Mente Criminosa (Criminal)

4/16/2016 01:59:00 AM |

Se existe uma coisa que me intriga no mundo obscuro do cinema é a contramão que alguns bons filmes acabam seguindo, pois não divulgam sequer um trailer, ou um banner atrativo na porta dos cinemas, ou sequer qualquer campanha em sites especializados para que o público vá conferir, e digo mais, não são longas com atores desconhecidos, mas sim elencos de peso que facilmente atrairiam um público razoável para todas as sessões, e com isso o lucro iria lá em cima, mas não, preferem lançar de forma bem escondida, na menor sala dos cinemas, e em horários quase que impossíveis do público conferir. Mas como sou persistente, é claro que fui conferir "Mente Criminosa", sem sequer ler a sinopse ou ver um mísero trailer em uma das muitas sessões que confiro nos cinemas, e o que posso falar com toda certeza, é que saí abismado da sessão tanto pela história bem interessante que foi contada, quanto pelo nível de elenco que foi colocado dentro da produção. Claro que muitos sites estão focando muito mais nos erros da trama (que não são poucos, desde coisas irreais, até furos no contexto completo), mas a trama acaba sendo tão envolvente que me lembrou muito a saga Bourne completa em alguns momentos, e se o filme não decolar, certamente a ideia será adaptada para alguns outros longas mais famosos (talvez um 007 ou algo do tipo), pois é algo interessante e bem complexo de se pensar na possibilidade de algo desse estilo tanto para filmes românticos, quanto para o gênero policial como foi o caso aqui, só não necessitavam de tanta loucura para agradar mais, pois as vezes a simplicidade envolveria e chamaria mais atenção do que cenas com diversos carros, helicópteros e explosões.

O longa nos mostra que Bill Pope (Ryan Reynolds) é um agente da CIA em meio a uma importante investigação. Ele acaba assassinado por um temível anarquista, deixando seus superiores na agência repletos de dúvidas sobre seu último caso, que envolvia a proteção de uma testemunha. Com a ajuda de um médico, o chefe de Pope transfere todos seus segredos, memórias, sentimentos e habilidades para um prisioneiro imprevisível e perigoso. Instável, ele será a única solução da CIA para evitar consequências terríveis para os Estados Unidos e o mundo. Ao mesmo tempo em que tenta seguir sua vida, o criminoso terá que aprender a lidar com novos sentimentos, inclusive um certo carinho pela esposa e pela filha do falecido agente.

Certamente não é um longa que o público especializado vai falar "nossa que obra prima", primeiro que o roteiro embora passe uma ideologia de algo possível de acontecer, acaba perdendo alguns bons minutos tentando explicar como farão a tal "transfusão" cerebral, e isso poderia ser algo reduzido na tela focando mais em outras coisas, depois o exagero em repetir diversos momentos que já foram nos mostrados para enfatizar detalhes nem tão importantes para a trama, mas que os roteiristas acharam importantíssimos e assim sendo o diretor foi na onda e acabou mostrando tudo de novo, e por último algo que "queimou o filme" do filme foi a recusa de Nicolas Cage para ser o protagonista, e como todos bem sabemos, o ator aceita fazer qualquer coisa, então só com isso, o filme já entrou de cara manchado para com os críticos que foram com 150 pedras em cada mão para achar somente erros. Como não gosto de ficar procurando defeitos, e sim curtir o que cada longa deseja passar de bom no seu devido momento, cá que posso dizer que o diretor Ariel Vromen trabalhou bem o último roteiro escrito por Douglas Cook antes de sua morte (o longa é dedicado à sua carreira), e David Weisberg, para que o conteúdo de um drama policial ficasse mais próximo de uma ação mais dinâmica, e isso é um ponto que não necessitaria ser feito, pois a tensão causada por algo mais subjetivo acabaria envolvendo bem mais do que a correria atrás do protagonista, e aí trabalhado bem os elementos densos de ambas as personalidades, teríamos um filme daqueles que sairíamos do cinema com o queixo no chão. Não digo que o que foi entregue é algo ruim, só foi mal desenvolvido para o estilo, e tirando esse mero detalhe, a trama toda consegue ser bem inteligente e agradar bastante, principalmente pelo conteúdo completo, e claro, alguns planos bem colocados para chamar atenção do público.

Já frisei no começo a qualidade do elenco, e posso dizer sem dúvida alguma que a substituição de Nicolas Cage por Kevin Costner foi algo que elevou o nível da trama em muitos pontos, pois ao invés de um prisioneiro mais rústico, teríamos alguém completamente caricato dentro da personalidade de Jerico, e Costner trabalhou até que bem as dúvidas principais do personagem, colocando seus trejeitos fortes para realizar indagações criativas e mantendo sempre um semblante bem icônico, não ficou forçado demais, agradando nos pequenos momentos, e claro nas grandes cenas mais dialogadas. Gal Gadot (nossa nova Mulher Maravilha) fez bem o papel de Jill, mostrando frieza, medo e principalmente paixão ao descobrir as memórias do marido, transparecendo bem somente no olhar e no sorriso, sem precisar forçar uma sobrancelha a mais para envolver. Tommy Lee Jones já não é mais aquele ator que corre e tem tanta dinâmica para mostrar de antigamente, e claro que o seu Dr. Franks (uma clara homenagem a Victor Frankenstein) nem tinha essa premissa na personalidade, mas poderia certamente fazer mais parte do filme, não sendo apenas um elemento conectivo entre as partes, afinal todos sabemos o quão bom é o ator que envolveria mais a sabedoria da passagem de memórias entre pessoas. Gary Oldman também ficou exagerado demais na personalidade desesperada do chefe da CIA Quaker Wells e mesmo mostrando sua garra expressiva em diversos momentos, poderia ser mais subjetivo do que alguém que vai lá e faz, afinal ele é o chefe, e a galera debaixo que deveria agir. Até tentaram fazer de Jordi Mollà, um vilão odiável daqueles para chamar bastante atenção com seu Heindahl, mas o que deveria acontecer com Oldman, acabaram fazendo com ele, deixando bem de lado e sendo subjetivo demais nas suas ações, claro que sua cena inicial torturando Reynolds foi excelente, mas depois virou quase um elemento simbólico dentro da trama. E para que Mollà ficasse simbólico foi necessário que alguém assumisse a vilania na rua, e o papel de Antje Traue foi tão bem feito que a ruiva alemã passou a fazer de sua Elsa quase uma daquelas mulheres que você pode dar mil tiros que não vai morrer enquanto não levar você para o inferno, e para isso fez ótimas expressões, mesmo falando muito pouco. Ryan Reynolds aparece bem no começo em fuga com seu Pope, e o ator como sempre mesmo fazendo pequenas participações consegue agradar, dando um estilo seu para que nas cenas menores depois que dá as faces ficasse subjetivo e interessante de ver. E para finalizar, Michael Pitt foi responsável pela cena explicativa repetitiva de seu Holandês, mas o jovem ator até fez boas expressões para que isso fosse visto mais que uma vez, ou seja, agradou no pouco que fez.

No conceito cênico, a trama até conseguiu boas locações em Londres para as grandiosas cena
s externas aéreas, e nas locações fechadas, como a casa dos Pope e o laboratório do médico, procuraram dar detalhes dos elementos cênicos bem didáticos para realçar tanto a memória do protagonista quanto mostrar ao público o motivo de cada elemento ser importante para o momento, claro que isso acaba ficando grudento demais, mas é bacana de ver, e mostra a preocupação da equipe de arte em detalhar tudo no filme. A fotografia não diria que foi das melhores do gênero, pois poderia causar um pouco mais de suspense em determinadas cenas, mas de modo geral agradou com as sombras e tons escolhidos.

Enfim, o longa está bem longe de ser perfeito e ser considerado como algo obrigatório de ser visto, mas surpreende de tal modo pela simplicidade dos elementos, que os diversos erros acabam sumindo quando se vai na sessão apenas para curtir algo que você sequer sabe o que será mostrado. E sendo assim, com toda certeza acabo recomendando o longa para todos, e garanto que mesmo sendo chato para reparar em todos os defeitos, é capaz que a maioria se divirta bastante com toda a situação criada. Bem é isso galera, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia da semana, então abraços e até mais.

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