Como Ser Solteira (How To Be Single)

2/27/2016 07:57:00 PM |

Acho interessante quando a proposta de uma comédia romântica funciona sem ficar necessariamente focada na melação exagerada, pois isso vive se repetindo filme após filme. E no longa "Como Ser Solteira", a ideologia até trabalha com o estilo visto em diversos outros longas, mas consegue deixar no ar a mensagem de que para vivermos uma vida melhor sozinho ou até mesmo acompanhado de alguém, precisamos antes nos conhecer melhor e saber o que realmente queremos. E claro que pra isso, o longa trabalhou bem quatro dinâmicas diferentes, usando como base cada uma das protagonistas que se intercalam mostrando cada vértice, passando desde a que ama ser solteira e vai viver sua vida sempre na gandaia, a que prefere o estilo profissional e tem medo de não ser 100% independente, a que quer a qualquer custo um romance completo para casar usando de tecnologias para isso, e a que não sabe o que quer, e tenta de tudo um pouco. Com isso temos bons estilos de pensamento, e claro, muita diversão pelas situações que acabam ocorrendo.

O filme nos mostra que existe um jeito certo e um jeito errado de ser solteiro, além disso... existe Alice, Robin, Lucy, Meg, Tom e David. A cidade de Nova York está cheia de corações solitários que buscam o par ideal, seja ele uma conexão de amor, uma ficada, ou alguma coisa no meio disso. E em algum lugar entre essas mensagens provocantes e saídas de uma noite só, o que todos esses solitários têm em comum é a necessidade de aprender a ser solteiro em um mundo cheio de constantes evoluções sobre a definição do amor. Badalar na cidade que nunca dorme nunca foi tão divertido.

Alguns diretores parecem ter um talento nato para comédias românticas, e após dois filmes bem feitos, posso dizer que Christian Ditter é um deles, pois embora trabalhe com situações, de certo modo clichês, ele consegue dar uma vida diferenciada para sua obra e agradar mostrando algumas verdades ilusórias que não foquem tanto no conto de fadas que outros filmes tanto procuram mostrar. Claro que para isso ele sempre vai precisar ironizar outros estilos, no caso, os romances bobinhos que estamos acostumados a ver, e desse modo o acerto acaba ocorrendo com bastante fluidez, agradando tanto quem estiver disposto a ser solteiro para sempre, e também quem busca um romance para a vida eterna (se é que existe isso). O roteiro embasado no livro de mesmo nome foi bem desenvolvido para criar as situações, mas o que temos de ficar mais de olho é na forma que a edição acabou montando o longa tanto para ter dinâmica quanto para que cada situação fosse bem vivida, mesmo que para isso todas estivessem quase sempre nos mesmos ambientes, o que é algo que seria difícil de ocorrer numa trama comum.

As atuações foram bem marcadas pelo ar cômico, e mesmo as atrizes que costumam fazer trabalhos mais dramáticos, acabaram saindo bem no estilo e divertindo ao trabalhar bem os seus diálogos. Dakota Johnson é uma atriz que possui potencial, mas sempre faz expressões de coitadinha demais, e mesmo quando recai para o lado mais humorístico, ela sempre faz olhares de cachorro que caiu da mudança, claro que sua personagem Alice é daquelas mulheres que não sabem o que querem da vida e acabam misturando muito romance e amizade, e sempre com os erros a cara tradicional é a que ela mais sabe fazer, e assim sendo a jovem até saiu bem com o papel, mas poderia ter feito algumas cenas de forma mais empolgada para mostrar outras facetas suas. Rebel Wilson não tem jeito, qualquer filme que ela entrar vai ser de modo bem escrachado, pois se fizer algo sério é capaz de nem reconhecerem a moça, e aqui sua Robin é daquelas que se atiram para todo lado por uma boa noitada regada a bebidas e sexo, e com muito humor ela fez isso melhor que qualquer outra atriz que já tenha feito algum papel desse estilo, a surpresa do final com ela foi ótima. Leslie Mann é daquelas atrizes que conseguem sempre chamar atenção para o personagem que faz, e aqui não foi diferente com sua Meg, que se mostrou bem forte, mas acabou derrotada na melhor cena fofa do filme, e daí pra frente todas as situações que vive são bem divertidas, de forma que quase apagou o protagonismo de Dakota. O elenco feminino fecha com Alison Brie que acabou conseguindo com sua Lucy, as duas cenas mais dialogadas e interessantes de acompanhar, a primeira no bar explicando as estatísticas com amendoins, e a segunda ao se mostrar rebelde na frente das crianças, e mesmo sendo a que menos apareceu na trama, agradou bastante chamando atenção sempre. No lado masculino, tivemos quatro bons atores fazendo papeis bem distintos, o que mais esteve em cena, por ser o dono do bar aonde todas as informações se cruzam, Anders Holm mostra com seu Tom, que mesmo o mais sedutor dos homens possui também vontades diferenciadas para um futuro quando se apaixona, só foi completamente desnecessária sua cena inicial, mas do resto fez bem seu papel. Damon Wayans Jr. diferentemente do que seu pai que é um grande humorista, aqui foi colocado para ser um personagem mais introspectivo, e saiu-se muito bem na pele de David, um pai solteiro protetor. Jake Lacy fez o papel que as garotas amam, e a cena final de seu Ken, fez todas as menininhas da sala suspirarem e falarem "esse é pra casar" (ri demais ao ouvir isso), pois o jovem ator trabalhou bem na perspectiva contrária da maioria e abraçou a causa daqueles que mesmo jogados para o canto, ainda vão atrás da amada. E deixei para o fim, Nicholas Braun que até trabalhou bem suas cenas, mas assim como a protagonista fez umas expressões tão sem nexo com seu Josh, que na cena da festa todos sabiam quem era Josh pelo estilo, e certamente todos conhecemos um Josh por aí.

No contexto visual, a trama trabalhou pouco o desenvolvimento das locações, optando mais por simbologias nas personagens e menos nos objetos cênicos, mas claro que foram bem feitas as escolhas de locações para que cada personagem tivesse o seu biótipo bem determinado e chamasse a atenção para o contexto de sua personalidade, o que raramente vemos em comédias, mas ainda assim poderiam ter trabalhado mais alguns detalhes. Claro que como toda comédia, o excesso de cores na fotografia é algo bem comum de ver, então algo que já é visto no trailer, a personagem de Rebel Wilson usa até leds nas roupas e se isso não é exagerar para chamar atenção e divertir, não sei mais o que é uso de cores, mas temos de dizer algo bom, e na maioria das cenas aonde as personagens param para pensar, a equipe usou muito a favor luzes diferenciadas da cidade piscando por fora da janela para dar preenchimento, e isso é algo bem legal de ver.

Com boas escolhas musicais, o filme também tomou forma e agrada nossos ouvidos, pois certamente poderiam apelar para músicas mais fortes, já que é uma trama com um certo apelo sexual, mas foram coerentes nas escolhas e certamente isso levou o longa a ter um ritmo gostoso de acompanhar.

Enfim, é um bom filme que diverte e agrada, passando bem o contexto que escolheu mostrar. Claro que está longe de ser um excelente filme, e pelo cunho apelativo em alguns momentos isso mostra que a preocupação era divertir sem se preocupar muito. Ou seja, uma comédia para passar um tempo livre e rir das situações que vemos diariamente ao nosso redor, e dessa maneira com certeza recomendo o filme para quem gosta desse estilo. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda hoje confiro outro lançamento que chegou no interior, então abraços e até breve.


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