Irmãs (Sisters)

1/24/2016 02:34:00 AM |

Festas... este é um mote que Hollywood adora trabalhar em suas produções, e na maioria das vezes, usam para quebrar tudo no melhor estilo possível, como se não houvesse amanhã. Agora como bem sabemos, com o passar dos anos, os adultos vão ficando mais responsáveis, chatos e as festas costumam ficar no ritmo das pessoas, ou seja, mais chatas. Mas e se, com drogas, bebidas e tudo mais fizesse com que as pessoas deixassem seus limites para trás e resolvessem jogar tudo para o alto? Pois bem, com essa ideologia, que não faz parte da sinopse de "Irmãs", mas vai estar presente no conteúdo da trama, o filme acaba tendo alguns momentos bem risíveis e interessantes de acompanhar, mas também conta com momentos que mostram o desespero do diretor em colocar coisas abusivas para que o público ria até de absurdos. Não digo que é um filme ruim, muito pelo contrário, me fez rir em diversos momentos, mas talvez de uma maneira menos apelativa, continuaria agradando, porém, o importante é vermos que em qualquer idade, extrapolar (seja por muita responsabilidade ou muita irresponsabilidade) pode causar danos em todos à sua volta.

O longa nos mostra que as irmãs Maura Ellis e Kate Ellis sempre foram muito diferentes: enquanto a primeira é conhecida por ser responsável e ajudar os outros, a segunda é especialista em perder empregos e namorados, o que deixa a sua filha adolescente furiosa. Quando as duas descobrem que a casa da infância será vendida pelos pais, elas decidem dar uma última festa, e aproveitar tudo que não puderam fazer no local quando eram mais novas.

É interessante quando vemos roteiristas de programas satíricos atacarem no mercado cinematográfico, pois procuram ironizar em tudo que veem pela frente, de modo que algumas piadas funcionam, e outras acabam sendo jogadas na tela e você fica com a cara sem saber o motivo do ator estar falando aquilo. Aqui Paula Pell, que foi roteirista por muitos anos do Saturday Night Live e que também costuma escrever as piadas dos apresentadores do Oscar, acabou fazendo um texto irônico sobre a situação festiva que muitos não gostam de celebrar (a mudança de uma casa, que pode ser representada como a quebra de um ciclo, uma passagem), e com isso ela trabalhou bem o roteiro para que alguém pegasse e criasse as piadas em cima de seu texto, e por sorte, ou até mesmo por indicação, o acerto caiu com duas das atrizes/comediantes que estão mais acostumadas com seus textos (claro que para isso elas também entraram como produtoras, botando seu dinheiro para jogo, meio que comprando as personagens), e felizmente não foi entregue para um diretor 100% de comédias, pois a chance de seu texto virar algo completamente escrachado era muito alta. Com isso, o diretor Jason Moore (que acertadamente só havia feito "Escolha Perfeita) volta para o cinema trabalhando com um rumo mais direto do que musical e soube dosar a energia das atrizes para os momentos corretos, transformando o longa em algo que até possui uma boa pontada moral, mas que sempre procura mostrar o aproveite o momento.

Não posso dizer que sou fã do estilo cômico das duas protagonistas, pois costumam forçar para divertir, mas confesso que aqui não teria duas atrizes melhores para os papeis, mesmo que para isso elas tiveram que virar produtoras, e botar dinheiro no longa para que fossem realmente "escolhidas" para o filme. Amy Poehler com sua cara estranha, entrega para sua Maura Elis uma personagem com carisma e estilo responsável que quer se divertir, mas precisava ter experimentado um pouco mais de drogas para saber que fez expressões de boba e não de quem estava amalucada, poderia ser menos ingênua em alguns momentos que agradaria mais, definitivamente sua melhor cena é a da bailarina junto com Ike Barinholtz, pois seu James longe de ser um partido bonitão para o que qualquer filme pediria, aqui ele encaixou por ser o avesso disso, mas que serviu bem para a piada. Por mais incrível que pareça, o humor ácido característico de Tina Fey foi usado bem pouco com sua Kate, pois mesmo ela sendo a mais escandalosa da família, deixaram isso como algo subjetivo que foi mostrado ao ler os diários, e claro que a personalidade caberia completamente para ela, mas no filme, por tentarem inverter os papeis ao menos por uma noite, ela ficou somente engraçada de uma maneira mais simples, o que é legal de ver, mas certamente se fosse do estilo tradicional quebraria tudo e seria bem mais engraçado. Bobby Moynihan faz de seu Alex o excesso que ora diverte, ora queremos poder dar um tiro no personagem de tão chato com piadas bobas, claro que todo grupo de amigos possui aquele que faz bobeiras para divertir os demais, mas aqui sob efeito de droga ficou absurdamente forçado. A personagem Brinda de Maya Rudolph é outro que de tão forçado acaba divertindo, mas que está completamente deslocado na produção, o que não é algo legal de ver em trama alguma. Dos demais atores, todos procuram ter seus melhores momentos durante a festa, mas nenhum consegue grande destaque, valendo apenas frisar a pose séria do lutador de WWE que já está fazendo mais filmes do que lutas, John Cena.

Nesse estilo de filme, as preocupações da direção de arte permeiam apenas em quanto mais podemos colocar na tela, pois parece que desesperadamente querem mostrar mais coisas do que cabem na projeção para que a festa fique mais e mais agitada, e confesso que foram bem criativos com tudo, desde usar tinta na água, passando por Picaço, quebras de gesso, danças coreanas com sabão, e por aí vai, portanto espere ver de tudo no filme, inclusive destruição já que é um filme para quebrar tudo. Desse modo a equipe artística apenas fluiu a ideia e colocou nas mãos dos atores para fazerem a festa completa, e isso funcionou bem para que tudo chamasse atenção para onde olhássemos. Além disso, os momentos de lembranças da infância e juventude das protagonistas contou com uma cenografia completa no quarto delas, representando muito bem a época escolhida com diversos objetos cênicos perfeitos. Com muitas luzes de diversas cores para dar o tom da festa, e principalmente trabalhando sempre com cores bem vivas para elucidar a comicidade, o filme acaba agradando bastante no visual, e claro ganha um ritmo interessante que não cansa em momento algum, então podemos dizer que no conceito técnico só tivemos bons acertos.

Enfim, é um filme bacana para assistir, mas que está longe de ser uma obra-prima. Poderia ser muito menos apelativo para envolver bem as piadas sem que ficasse forçado, mas aí não seria um texto de um escritor do SNL na tela. No geral vale o ingresso pela boa comicidade, mas quem não gostar de filmes envolvendo festas malucas, passe longe, pois a chance de se incomodar com a apelação é ainda maior para estes. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam duas estreias dessa semana para conferir, então abraços e até breve.


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