A Garota No Trem (The Girl On The Train)

10/29/2016 01:53:00 AM |

Se existe gênero mais interessante de se prender no cinema melhor que um bom suspense policial acho que ainda não foi criado, pois sempre nos levanta diversas pulgas na orelha e ficamos acusando a todos para sermos (geralmente) surpreendidos no final. Confesso que ao ver o trailer de "A Garota No Trem" achei a ideia confusa, e principalmente não consegui entender nada do que se tratava, sem ser é claro que havia acontecido um assassinato, porém nada é subjetivado nos poucos minutos do trailer, e mais do que isso, o filme ali foi vendido mais para quem leu o livro (que não foram poucas pessoas, afinal é um dos top da lista do The New York Times) do que para quem gosta de um suspense realmente. Mas lhe digo uma coisa agora após ver o filme, ele vai agradar com toda certeza quem gosta de uma trama bem feita, completamente não-linear (para não deixar claro logo de cara quem matou a garota) e principalmente, no melhor estilo para que errássemos todas nossas acusações com uma reviravolta incrível. Ou seja, daqueles filmes que inicialmente achamos mornos demais com as diversas apresentações capituladas (inclusive esse é o ponto pelo qual não darei uma nota maior para o longa), mas que quando engrena não conseguimos sequer piscar para pegar as mínimas pistas e irmos descobrindo com os detalhes todo o desenrolar da história.

O longa nos mostra que Rachel está desolada por seu divórcio recente, e passa seu tempo indo para o trabalho fantasiando sobre um casal aparentemente perfeito que vive em uma casa onde seu trem passa todos os dias, até que em uma manhã ela vê algo chocante acontecer lá e se torna parte de um mistério que se desdobra.

Como o livro chocou muita gente é fato que o filme também deveria seguir a mesma linha, porém esqueceram de dizer para a roteirista e para o diretor que eles podem sim ser criativos e ousarem nas propostas para o trabalho final, pois o longa com formatos de capítulos chega a ser quase o livro página a página, e olha que nem precisei ler ele para sentir isso. Claro que muitos fãs vão falar, mas é bom ser fiel ao livro original, tudo bem, mas ousar nos pontos mais lentos como apresentações de personagens, e não necessitar capitular para que a trama soe fluída é algo que sempre irá agradar bem mais no cinema. Não estou dizendo em momento algum que o resultado final tenha sido ruim, e/ou não tenha me chocado com a revelação final, muito pelo contrário, tudo é interessantíssimo de ver, e nos últimos suspenses policiais sequer me lembro outro que tenha me prendido tanto a atenção como esse fez (talvez pela alta quantidade de suspeitos se piscasse perderia alguma pista). Portanto não digo que o diretor Tate Taylor tenha feito um trabalho ruim em cima do roteiro que Erin Cressida Wilson adaptou do livro de Paula Hawkins, mas sim que ele omitiu mostrar a boa mão que um diretor eficiente de suspenses conseguiria fazer de uma boa história, um marco dentro do cinema. Ou seja, foi simples aonde poderia caprichar e caprichou aonde poderia ser singelo.

Agora se o diretor foi simples na direção, não podemos dizer o mesmo do ótimo elenco, pois todos sem exceção conseguiram criar perspectivas faciais, disfarçar semblantes e trabalhar o corpo de modo que o filme ficasse incrível no conteúdo interpretativo, ou seja, facilmente todos conseguem mostrar que não foram contratados à toa. Emily Blunt colocou sua Rachel como alguém realmente problemático, que não consegue economizar na quantidade de bebida e que pelo excesso acaba tendo apagões de memória, não bastasse essa ótima ideologia que lhe foi dada, a atriz soube mostrar uma dinâmica tão boa para sua personagem que não conseguimos enxergar nada que ela não estivesse nos mostrando, e com toda certeza se formos rever o longa, veremos os detalhes apresentados na cena explicativa, com toda precisão sem que nada seja necessário nos contar, o que mostra os bons ângulos de filmagem do diretor (ao menos nisso ele não pecou), e sendo assim, facilmente a jovem poderia ser lembrada em alguma premiação. Haley Bennett foi ousada com sua Megan, e demonstrou uma desinibição incrível para com as câmeras, de modo que não precisou ser singela nos momentos mais sexys e também demonstrou a personalidade forte para com o estilo que desejavam colocar em cena, talvez pudesse ser mais sutil, porém não chegou a incomodar nos momentos de precisão. Rebecca Ferguson colocou uma Anna mais assustada do que realmente a personagem deveria ser, mas como isso funcionou bem para o desenrolar da trama, afinal acabamos desconfiando bastante dela, o resultado de seus semblantes acabam sendo funcionais. As cenas de Justin Theroux com seu Tom poderiam ser mais alongadas, pois sempre funcionam com dinâmica curtas, que parecem mostrar mais falhas do que bons momentos, e por talvez ter sido uma segunda opção para o papel, acabou indo bem de leve na personalidade e com isso acabou não empolgando o tanto que deveria, mas nada que chegue a ser decepcionante, principalmente nos momentos-chaves. Outro que também foi bem, mas que poderia ser incrível com cenas mais impactantes e claro com diálogos também mais ousados, foi o Scott interpretado por Luke Evans, que está completamente diferente com um corte de cabelo que não funcionou no seu estilo, mas na sua cena mais forte mostrou a que veio e foi certeiro. Édgar Ramirez foi o terapeuta mais fora de rumo que poderiam arrumar para uma trama, pois marido algum deixaria a mulher ir num consultório com um galã venezuelano para revelar seus momentos mais íntimos, e sendo assim seu Kamal ficou digamos um personagem que se explorado melhor funcionaria até como outro filme. Os demais personagens funcionam mais como elos, e não chegam a chamar tanta atenção, porém podemos dizer que a detetive interpretada por Allison Janey foi bem interessante nos momentos mais impactantes, e talvez precisassem dar mais simpatia na cena de Lisa Kudrow com sua Martha que vai realmente dar o toque de virada na trama.

Sobre o visual do longa, escolheram muito bem cada locação, principalmente para que o trem fosse quase um elemento cênico, passando sempre pelas casas, vendo e sendo visto, uma floresta bem digamos levemente sinistra, com um túnel também digamos não tão agradável de se passear, casas bem colocadas e alguns elementos cênicos bem colocados mais como decoração e ornamento de cena, pois quase nenhum objeto acaba funcionando para detalhar as situações, e isso mostra bem a perspectiva de mistério criada somente pelas lembranças e apagões da protagonista, juntamente com as histórias de cada um dos demais personagens. Ou seja, a equipe de arte teve a maior preocupação em apenas escolher bem os locais que se encaixassem dentro da ideologia do livro, e claro do roteiro, mas nada que tivesse de ser trabalhado para representar algum momento, afinal volto a frisar que a ideia é mais abstrata dentro da situação do que floreada pelo ambiente. Um grandioso ponto positivo do longa ficou a cargo da direção de fotografia, que ao escolher bons ângulos e trabalhar uma iluminação quase que noir com muitas luzes em contraponto, e sempre ousando em sombras para criar perspectivas, acabou conseguindo demonstrar segurança em cada momento e ousar nas cenas certas para que o filme não ficasse cansativo.

Enfim, um filme bem interessante de ver, que certamente nas mãos de algum diretor mais forte de suspense policial teria feito um longa incrível daqueles de o queixo realmente ficar no chão pelo menos 1 hora após acabar os créditos, mas mesmo da forma que nos foi entregue, o resultado chega a ser bem causador para quem não leu o livro. Ou seja, uma das grandes recomendações é que você não se perca quem é quem, pois todo mundo tem ao menos uma pontinha de ligação com o outro, e que fique bem atento a cada momento, pois as reviravoltas ocorrem num piscar de olhos e podem deixar você completamente perdido na trama, mesmo tudo sendo bem explicadinho nas cenas finais. E sendo assim, é claro que recomendo o longa para todos, principalmente para quem gosta de histórias com mistérios dramáticos policiais, e nem preciso falar que todos os leitores do livro certamente não irão se decepcionar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia que apareceu no interior, então abraços e até mais galera.

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Trolls em 3D

10/27/2016 10:27:00 PM |

Se o pessoal de Hollywood anda meio sem criatividade, e andam criando refilmagens de clássicos, porque as empresas de brinquedos também não podem voltar com os clássicos das antigas? Certamente essa foi uma das questões que os produtores de "Trolls" chegaram para a companhia desenvolvedora com a ideia criativa de um longa infantil bem colorido, que busca mostrar que a felicidade está dentro de todos nós, basta apenas encontrá-la, e claro falando que por ser um longa infantil, poderiam voltar com os bonequinhos cabeludos criados em 1958 e que fizeram um certo sucesso na época. Com toda certeza os produtores fizeram isso, pois o filme é gostoso, passa uma boa mensagem, é colorido ao extremo para agradar todo tipo de criança, tendo desde personagens bobinhos até aqueles com mais referências, mas é um filme simples que não vai comover nem empolgar ninguém para ver ele diversas vezes, ou seja, os produtores com certeza fizeram pensando num sucesso maior fora das telas do que com uma preocupação mais aflorada no roteiro para prender o espectador ali na sala. Ao menos tiveram um bom cuidado para que as canções se conectassem bem com a trama, e principalmente, exigiram das empresas dubladoras que colocassem seus dubladores para cantar também as canções nos idiomas locais, ou seja, prepare-se para conhecer muitas novas versões de clássicos que ouvíamos nos anos 90.

O longa nos mostra que Poppy é a líder dos Trolls e é conhecida por ser insanamente feliz. Todos do vilarejo onde vivem estão com medo com a chegada do gigante faminto Berguen, que sequestra vários Trolls. Agora, Poppy tem de unir forças com o irritadinho Tronco para conseguir salvar seus amigos.

Assim como a sinopse é bem simples, o longa também não tem nenhuma firula que seja difícil de uma criança de 2 anos entender, inclusive com uma boa parte inteiramente explicativa logo de cara para sabermos quem são os trolls e quem são os berguen, e a ideologia que para os berguen serem felizes necessitam comer um troll. Como o conceito abstrato de felicidade é um dos mais fáceis e interessantes de mensurar, o longa fica nessa brincadeira do começo ao fim, e de uma maneira bem leve acaba divertindo bastante com as diversas sacadas que foram trabalhadas. Claro que os diretores foram bem objetivos com o que desejavam atingir e dessa maneira o filme não destoa e nem cria muitos rumos, o que é estranho de ver, pois como bem sabemos foram criadores de grandes franquias e poderiam trabalhar mais para que o filme tivesse mais perspectivas futuras, e não apenas um filme fechado. Não digo de forma alguma que é algo ruim, pois a diversão é garantida do começo ao fim, mas ficou singelo demais para empolgar.

Agora uma coisa inegável é o carisma dos personagens, pois mesmo o personagem mais cinza e rabugento Tronco consegue cativar e transparecer bons momentos para que o público se conecte a ele, e a personalidade dele foi dinâmica mesmo que não soasse tão feliz como a outra protagonista. E falando em Poppy, chega a ser até exagerado a felicidade que emana, de tal maneira que seu colorido somado à toda a dinâmica que cria na sua caminhada em busca dos amigos passando por vales perigosos, acaba deixando tudo tão bonito que nem aranhas gigantes parecem ser ruins. Os berguens mais jovens do filme, como o rei e a empregada também ficaram bem bacanas de acompanhar e acabam divertindo até mais do que pareceriam, e isso é legal de ver, pois não quiseram abusar de vilões malvados em excesso (mesmo que a todo momento queiram comer os bichinhos coloridos). De certo modo a dublagem nacional dos protagonistas, feita por Hugo Bonemer e Jullie, foi bem coerente e gostosa de ouvir, mas com toda certeza a vontade de ouvir Anna Kendrick e Justin Timberlake, principalmente nos momentos musicais é algo que vai bem além.

Já que falei do elo musical, Timberlake também atacou de produtor musical do filme, compondo 3 novas canções e auxiliando na escolha das demais para que todas se encaixassem no longa, como deve ocorrem em filmes musicais, e mesmo praticamente todas sendo dubladas para português e cantadas pelos protagonistas, a temática ficou gostosa de ouvir, embora a todo momento ficássemos pensando qual é a música original pelo toque. Então para que ninguém fique com as mesmas dúvidas que acabei tendo durante a projeção, aqui vai o link com todas elas para serem escutadas originalmente, e claro que vou esperar sair alguma cópia legendada para rever o filme do modo original.

Enfim, é um filme para se divertir e até aprender a lição de moral que tentam passar sobre a felicidade, mas vale bem mais pelo ótimo colorido cenográfico que acabaram montando do que pela história em si. Nem perdi muito tempo falando do 3D, pois ele é algo completamente inutilizado na trama, não sentindo sequer qualquer diferença na projeção (e olha que temos coisas bem coloridas que poderiam ser ressaltadas). Portanto levem as crianças para se divertir no cinema e boa sessão. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até mais galera.

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O Contador (The Accountant)

10/22/2016 10:48:00 PM |

Se não fosse pela imprevisibilidade (devido a só vermos os possíveis candidatos às premiações bem para frente) da Academia, poderia dizer com muita certeza que o cheirinho de Oscar passou perto de "O Contador", pois ao trabalhar a situação de uma doença que muito se anda falando, no caso o autismo, com contabilidade irregular (quase nem ouvimos falar nisso nessa época!!), e adicionar muitas armas e crimes como um leve tempero para dar ação e ritmo na trama, não tem como ficar ruim, e se tudo isso for pouco para a história ficar interessante de ser vista nos cinemas, inclua (mais uma) ótima atuação inspiradora de Ben Affleck que trabalhou muitos trejeitos e incorporou com naturalidade um ar antissocial incrível de ser com muita personalidade que fez do filme algo particular e intrigante, com um tom forte e bem colocado. Ou seja, é daqueles que muitos vão achar cansativo, seja pelo tema, pela longa duração ou até mesmo pela estética, mas que o resultado completo é tão bom que ao final já não sabemos mais para quem torcer e já estamos tão envolvidos com a trama toda que saímos muito felizes com o que acabamos de assistir.

Desde criança, Christian Wolff sofre com ruídos altos e problemas de sensibilidade, devido ao autismo. Apesar da oferta de ir para uma clínica voltada para crianças especiais, seu pai insiste que ele permaneça morando em casa, de forma a se habituar com o mundo que o rodeia. Ao crescer, Christian se torna um contador extremamente dedicado, graças à facilidade que tem com números, mas antissocial. A partir de um escritório de contabilidade, instalado em uma pequena cidade, ele passa a trabalhar para algumas das mais perigosas organizações criminosas do mundo. Ao ser contratado para vistoriar os livros contábeis da Living Robotics, criada e gerenciada por Lamar Blackburn, Wolff logo descobre uma fraude de dezenas de milhões de dólares, o que coloca em risco sua vida e da colega de trabalho Dana Cummings.

Chega a ser simples o estilo que o diretor Gavin O'Connor decidiu trabalhar, mas com momentos bem fechados na atuação que deixaram os atores seguindo livremente a trama acabou dando uma perspectiva mais aberta e funcional para o longa, de tal maneira que a história poderia ser bem mais dura, com poucas nuances e bem mais travada em momentos de suspense policial para que fossemos descobrindo elementos chaves até tentar entender a ideologia do roubo dentro da empresa, claro que teríamos um filme bem mais chato e com uma premissa completamente diferente, mas que assim como alguns documentários mostraram já o estilo de sonegações que muitos contadores fazem, o filme também teria um cunho de público-alvo. Mas como não foi feito dessa forma, a ideologia violenta por parte da forma de treinamento que o pai dá para seus filhos é algo bem interessante, pois muitos falam que autistas devem ficar reclusos, outros tentam introduzir os jovens na sociedade sem muitos cuidados para com a discriminação, mas aqui acabou mostrando uma forma bem diferenciada (e até dura demais) de transformar o jovem em alguém forte e que certamente ninguém irá brincar com chacotas, pois a chance de não sair vivo é altíssima nesse caso. O diretor soube trabalhar bem o texto e dar uma dinâmica interessante, pois o filme poderia ser bem mais lento e não adequar com as características marcantes que fazem dele um possível candidato à prêmios, pois com momentos emblemáticos e diversos temas intrigantes, certamente a proposta foi até além do que desejavam atingir e agradaram bem no formato geral da trama com bons ângulos e bons momentos para se envolver.

Como acabei falando, o diretor deixou que os atores fizessem boas performances e conduzissem bem a trama com suas premissas, de tal forma que acaba acontecendo bastante em longas britânicos e no famoso estilo de cinema de atores, aonde a dinâmica principal é vista pela boa condução que os astros conseguem criar em seus personagens. Dessa forma, Ben Affleck que por um bom tempo muitos odiavam, vem num crescente tão bem encaixado com personagens sérios e bem trabalhados que ficou fácil o estilo que deu para seu Christian Wolff funcionar e envolver, de tal maneira que colocou boas nuances em seus olhares dispersos, encontrou um ar meio vago, mas sem prerrogativas falsas para que ao mesmo tempo que torcêssemos favoráveis ao seu personagem, também ficássemos com os dois pés atrás de suas ideologias, ou seja, um personagem duplo, mas que não ficou cheio de firulas cults para chamar a atenção, e assim sendo, o ator mostra que se mantiver esse estilo suas chances de levar uma premiação como ator está bem perto de acontecer. Anna Kendrick é uma atriz interessante de ver, mas que muitas vezes soa singela demais para os personagens que acaba pegando, pois sua Dana é interessante, é uma mulher bonita, possui bons momentos, mas ficou com um passo atrás em todas as cenas, demonstrando um pouco de insegurança para com o estilo livre que o diretor deixou rolar, ou seja, talvez uma atriz mais imponente no papel chamaria mais atenção do que a beleza dessa. J.K. Simmons é daqueles atores que fazem diversas produções num único ano, e incrivelmente se sai bem em quase todas, e aqui seu Ray King é icônico tanto no estilo canastrão que desenvolve com a jovem agente, quanto ao mostrar o que realmente aconteceu no passado em sua carreira como agente de campo, e sempre trabalhando os tradicionais trejeitos que tanto gostamos de ver ele fazendo, consegue eximir um papel que facilmente ficaria jogado na trama ter uma boa importância e ainda agradar. Cynthia Addai-Robinson vive mais no mundo da TV e por isso aparentou um pouco perdida com o estilo livre aqui, pois sua Medina tinha tudo para ser um personagem marcante, mas soou mais fraco e simples demais para empolgar, talvez até tenham cortado cenas demais dela e com isso sua participação ficou frouxa, mas a jovem também não mostrou empolgação nas cenas de maneira que desejassem ver mais ela. Outro que poderia ter chamado mais atenção foi John Lithgow com seu Lamar, pois inicialmente até poderia ser feito de uma maneira simples, mas com a proposta de fechamento que o longa teve, sua dinâmica precisaria ter ido num rumo bem mais forte e marcante para que realmente chamasse atenção para seu personagem. Que o fechamento de Jon Berthal era algo que seria intrigante já era de se esperar, mas seu Brax ficou bem aquém do que deveria, no melhor estilo que tanto incomodou o encontro do Batman de Ben Affleck com o Superman nesse ano. E para fechar a parte das atuações, não vou ficar citando todas as crianças da trama, mas todos os jovens atores foram de uma precisão nas suas cenas, que se tivessem mais tempo de tela, com toda certeza agradariam mais do que já agradaram, dando destaque claro para Seth Lee que fez o jovem Chris com todos os seus problemas possíveis e imaginários.

A equipe de arte teve um bom conceito tanto nas cenas do passado para representar os problemas familiares, com uma casa simples mas bem montada, o instituto para crianças bem recheado de detalhes (que ao final se mostra do mesmo jeito, tirando as novas tecnologias), escritórios de vidro foram um charme a mais para que o contador maluco pudesse escrever com diversas canetas por toda a parte fazendo uma contabilidade tão linda (como se fosse algo gostoso de fazer!!), armas monstruosas gigantes, muita tecnologia de investigação, e claro que muitos elementos para formar um ambiente trabalhado nos detalhes e que chamasse a atenção nos devidos momentos com coerência, ou seja, um trabalho minucioso de pesquisa para que tudo funcionasse, mas não chamasse mais atenção do que os personagens. Destaque cênico para o trailer na garagem alugada com os pagamentos dos clientes, com valiosíssimas obras e tudo em espécie para mostrar uma das mais tradicionais formas de lavagem de dinheiro do crime. Com um tom cinza-azulado a fotografia ficou um pouco densa demais para a proposta da trama, criando um clima meio denso e até intrigante demais, pois o filme até teria essa proposta inicialmente, mas com o decorrer acaba funcionando mais como uma aventura policial que deveria ter tons mais escuros ou avermelhados para a quantidade de sangue derramado, mas nada que tenha atrapalhado o andar da trama.

Enfim, é um filme bem feito, que empolga e cria tensão sem precisar apelar, e mais do que isso, funciona sem erros por trabalhar a situação toda em cima do protagonista, deixando bem de lado qualquer personagem secundário, inclusive os antagonistas (aí é que está um dos pequenos erros da trama). Não diria que foi o filme mais perfeito que tivemos no ano, mas na concepção completa da trama, tudo foi tão incrível quanto o que foi vendido no trailer, e sendo assim é um dos nomes para serem guardados como um dos grandes de 2016. E sendo assim é claro que recomendo ele para todos, pois com toda certeza mesmo quem não for muito fã de longas policiais acabará envolvido e irá gostar por qualquer outro detalhe que nos foi mostrado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando essa semana bem curta de estreias, mas volto na próxima quinta, então abraços e até lá meus amigos.

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Ouija - Origem do Mal (Ouija - Origin of Evil)

10/22/2016 02:47:00 AM |

Pela primeira vez quero dar uma recomendação antes de irem ao cinema, pois se puderem rever o filme de 2014 "Ouija - O Jogo dos Espíritos", certamente a ideia que "Ouija - Origem do Mal" vai passar será algo completamente diferente, pois se você lembrar quem é quem no longa original, a trama fica tão interessante de ver, que como o subtítulo em inglês, e felizmente em português também, diz aqui apenas nos é contada a história de como a garotinha virou aquela assombração do primeiro filme e o que ocorreu para que sua mãe e irmã chegassem também aos pontos que acabam não sendo explicados do primeiro filme. Portanto, assim como disse de "Sobrenatural 2" que acabou sendo fraco, mas funcionando perfeitamente como um complemento para o primeiro filme, aqui temos o mesmo exemplo de ideia, pois não temos um filme assustador, que vai fazer você ficar sem dormir e tudo mais, possui claro algumas cenas tensas que até dão um arrepio de leve por nos pegar desprevenido, mas no geral a ideia toda é mais interessante e propenso para ser explicativo num contexto maior (que caso desejem ainda dá para voltar mais ainda no tempo e ver como eram as cenas que ocorriam na casa - o que seria um filme completamente diferente da proposta do jogo). Ou seja, veja o filme, reveja o anterior e claro junte os dois que o resultado vai ser bem melhor do que apenas ir ver esse solto, pois quem está fazendo isso só verá clichês jogados e acabará odiando o longa. Detalhe, quem quiser esperar até o final dos créditos possui uma das cenas icônicas do primeiro filme, aonde a protagonista se passa por sobrinha para visitar uma senhora idosa num hospital (isso não é um spoiler, apenas ajudará a entender mais os fatos).

O longa nos situa nos anos 60, e nos mostra que Doris é uma garotinha solitária e pouco popular na escola. Sua mãe é especialista em aplicar golpes em clientes, fingindo se comunicar com espíritos. Mas quando Doris usa um tabuleiro de Ouija para se comunicar com o falecido pai, acaba liberando uma série de seres malignos que se apoderam de seu corpo e ameaçam todos ao redor.

Assim como fez no primeiro filme, o produtor Michael Bay gastou bem pouco para fazer um filme interessante (talvez nesse tenha gasto um pouco mais para dar um tom de época mais coerente) e vai ganhar muito dinheiro em cima do produto final. Digo isso, pois o diretor Mike Flanagan ("O Espelho", "O Sono da Morte") não é daqueles que trabalha bem com o conteúdo completo, pois gosta de dosar cenas duras com outras leves e até trabalhar bem cada momento, e em longas desse gênero, quando se faz esse estilo de jogada acaba recaindo diversas vezes para clichês clássicos e até mesmo não levando para lugar algum. Porém volto a frisar que o filme não funciona sozinho, e que quem for ver ele sem ao menos lembrar um pouco do anterior irá se decepcionar por demais, e assim sendo, posso dizer que o roteirista Jeff Howard ("O Espelho", "O Sono da Morte") junto do próprio Flanagan foi a pessoa mais esperta do mundo, para poder trabalhar cada momento e juntar bem as duas partes, pois certamente ocorreria diversos erros desconexos e que além de não ser um longa aterrorizador, acabaria sendo falho em conteúdo. Portanto a junção de um produtor experiente e que não costuma perder dinheiro, com um diretor que sabe trabalhar bem, mas que não é ainda genial, com um roteirista bem dinâmico e que conhece bem o tema, não tem como dar errado, e sendo assim o filme acaba agradando quem gostou do primeiro filme, e vale a pena ser assistido.

Sobre as interpretações, assim como no primeiro filme, as atrizes fizeram poucas expressões que chamassem atenção, claro que tirando os efeitos em cima da garotinha com aberturas imensas de boca e entortamentos corporais que nenhuma pessoa normal faria, mas tirando esses detalhes todos soaram bem superficiais para com "o mal" e não vemos sequer alguém correndo dos espíritos malignos para termos uma expressão mais realista de medo. Sendo assim Lulu Wilson deu para sua Doris uma personalidade bem característica das crianças que fazem filmes de terror, ou seja, um semblante limpo, calmo e disposto para ser manipulado digitalmente, e isso é algo ruim, pois poderiam ter deixado a jovem mostrar uma dinâmica maior que agradaria bem, mas acabou ainda assim saindo melhor que as demais. Elizabeth Reaser não mostrou expressividade nem quando sua Alice fica sabendo a verdade que está acontecendo com sua filha, fazendo caras de "ué, o que está acontecendo?", e mesmo nos momentos de desespero ficou apática demais, claro que por estar fazendo uma "vidente" poderia achar tudo muito natural, mas falhou demais nesse conceito. Annalise Basso foi a que mais caiu dentro de uma coerência com sua Lina, pois trabalhou no estilo certo das cenas que mostram a juventude cheia de hormônios, se desesperou nos momentos tensos e foi corajosa para encarar os momentos mais precisos, e claro que por isso o resultado final dela é o mais perfeito de ver. Assim como no primeiro filme, os personagens masculinos são meros enfeites, e aparecem apenas para morrer com mais classe, de tal maneira que Parker Mack tentou ser charmoso com seu Mikey, e Henry Thomas até teve algumas cenas mais dialogadas com seu Padre, mas nada que chegasse a impressionar.

No contexto visual, a casa poderia ter sido mais usada para funcionar dentro da trama, pois quando realmente é revelado tudo o que ocorreu lá no passado, temos uma cena tensa e já acabamos com o filme, e sendo assim passar tudo apenas num quarto, numa sala de escola, e numa mesa ficou fraco demais para chamar a atenção que a trama merecia, ou quem sabe amarram tudo para ter mais um filme, o que não é de se duvidar. Porém embora seja tudo bem simples, o contexto de época, juntamente com bons figurinos acabaram funcionando e até sendo simbólicos com os poucos elementos cênicos. A fotografia trabalhou bem com as cenas mais escuras, para claro pegar o pessoal desprevenido com aparições e sons altos, mas além disso também soube usar velas e outros elementos bem encaixados para não precisar usar de iluminação falsa que atrapalhasse o visual em si, ou seja, um resultado bem feito dentro do contexto técnico.

Enfim, um filme que volto a repetir, funciona como complemento do outro longa, não trazendo nada de muito original, mas que agrada dentro dessa proposta. Poderia ser algo muito mais assustador e trabalhado, porém foram céticos em acreditar que poderiam ir além, e assim sendo optaram por trabalhar as resoluções mal-resolvidas do primeiro filme. Portanto se você viu o longa em 2014 e achou que faltava detalhes, aqui vai saber muito mais sobre as assombrações, e vai até gostar do que verá, mas se você não acredita em nada disso, e não viu o anterior, passe longe da sala, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a crítica da outra estreia da semana que veio para o interior, então abraços e até mais.

PS; Até poderia dar uma nota menor, mas como funciona como complemento e até é bem interessante de ser assistido, irei dar a mesma nota do primeiro filme.

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Michael Bublé - Tour Stop 148

10/18/2016 01:28:00 AM |

Serei bem breve ao falar de "Michael Bublé - Tour Stop 148", pois chega a ser tão engraçado a quantidade de pessoas que desconhecem o cantor pelo nome, mas ao ouvir qualquer uma das canções com toda certeza irá lembrar de conhecer várias outras pela voz icônica do jovem cantor. Seu estilo não é um dos mais ouvidos no Brasil, mas possui um timbre muito gostoso de acompanhar, e a ideia do filme é mostrar o quão grande é a produção de seus shows e como a equipe completa se interliga no melhor estilo familiar possível. Claro que muitos vão achar que parece um show de velho, mas o clima romântico gostoso das baladas, incorporado a um show bem visual e com uma banda incrível, vai fazer com que os 105 minutos de projeção passem num piscar de olhos.

O longa apresenta o músico, astro e ganhador de quatro prêmios Grammy em sua turnê “To Be Loved”. Vista por mais de duas milhões de pessoas no mundo inteiro, a mais recente turnê do cantor canadense traz grandes sucessos como "Home", "Haven’t Met You Yet", "Cry Me A River" e "Feelin' Good". Filmada para a tela grande com som 5.1, a "Michael Bublé – TOUR STOP 148" também proporciona uma experiência incrível nos bastidores da turnê mundial.

Embora o conceito documental não seja algo muito dinamizado, pois entrevista mesmo temos com o cantor no início do filme, em torno de 15 minutos praticamente repetindo diversas vezes a mesma resposta, de tal forma que poderiam ter editado melhor, para não ficar tão estranho, e depois o que vemos é o show intercalado com algumas breves palavras dos diversos membros da equipe. Claro que dessa forma é algo muito mais bacana de ver num cinema do que apenas um show como acaba acontecendo diversas vezes, mas ainda assim faltou o lado documental funcionar mais, e isso é um erro tanto da gravadora Warner, quanto do diretor Brett Sullivan que fez um trabalho simples.

Não digo que é algo que pode ser ignorado, pois quem for conferir na quinta(20/10) ou na terça(25/10) nos cinemas UCI, vai poder escutar canções bem envolventes com um show bem produzido, e um cantor mega carismático que a equipe adora trabalhar com ele, mesmo que fale claro seus diversos perrengues de não ter tempo para mais nada. Mas quem desejava conhecer um documentário mais forte mesmo, vai acabar ficando na vontade.

Certamente o estilo do cantor lembra bem Frank Sinatra e diversos outros cantores que possuem uma voz forte, e que acompanhado de diversos instrumentistas, performa bastante com o microfone (com fio imenso - fazia tempo que não via shows com microfone com fio) e com seu estilo alinhado, e contendo boas canções não tem como não curtir.

Bem é isso pessoal, falei mais aqui para contar como foi o show, pois está bem longe de funcionar como filme realmente, então quem quiser ir para conferir boas canções e ver como é a produção de um show de uma turnê dinâmica, fica a dica. Fico por aqui hoje, mas volto na Quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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Deixe-me Viver de Luiz Sérgio

10/16/2016 10:50:00 PM |

Há muito tempo tenho falado que se alguém deseja ganhar dinheiro com cinema no Brasil sem ser fazendo comédias bobas, o jeito é ir para os livros religiosos, pois qualquer religião hoje no país possui diversos adeptos e com toda certeza irão lotar as salas dos cinemas. E não digo isso sem nenhum embasamento, pois sem falar dos grandes sucessos cristãos americanos, e usando como base apenas os longas nacionais, pelo lado evangélico todos os filmes do R.R.Soares lotaram, pelo lado católico tivemos alguns filmes envolvendo Padre Marcelo que deram um bom fluxo, e claro que os que mais possuem livros nacionais para se adaptar, os espíritas andam conseguindo encher bem as salas dos cinemas, tanto que hoje ao pedir meu ingresso para o filme, e ao ver que ao meu lado nos outros dois guichês também haviam pessoas comprando para o mesmo filme, a moça da bilheteria exclamou: "nossa esse filme está bombando!", e não é para menos, pois a história de "Deixe-me Viver de Luiz Sérgio" é interessante, bonita e possui uma proposta ousada para ser trabalhada apenas em um filme. Porém estamos falando de cinema em um país que só tem grandes financiamentos em poucas obras, e para um longa que trabalha muito o lado abstrato de um lugar que permeia demais as imaginações, fazer uma computação gráfica simples acabou pesando demais para o diretor (que economizou bem na equipe fazendo praticamente tudo sozinho) que acabou errando demais no contexto visual e chega até incomodar o excesso de cenas filmadas em chromakey, aonde os atores acabaram se perdendo demais em como fazer suas cenas, e sendo assim, é capaz que quem tenha lido o livro até se empolgue mais com a trama, pois já irão conhecer tudo, enquanto quem nunca sequer pensou na situação pode até dar umas leves cochiladas.

O longa nos conta que Luiz Sérgio é um jovem que desencarnou aos 23 anos. No plano espiritual, ele é convocado a escrever vários livros, dentre eles "Deixe-me Viver". Para escrever o livro, ele se une à uma equipe de espíritos que trabalham no resgate de outros espíritos que se encontram em ambientes espirituais inóspitos - umbrais para os espiritas, purgatório para os católicos. Principalmente espíritos que foram rejeitados pelos pais, e os próprios pais depois de deixarem o plano físico. Luiz se defronta com vários casos, e passa a interagir energeticamente com as famílias, no sentido de criar harmonia e laços mais fortes entre os pais e filhos. A equipe de espíritos, a qual Luiz está integrada, é composta por Dr. Zeus, Dra. Kelly e Aloísio. Médicos espirituais que desenvolvem terapias para o restabelecimento psíquico daqueles que sofrem. Motivados por um amor incondicional, eles procuram resgatar todos aqueles que necessitam e querem ajuda para sair das inferiores condições que se encontram.

Podemos dizer com certeza que o diretor e roteirista Clóvis Vieira trabalhou bem na adaptação do livro, pois conseguiu transmitir com clareza a ideia da trama e toda a vivência do personagem principal, mas não sei de quanto foi o orçamento do longa, porém certamente para ter uma criação num nível decente de computação gráfica teriam de ter muitos milhões a mais, pois chegou a beirar o amadorismo a quantidade de cenas aonde os personagens parecem nem saber o que estão olhando e dessa forma a dinâmica entre eles acabam soando falsas e sem muito nexo. Não digo que isso tenha atrapalhado a essência do filme, mas com toda certeza deixou que o filme desandasse para um rumo quase que sem volta. Por exemplo todas as cenas que ficaram do lado externo sem ser as cenas num jardim aparentam uma simbologia tão falsa que em alguns momentos mesmo que os personagens não estejam voando, eles parecem desconectados do solo, ou seja, erros do tipo inaceitáveis para uma produção que vá para os cinemas.

Como disse acima, as atuações falharam muito pelo simples motivo dos atores não saberem ao certo para onde olhar, e para isso funcionar num longa aonde praticamente 70% do filme foi filmado em chromakey, necessitaria de um diretor de nível altíssimo que já tivesse trabalhado muito com esses aparatos, o que não é o caso de Clóvis. Outro grande erro, talvez por parte da adaptação do livro para os momentos atuais, mas que o protagonista poderia ter economizado, é a quantidade de gírias que Bernardo Dugin diz com seu Luiz Sérgio durante toda a trama, claro que desejavam deixar o filme num tom mais jovial para cativar novos participantes ao espiritismo, mas soou estranho demais a maioria das cenas, e o jovem ator não conseguiu ser responsável o suficiente para manter a expressão correta dentro do que o filme necessitava, além claro dele mesmo ter sofrido demais com o visual estranho das cenas que provavelmente ele não viu durante a gravação. Sabrina Petraglia foi a que mais saiu-se bem nas suas cenas, pois sua Dra. Kelly trabalhou com uma seriedade condizente e usando de bons trejeitos calmos a atriz soube dosar seus momentos com classe e agradar por trabalhar nas cenas "voadoras" do chromakey sem muita exclamação, o que foi mais correto de ver. Renata Sayuri também fez boas cenas trabalhando mais em sintonia com sua Irmã Rosália, e foi feliz por ficar mais dentro de um espaço sem muitos efeitos, porém com isso também teve poucas cenas. Fernando Peron teve cenas estranhas com seu Aloísio, mas nem por isso se atrapalhou em trejeitos falsos, falhando mais nas cenas que tiveram efeito do que nos momentos que precisou dialogar, e sendo assim como ator saiu-se bem. Outro que poderia ter mais cenas foi Rocco Pitanga, pois seu Mestre Otávio é interessante de ver, soou com personalidade e principalmente por ficar num cenário bem mais condizente soube interagir bem com o protagonista e dar um tom agradável para suas cenas, sendo com certeza o destaque do filme. Os demais até tentaram ter boas cenas, mas nada que vá valer gastar muitas linhas dizendo algo.

Sobre o conceito visual já reclamei demais das cenas feitas digitalmente, então vou optar em nem falar mais delas, pois seria mais desastre em cima de desastre, portanto vou falar do que funcionou, e que certamente se desse para o filme ficar somente nelas teríamos algo primoroso, que foram as cenas nos jardins, pois o misto de água corrente com uma paisagem maravilhosa deu um tom tão bonito para as cenas que ocorreram ali que acabaram agradando demais e lembraram até um pouco da novela espírita "A Viagem" que funcionava praticamente só num jardim desse estilo. Embora o umbral tenha sido filmado sem muito recurso, as cenas de chão foram interessantes de ver, porém colocaram tantos efeitos de fumaça nas cenas que tudo soou artificial e estranho, e isso acabou deixando o lado mais sombrio da trama virar quase algo cômico, o que definitivamente não era o objetivo. Quando se trabalha muito com chromakey é necessário também muita iluminação para que o tom não saia estranho, e felizmente nesse contexto a equipe não falhou, pois poderia aparecer diversas falhas de recorte e isso não ocorreu, porém deixou o longa com um tom muito esbranquiçado, o que também não é legal de ver, ou seja, vou deixar uma dica para quem for tentar fazer um novo longa espírita, fuja de cenas em chroma se não souber fazer com perfeição.

Enfim, um filme que tinha um grande potencial, que trabalhou bem as canções colocadas, e que principalmente teve uma história maravilhosa contada, mas que errou tanto em técnicas que por bem pouco não virou a piada do ano. Sei que tenho de apoiar o cinema nacional, afinal como sou produtor também torço muito para que nosso cinema vire uma indústria e tenha bons investimentos, mas se posso dar uma recomendação sobre o filme é que leiam o livro ao invés de ir ao cinema conferir o longa, pois com toda certeza o resultado vai ser bem melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje com a última das estreias dessa semana, então abraços e até breve com mais textos.

PS: A nota se deve inteiramente à boa história e claro como ela foi adaptada para o cinema, mas se fosse depender de técnicas não chegaria nem a 2 coelhos.

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Kubo e As Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings)

10/14/2016 01:08:00 AM |

Quando unimos o misticismo japonês com a tradição de um stop-motion bem planejado que só os estúdios Laika conseguem fazer bem para incorporar naturalmente a beleza dos movimentos clássicos das animações com uma história bem trabalhada, o resultado não poderia ser outro senão um filme incrível, que só não foi melhor pela dinâmica extremamente lenta, porém mesmo devagar demais "Kubo e As Cordas Mágicas" conseguiu prender a atenção tanto dos adultos, que claro vão se emocionar com alguns momentos mais enigmáticos, quanto das crianças pelo tom mágico e colorido na medida certa que a trama acaba demonstrando. Ou seja, um filme tecnicamente incrível, que acerta por captar bem a essência que desejava atingir e focar nela até o fim.

A sinopse do filme nos fala que esperto, o bondoso Kubo ganha a vida humildemente, contando histórias para as pessoas de sua cidade litorânea junto com Hosato, Akihiro e Kameyo. Mas sua existência relativamente calma é quebrada quando ele acidentalmente invoca um espírito de seu passado que desce violentamente dos céus para impor uma antiga vingança. Agora em fuga, Kubo reúne forças com Macaca e Besouro, e sai em uma emocionante busca para salvar sua família e resolver o mistério de seu falecido pai, o maior guerreiro samurai que o mundo já conheceu. Com a ajuda de seu shamisen – um instrumento musical mágico – Kubo irá lutar contra deuses e monstros, incluindo o vingativo Rei Lua e as malvadas Irmãs Gêmeas para desbloquear o segredo de seu legado, reunir sua família e cumprir seu destino heroico.

Depois de fazer parte do time de animação da Laika em muitos longas ("Boxtrolls", "Paranorman", "Coraline"), Travis Knight faz sua estreia na direção de uma animação do estúdio, e claro que usou a favor tudo que já conhecia desse mundo do stop-motion para deixar ainda mais incrível (quem não estiver com pressa veja a montagem da cena de luta com o esqueleto durante os créditos - é de cair o queixo), porém o estúdio entrou numa levada muito intimista que acaba transformando seus longas em algo complexo demais de se envolver, e aqui Kubo até tenta colocar momentos divertidos dentro de uma história completamente sombria, e consegue criar perspectivas gostosas com esses momentos, mas são apenas leves refrescos que se invertem facilmente na cena seguinte aonde o garotinho sempre frisa que um leve piscar de olhos pode causar a morte do guerreiro, no caso, qualquer um dos protagonistas. Sendo assim o diretor até saiu-se bem na sua estreia, mas poderia ter dado um novo rumo para o estúdio caso seu filme tivesse uma vida mais agradável, e claro que teríamos algo menos duro de encarar, porém quem gostar de longas mais sérios certamente vai se apaixonar pela história.

Falar da concepção gráfica do filme é quase que sair lotando de elogios para tudo que foi feito, pois chega a ser impressionante o quanto de sentimentos, texturas e até trejeitos os animadores conseguem passar para personagens animados frame a frame, virando a cabeça pra um lado e mandando uma foto, levanta mais um pouco outro fotograma, num trabalho de quase uma vida para termos um resultado incrível na tela. E dito isso é fato que cada personagem tem seu charme, e o protagonista Kubo tem nuances tão belas de serem vistas que impressiona demais cada cena sua, de tal maneira que mesmo com um cabelo esquisito e alguns momentos que realmente vemos a tal "massinha" em ação, o resultado ainda é perfeito e gostoso de ver. Os personagens da macaca e do besouro possuem uma comicidade um pouco maior, mas sempre dosando de bons trejeitos mais sérios para suas personificações (as quais no final são reveladas e emocionam), o resultado anda bem e até chegamos a achar que não foram feitos usando as mesmas técnicas, mas foram sim e agradaram bem. Agora sem dúvida alguma a cena mais complexa e incrível de ver é a do esqueleto, pois chega a ser algo impossível de imaginar que teriam feito usando técnica de stop-motion, pois é algo muito grande para lutar com os personagens pequeninos, mas nos créditos é mostrado a produção, e aí meus amigos, é de pirar a cabeça completamente. Um destaque negativo ficou por conta das bruxas usarem uma máscara sem movimento facial seja de boca ou olhos, e isso pra quem conhece da técnica sabe que acaba sendo o maior defeito de um longa nesse estilo, mas na segunda luta quando uma das máscaras é quebrada, aí sim vemos algo bem interessante.

Os cenários foram bem caracterizados e de uma maneira bonita mostram uma pequena vila de um Japão fictício e interessante de acompanhar, que com boas histórias, bons trabalhos cênicos e até mesmo diversos objetos bacanas de olhar, como os tradicionais origamis, o filme se desenrola com texturas, e principalmente com ótimos sombreamentos que dão um tom bem marrom para a trama, e isso é algo estranho de se ver em animações, mas por ser algo que sempre tem pessoas colocando a mão a todo momento o resultado se mostra bem feito. Outras grandes tonalidades do filme se desenvolveram mais para preto, e verdes escuros, sempre para dar um ar mais sombrio que chega até causar um temor grande de que as crianças fiquem mais assustadas do que empolgadas com o filme, porém não chega a atrapalhar.

Enfim, é um filme belíssimo que poderiam ter dado um ritmo mais acelerado ou pelo menos algo menos pesado no conceito da trama, para que o filme não cansasse tanto, pois quem realmente não estiver muito empolgado com a ideia do longa é capaz de dar algumas pescadas na sala, como teve uma senhora próximo de mim, mas ainda que canse por faltar dinâmica, o filme traduz um estilo emotivo e forte de agradar quem gosta de longas mais puxados pela memória e simbolismos da morte versus a vida em família. Ou seja, recomendo o filme para todos, e até mesmo vi diversas crianças bem quietas gostando do que estavam vendo na tela, portanto os pais não precisam ficar com temor de que o longa por ser mais sombrio vai causar medo nos pequeninos. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia da semana, então abraços e até mais galera.

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Inferno

10/12/2016 08:15:00 PM |

Fogem dos dedos as palavras para falar de "Inferno", pois é um filme tão bom, cheio de grandes mistérios, correria para todo lado em perseguições complexas, que qualquer coisa que seja falado será pequeno perto do tamanho maior que é a produção toda, de tal forma que se "O Código Da Vinci" iniciou lá trás uma trama perfeita de códigos e símbolos misteriosos para Langdon desvendar, em "Anjos e Demônios" ele teve seu ápice com um longa cheio de situações digamos fortes, e aqui ele vem com um pouco de tudo em algo bem mais crível e próximo da realidade que vivemos, pois existem muitos malucos espalhados por aí e armas químicas certamente estão sendo feitas a todo momento, ou seja, aqueles mais paranoicos é capaz de sair bem preocupado com o que nos é mostrado na ficção, e isso é um fator que mostra o quão sagaz está a escrita de Dan Brown e segura está a mão de Ron Howard para fazer outro longa no mesmo nível que seus anteriores e perfeito de acompanhar do começo ao fim. Ou seja, vá correndo ver, depois reveja muitas vezes e vamos ficar na torcida para não ser apenas um anúncio falso de que o terceiro livro da saga tenha sido liberado para as filmagens, pois como disse ao acabar o longa ainda na sala, tínhamos de ter um filme desse estilo por ano pelo menos para valer a pena o cinema mesmo!

O longa nos mostra que Robert Langdon, professor de Simbologia de Harvard, é levado para um mundo angustiante centrado em uma das obras literárias mais misteriosas da história: "O Inferno", de Dante Alighieri. Em uma corrida contra o tempo, Langdon encara um inimigo assustador e enfrenta um enigma genial que o leva para uma clássica paisagem de arte, passagens secretas e ciência futurística. Tendo o poema de Dante como pano de fundo, o professor precisa encontrar respostas e escolher em quem confiar, antes que o mundo que conhecemos acabe de uma vez por todas.

Em uma das cenas do filme vemos a personagem Sienna descobrindo rapidamente um enigma que demoraram 3 dias para lhe ser preparado, e isso é algo que certamente passa na cabeça de diversos diretores, que passam dias, meses e até anos preparando todo o misterioso mundo do cinema, para que em poucas horas todos vejam e descubram o simbolismo da história, e se Ron Howard se apaixonou tanto pelas histórias de Robert Langdon é fato que irá brigar com toda certeza pela terceira história (que acabou sendo pulada devido aos problemas com os maiores financiadores do cinema americano), "O Símbolo Perdido", pois o trabalho que ele tem feito com os livros de Dan Brown é algo digno de se apaixonar, colocando simbolismos em tudo, escolhendo perfeitamente as locações, e claro trabalhando magistralmente com Tom Hanks para que o personagem vá evoluindo tanto no estilo quanto nos moldes investigativos que nos proporcionam a ver na telona. Como disse no começo, essa é a história de Brown que mais fica perto de uma realidade, pois nos demais livros/filmes as ideias de coisas sobre-humanas e envolvimentos religiosos podem parecer balela demais para um público mais cético, enquanto aqui a ideia de armas químicas para evitar a superpopulação que o mundo anda seguindo é algo que pode ser bem discutido, e que mesmo sendo apenas a base do longa, as diversas cenas que o antagonista aparece distribuindo suas ideias vão deixar certamente muitos intrigados após a sessão. Mas mais certo do que qualquer intriga, é o fato que Howard usou de toda sua habilidade para segurar a ótima trama que David Koepp adaptou com a dinâmica certa, a trilha certa e muitos ângulos pelas locações corretas, fazendo com que a respiração se prenda na primeira cena e somente após subir os créditos que vamos poder respirar novamente aliviados de toda a tensão criada maravilhosamente para entreter o público nas duas horas de projeção.

Uma boa história só fica memorável com boas atuações, e aqui o elenco não decepciona em momento algum, a começar claro com Tom Hanks, que foi evoluindo seu Robert Langdon de tal forma que não conseguimos sequer imaginar outro ator no lugar dele, e dessa forma, seus trejeitos, seus olhares, e até mesmo a boa dinâmica de ir desvendando os mistérios nos remetem desde o mais singelo momento de sua jornada que começou lá trás em "O Código da Vinci" e que certamente não irá parar aqui, pois assim como necessitamos de mais filmes com esse estilo, o ator também demonstra uma certa paixão pelo personagem, e como bem sabemos com paixão pelo personagem não tem como dar errado a interpretação. Ben Foster aparece até mais do que imaginava no filme com seu Bertrand Zobrist, pois com a cena inicial já sendo fechada, qualquer um imaginaria que seu legado ficaria sem muitas aparições, mas como o filme é todo costurado com as ideias do vilão, a todo momento ele vem com alguma nova sacada e o ator se mostra completo e bem adequado para o semblante que o filme desejava, de um homem rico, bonito e maluco, e ele fez de tudo um pouco para mostrar essas suas vertentes. Felicity Jones despontou a pouco tempo, mas vem provando a cada dia que é merecedora dos papeis que estão lhe entregando, e aqui sua médica Sienna é quase um Langdon versão feminina, com uma sagacidade para desvendar os enigmas que chega a impressionar, e claro que sem pestanejar agarrou a chance de trabalhar trejeitos que o diretor tanto gosta para marcar ponto nos olhares certeiros de suas cenas mais fortes. Outro grande ator que de cara já sabemos que vai dar trabalho é Omar Sy, que incrivelmente teve várias reviravoltas na trama com seu Christoph Bruder e sem faltar com a empolgação mostrou que pode agradar em todos os estilos de filmes que quiserem lhe colocar. Irrfan Khan apareceu só na segunda metade do filme com seu misterioso Sims, e mostrou que sua personalidade e trejeitos fortes combinam bem para personagens que muitos vão chamar de nomes inapropriados para escrever aqui, mas que não vão desapontar o diretor quando deseja que algo seja resolvido de uma forma incomum, e sua entrada deu um tom bem diferente e bacana para a trama. E por fim, mas não menos importante, temos Sidse Babett Knudsen como a Dra.Elizabeth, que além de trabalhar com clareza na sua investigação, acabou tendo uma personificação bem mais especial para o protagonista nas cenas de fechamento, pois acabamos conhecendo um pouco mais dela, e a atriz foi bem coerente em ambos os momentos para que nada ficasse jogado em cena, e com isso acabou acertando bastante. Se tivesse de mencionar dois atores que não agradaram tanto, posso dizer de Ana Ularu que acabou forçando demais na personalidade de sua Vayentha e Cesare Cremonini como Ignazio Busoni, pois apenas apareceu em duas cenas rapidamente citadas e sequer mostraram o que aconteceu com ele, o que soa até como um pequeno deslize do roteiro, ou quem sabe uma continuação não baseada nos livros de Dan Brown.

Já de praxe do mundo de Dan Brown, a equipe de arte teve de trabalhar com grande afinco em colocar detalhes aonde quer que pudesse simbolizar, e claro que com isso não poderiam deixar de lado diversos museus e igrejas da Itália, passando por Florença e Veneza, e também indo até Istambul na Turquia para a cena final, ou seja, um filme com locações emblemáticas e que certamente vão ser vistas por outros olhos quando turistas forem e quiserem conhecer as passagens secretas e detalhes de cada lugar mostrado. Com pequenos elementos cênicos marcantes, como o apontador laser, a máscara e até mesmo a maquiagem do protagonista, o filme se desenrola mais nos diálogos e na cenografia geral da trama, o que por si só já não é algo pequeno dentro da grandiosa produção, e assim sendo, cada detalhe passa a contar mais história do que tudo. A fotografia clássica de Salvatore Totino volta com a mesma qualidade que fez nos outros 2 filmes da saga e o que mais se destacou foi o fato de agora que se acostumou com as câmeras Imax, certamente não voltará tão cedo para as câmeras simples, pois o contraste de cores e sombras para filmes densos é algo impressionante que ele conseguiu transmitir. Portanto quem puder ver nas salas Imax, veja, pois o ambiente maior do chão até o teto ajuda a dar uma grandiosidade a mais para o longa, e como foi filmado com a tecnologia o resultado agrada bastante.

Mais uma vez o gênio das trilhas sonoras Hans Zimmer não decepciona, fazendo algo que poucas vezes acaba funcionando e que muitos outros compositores gostam de trabalhar, que é manter o mesmo tom simbólico dos demais longas e dar uma nova roupagem, então se você estiver com o ouvido bem atento, irá ouvir praticamente as mesmas canções dos outros dois filmes, agora numa levada mais intrigante, o que pode até parecer novas canções, mas certamente vai lhe remeter a cada momento dos outros filmes, e que juntos formam um grande trabalho, ou seja, genial novamente.

Bem meus amigos, é isso o que tinha de falar desse novo longa, que volto a frisar, é daquelas obras que merecem ser vistas e revistas diversas vezes, pois certamente a cada nova olhada iremos ver um novo detalhe, e mais do que isso o filme tem um peso apropriado para agradar e trazer novas nuances. Como disse espero que nem o autor, nem o diretor nos abandone com as histórias de Langdon, pois assim como Sherlock Holmes ficou imortal com seus diversos mistérios, certamente Robert Langdon também merece ter muitas outras histórias complexas para desvendar. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com as outras duas estreias da semana, e claro que irei rever esse maravilhoso filme e volto aqui para falar mais algo que tenha esquecido de dizer. Então abraços e até breve pessoal.

PS: O filme possui defeitos sim, mas nenhum deles me incomodou ao ponto de ter de tirar nota do longa, então como já fazia um bom tempo que não dava nota máxima para um filme, eis que aqui está o novo membro do seleto hall de notas máximas do Coelho.

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Batman - O Retorno da Dupla Dinâmica (Batman: Return Of The Caped Crusaders)

10/11/2016 12:55:00 AM |

Ultimamente resolveram que as animações da Warner/DC também irão passar nos cinemas, e com certeza não vamos reclamar disso, afinal muitas são excelentes, e um grande exemplo disso é esta que foi exibida hoje, "Batman - O Retorno da Dupla Dinâmica", pois ao mesmo tempo que nos é mostrado uma ótima animação feita nos moldes antigos, também foi trabalhado para que a comicidade original das antigas fosse colocada nos remetendo completamente aos desenhos que víamos na época de criança, ou seja, uma diversão completa no cinema, que em breve já estará a venda nas lojas físicas para que todos vejam, e quem não foi aos cinemas hoje procure ver, pois vale muito a pena.

O longa nos mostra que Batman e Robin precisam se unir uma vez mais para derrotar os perigosos inimigos de sempre: a Mulher-Gato, o Coringa, o Charada e o Pinguim. O problema é que agora os quatro vilões combinaram os seus poderes, algo que fará com que a dupla dinâmica tenha se esforçar ainda mais para salvar o dia.

Com o ar tradicional dos anos 60, e toda a pegada original do Batman dessa época, o filme tem um estilo divertido, com as tradicionais falas de Robin sempre falando "Santa..." alguma coisa que se relacione com o momento, boa trama investigativa e claro as tradicionais onomatopeias características dos quadrinhos que tanto amamos ver, e claro que a volta dos dubladores originais (Adam West e Burt Wardda) época também foi um show a parte, ou seja, um filme completamente pensado para funcionar, e mais do que isso, colocar o ar nostálgico no nível máximo com as situações.

Se tenho de pontuar algum defeito, com toda certeza o exagero das frases de fechamento, dizendo praticamente o que vemos na tela, e isso embora seja algo que era tradicional nos anos 60, acaba cansando durante toda a projeção, porém o diretor Rick Morales soube transformar o que mais sabe fazer que são boas animações em algo bem divertido mesmo com esse defeitinho para que cada momento fosse único, de tal maneira que o Batman manteve o tom arrogante de sempre, Robin ficou prodígio e até digamos com trejeitos não tão masculinos, a Mulher-Gato sensualíssima cantando Batman a todo momento, Pinguim irônico, Charada fazendo as clássicas perguntas non-sense, Coringa sendo engraçado com piadas ruins e claro outros personagens simples sendo colocados para dar um tom cômico como a tia do Batman, Alfred e Gordon.

Enfim, não tenho nem muito o que falar da trama, pois é daqueles filmes que valem mais ser vistos do que comentados, e claro que como foi uma exibição única no cinema, quem não viu só verá em telas menores e em formatos diferentes, ou seja, procurem ver, pois vale muito a pena. Fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica, mas a nova semana já começa na quarta-feira, então abraços e até lá pessoal.

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Nosso Fiel Traidor (Our Kind of Traitor)

10/10/2016 12:59:00 AM |

Acho bem engraçado o estilo dos filmes britânicos, pois assim como temos a neblina londrina como algo marcante da cidade, os diretores acabam sempre criando climas sombrios para qualquer estilo de filme, e quando envolve lances policiais então, é quase um mistério atrás do outro sem que o público possa parar para tentar analisar a situação e ver se ela vale a pena ser adentrada. E assim como nós ficamos nesse dilema, o personagem de Ewan McGregor em "Nosso Fiel Traidor" também fica bem intrigado com o seu papel dentro de um esquema complexo e a cada nova reviravolta do caso vemos que nada nessa vida é por acaso, e coisas simples como o âmbito familiar e amizades dentro das possibilidades criminosas dificilmente se equivalem para algo menos tradicional. Diria que se estivesse lendo todos os livros de John Le Carré, esse sem dúvida alguma é o que mais foi difícil de adaptar para o cinema, pois são situações tão incondicionais que cada protagonista teve de realmente se envolver dentro do personagem para atingir com fidelidade as expressões que o diretor desejava, e o resultado é um filme muito bem feito que poderia ser ainda melhor com alguns detalhes a mais.

Nosso Fiel Traidor conta a história de Perry Makepeace e Gail Perkins, que em uma viagem ao Marrocos conhecem Dima, um membro do alto escalão da máfia russa. Para tentar preservar sua vida e de sua família, Dima pede ajuda aos dois para conseguir asilo político na Inglaterra, via MI6 (o serviço britânico de inteligência). Em troca, promete nomes de políticos, advogados e banqueiros britânicos envolvidos em um esquema internacional de lavagem de dinheiro.

Outro fator bem interessante sobre a produção é que além de ser baseada no livro de um dos maiores escritores de filmes de espionagem, aqui temos uma diretora à frente do projeto, e Susanna White acabou dando um tom diferenciado para o filme, deixando o ar duro da trama que certamente teria com muito mais brigas, tiros e claro o teor machista que existe por trás da história (e que claro ela não deixou de mostrar), mas pode junto colocar um tom familiar mais trabalhado, o problema da situação do casal protagonista aonde ela está bem melhor posicionada no seu emprego versus a simplicidade do marido, o tom de homens nobres defendendo mulheres injustiçadas e por aí vai, mas nada que tirasse a real entonação do longa para com a dinâmica de traições dentro da máfia russa. A diretora soube trabalhar o texto de Hossein Amini sem muita ousadia em cenas clássicas, porém junto do diretor de fotografia soube incrivelmente dar nuances diferenciadas para as interpretações, pois usando de várias câmeras (algo que costumeiramente ocorre em longas de ação e raramente em dramas mais tensos), os atores tiveram de realmente se expressar ao máximo para cada cena dramática, e isso ficou lindo de ver na tela, já que não tiveram de soar falsos para determinado ângulo, ou seja, temos um filme envolvente aonde os atores praticamente entraram realmente no clima desejado pela diretora dentro do contexto que o longa pedia, e assim sendo o filme tem vida própria.

Sobre as atuações é fato claro que Ewan McGregor anda mudando muito seu estilo, que se antes era daqueles atores cheios de vivência e ação, agora vemos um homem mais centrado e com perspectivas claras do estilo que deseja mostrar, de tal maneira que seu Perry chega a ser até fechado demais dentro da trama, sem que soubéssemos muito sobre sua vida poética, mas que embalado pelas situações acaba rumando forte para o desenrolar completo que vemos no segundo ato, aonde o ator mostrou muita personalidade e por bem pouco não voltou às origens clássicas, mas sempre num tom sério e verdadeiro de acreditar, o que deu um charme a mais para sua interpretação. Stellan Skarsgård como sempre trabalha a personalidade dos seus personagens de maneira única e incrível, de tal modo que seu Dima transpareça a visceralidade de um homem disposto a fazer qualquer coisa para defender a família, mas que também não fuja dos seus princípios e com uma dinâmica forte e praticamente gritada, o ator chega até a assustar em alguns momentos, mas por dentro se mostra um homem incrível de acreditar. Naomie Harris foi simplista ao colocar sua Gail de um modo quase egocêntrico, porém com o desenrolar da trama a atriz foi se soltando mais, e a promotora durona passa a entrar mais num bom clima, mostrando que tanto a personagem quanto a atriz souberam ir no fluxo certo que o filme desejava ter. Damian Lewis entrou no clima tradicional que todo bom agente da MI6 possui e fez de seu Hector um daqueles personagens memoráveis que ficamos intrigados para ver até onde consegue coagir as pessoas, e o ator soube dosar cada momento para não transparecer nem forte demais para as cenas duras, nem imparcial demais para debandar logo de cara, sendo conciso em cada ação, agradando com personalidade. Do lado mais malvado do longa, todos fizeram carões e com certeza sofreram muito para pintar no corpo as diversas tatuagens da máfia russa, mas todos soaram falsos nos trejeitos, pois sempre com expressões duras era fato que nenhum estava vivenciando bem aquele trejeito, e sendo assim é melhor não dar destaque para nenhum, mesmo que tenhamos bons atores em cena. Um destaque negativo não tanto para a atuação, mas pela falha cênica dentro de um roteiro tão bem trabalhado foi a de o MI6 não ter tirado nenhum celular dos filhos do mafioso, pois a cena que Alicia von Rittberg como Natasha liga para o namorado é algo que até uma criança sabe o que vai acontecer, e isso acabou meio que ficando ruim dentro de tudo o que vinha seguindo.

O contexto visual da trama é algo incrível, pois trabalharam em lugares maravilhosos como Marrocos, Inglaterra, Suíça e França, em boa parte na época de neve, e também em diversas outras épocas, criando símbolos visuais incríveis dentro de palácios, com muitas festas e claro também muita tensão em lugares mais intimistas cheios de elementos cênicos interessantíssimos de ver, ou seja, um trabalho magistral da equipe de arte que certamente fez o orçamento do longa disparar a cada nova criação cênica, mas o resultado valeu bem a pena. Como disse acima, a sacada de várias câmeras foi um charme a mais dentro da proposta de um diretor de fotografia que gosta de trabalhar a expressividade dos atores, mas com isso também recaiu uma cobrança monstruosa para com a iluminação de seus ambientes para que nada ficasse desconexo, e com tons cinzas dominantes, cada cena teve um charme próprio que beirou a perfeição de ângulos e luzes, criando perspectivas que misturaram clássico e moderno.

Enfim, um filme tenso e bem feito, que falhou um pouco por ser lento demais, porém como esse estilo pede longas mais calmos é certo que quem for fã do estilo irá gostar bastante do que verá na telona. E claro que sendo assim recomendo e muito o filme para todos, que mesmo vendo defeitinhos espaçados vai sair satisfeito com praticamente tudo. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia dessa semana, então abraços e até mais pessoal.
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É Fada!

10/09/2016 06:31:00 PM |

Alguns amigos me perguntam o motivo de assistir a todos os filmes que são lançados, pois temos algumas bombas que com toda certeza devemos (e podemos) fugir para não ficarmos traumatizados com o resultado final, e minha resposta é simples, preciso ter parâmetros para quando aparecer uma bomba dizer o quão ruim ela é, e que tipo de explosão fará. Digo isso, pois classificar "É Fada!" como um filme ruim é fácil, difícil é entender o quão ruim ele é, e os motivos que levaram o longa a ficar assim, pois temos romance adolescente que sempre dá ibope e agrada, temos elementos fantasiosos que costumam dar um tom engraçado, tem palavrões mascarados que costumam divertir, e até tem animaizinhos fofos que sempre fazem o público se emocionar, então aonde está o erro? Simples juntar tudo num pacote sem rumo e querer que dê algum resultado. E quando você acha que já chegou ao fundo do poço já que já sentiu a água, vem alguém ainda e te afunda a cabeça cantando (Essa fadinha, essa fada, essa fadona) em ritmo de funk-pop, leia rápido a música e entenderá o dilema. Portanto amigos, caso você não queira sair traumatizado do cinema, vá ver outro filme, ler um livro ou até mesmo ficar em casa, pois não vale o preço da pipoca.

A sinopse do longa nos mostra que Geraldine é uma fada que perdeu suas asas por utilizar métodos pouco convencionais em suas missões. Sua última chance para recupera-las será a missão Julia que foi criada somente pelo pai, com muito amor e poucos recursos. Depois de anos, a mãe retorna e passa a questionar a educação de Julia. Eis que surge Geraldine para ajudá-la a vencer os preconceitos e estabelecer novas amizades. Mas Geraldine continua atrapalhada e Julia logo descobrirá que nem todas as fadas são iguais.

A diretora Cris D'Amato já fez longas bem interessantes e bem acertados como "S.O.S Mulheres ao Mar 1 e 2", "Linda de Morrer" e até "Confissões de Adolescente", e sendo assim sabe trabalhar bem o mundo juvenil e até adulto que costuma consumir os longas nacionais, até aí tudo bem, mas acredito que dessa vez o dinheiro fez mais sua cabeça, pois para dirigir essa ideia maluca do filme nem um diretor iniciante colocaria tantos absurdos juntos em um único filme. Não digo que a ideia é ruim, pois se analisarmos bem a história completa poderia agradar como um conto de fadas adolescente aonde uma fada ajuda o relacionamento escolar e familiar de uma garota, mas jogaram tanta coisa em cima da trama, junto com um teor tão infantil que nem em sonho vão conseguir fazer algo pior no Brasil, e olha que saem diversos longas por ano que tentam essa façanha. Outra coisa completamente inútil, olhando agora para o lado mais técnico é o exagero de cenas correndo para o mundo das fadas e para a cidade, parecendo que o botão da câmera quebrou e precisamos acelerar tudo para parecer que a fada está voando de lá pra cá e de cá pra lá, ou seja, técnica precisa ser pensada antes de executar.

Agora vamos falar da grande bomba, ou melhor dizendo, das atuações do filme, e claro que para começar temos de falar da protagonista Kéfera Buchmann, uma youtuber que tem se dado muito bem na internet com seus vídeos, e que nesse populismo das distribuidoras colocarem "pessoas da mídia" para dublar personagens e ganhar assim ao menos uma publicidade "gratuita" para seus filmes pegou ela para algumas animações e viram que a jovem que é atriz e cantora também serviria para atuar em um filme dela, e claro que com 7 milhões de assinantes em seu canal já garantiriam um bom retorno para o filme, pois bem, espero realmente que os 7 milhões vejam o filme, pois senão a chance de ninguém mais ver é altíssima, já que a atuação que entregou para sua Geraldine é algo completamente forçado, cheio de miquices atrapalhadas e em momento algum (ou melhor dizendo apenas na cena final, antes da música) ela conseguiu demonstrar ter uma expressão definida para empolgar, ou seja, fizeram um filme para ela somente pelo dinheiro que podem arrecadar, pois se fossem esperar algo dela, estariam pegando qualquer outra atriz para o papel. A jovem Klara Castanho até soou bem expressiva em alguns momentos com sua Julia, e a jovem tem personalidade clara para segurar boas cenas e pode ser que mais para a frente mostre um talento maior. Mariana Santos até tentou parecer perua com sua Alice, mas longe de dar qualquer conselho como mãe, pois cada cena que pareceu se importar ficava pior ainda no estilo, a atriz até tem um potencial na interpretação, mas está bem longe de agradar com um papel nesse naipe. Silvio Guindane até fez um bom pai para a jovem e soube dosar a emoção nas cenas que precisou, mas como o foco familiar ficou bem distanciado na maioria dos momentos, o ator foi mais enfeite de cena do que serviu para algo. Dos demais personagens, todas poderiam se dar muito bem em cena, afinal como disse no começo, a diretora já dirigiu diversas adolescentes e certamente saberia dosar os ânimos da escola, caso o filme ficasse mais dentro desse âmbito, mas é raro achar alguma boa cena dentro de todas as jovens, somente valendo o momento confissão de Bruna Griphão com sua Verônica dentro do banheiro.

Um dos pontos positivos da trama, se é que dá para achar algum, foram as locações escolhidas para desenvolver a trama, pois temos uma escola bem interessante para filmes, uma mansão num estilo que ninguém odiaria ficar ali (mesmo com uma mãe estranha), um apartamento grudado num viaduto que deu um charme interessante para a casa da jovem, mas que deve ser impossível dormir direito com todo o barulho (e eu ainda reclamo do barulho do meu ar-condicionado), e claro que até mesmo a floresta encantada da fada ficou com um ar bem montado para um filme que desejasse funcionar passando por lá, ou seja, mais bons elementos que soltos funcionariam, mas que no filme acabou sendo bagunçado demais para agradar.

Durante todo o longa fiquei pensando, nossa escolheram boas músicas para acompanhar as cenas, e mesmo o filme estando chato demais para acompanhar, a questão musical estava me agradando, daí vem subir os créditos e como diria alguns Pah! na cara, vem um funk maluco cantado pela própria protagonista usando o duplo sentido da letra (Essa Fada, Essa Fadinha, Essa Fadona) que se lermos rapidamente vira (É Safada, É Safadinha, É Safadona), ou seja, algo completamente desnecessário, que me fez esquecer qualquer outra boa música que estava tocando antes.

Enfim, é um filme que não vale o preço do ingresso, e com certeza valeria a menor nota do site, mas como minha irmã (a qual ficou me azucrinando para ir ver o quanto antes esse filme, pois seria o último da semana) disse, assim como a protagonista do longa te dá três opções para escolher de suas mágicas, também lhe darei 3 coelhos no filme, e digo mais você que está lendo tem no mínimo 3 milhões de outras opções de filme para ver, ou pelo menos 3 outras coisas boas para fazer ao invés de ir ao cinema conferir "É Fada". Fico por aqui agora, mas vou indo para o cinema conferir alguma outra coisa que preste para apagar esse terror da minha mente.

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A Maldição da Floresta (The Hallow)

10/09/2016 02:09:00 AM |

Junte uma história simples com o folclore regional assustador e pronto você terá um longa de terror sensacional. Já falei isso diversas vezes para os roteiristas que conheço e muitos não levam a sério, pois se funcionou bem para a Irlanda que possui bichões estranhos parecidos com aliens, porque não funcionaria no Brasil que temos tantas lendas aterrorizadoras? Pois bem, se muitos ainda acham que a ideia é ruim, vá para o cinema e confira "A Maldição da Floresta" que combinou seres folclóricos da floresta com a tradicional ideologia de levar embora uma criança, e se você acha que essa simplicidade não vai lhe assustar, adicione um pouco de biologia sobre parasitas hospedeiros, e aí meus amigos é criar a tensão com a iluminação correta e criar uma perspectiva de pânico. Pronto em pouquíssimas palavras resumi completamente o longa que possuiu mais erros na execução (barulho de chuva e nada de água caindo, iluminação de luzes imensas como se fosse o luar, e exageros em cenas que não necessitavam) do que na história e sendo assim o resultado é algo que vai deixar muitos com medo, e principalmente funcionar para quem sabe alguma continuação arrepiante com o conceito de não deviam ter mexido com a floresta que deram já nos créditos. Ou seja, um excelente exemplar de terror que vale a pena ser conferido.

Por questões econômicas, o conservacionista Adam Hitchens aceita um emprego em uma remota floresta na Irlanda, esperando encontrar uma vida nova para ele, sua esposa Clare e seu filho recém-nascido. No entanto, ao chegarem na casa nova, um agricultor com fortes crenças na tradição local o alerta para parar de mexer naquelas terras sagradas. Quando alguém invade a casa dos Hitchens a noite, querendo fazer mal a criança, e a polícia não descobre quem fez isso, o casal vai ter que lutar para proteger seu filho e sobreviver diante de misteriosos seres que habitam aquele bosque.

Se tem uma coisa que me deixa feliz é quando jovens diretores que já fizeram diversos curtas do gênero assumem a direção de um longa apropriado e acertam a mão logo de cara, fazendo de sua estreia no cinema de terror algo primoroso e que certamente lhe abrirá novas portas para que tenhamos mais filmes do estilo com funcionalidade. Digo isso pois muitas vezes vamos conferir um filme de terror e da mesma forma que entramos na sala do cinema, sentamos, comemos nossa pipoca, e saímos da sala como se não tivéssemos visto nada, e as propostas de muitos jovens tem sido a de que você saia horrorizado com algo, preocupado com a situação e claro com medo de algo mesmo que a ideia folclórica esteja a quilômetros de distância de onde você vive. E aqui o jovem Corin Hardly foi preciso tanto na simplicidade de seu roteiro, mas se baseando bem no folclore irlandês e na ideologia biológica de parasitas hospedeiros, quanto na forma de dirigir para que cada cena fosse bem contada e não apenas com protagonistas correndo de monstros (o que certamente poderia ocorrer com uns bichões que aparecem). Claro que sempre temos a tradicional ideia de porquê raios o cara vai entrar ali, ou pior ainda, porque ele vai mexer em algo morto com o filho nas costas, mas temos de lembrar que estamos em um filme de terror e se nada disso ocorrer, o longa acaba com menos de 10 minutos, então os acertos vão fundo e o bicho pega.

Quanto das atuações, Joseph Mawle fez de seu Adam um personagem bem interessante com nuances passando desde o pai amável e bonzinho, indo pro lado mais pesado na correria contra os monstros e até chegando ao desesperador mote da incorporação, trabalhando tanto os olhares quanto as atitudes e vozes para chegar ao ápice do seu encerramento clássico, mas bem feito, ou seja, um ator completo que mostrou aptidão clara para tudo dentro de um longa de terror. Bojana Novakovic ficou inicialmente surpresa demais com o que viu, fazendo caras de susto até mornas demais para sua Clare, porém ao mostrar a força e desespero de uma mãe, botou o olho e a entonação num turbo e saiu desesperada pela floresta agradando demais em todo o contexto. Michael McElhatton foi sinistro demais para o papel de Colm, e fez semblantes fortes demais para uma história mal contada dentro da trama, quem sabe um spin off agradaria para mostrar como sua filha sumiu, mesmo que isso seja mostrado mais para frente, porém o estilo do ator ficou falso demais para crermos nele, e isso é algo que um papel de padre por exemplo agradaria bem mais. Quanto a interpretação de todos os atores que fizeram os Hallows, só tenho de dizer ótima maquiagem e ótima desenvoltura corporal para realmente causar.

Quando acertam na escolha de locações para longas de terror é raro algo atrapalhar, e aqui o casebre no meio de uma floresta monstruosa não só serviu perfeitamente para o mote da trama, como nos faz perguntar que raios a família foi fazer lá (e a jovem moça ainda exclama: parece que estamos acampando!!! Nem por reza iria acampar num lugar desse), e claro que para deixar o filme mais tenebroso ainda, colocaram diversos elementos cênicos velhos, facões, depósitos recheados de coisas estranhas, e uma gosma preta muito estranha que nem a melhor explicação biológica serviria para representar aquilo, mas serviu ao menos para causar tensão. A equipe de maquiagem também deu um show a parte para criar as criaturas estranhas da floresta, que num misto de composições de madeira e gosma ficaram sinistras. E claro que aí vem o Coelho e aponta o maior furo da trama, que ficou a cargo da equipe de fotografia, pois já disse aqui algumas vezes que é melhor pecar por falta de luz num longa de terror do que tentar imitar a luz da Lua de maneira falsa, e aqui diversas vezes o longa parece estar no maior clima de tempestade, e a luz que entra pela janela é mais forte que se eles tivessem em plena Las Vegas, o mesmo ocorre nas cenas de correria na floresta, então é legal vermos os elementos cênicos no meio da escuridão, mas precisam pecar menos nesse quesito, talvez lanternas mais potentes nas mãos dos personagens (ao invés das de diodo fraquinhas) agradariam bem mais, mas nada que tenha estragado o resultado da trama, então apenas um erro técnico chato que só os chatos vão reclamar.

Enfim, um filme bem interessante, com uma ótima proposta e que realmente assusta. Como disse possui diversos pequenos erros, mas que não atrapalham o resultado final e que quem gostar de bons longas de suspense/terror irá gostar muito do que verá na telona. O filme poderia terminar com os caminhões saindo após mostrar a gosma novamente, para dar um ar de continuação que já estaria ótimo, aí me colocam um grito e uma aparição nada a ver no meio dos créditos que até agora estou procurando entender o pra quê daquilo, mas como já era crédito não irei tirar pontuação, apenas dizer que foi inútil. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas hoje ainda verei outros longas, então abraços e até breve meus amigos.

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Assassino à Preço Fixo 2 - A Ressurreição (Mechanic: Resurrection)

10/08/2016 07:58:00 PM |

Filmes de ação costumam sempre empolgar, mesmo que para isso utilize das tradicionais cenas que ficamos abismados, por exemplo 1000 tiros dos vilões no mocinho que passam sequer raspando e 1 tiro do mocinho que mata 10 vilões ao mesmo tempo, mas como já sabemos que vamos sempre ver isso, o jeito é relevar e curtir todo o restante, pois "Assassino à Preço Fixo 2 - A Ressurreição" não possui o mesmo primor que o longa de 2011, muito menos o charme do original de 1972, mas consegue funcionar tão bem nas cenas em que o protagonista mostra suas habilidades para preparar o ato de suas mortes, que acabamos nos divertindo e até querendo mais calma nessa execução, ou seja, poderiam fazer uma série aonde cada episódio seria uma das mortes, para que tudo fosse bem desenvolvido e agradasse até mais do que o longa todo nos proporciona. Porém como temos que nos contentar com o que foi mostrado, temos um filme bem interessante de assistir e veremos se a bilheteria irá empolgar também para que tenhamos "a origem da Fênix" já que já morreu, ressuscitou, morreu de novo, e o que virá a seguir?

Vivendo escondido no Rio de Janeiro há cinco meses, Arthur Bishop é descoberto por uma capanga enviada por Riah Crain, um velho conhecido da época em que viveu no orfanato. Crain quer que Bishop retorne à vida de assassino para eliminar três pessoas que atrapalham bastante seus negócios, mas com uma exigência: que as mortes sempre aparentem terem sido acidentais. Para tanto, usa como isca Gina, uma ex-agente que dá aulas na Tailândia, por quem Bishop está interessado.

Se no primeiro filme a ideia de ensinar alguém seus truques foi mais bem elaborada, aqui os roteiristas se preocuparam mais com as cenas de ação do que em tentar criar uma história mais coerente e instigante, pois o romance acontece de uma maneira completamente jogada, a história do orfanato é dita apenas de enfeite, apenas o elo dos três assassinatos é montado pelo protagonista para que ele decida o que fazer, pois o filme todo acaba acontecendo e rolando sem muitas perspectivas de história, o que se olharmos a fundo iremos apenas reclamar, mas se formos por toda empolgação que ele causa dentro do conceito de um bom longa de ação, o resultado muda completamente. Por isso que insisto em transformarem a história toda em uma série, que seria incrível de ver cada momento criado pelo diretor naquele ato, e aí sim o conteúdo sendo transformado para um grande desfecho ou início de uma nova temporada. Ou então que os roteiristas tivessem trabalhado mais para criar um enredo completo e não apenas um filme de ação. Outra grande diferença entre o primeiro filme e esse novo ficou na mudança de diretores, pois Dennis Gansel trabalhou bem menos os atores do que Simon West, e isso é notável nas cenas que possuem mais diálogos, pois os protagonistas logo se esquivam de ficar muito tempo desenvolvendo e partem logo para a ação, enquanto notoriamente esquecemos do que cada um representa.

Tirando o detalhe da expressividade nos diálogos, temos claro que pontuar que Jason Statham beirando os 50 anos ainda se acha o moção galanteador e completo astro das lutas, pois a cada cena que vemos no filme, seu Bishop faz algo mais impossível ainda e se mostra com mais gás do que na cena anterior, ou seja, um misto de 007 com Rambo e McGyver que não economiza tempo nem força para conseguir alcançar sua meta, e isso é bacana de ver na personalidade tanto do personagem quanto na de Statham, pois eles são quase um mix só que flui facilmente pela tela, e acaba empolgando por tudo o que faz. Jessica Alba como sempre é um colírio para os olhos, e talvez seja por isso que é tão fácil a forma que o romance acontece entre sua Gina e o protagonista, mas convenhamos que poderiam ter utilizado mais ela, e ela se mostrou apta para isso, fazendo boas cenas de luta e usando de olhares para chamar a responsabilidade para si nos momentos certos, o que faltou foi o diretor querer isso. Sam Hazeldine foi praticamente jogado na personalidade de seu Crain, e isso é algo que confunde um pouco o espectador, pois em diversos momentos vemos o ator desenvolvendo o papel sem saber o rumo que deseja atacar, e teoricamente ele é o vilão da trama, mas precisou passar quase o longa inteiro falando ao telefone para somente na última cena mostrar o que o protagonista falou que ambos foram treinados para serem guerreiros, e cadê a luta então, na última cena é mostrada, mas antes o cara foi quase um narrador apenas. Agora a grande piada do ano ficou a cargo do personagem de Tommy Lee Jones, pois um senhor de 70 anos aparecer como um traficante de armas no melhor estilão caribenho com cavanhaque, óculos laranja e a maior pinta de mal com seu Max foi algo que já valeu a pena demais, e com certeza iremos torcer muito para caso ocorra uma continuação ele volte, afinal seus trejeitos foram bem bacanas de conferir.

Agora com toda certeza os produtores do longa são corajosos demais, pois se gastando 40 milhões no primeiro longa ganharam 62 milhões, praticamente só pagando o custo, agora certamente gastaram bem mais com viagens por diversos países e claro cenas incríveis de ação, mas isso mostrou também o grande potencial da equipe artística para escolher as locações (ainda estou em dúvida se filmaram realmente no Rio de Janeiro ou se a computação fez o trabalho todo) e preparar bem cada cenário do filme, pois são barcos incríveis, prisões aterrorizantes e arranha-céus perfeitos de ver em cena, que junto de todo um arsenal completo de armas fez o filme ficar dentro do conceito de ação na medida certa para empolgar. A fotografia ousou bem em iluminações claras para mostrar que não usou quase truque algum em cena, e isso é bacana de ver em um longa de ação, e digo mais, pelos ângulos que o diretor escolheu, se converterem o longa para 3D quando lançarem em mídias físicas, é capaz que o resultado fique bem interessante, pois temos diversas perspectivas tridimensionais interessantes de se ver.

Enfim, é um filme bem interessante e bacana de ver, que pecou sim por correr demais com a história, e ter acontecimentos não tão bem planejados, mas no contexto geral de ação acaba valendo bem o ingresso e a diversão acaba sendo garantida. Portanto como costumo dizer nesse estilo de filme compre um combo de pipoca bem grande e se divirta assistindo sem prestar muita atenção aos detalhes que aí sim o programa fica perfeito. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã cedo com mais um texto, afinal agora vou conferir mais um longa que não dará tempo de publicar o texto hoje, então abraços e até amanhã galera.

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