A Cura (A Cure For Wellness)

2/19/2017 01:36:00 AM |

É interessante quando alguns diretores que já trabalharam com ação e também com o terror, resolvem trabalhar no meio do caminho, com longas de suspense aonde podem colocar elementos alegóricos e deixar que o público vá junto com o protagonista conhecendo o ambiente e formando suas opiniões sobre cada coisa. Claro que vamos errar muito a respeito de tudo, mas quem já viu muitos longas do gênero, poderá chegar bem perto de uma resposta coerente para o que Gore Verbinski quis entregar com o seu "A Cura", que se traduzirmos melhor o nome em inglês, vamos chegar perto de algo como "A Cura Para o Bem-Estar", e o filme só não nos diz para quem é o bem estar, pois tanto o público, quanto o ator protagonista, quanto os personagens sofreram bastante com algumas cenas tensas e fortes, e outras bem agonizantes, levando a crer que o diretor soube dosar bem torturas com suspense para chegar a um nível aceitável de passar nos cinemas sua história, mas que se tivesse apelado para algo até mais forte, ou colocado alguns elementos mais assustadores, talvez seu filme ficasse bem melhor do que o que foi apresentado nos longos 147 minutos de projeção.

A sinopse nos conta que um jovem e ambicioso executivo é enviado para os Alpes Suíços com a missão de trazer de volta o CEO da empresa, em tratamento em um 'Centro de Cura'. Após sofrer um acidente automobilístico, no entanto, o rapaz acaba internado na mesma instituição, cujo corpo médico promete purificar os pacientes por meio de uma água milagrosa – e que se localiza em um lugar de passado misterioso. Incapacitado de retornar para casa, o personagem passa a duvidar da própria sanidade, ao mesmo tempo em que desconfia da motivação do doutor responsável pelo “spa”.

Não diria que o diretor Gore Verbinski ("Piratas do Caribe", "Rango", "O Chamado") tenha chegado ao seu ápice, pois voltou a trabalhar bem após a bagunça que fez em "O Cavaleiro Solitário", mas ainda não colocou a precisão que tanto gostávamos de ver em seus filmes. Aqui ele trabalhou bem com elementos alegóricos e fantasiou nossa mente com algo bem diferenciado, mas nada que seja num nível incrível de observar. Talvez, o problema tenha sido no texto gigantesco que Justin Haythe que trabalhou com Verbinski no Cavaleiro, e quis florear demais a história ao invés de causar o medo ou até mesmo ser controverso nas situações, mas o resultado em si foi melhor do que o esperado, e a trama até chega a ser pontual dentro da situação toda. Quem sabe se o jovem protagonista tivesse sofrido um pouco mais, ou até descoberto mais coisas, o resultado fosse melhor, mas sem dúvida alguma o longa brinca bastante com a ideia da busca pela vida eterna (ao menos visualmente) que algumas mulheres tanto busque.

Sobre as atuações, Dane DeHaan é um ator jovem que anda fazendo papeis de pessoas mais velhas em diversos filmes, e embora ele seja um ator que pode vir a ser interessante pela forma de atuar, seu agente precisa começar a escolher melhor seus papeis, pois aqui certamente Lockhart caberia melhor para um ator mais velho, e embora ele tenha 31 anos, sua cara é de 20 e poucos, ou seja, não digo que ele tenha saído mal em cena, mas seu estilo caiu um pouco fora da personalidade que imaginaríamos ali fazendo tudo o que fez, e como ele mesmo disse em uma entrevista, criou coragem e sofreu as diversas torturas nas gravações, mostrando que tem timing para o estilo, só colocar um pouco mais de barba e vai aparentar melhor a idade. Jason Isaacs sempre trabalha bem personagens marcantes, e seu Volmer é enigmático, bem colocado e com um tom sempre pronto para quebrar as ideias do protagonista, pena que seu momento mais forte é rápido demais, pois valeria um tempinho maior nas suas cenas como malvado mesmo. Mia Goth é uma atriz tão estranha quanto sua personagem Hannah, e essa é a ideia do longa até o momento que conseguimos pegar a essência de quem é a sua personagem e o que vai rolar mais para frente, de tal maneira que a atriz soube dosar toda essa incógnita fazendo olhares vagos e até saindo bem com tudo o que fez. Celie Inrie é o nome que você deve ficar de olho se quiser saber todas as pistas do longa, mais precisamente na sua personagem Victoria que monta bem o quadro da trama e com boas nuances e diálogos precisos vai pontuando cada momento com suas palavras cruzadas e entrega tudo o que você precisa saber do filme.

Agora se temos algo que elogiar muito com toda certeza foi a escolha da locação incrível, ao menos para as cenas externas, e no interior para feitio das diversas cenas de tortura/tratamento (afinal não dá para perceber o que foi feito em estúdio e o que foi feito na locação realmente), pois a quantidade de bons elementos cênicos aterrorizantes, aonde cada momento passa a ser único para a trama se desenrolar é algo digno de estudo, pois um filme que envolve diversas nuances precisava de muitos elementos alegóricos para se prender, e o resultado disso é algo que vale a pena conferir e olhar com minúcias. A equipe de fotografia não quis ousar muito, trabalhando sempre com tons bem iluminados para cada cena, não criando perspectivas de susto (o que daria um tom bem tenso se quisessem colocar mais cenas escuras que criasse um mistério maior), e sendo assim o resultado ao menos na fotografia ficou abaixo do esperado para um longa que poderia ser bem mais tenso.

Enfim, é um filme que vai agradar os fãs do estilo, mas que poderia facilmente virar um clássico do gênero de suspense caso desejassem ousar mais em cenas mais aterrorizantes, e o mistério fosse melhor trabalhado. Mas mesmo com esses leves defeitos, é um longa que vale conferir, e aqueles que gostam de trabalhar com estudos em cima de filmes, fica aqui um bom nome para se estudar, pois tem diversos elos bem colocados que funcionam discussões. Portanto fica aqui minha recomendação de um filme interessante, mas que faltou um pouco para ser aquele que indicaria de olhos fechados. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica da última estreia dessa semana no interior, então abraços e até breve.

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