A Escolha (The Choice)

2/06/2016 01:08:00 AM |

É interessante observarmos que Nicholas Sparks já não faz mais um livro sem que vire filme, o que pode ser um viés bacana pois seus livros que são bem detalhados são fáceis para que alguém adapte e transforme em um bom filme, mas também por não ousar tanto, seu modelo já está ficando gasto e sabemos praticamente cada momento exato do que vai acontecer. Em "A Escolha", temos uma das suas produções mais bonitas visualmente, com uma história bem simples e agradável, mas que não comove tanto quanto outras, e nem emociona mesmo com o ponto de quebra da trama, o que é algo muito ruim. Claro que em alguns momentos no hospital até chegamos a ter um pouco de angústia com tudo o que está acontecendo, mas aparentemente faltou uma pegada mais forte para que o longa saísse da classificação bonitinho e caísse no critério emocionante.

O longa nos mostra que Travis Parker tem uma vida confortável, um bom emprego, amigos leais e uma casa em pequena cidade costeira. Ele busca diariamente viver plenamente e acredita que um relacionamento sério limitaria o seu estilo de vida. Isso até que Gabby Holland se muda para a casa ao lado. Mesmo que ela tenha um namorado, a moça o instiga logo de cara e faz com que os dois se entreguem a uma relação que nenhum deles esperava.

O que mais me surpreende é que mesmo sendo uma história simples, o resultado é bonito de se ver, e certamente o livro deve ser mais impactante e comovente do que o filme acabou ficando. Claro que isso é um fato que a maioria reclama de livros não serem tão bem adaptados quando viram filmes, mas aqui dessa vez a produção ficou a cargo do próprio escritor, então se houve falhas, a culpa pode ser jogada em cima dele dessa vez. O diretor Ross Katz não é muito conhecido, e também não fez nada que merecesse grande destaque, tirando um ou outro momento em que trabalhou algumas tomadas em slow para dar uma vivência na trama, mas usou muito pouco a sensibilidade que a trama pediria para que a troca de olhares do casal fizesse arder a paixão realmente como deveria acontecer. Além disso, mesmo que em determinados momentos a trama recaia para algo mais cômico para dar uma aliviada, o filme não tem um peso forte na dramaticidade para que essa comicidade atrapalhe, então os amigos do protagonista aparecem duas ou três vezes em cena para algo que sequer podemos falar algum motivo, ou seja, são cenas jogadas que acabam atrapalhando mais do que ajudando.

Sobre a atuação, já havia falado da beleza de Teresa Palmer em "Caçadores de Emoção" na semana passada, e aqui a jovem que foi menos falante no filme anterior, pode mostrar que é boa também nas expressões e diálogos, de modo que trabalhou bem e incorporou a jovem Gabby durante todo o período em que se passa o filme (poderiam ter trabalhado melhor sua maquiagem quando mais velha, ou feito um corte de cabelo diferenciado, mas como preferiram algo mais tradicional, o resultado não atrapalhou tanto), a moça até que foi bem, mas nada muito surpreendente. Benjamin Walker chama a atenção por não ser tão galã como costumam ser os personagens de Sparks, claro que vai agradar diversas moças, mas adotou uma postura mais séria do que jovial para seu Travis, desde o começo da trama, e isso é estranho de ver, pois ele poderia ter trabalhado de duas maneiras e empolgado mais com isso, suas expressões faltaram também um pouco de emoção em diversos momentos, o que mostra um pouco do erro da direção, mas no contexto geral sua química com a protagonista até é bem interessante. Os demais personagens aparecem tão pouco e ficaram tão deslocados que é difícil se conectar com eles, então só temos de dar destaque para alguns bons momentos de Tom Wilkinson fazendo o veterinário Shep, e alguns bons diálogos mais expressivos de Maggie Grace como a irmã do protagonista, mostrando que a jovem é boa, mas foi mal aproveitada.

O grande feito do longa está na maravilhosa direção de arte que escolheu uma locação paradisíaca e abusou de grandes tomadas mostrando a natureza ao redor, e claro que junto disso trabalhou bem alguns elementos cênicos para realçar a conexão entre os personagens, dando destaque claro para o ótimo cachorro usado que foi até mais expressivo que muitos dos atores da trama. As angulações de câmera e a iluminação bem sutil usada pela direção de fotografia também mostrou um bom trabalho feito, e com isso a trama tem um ganho de cor bem interessante de ver na tela, mas faltou uma pitada mais quente nas cenas mais tórridas, para que o romance impregnasse mais.

Enfim, está longe de ser um bom filme, mas também está bem longe de ser algo ruim, ou seja, é um filme bonitinho, bem feito e visualmente interessante, que poderia ser muito mais envolvente. No geral, ele até fez algumas pessoas do cinema chorarem, mas acredito que mais por terem lido o livro e se conectado com algo visto na telona do que realmente pela história mostrada no filme. Portanto, só recomendo mesmo para quem gosta de romances bem leves e que não possuem mais nada para ver, pois está longe de ser algo que valha mesmo a pena pagar para assistir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com as outras duas estreias da semana, então abraços e até breve.


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