Jogo do Dinheiro (Money Monster)

5/26/2016 11:56:00 PM |

Ao mesmo tempo que "Jogo do Dinheiro" acaba sendo aflitivo como algo ficcional, o longa acabou esquecendo de trabalhar mais a faceta da realidade que poderia ser incrível, e em diversos momentos até acabamos rindo da situação com falhas de enquadramentos que mostram pequenos deslizes na atuação de Jack O'Connell. Porém o filme possui um desenvolvimento tão interessante que acabamos nos envolvendo com os personagens e até participando opinando o desenrolar da história, pois como a trama trabalhou tão bem para mostrar o realismo e todo o trabalho que existe por trás de um simples programa ao vivo, a dinâmica causada pelos personagens acabam criando as perspectivas mais interessantes possíveis sobre como o desenrolar completo irá fluir, e claro que desse maneira cada um vai tirar diversas opiniões, e felizmente a minha opinião inicial (que vou compartilhar com vocês) de que o sequestro fosse apenas um mote arquitetado pelo apresentador para ganhar audiência não foi a que aconteceu, pois seria previsível e até chata demais de ser vista, e ao desenvolverem uma investigação maior sobre a real causa da quebra de determinada empresa é algo que certamente vai deixar muitos investidores nacionais com a pulga atrás da orelha.

O filme nos mostra que Lee Gates é uma personalidade bombástica de TV que foi transformado no mago do dinheiro de Wall Street graças ao sucesso de seu programa financeiro. Mas depois de recomendar as ações de uma empresa de tecnologia que misteriosamente entram em colapso; um irado investidor toma como reféns Gates, sua equipe e sua astuta produtora Patty Fenn durante uma transmissão ao vivo. Com os desdobramentos transmitidos em tempo real, Gates e Fenn precisam encontrar uma maneira de se manterem vivos enquanto buscam desvendar a verdade por trás de um emaranhado de mentiras e muito dinheiro.

Se existe algo que é difícil demais explicar é o tal mercado financeiro, pois mesmo tendo diversos cursos e tudo mais, até mesmo as pessoas mais experientes em investimentos acabam errando e perdendo dinheiro com alguma companhia que parecia ser um bom investimento, e assim como é a meteorologia, o máximo que as pessoas conseguem dizer é uma previsão, não sendo 100% a chance de acerto. Os roteiristas do filme trabalharam bem essa gama de possibilidades, colocando isso na trama em diversos pontos sem ser exatamente na liquidação de ações, talvez para dar alguma sacada para o público que não conhece tanto do mercado financeiro, talvez apenas para deixar mais engraçado mesmo, e claro que a diretora Jodie Foster que gosta de trabalhar temas sérios, mas sempre incorporando algumas sacadas cômicas, não iria deixar isso de lado, deixando o filme fluindo por um ângulo que de certa forma outros diretores não encarariam tanto o roteiro. E como disse no início do texto, essa "brincadeira" que a diretora acabou deixando fluir, acabou deixando transparecer alguns erros cruciais na trama, que quem tiver um olhar nem tão treinado, vai conseguir ver algumas falhas claras referentes ao uso dos explosivos, à atuação da polícia no caso, e até mesmo no desabafar desesperado da namorada do protagonista, que nem num mundo completamente imaginário acabaria acontecendo. Não digo que florear é algo ruim, afinal estamos falando de uma ficção, então tudo está liberado para ser feito, mas o mínimo de realismo é exigido por quem vai ver um "suspense", como o longa é classificado. E assim sendo, o filme continua sendo excelente pela ótima proposta, pela dinâmica interessante de investigação, pelo final premeditado, mas contundente, mas se a diretora tivesse pesado um pouco mais a mão, e o roteiro não fosse tão cheio de ironias leves para serem trabalhadas, o resultado certamente seria mais sensacional ainda.

Poderia até dizer que o papel de Julia Robers é secundário na trama, já que a dinâmica de palco realmente ocorre entre os dois protagonistas masculinos, mas sua Patty é tão interessante de ver com uma ótima química com o protagonista que nem seria necessário a cena que ele fala bem dela para que o público já saiba todo o ótimo sentimento de parceria que existe entre os dois, e ela fez tão bem o papel, que assim como falávamos no curso, um bom apresentador de programas ao vivo, não é nada sem o seu diretor apoiando através do ponto eletrônico, então palmas mais uma vez para essa atriz que não erra. George Clooney é sempre um ator bem interessante de se ver atuando, e seu Lee Gates é carismático, bem expressivo para todos os momentos, mas poderia ficar sem as dancinhas, pois foi muito fake e não combinou com seu estilo, acredito que nenhum programa financeiro teria essa característica, tudo bem os demais lances, mas entrar dançando não agradou, porém tirando esse detalhe, cada diálogo do ator mostrava mais de sua ótima dinâmica como apresentador, logo devem colocar ele para algum programa assim que se aposentar da carreira de ator. Jack O'Connell também trabalhou muito bem o seu Kyle, sendo expressivo e mostrando realmente toda indignação que um investidor iniciante tem quando bota seu suado dinheiro em algo que indicaram e vai tudo por água abaixo, de modo que acredito fielmente que se colocasse qualquer pessoa real para atuar ali com a ideia na cabeça, teria as mesmas reações, o único adendo é que deveriam ter utilizado algum outro tipo de dispositivo de bomba para ele, pois ficar um filme inteiro segurando um botão vermelho, acabou rendendo altos erros, e se fosse algo real mesmo, o estúdio teria ido pelos ares diversas vezes. Christopher Denham mostrou que vida de produtor nunca é fácil, tem de se virar nos 30 pra fazer o que a direção e o apresentador desejam, e sempre acabam se lascando, de modo que seu Ron foi perfeito, mesmo dentro das piadinhas. Dos demais atores, a maioria teve apenas algumas leves participações, e só vale destacar bem rapidamente Lenny Devito como um bom cameraman, pois qualquer um na situação acabaria correndo ao invés de ficar filmando, e Caitriona Balfer como Diane Lester, por mostrar dinâmica junto de uma boa investigação, pois geralmente relações públicas de empresas não costumam ajudar muito.

Sobre o visual do longa, basicamente conseguiram uma ótima economia, pois fazer um filme dentro de um estúdio, mostrando como é um estúdio de programa é algo fácil para as equipes, afinal todos das equipes de cinema já fizeram TV em algum momento de sua vida, e conhecem ótimas locações para fazer um filme assim, e dessa forma acabaram montando bem o estúdio para receber a filmagem no estilo que o programa pedia, e os bastidores ficaram crus como realmente são, sem precisar de muita frescura com elementos cênicos, e ao fazer a parte externa do longa, a equipe se preocupou bem em colocar diversos figurantes, montar bons lugares aonde as pessoas gostariam de acompanhar um sequestro pela TV, e tudo mais completamente dentro de algo cabível, claro que tirando o detalhe meio maluco de uma população ir pras ruas seguir um maluco com uma bomba no corpo, afinal quem iria pra perto de algo que pode explodir??? E claro que a equipe de fotografia no meio dessa bagunça de protagonistas passeando pela rua com diversos figurantes ao redor sofreu muito para trabalhar bem a iluminação, e conseguiram um feito clássico de manter bem o tom, pois qualquer um trabalharia várias nuances de sombras e justificaria o feito para câmeras ruins, e tudo mais, mas não foram objetivos e trabalharam bem dentro da tonalidade mais simples e agradável.

Ou seja, é um ótimo filme, que foi muito bem feito, mas que possui alguns defeitos que se pudessem ser minimizados, poderiam ter transformado o longa em algo muito melhor do que acabou sendo. Claro que não é algo que atrapalhe uma boa curtição na sessão, e dessa forma acabo recomendando bastante o longa para todos, pois alguns vão ficar tensos com algumas cenas, outros vão se emocionar com algumas atitudes, e com toda certeza todos vão rir bastante de diversas situações, e assim sendo, é algo que vale o ingresso. Bem, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com as outras estreias da semana, então abraços e até mais pessoal.

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