Vale da Luta (Fight Valley)

2/12/2017 02:33:00 AM |

Acho que uns socos na cabeça andaram tirando alguns parafusos das lutadoras que devem estar ganhando muito pouco no UFC e resolveram virar atriz, ou algum maluco vendo as lutas da madrugada resolveu que seria bacana colocar diversas mulheres lutando em brigas de rua atrás de uma teórica vingança pela morte de sua irmã. Sei que você leu esse primeiro trecho da crítica e achou mais maluco ainda do que tudo, mas essa é a premissa de um filme que nada tem de contexto, e que em suma serve também para nada, pois já vimos alguns bons filmes de brigas de rua, diversos outros de pessoas que acabam treinando para vingar pessoas, mas todos foram moldados ao redor de uma história, não apenas jogados na tela levando brigas a nada, e principalmente com um fechamento pior ainda, ou seja, "Vale da Luta" é daqueles filmes que entramos na sala e já somos recebidos por uma música alta nada a ver, atrizes que não são atrizes fazendo carão, e cortes mais bruscos que as lutas que vemos na trama, e assim sendo o resultado não poderia ser outro, só esse Coelho doente vendo o filme, pois quem sequer viu o trailer já saiu correndo antes de entrar na sala!

Quando Tori Coro aparece morta, sua irmã Windsor se muda para a cidade e inicia uma investigação por conta própria. Depois de semanas sem nenhuma pista, ela descobre que Tori lutava para pagar as despesas. Agora, se Windsor quer descobrir a verdade sobre a morte da irmã, terá que lutar para entrar no Vale da Luta. Ela começa a treinar com Jabs, uma respeitada ex-lutadora que jurou nunca mais lutar no Vale, mas que decide ajudar Windsor na sua jornada de vingança.

Chega ser difícil falar algo que não seja depreciativo na direção e no texto de Rob Hawk, pois o que ele fez no "filme" nada mais é do que uma remodelação de diversas cenas de outros filmes compilado com ideias de alguns jogos de videogame e numa loucura maior ainda foi até o UFC e falou para algumas mulheres de lá que elas poderiam ser o Steven Seagal feminino, despejando socos com músicas bem impactantes, fingindo treinos e claro fazendo muita pancadaria na rua, afinal se você tem um problema deve marcar uma luta e ir para rua aonde todos podem apostar em você. Não há sequer lógica para a trama criada, muito menos ideologia que compensasse os cortes bruscos que o diretor faz de uma cena para a outra, aparentando um compacto de novela ruim preparando para um final que não condiz em nada do que foi mostrado, mesmo usando um flashback de uma cena logo no começo que aparentou estar mais jogada ainda na trama, ou seja, uma bagunça completa que muitos poderão dizer que foi a maior perda de tempo do cinema, e não digo que poderia ser algo ruim por completo, pois se a ideia fosse bem moldada, talvez tivéssemos um filme incrível de treinamento para lutas.

Não sei se posso falar no bloco que costumo comentar as atuações sobre as lutadoras de MMA que apenas fizeram carões juntamente com atrizes estranhas que também fizeram carões no longa (aliás por conhecer pouco o meio do MMA estou na dúvida se essas "atrizes" também não são lutadoras), ou seja, um time que foi enfeite no meio de um texto enfeite dirigido por um enfeite!! Mas vamos lá, das lutadoras, Miesha Tate foi a que teve uma participação maior em sua estreia nos cinemas, com sua Jabs bem colocada no treinamento e batendo pra valer não decepcionou, mas seria melhor se tivesse ficado calada apenas batendo, pois ao tentar interpretar foi uma decepção, aliás caberia melhor ela ser a irmã da protagonista morta, pois sua semelhança foi bem melhor do que a moça que arrumaram para o papel. E falando na moça, Susie Celek começou mal na sua cena falando com sua mãe, que pela quantidade de botox aparentava ser até mais nova que ela, num diálogo que beira o ridículo, mas sua Windsor consegue ir piorando nas cenas interpretativas, melhorando apenas um pouco nas cenas de treinamento, que nada ajudam muito no longa. Chelsea Durkalec até é bonitinha, fez algumas cenas interessantes no começo, mas precisou morrer para termos uma trama, de tal forma que sua Tori foi esforçada ao menos em suas cenas iniciais. Erin O'Brien também até tentou um esforço inicial com sua Duke, mas nas cenas de raiva ficou completamente sem expressão de maneira que se perdeu completamente. A lutadora brasileira Cris Cyborg falou pouco com sua Church, mas mostrou o porquê ser uma das lutadoras mais expressivas da atualidade, fazendo uns carões tão assustadores nas suas cenas, que chega a dar medo de só pensar em cruzar com ela, e assim sendo funcionou bem como "vilã" da trama, mas poderia ter um final menos besta. Das demais garotas, acho que nem vou lembrar o que fizeram, então melhor deixar quieto. Quanto dos homens do longa, são apenas alguns gritadores/empolgadores de briga e fazem menos que as garotas, tendo apenas um leve destaque para Jefferson Sanders como o agenciador de lutas Stakes, mas mais pelas situações que cria do que pela atuação em si, pois nem precisou fazer muito no longa.

O visual da trama se baseia em poucas locações, pois muito ocorre nas ruas, em algumas academias improvisadas e algumas casas bem bagunçadas, ou seja, um trabalho digamos "porco" por parte da equipe de arte, claro que a essência do filme era algo mais simples mesmo, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais no conceito de arte de rua, e menos foco em ação realmente, pois assim teríamos algo mais bem feito. Na concepção da fotografia, acabaram abusando demais de cenas em preto e branco para retratar flashbacks e isso  acabou cansando, e quando não estavam com o recurso, ousaram em usar tons mais escuros para representar tensão, mesmo nada ficando muito evidente aonde desejavam chegar.

Enfim, o longa na real parece um trabalho amador jogado nas telonas, pois o mix de som está estranho com vozes alterando tons a todo momento, imagens com cortes ruins, e tudo mais que você possa pensar de erros técnicos, mas se ao menos tivéssemos uma história mais condizente e interessante de ver, pelo menos poderíamos falar algo de bom sobre o filme, e recomendar com ressalvas, o que infelizmente não será dessa vez, e pensar que já anunciaram uma continuação para o longa, o que é algo assustador, pois gastaram 27 milhões de dólares nessa produção, e duvido que tenham conseguido um retorno satisfatório. Portanto fuja enquanto é tempo, e se fizerem realmente a continuação, vamos torcer para que melhorem muito, pois senão é daqueles para se pensar bem antes de ir conferir também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando essa semana cinematográfica bem curta no interior, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até quinta.

PS: Estou dando 2 devido algumas cenas de luta serem legais de ver, principalmente quem gosta de MMA, mas que como filme mereceria um 0, com certeza mereceria!

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