Quando As Luzes Se Apagam (Lights Out)

8/19/2016 01:31:00 AM |

Acho engraçado quando vou conferir um longa de terror e logo de cara na primeira cena já nos mostram como iremos assustar ou com o que devemos ficar temerosos, pois já meio que estraga o conteúdo completo, afinal o público nem mais pula da cadeira ou se arrepia com as cenas seguintes, e esse sim é o barato do gênero. Dessa forma "Quando As Luzes Se Apagam" até possui um clima bem tenso, todo trabalhado com a pouca iluminação cênica e um desenvolvimento equilibrado na medida, mas acaba faltando um quê a mais para que o público fique o tempo todo preso na ideia dos personagens e aonde desejavam chegar. Claro que isso é de praxe uma exigência em filmes de terror, mas o longa nos preparou tanto para os sustos em todas as cenas que são raros os momentos que nos pegam desprevenidos. Ou seja, está longe de ser um filme ruim, mas também ficou longe do pavor que o curta (quem quiser ver clique aqui) acabou causando na maioria do público, e assim sendo até vale o ingresso para quem gosta do estilo, porém nem todos sairão com medo do escuro, como o filme poderia deixar.

O longa nos mostra que desde que era pequena, Rebecca tinha uma porção de medos, especialmente quando as luzes se apagavam. Ela acreditava ser perseguida pela figura de uma mulher e anos mais tarde seu irmão mais novo começa a sofrer do mesmo problema. Juntos eles descobrem que a aparição está ligada à mãe deles, Rebecca começa a investigar o caso e chega perto de conhecer a terrível verdade.

É interessante observarmos que o diretor David Sandberg fez vários outros curtas desde que lançou seu curta em 2013 e o filme cair na graça de James Wan (que ao meu ver é o atual mestre do terror), que não é nem um pouco bobo e comprou os direitos da história para criar o longa, e assim como fez com os seus primeiros longas de terror, com um orçamento mínimo de US$4,9 milhões, logo no primeiro dia de exibições nos EUA, já se pagou com sobras. O trabalho principal que o diretor fez questão de mostrar, nem se deve tanto ao seu estilo de direção, mas sim ao ótimo trabalho do diretor de fotografia Marc Spicer que praticamente utilizou todo tipo possível de iluminação para que com a mínima luz imaginária conseguisse um resultado expressivo, e assim sendo acabou salvando o longa de ser negativado, pois a apresentação da entidade é tão fajuta e mal-feita que ficamos na dúvida se o final acabou sendo feito com um furo ou é alguma abstração criativa para darem um jeito de fechar a trama, pois a todo momento sim é falado a forma que o elemento sobrevive, mas não bastaria apenas o que é feito para se fechar com dignidade, ou seja, faltou amarrar um pouco mais para a história ser contada com minúcias (mas conhecendo Wan, é capaz que faça a origem do filme como sendo uma continuação, afinal já deu "Annabelle 2" para o diretor comandar, garantindo mais direitos para si).

Já disse isso inúmeras vezes aqui no site, e volto a frisar o que passa na cabeça das crianças que fazem longas de terror após assistirem suas interpretações, ou melhor, dependendo das cenas, nas filmagens também, pois em alguns filmes não são colocados tantos efeitos especiais, mas sim coisas em cena, como é o caso aqui. Portanto ver o temor do garotinho Gabriel Bateman com seu Martin é algo muito interessante, pois ele faz bem suas expressões de medo, e acaba agradando no que faz, afinal já é experiente no estilo pois trabalhou em "Annabelle". Teresa Palmer é uma jovem atriz que sempre consegue cativar nos filmes que faz, mais por sua beleza do que pelo estilo de atuação, porém aqui sua Becca possui um estilo investigativo interessante, o que sempre cabe em bons filmes de terror, mas faltou um pouco para que ela realmente convencesse o medo que estava sentindo. Maria Bello mostrou bem as características da loucura unindo expressão e desespero para que sua Sophie fosse um personagem marcante, pois seria mais prático terem colocado ela como uma coadjuvante completa e a atriz por bem pouco não virou protagonista com suas cenas sempre bem encaixadas nos momentos corretos. Podemos dizer facilmente que Alexander DiPersia foi um figurante de luxo, pois seu Bret aparentou estar completamente perdido em suas cenas, fazendo expressões completamente incoerentes com as cenas e não agradando nem nas cenas mais carismáticas, talvez tendo seu melhor momento na sua fuga. Não chegamos a ver realmente a expressividade mais impactante de Alicia Vela-Bailey com sua Diana, mas a jovem atriz teve bons momentos corporais e acabou agradando. Um leve destaque nem tanto pelo seu papel no longa fica para Lotta Losten que aqui teve uma rápida participação na cena de abertura como Esther, mas sim por ter sido a protagonista do curta que fez tanto sucesso.

O visual do longa foi simples, mas muito coerente com a ideia do longa, somente estranho demais uma pessoa ter um arquivo completo dentro de casa, aonde mostra todos os problemas da pessoa (claro que sem isso teriam de ir para uma outra locação, tipo um hospital antigo para pesquisar mais, e assim o filme ficaria mais caro, mas que seria mais condizente, seria), portanto até foram além nos objetos cênicos do longa, mas principalmente o acerto de luzes de manivela, faroletes, lanternas, velas e tudo mais que pudesse quebrar a escuridão e ainda ajudasse a equipe de fotografia. Como disse no início, o grande trunfo do longa ficou a cargo do mágico que podemos chamar de diretor de fotografia, pois trabalhar bem a escuridão em um longa de terror é algo que poucos conseguem, pois sempre colocam artifícios falsos, e aqui ele trabalhou somente com os elementos cênicos e o resultado foi incrível, aonde os tons mais escuros predominaram junto com os tons alaranjados da vela e o azulado das luzes negras, que deram um charme a mais para o filme.

Enfim, um filme bem feito, mas que acabou falhando por não ter uma determinação maior na formação da entidade que assombra a família, e principalmente por não encaixar os sustos em momentos menos inesperados, deixando que o público apenas assistisse sem ter o real medo de escuro que seria o grande mote do filme (e foi do curta). Portanto até recomendo o longa para quem gosta de um terror mais simples, mas quem for realmente fã do gênero é bem capaz de sair decepcionado com o resultado final, agora é esperar que Wan anuncie o prelúdio do longa, pois lucro com certeza o longa dará. Fico por aqui hoje, mas ainda verei mais um longa nessa semana, então abraços e até breve pessoal.

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