O Cheiro da Gente (The Smell of Us)

4/29/2016 01:07:00 AM |

Logo de cara vemos que "O Cheiro da Gente" não é um filme feito para agradar ninguém, pois o diretor Larry Clark sempre fez questão de trabalhar seus estudos sobre juventude e fazer o que bem entender, sem se preocupar com a aprovação ou não do público que vai assistir seus filmes. E embora aqui a trama seja tão bem contextualizada com o que realmente acontece na vida de muitos jovens, o choque de algumas cenas acaba sendo por hora até forçado demais, não parecendo querer ter um cunho mais real, e sim algo preparado para chocar realmente sem ir a fundo da questão ou motivo de tudo o que está acontecendo ali. Não digo que é um filme ruim, mas apenas algo feito para um público bem restrito mesmo, pois confesso que não pagaria para ver um filme desse estilo, e com toda certeza muita gente também não, mesmo que seja mostrado uma realidade da vida desregrada de muitos jovens que só vivem de drogas, prostituindo para comprar mais futilidades e nem sabem o motivo real de estar fazendo isso.

O filme nos mostra que em Paris, um grupo de jovens se reúne diariamente para andar de skate, fumar maconha e se divertir em meio aos pontos turísticos, sem se importar com os milhares de visitantes que a cidade recebe diariamente. Entediados, ricos, mimados e sempre conectados, vivem uma rotina desregrada e sem objetivos. Mas, aos poucos, a realidade cairá sobre eles e despedaçará a vivência poética.

Ao mesmo tempo que o filme tem uma característica documental, em diversos momentos também soa falso demais e roteirizado demais, e isso ao mesmo tempo que é sadio para que a trama se desenvolva, acaba deixando no ar um algo a mais que poderia ser explorado pelo diretor. Talvez se Larry Clark não fosse tão focado em chocar o público com a realidade nua e crua, seu filme teria uma desenvoltura melhor e mais crível de se assistir, pois sabemos que a juventude mundial está perdida, mas acrescente motivos para justificar sua opinião, e não apenas jogue o acontecer forçando a barra para tudo o que é colocado na trama. Claro que isso é uma opinião pessoal, pois muitos podem gostar de ver cenas de sexo de diversas formas, jovens humilhando pessoas e quebrando tudo o que veem pela frente, apenas por hobby, mas ser mais focado e crível agrada as vezes também.

Como disse acima, em diversos momentos ficamos na dúvida se os jovens estão interpretando realmente ou vivendo sua vida, mas vou jogar com a possibilidade de interpretação completa, então o que tenho para falar sobre Lukas Ionesco como Math, Diane Rouxel como Marie, Théo Cholbi como Pacman, Hugo Behar-Thinières como JP, e Ryan Ben Yaiche como Guillaume, é que certamente todos curtiram muito seus momentos e estavam completamente à vontade para fazer qualquer coisa que o diretor solicitasse, e isso é algo bom de se ver vindo de jovens, pois geralmente alguns costumam ser tímidos frente às câmeras, mas aqui se soltaram totalmente.

Esqueça completamente qualquer coisa charmosa que possa aparecer por estarmos em Paris, pois o que nos é mostrado pela direção de arte é algo completamente jogado ao submundo da cidade, com locações não tão representativas, mas utilizando muitos recursos de elementos cênicos para que cada cena se encaixasse bem com o momento próprio, e claro, fosse bem crua de realismos, de modo que misturasse tanto a realidade a ponto de como disse também no começo nos remetesse quase à algo documental. Destaque de elementos cênicos para a festa na casa do ricaço, aonde os jovens destroem tudo. A fotografia também trabalhou alguns elementos mais escuros para dar uma pesada na mão, mas nada que chegasse a impressionar, deixando se levar bastante para filmagens em diversos estilos, algumas com celulares, outras botando efeitos, mas nada que fosse relevante para falar que teve um estilo próprio.

Enfim, é um filme peculiar, que pode servir para estudo de caso da juventude, mas que também necessita de um tempo maior para se digerir qualquer coisa que desejavam nos mostrar ali, pois o somente chocar sempre possui algo subjetivo por trás que ficamos sem ver numa primeira observação, mas como disse não é um longa que faz meu estilo e não reveria ele para analisar mais coisas, e sendo dessa forma, só o recomendo se você realmente não se chocar fácil com cenas de sexo e outras loucuras possíveis de se ver em um filme quase surreal dentro de uma realidade real. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto daqui a pouco com o texto do outro longa de hoje, então abraços e até daqui a pouco.

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