Cinquenta Tons de Preto (Fifty Shades of Black)

3/06/2016 07:45:00 PM |

O estilo de paródias sempre funcionou no cinema, e por mais incrível que pareça, as equipes conseguem reproduzir o estilo do filme original em detalhes, gastando bem menos e com isso acabam lucrando bastante com o público que vai rir das sátiras feitas. Marlon Wayans já pode considerar quase que o rei do estilo, pois se surge um novo blockbuster que dá para ser zoado, lá está ele pronto para azucrinar a vida dos produtores do longa original. Em "50 Tons de Preto", o ator e roteirista brinca não só com o longa erótico como azucrina a vida de outros filmes e cantores, e claro que quem entende as referências acaba se divertindo bastante, mas não posso defender tanto a trama, afinal ela é daquelas extremamente apelativas que só divertem no momento em que forçam a barra, enquanto nos demais momentos, os quais tentaram criar uma história mais elaborada, o filme acaba ficando morno e sem graça de acompanhar.

O longa nos mostra que Christian Black é um empresário milionário, que recebe a estudante Hannah em seu escritório. Insegura e simplória, ela foi no lugar da amiga Kateesha para fazer uma entrevista para o jornal da faculdade. Não demora muito para que eles flertem entre si, apesar das trapalhadas cometidas por Hannah. Black passa então a rondá-la, disposto a atraí-la ao mundo secreto e cheio de brinquedinhos que armazena em seu luxuoso apartamento.

Embora possa parecer maluquice, esse é um dos estilos que não reclamo de não ter uma história desenvolvida no roteiro, afinal é feito apenas para esculhambar os demais filmes, e não para criar alguma coisa mais presente. E por incrível que pareça, o erro maior do longa foi tentar criar um conteúdo maior para juntar as histórias, e com isso, ao invés de divertir apenas com piadas sujas, o filme acabou ficando morno demais, não convencendo nem para um lado, nem para o outro, pois nos momentos aonde aparecem as piadas, quem entender as referências aos demais longas vai rir bastante, mas logo em seguida temos um período alongado de história fraca, para só mais na frente voltarmos com alguma nova piada boa. E assim, o contexto da trama ficou oscilante demais para ser considerado como um bom filme e falhou demais ao colocar poucas piadas para que fosse considerado uma boa paródia, e assim sendo Rick Alvarez precisa sentar melhor com Wayans para decidirem que rumos querem atingir, afinal segundo o próprio Wayans já começaram a escrever a continuação do clássico do humor dos anos 2000, "As Branquelas", e se estragarem esse aí sim a coisa vai ficar preta pro lado deles. Quanto à direção de Michael Trades, ele não é nenhum inexperiente em paródias e deveria ter trabalhado melhor o estilo no filme, mas deve estar querendo filmar algo mais clássico, e gostou da história ter um viés linear também, aí foi onde caiu forçado e errou feio, mas sem dúvida alguma, se separarmos do besteirol que é a história somente as esquetes, aí sim podemos dizer que seu trabalho foi preciso e bem feito.

Marlon Wayans é um ator expressivo, e consegue fazer diversos tipos de caretas, micagens e afins, trabalhando sempre com bastante desenvoltura os seus personagens, e aqui não foi diferente, pois estava disposto à mostrar que seu Black é bem melhor que o modelo Gray, sendo assim malhou para estar com o corpo em dia, e fez até poses "sedutoras" para convencer as mulheres fãs do original, mas seu momento mais engraçado, que já está inclusive no trailer, sem dúvida alguma é a tortura máxima de ler o livro original para sua namorada amarrada. Kali Hawk também tentou ser melhor que Dakota Johnson, mas ficou tão insossa quanto, e por não ser humorista como os demais, ainda não conseguiu ter nenhum momento para destacar, ou seja, ficou bem perdida no meio de saber se atuaria ou brincaria com a personagem. Um dos destaques humorísticos da trama com toda certeza ficou a cargo de Affion Crockett com seu Eli ou melhor Weekday (parodiando o cantor Weeknd com seu cabelo irreverente), claro que pra isso abusou também de mostrar sexologias forçadas, mas me diga uma paródia que não tivesse isso, então o acerto foi bem feito. Jenny Zigrino tentou ser a gordinha chamativa por sexo que certamente seria feita por outra atriz famosa, afinal é seu estilo, mas a atriz até que fez bem as expressões forçadas de sua Kateesha, e nas suas cenas conseguiu chamar mais atenção que a protagonista.

Sobre o conceito visual da trama, a equipe de arte trabalhou bem nos elementos dos cenários para que cada filme mostrado ficasse bem representado, e principalmente, o público conseguisse distinguir facilmente. Claro que muitos filmes passarão despercebidos de todos, mas a equipe colocou elementos fáceis de serem conectados por todos, usando até o recurso de etiquetar os chicotes usados por diferentes filmes de escravos. Não diria que foi o mais original nesse quesito de paródias, mas souberam trabalhar bem ao retratar o filme principal com clareza e verossimilhança. A fotografia foi feita do modo mais tradicional possível, sem muitas firulas colocou a câmera de modo estático e os atores fazendo as mesmas cenas do original, sem muito envolvimento, claro que dando um ou mais closes nos elementos sujos para que o filme cadenciasse como queriam.

Enfim, não é a melhor paródia que já fizeram, porém num contexto geral diverte, mas volto a frisar que precisam decidir se vão fazer uma paródia ou vão querer criar uma história maior com roteiro, toda bonitinha, pois senão o risco de uma próxima paródia ficar ruim de história e também sem piadas vai acabar frustrando o público que gosta do gênero. Então se você gosta de ligar referências com diversos filmes e não liga de ver alguns pênis passeando pela tela, pode ir ao cinema que irá rir com certeza em diversos momentos do filme, mas não espere algo excelente, pois aí a frustração será grande. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um post no site, então abraços e até breve.


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