Vai Que Dá Certo 2

1/03/2016 01:11:00 AM |

Se tem um gênero que sempre vai funcionar no Brasil é a comédia, pois tem público garantido, ainda mais se colocarem atores e comediantes conhecidos. Jurava que não fariam continuação de "Vai Que Dá Certo" quando vi o longa em Março/2013, e até assustei o dia que numa sessão de algum filme vi o trailer de "Vai Que Dá Certo 2", mas se conseguissem arrumar uma boa conexão para desenvolver a trama, que mal teria, afinal o primeiro divertiu bastante sem necessitar apelar para nada! E cá estou hoje após conferir o longa em uma das sessões de pré-estreia, já que o lançamento oficial é somente no dia 07, e posso dizer que conseguiram alcançar essa meta, de continuar divertindo sem apelar para escatologias ou forçar com piadas prontas, como acaba ocorrendo com muitos longas nacionais. Não posso dizer que foi algo muito melhor do que o primeiro filme, mas certamente o encaixe aqui para tentar ficar rico, foi mais provável do que o ocorrido no primeiro longa, e só esse engajamento já faz valer o ingresso, e claro que com cenas hilárias de Felipe Abib e Fabio Porchat, a trama se desenvolve tão rápido que nem parece ser um longa-metragem. Ou seja, diversão garantida, só não precisa ficar esperando nada após o começo dos créditos, que não vai ter nada agora, quem sabe num próximo filme.

A sinopse nos mostra que depois de tentar enriquecer com um plano mirabolante onde nada aconteceu como era esperado, Amaral, Rodrigo e Tonico estão precisando de grana mais do que nunca. A crise aumenta quando Jaqueline aceita casar com um deles. Mas um DVD com cenas comprometedoras e que vale uma boa grana cai nas mãos de Danilo, empurrando os amigos para uma nova e inesperada aventura que pode virar esse jogo. O sonho de faturar uma bolada tem apenas alguns obstáculos: um malandro capaz de tudo pra se dar bem, uma prima sensual e perigosa e dois policiais nada federais. Agora é só seguir o plano cuidadosamente improvisado por eles, que dessa vez não tem como dar errado!

O maior problema do longa, assim como aconteceu no primeiro filme é a bagunça generalizada que é a história, pois muitos podem até dizer que é tudo sem pé nem cabeça, mas a trama toda tem uma base, e essa condução deveria ser mantida para que o vértice do filme continuasse divertido, mas ainda assim agradasse também como história contada. Não digo que isso vá atrapalhar quem for ver o filme apenas por diversão, mas certamente ajudaria os críticos mais chatos, a não reclamarem tanto das comédias nacionais, pois algumas sim devem ser jogadas fora, outras divertem e cumprem com o papel que uma boa comédia deve ter. E esse longa é um dos casos que agradam bastante o público, pois do começo ao fim praticamente a sala toda riu sem parar, e assim sendo, o trabalho de Mauricio Farias foi novamente bem feito na direção e no roteiro. Outra coisa interessante, é que o diretor não trabalha com subtramas no longa, como acaba acontecendo em novelas e diversos outros filmes, então estamos sempre com os mesmos personagens ora juntos, ora em parte fazendo tudo da mesma forma, e isso acaba conectando muito o público com a trupe toda, o que é muito bom. No conceito da edição, já disse que o longa passa bem rápido e seus 90 minutos aparentam ser bem menos na telona, o que é um mérito da dinâmica de edição escolhida, porém há um pequeno erro de edição de uma cena que surge do nada logo após ela ter acabado, e se não fosse um filme digital, falaria que o pessoal da projeção montou o filme com um pedaço errado, é um mero detalhe que não atrapalha em nada o andamento do longa, mas ficou estranho solto com a cena seguinte.

No quesito atuação, praticamente todos os protagonistas possuem o mesmo tempo de tela, mas por mais incrível que pareça, dois conseguiram se destacar muito nessa nova trama. Se no filme anterior Felipe Abib ficava bem escondido atrás dos demais, com a saída de Gregório Duvivier, ele foi o responsável pela boa química com Fábio Porchat para que o longa decolasse, e seu Tonico ficou bem engraçado com as piadas de filmes e trejeitos desesperados à cada nova situação, o que agrada muito no estilo que procuraram seguir na trama. Falando em desespero, já vi personagem medroso, mas o jeito que Fábio Porchat colocou seu Amaral em cena, está pra nascer alguém medroso e desesperado desse jeito, cada piada melhor que a outra, de modo que ele vem numa crescente tão boa com seus filmes tanto cômicos quanto dramáticos que podemos em breve ver que o que era apenas uma previsão de ser um grande ator de cinema vai se tornar realidade de forma bem fácil. O sotaque estranho do personagem Danilo, interpretado por Lúcio Mauro Filho acabou soando forçado demais nesse longa e seus atos foram bizarros demais também de ver, mas no contexto geral até dá para agradar com o que faz nas suas aparições, só não precisaria abusar tanto de irreverências. Seu pai, Lúcio Mauro, já pelo contrário fazendo o papel de avô trabalhando sempre com sutilezas consegue ser o alívio moderado entre doçura cômica e irreverência bem casada, o que é sempre bom de ver em um filme de comédia. Danton Mello poderia ser considerado o protagonista do filme, mas como podem ver, falei bastante de outros personagens até chegar nele, e isso tem um motivo forte, pois mesmo ele tentando agradar com seu Rodrigo, acaba soando simples demais em tudo que faz, não causando nem risadas, nem conflitos, servindo mesmo de ligação apenas entre tudo o que ocorre na trama, e isso para um ator do porte dele é pouco em qualquer produção. Natália Lage, assim como no primeiro filme é participação especial com sua Jaque, e mesmo aparecendo quase de relance em diversos momentos do filme, não causa grande furor, nem com o visual que tanto chamou atenção no longa original. Agora quem faz a vez dela é Verônica Debom, que passa a ser a visão sedutora para com os protagonistas da trama com sua Simone, e só serviu para isso, já que se atrapalhou bastante nas cenas que exigiram mais expressividade. E para fechar Vladimir Brichta como "vilão" Elói não empolga muito e também não atrapalha, apenas caiu bem dentro do plano completo da história e assim como aconteceu com Bruno Mazzeo no primeiro filme serviu para o feito, e nada mais. No caso dos policiais, melhor nem comentar.

No conceito visual, o longa não procurou chamar tanta atenção, sendo mais contido no orçamento e trabalhando mais com locações simples, e isso de certa maneira até ficou interessante de ver, pois diferente do primeiro filme que tínhamos uma super mansão, aqui galpões abandonados e casas e apartamentos menores representaram mais a realidade dos personagens do filme. E dessa maneira tirando a bolsa com o dinheiro e o DVD, não tivemos elementos cênicos que representassem tanto para a trama, e isso de certa maneira funcionou mais para que os protagonistas criassem piadas entre eles, sem abusar e necessitar de algo como referência. Ou seja, não veremos nada que encante os olhos visualmente, afinal a proposta não foi essa de comédia que fomos no cinema para assistir. Por ser um longa bem dinâmico, a equipe de fotografia cometeu algumas pequenas falhas de iluminação que até poderiam ser corrigidas na edição, mas não tiveram esse cuidado, então em algumas cenas externas, percebemos furos visuais comuns de filmes de ação, o que também acaba sendo parte da proposta da trama, mas nada que chegue a atrapalhar muito, porém poderiam ter sido mais cautelosos e agradar nesse contexto também.

Enfim, é um longa que está longe de passar perto do hall dos melhores do ano, mas assim como o filme original, diverte bastante, e como costumo falar, essa é a obrigação máxima de um longa cômico. Então, se você não se preocupa com tanta técnica e quer apenas rir de coisas absurdas que um grupo de amigos faz para tentar ficar milionário, certamente o longa é uma boa pedida e recomendo, mas se você for esperando ver uma obra prima do cinema de comédia, com referências clássicas e tudo muito novo, nem passe perto da sessão, senão a chance de sair bravo é alta. Como gosto muito do estilo, e apenas tenho que pontuar algumas falhas, ri bastante e me diverti com a proposta recomendando ele com certeza. Fico por aqui nessa semana sem estreias, mas que pelo menos já deu para adiantar dois longas da próxima, então abraços e até quinta pessoal.


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