Martyrs

5/07/2016 01:57:00 AM |

Dentro do gênero terror, possuímos diversos vértices para serem explorados, e o torture porn ou torture horror como alguns costumam chamar teve um grande momento na época de "O Albergue" e até um pouco com a série "Jogos Mortais", mas depois de diversos filmes apelativos sem muito conteúdo acabou meio que deixado de lado. E embora "Martyrs" seja um remake de um filme francês de 2008, o conteúdo foi bem trabalhado, e mesmo quem já viu o longa original em nada vai se remeter a ele com o que fizeram aqui. Claro que a ideologia é a mesma, mas o filme conseguiu trabalhar esse gênero que no original acaba soando forte demais e com pontas soltas demais também, para algo mais simples, direto ao ponto e deixando o lado gore mais de lado para não causar tanto. A censura embora seja de 18 anos, não vai chocar quem tiver menos e assistir ao filme, pois em videogames os jovens veem e fazem coisas bem piores do que o que é mostrado aqui. Ou seja, não posso dizer que é um dos melhores filmes do estilo, mas que foi bem trabalhado para condizer com o que queriam mostrar tanto dentro da "religiosidade" como da dramaticidade frente ao desespero que muitos torturados acabam sentindo.

A sinopse nos conta que uma mulher e sua amiga de infância procuram por vingança por aqueles que a torturaram quando criança. Sem lembrar ao certo quem foram seus agressores, elas procuram pela verdade obscura de seus desaparecimentos, por trás dos traumas causados.

Sei que muita gente é contra refilmagens, mas é inegável que os diretores americanos adoram refilmar longas estrangeiros que eles gostem, e prefiram não ver nem dublado, nem legendado, e isso acaba sendo algo quase como uma meta a ser atingida. E claro que em longas de terror costumam, os europeus não economizam em torturas e sangue, de modo que isso chega até incomodar alguns diretores americanos. Então unindo as duas partes, esse novo filme até que não ficou ruim, mas de uma maneira mais leve mostrou algo que "dizem" ter acontecido em diversos lugares de algumas seitas/organizações buscarem encontrar verdades/misticismos ao observar mulheres sendo torturadas, e até poderiam deixar mais de lado a ideia de monstros que colocaram em duas cenas para tentar assustar o público e trabalhar mais o lado psicológico mesmo, que só ele já chega a causar um pouco. Um erro comum da direção do longa foi tentar trabalhar a ideologia do susto segurando um pouco o suspense em algumas cenas, com angulação mais fechada e tudo mais que é característica de alguns longas mais inferiores, porém além de desnecessário, isso acabou deixando o filme até bobo em alguns momentos, mas por ser apenas o segundo longa dos diretores Kevin e Michael Goetz, sendo o primeiro desse gênero, é possível de melhorarem com uma experiência futura.

De certo modo, posso dizer que mesmo sabendo de tudo ser falso, a atriz Bailey Noble ou teve ou terá futuros problemas com a impressão que ficou de tudo o que teve de fazer na trama com sua Anna, pois sua expressividade beirava a realidade de como uma pessoa reagiria após ver tudo o que viu, e isso mostra o que é uma excelente atriz para longas de terror, claro que sua saída do túnel não podia ser mais fake, porém no contexto geral da maioria de suas cenas acaba agradando bastante. Troian Bellisario também saiu-se bem com sua Lucie, e de certo modo mostrou bem a ideia de uma pessoa perturbada após tudo o que aconteceu com ela, claro que em alguns momentos extremos passamos a julgar ela assim como a amiga, como uma louca total, mas ao entender um pouco mais da história vemos que tanto a personagem tem duros motivos para tudo, quanto a atriz por estar interpretando dessa forma. Acredito que faltou um pouco mais de história para ligarmos a personagem de Kate Burton, Eleanor, com a trama completa, pois apenas sua aparição e coisas que faz não dizem muito de onde veio, e qual a real intenção do que está fazendo, mas no geral sua expressividade mais dura agrada e chama atenção. Dos demais personagens, nem somos muito bem apresentados, e a garotinha Sam de Caitlin Carmichael (que com apenas 12 anos já é considerada veterana em longas e séries de terror) até pode ser que caso inventem um segundo longa chame mais atenção, mas aqui apenas expressa seu pavor na sua cena mais marcante.

Sobre o contexto visual da trama, por ser um misto de suspense com um terror mais sujo, o filme trabalhou bem com elementos clássicos da tortura e até exagerou na brincadeira com a representatividade da família bucólica do campo, que sempre desconfiamos de ser algo bonito e honrado demais, mas ao colocar tudo quase que com pontos e vírgulas para mostrar tudo em minúcias (do tipo bem infantil, ó temos uma furadeira, ó a escada é toda cromada, ó as chaves estão brilhando e todas juntas), o filme acaba cansando um pouco pela repetição de algumas cenas, mas tirando essa fadiga, o resultado até passa de maneira bem feita até o momento em que a seita é apresentada, aí me desculpe a equipe de produção, mas duas a três fileirinhas simples em algo que parece bem administrado, é algo ridículo de ver, além de que parece ter 10 pessoas ou mais na casa, e um único carro estacionado da chefona, de modo que isso é coisa de amador demais. Por outro lado, a fotografia evitou ser tradicionalista de querer ocultar coisas para pegar o público desprevenido e assustar, trabalhando mais nas sombras e na subjetividade das cores para que o filme se envolva por si só.

Enfim, não é um filme memorável, mas também não é de todo ruim, tendo coisas bem interessantes de se ver, e principalmente contando uma história bem trabalhadinha, porém poderiam ter desenvolvido mais ao invés de ficar repetindo muita coisa que todo mundo já tinha visto, e assim o longa agradaria bem mais. Dessa forma não diria que seria um longa que recomendaria 100%, mas que de certa maneira até que é válido para o estilo que desejavam mostrar, e sendo assim, quem gostar de longas com torturas e seitas, talvez goste do que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam dois longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve.

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