cinema de Scorsese.

Quanto das atuações, chega a ser incrível o estilo que Andrew Garfield determina para seu Padre Rodrigues, pois assim como fez em "Até o Último Homem", ele jogou com sua fé, trabalhou de forma visceral nas cenas mais duras e demonstrou muita força de vontade para alcançar todas expressões marcantes em cada cena como protagonista, mostrando que vai ser daqueles atores que vão sempre mostrar serviço quando lhe entregarem bons papéis. Adam Driver aparece pouco como Padre Garupe, e faz bem seus momentos ao trabalhar uma personalidade mais dura, mas precisaria de mais tempo para impactar realmente. O mesmo posso dizer de Liam Neeson como Padre Ferreira, pois teve de perder 9 kilos para o papel e acabou aparecendo tão pouco que não conseguiu impactar como deveria, não que tenha saído ruim, mas poderia chamar muito mais atenção com toda a capacidade interpretativa que tem e com um papel que teria de tudo para chamar atenção. Tadanobu Asano saiu muito bem como Intérprete, e ao mesmo tempo que fez bons trejeitos, também acabou tocando o terror com sua forma mais rígida de falar. Yôsuke Kubozuka como Kichijiro foi bem colocado, mas precisava ser menos repetitivo nas situações para agradar mais, tanto que a cada nova aparição já sabíamos o que ele iria falar, e isso não é algo bom para um ator. Issei Ogata fez o Inquisidor Inoue com uma precisão quase cirúrgica, trabalhando vertentes bem colocadas com as dinâmicas, chamando atenção sem forçar a barra, mas se fosse ainda mais irônico agradaria mais ainda.

Quanto do visual da obra, o resultado ficou bem dramático e seguro do que desejavam mostrar, ousando pouco, mas sem deixar nada passar em branco, com cenas de decapitação, crucificação, reclusão em prisões e casebres e tudo mais que desejassem mostrar, trabalhando bem os diversos elementos cênicos da trama para que cada ato fosse representativo. Outro ponto incrível de ver ficou a cargo da equipe de fotografia, que ousando bastante com muita fumaça branca contrapondo com cenários sujos e marrons em sua maioria acabaram criando nuances incríveis de se ver que acabaram chamando atenção de detalhes que num filme mais movimentado acabariam imperceptíveis, mas aqui com toda a lentidão e bom trabalho da fotografia ficaram completamente nítidos.

Enfim, um filme muito bem trabalhado, com uma ousada historia bem contada, mas que poderia ser bem mais dinâmico para agradar mais, mas como optaram pela lentidão, o resultado até soa bem, mesmo que não agrade tantos quanto poderiam. Sendo assim até recomendo o filme para quem gosta de boas obras artísticas, mas vá sabendo que as quase 3 horas soam bem maiores na lentidão mostrada nessa trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com o outro filme que verei hoje, então abraços e até breve.

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Um Limite Entre Nós (Fences)

3/11/2017 08:25:00 PM |

Filmes que mostram relações familiares e incluem bons atores sempre funcionam bem, foi assim com "Álbum de Família" e agora com "Um Limite Entre Nós" não seria diferente. Claro que a proposta e estilo de trabalho aqui é bem diferente, mas a essência em si é bem semelhante e acaba comovendo pelo bom e tradicional diálogo. Mas aqui embora o longa seja bem interessante, temos um problema imenso, o longa é uma peça transportada para o cinema, e como sabemos num teatro não temos dinâmica de cenários e ações para acontecer, então os atores necessitam ganhar o público somente com diálogos e nada mais, mas num cinema exigimos um pouco mais do que isso para ficarmos entretidos durante 139 minutos, e o longa não nos entrega nada mais do que diálogos entre os personagens, mudando uma ou outra locação e apenas isso, de forma que acabamos até cansando no miolo da trama com o tanto que ouvimos os personagens conversarem entre si. Não digo que tenham errado na forma de adaptar o longa, mas poderiam ter criado mais dinâmicas e situações, por exemplo indo para o bar como ocorre nas últimas cenas, ou indo para a igreja, como também ocorre mais para o fim, ou até mesmo mais cenas fora das cercas, abrindo um limite maior que não fosse a casa, que aí sim teríamos um longa espetacular.

O longa nos situa nos anos 1950, aonde Troy Maxson tem 53 anos e mora com a esposa, Rose, e o filho mais novo, Cory. Ele trabalha recolhendo lixo das ruas e batalha na empresa para que consiga migrar para o posto de motorista do caminhão de lixo. Troy sente um profundo rancor por não ter conseguido se tornar jogador profissional de baseball, devido à cor de sua pele, e por causa disto não quer que o filho siga como esportista. Isto faz com que o jovem bata de frente com o pai, já que um recrutador está prestes a ser enviado para observá-lo em jogos de futebol americano.

O filme é baseado na peça escrita pelo autor americano August Wilson, e a história já havia sido interpretada no teatro pelos mesmos atores, que em 2010 ganharam o Tony Awards de Melhor Atuação. E como disse no teatro tenho certeza que a peça funcionou demais, que todos aplaudiram e se comoveram com o que viram, mas na adaptação, Denzel Washington que assina a direção precisaria ter criado algo a mais para que o filme fluísse melhor e não ficasse dependente somente das atuações deles. Não digo em momento algum que sua direção tenha sido falha, pois vemos ótimas nuances pontuais que só bons diretores de interpretação conseguem retirar de seus atores, mas faltou um diretor de cena que desejasse ver mais ambiente, e abrisse a vertente do limite não ser apenas ali fechado entre uma cerca e uma casa, num quintal pequeno que não temos quase nada para trabalhar, mas sim em uma cidade inteira, que conheceríamos Alberta, conheceríamos mais dos problemas de trabalho do protagonista, veríamos o bar funcionando a pleno vapor e tudo mais, e não apenas uma situação fechada. Mas volto a frisar, que tirando esse detalhe é um filme incrível e que empolga principalmente após Viola decidir virar a atriz que sabemos que é, e atacar com todas as forças em sua defesa como a mulher que é.

Continuando a falar das atuações, é fato que Viola Davis mereceu demais todos os prêmios que levou pelo longa, pela peça e por tudo mais, pois sua Rose é esplêndida, na medida certa para cada ato e ainda conseguiu transmitir a sensação que o filme tanto pontua, de uma mulher que é parceira sim do marido, mas que não se cala quando vai defender um filho, e muito menos quando é desapontada, ou seja, deu um show. Da mesma forma, talvez Denzel devesse ter deixado algum outro bom diretor assumir o comando completo do longa e ter feito somente seu Troy, pois ele foi fenomenal na interpretação, trabalhou bem como sempre faz e com nuances incríveis empostando voz, fazendo olhares e dinâmicas incríveis agradou demais em todos os momentos. Temos de pontuar também a ótima interpretação de Mykelti Williamson com seu perfeito Gabe, que aparece em três ou quatro cenas apenas, mas dá um show literalmente com sua forma dinâmica. Jovan Adepo também fez boas cenas como Cory, encarando a dura realidade de enfrentar de frente Denzel, e não decepcionou em momento algum, ou melhor, poderia ter feito menos cara de piedade. Outro que fez boas cenas, mas quase como um acessório de palco inicialmente foi Stephen Henderson com seu Bono, mas com bons textos e uma entonação gostosa de ouvir, o resultado acabou fluindo bem.

Volto a bater na tecla de ser uma peça, então no conceito cênico a trama ficou um pouco a desejar, mesmo que conseguiram recriar uma cidade bem característica dos anos 50, uma casa bem simples mas montada nos mínimos detalhes e um quintal bagunçado mas pronto para receber a tradicional cerca que é o nome original do filme, porém como já frisei, faltou trabalhar melhor a cenografia para que não deixasse toda responsabilidade nas mãos dos atores, não que eles não fossem capazes disso, mas como longa mesmo acabou faltando o cenário também falar mais do que o drama em si. A fotografia também ficou bem crua, deixando tudo meio sujo para dar um ar de época, e sem muitas nuances acabou ficando simples demais, tirando claro o grande fechamento, que aí sim deram um show.

Enfim, é um ótimo filme que mereceu todas as indicações e premiações que levou, mas se muitos gostam de filmes com diálogos, quem for do estilo desse Coelho que prefere uma produção mais trabalhada no desenvolvimento completo entre cenários, atores e história, acabará ficando um pouco desapontado, e talvez até o momento da reviravolta completa acabará ficando até com sono. Bem é isso pessoal, recomendo o filme com certeza, mas deixo de sobreaviso que é um filme falado demais pro meu gosto, ainda que isso mostre o poder da atuação versus grandes produções. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dois longas que estrearam no interior, então abraços e até mais.

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Personal Shopper

3/11/2017 03:54:00 PM |

Alguns gêneros não costumam ser funcionais se mexidos de forma errônea, é o principal que exige fórmulas e formatos próprios é o de terror. Com "Personal Shopper" o resultado de incorporar moda com arte em uma trama de espíritos acaba fluindo de maneira estranha e andando em círculos que não chegam a lugar algum, pois a protagonista insatisfeita com seu serviço é em busca de sua mediunidade para falar com seu irmão gêmeo acabam se vertendo e tendo até diversas outras explicações plausíveis, mas acabam não agradando nem causando nada.

O longa conta a história de Maureen, uma jovem americana que mora em Paris e trabalha como "personal shopper" para uma celebridade local. Ela também tem uma capacidade especial para se comunicar com o mundo dos mortos. A moça dividia esse dom com seu irmão, recém-falecido, que parece estar querendo enviar uma mensagem para o mundo dos vivos.

Chegou a ser estranho ver o Diretor/Roteirista Olivier Assayas que levou Kristen a ganhar um Cesar de melhor atriz coadjuvante por "Acima das Nuvens", e que sempre opta por longas mais artísticos de festivais, aparecer com algo classificado como terror, pois ele não iria se subverter a um gênero menos cheio de nuances, é o que acabamos vendo na tela é exatamente isso, a falta de atitude para assustar ou causar medo nas pessoas, ou ate mesmo na protagonista, de modo que ele fica batendo na tecla tentando se afirmar de algo que ele próprio não é, o que resulta em um trabalho artístico perdido sem saber que rumo deseja atingir. Não digo que é um filme ruim, apenas é um filme que não sabe o que quer mostrar, se é a vida de pessoas que trabalham para celebridades e vivem uma vida falsa, ou se quer mostrar a dúvida da protagonista com tudo o que pensa e faz.

Falar das atuações é fácil, pois só precisamos falar de Kristen Stewart com sua Maureen, que em alguns momentos pensamos estar louca, em outros duvidamos da sua sexualidade no longa, mas que no contexto geral mostra que melhorou muito na forma de atuar trabalhando bem essências e olhares flutuando num rumo bem abstrato que o diretor tanto gosta de ver ela fazendo, e assim o acerto da personagem é bacana de ver, mas nada que merecesse qualquer prêmio novamente. Dos demais quase todos são enfeites do longa, aparecendo em leves discussões sobre acreditar ou não em espíritos, sobre moda, sobre o irmão, etc de modo que não conseguiram se destacar em nada, e talvez o melhor tenha sido Lars Eidinger como Ingo na sua maior discussão com a protagonista no começo é no fim do filme, e também Sigrid Boauaiz como Lara pelas boas dicas espirituais que dá para a protagonista.

No contexto cênico, o filme se mantém nas ruas de Paris, passando pelas caríssimos e famosos lojas e ateliês de moda, e por alguns apartamentos que destoam do estilo da patroa da protagonista, pois se era tão rica e famosa poderia ser um apartamento melhor montado, mas foi a escolha do diretor, e nas cenas na casa mal-assombrada, o erro foi mais no estilo de luzes no escuro para tentar criar um clima sombrio e de terror realmente que chega beirar o amador. Além disso, o exagero do uso do celular chega a cansar e poderia ser minimizado. Dentro do conceito fotográfico, podemos dizer que não erraram tanto nos tons escuros, funcionando bem iluminações falsas dentro da escuridão momentânea.

Enfim, é um filme fraco, mas bem feito que talvez nas mãos de um diretor de terror realmente acabasse sendo mais preciso nas cenas e causasse algo a mais do que um filme espírita. Portanto não recomendo ele, mesmo que você seja espírita e queira ver um longa diferente. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para outra sessão, então abraços e até daqui a pouco.

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