Creed - Nascido Para Lutar

1/15/2016 12:37:00 AM |

Após muitos anos com filmes de lutas que não empolgavam mais nossas noites, que procuravam chamar atenção apenas ser trabalhando com moralismos e dramaticidades, mas sem colocar toda aquela pompa que agradava o público à ver uma boa luta de boxe nos cinemas, que desse motivação e fizesse com que torcêssemos demais para o protagonista, como acontecia nas décadas de 70 a 90, finalmente resolveram agradar àqueles que adoravam ver "Rocky" e todas suas continuações, com um spin-off muito bem feito e que usa de todos os artifícios clássicos para fazer com que o público se emocione e vibre com cada momento do longa, ou seja, um longa feito para fãs da série, e principalmente para mostrar ao mundo como fazer um excelente trabalho de integração público/filme, pois nas cenas do ringue é impossível não se sentir dentro das quatro cordas ouvindo os múltiplos sons vindo das caixas laterais dos cinemas.

O longa nos mostra que Adonis Johnson nunca conheceu seu famoso pai, o campeão mundial peso-pesado Apollo Creed, que morreu antes dele nascer. Ainda assim, é inegável que o boxe está em seu sangue, então Adonis vai para Philadelphia, o local da lendária luta de Apollo Creed contra um aguerrido novato chamado Rocky Balboa. Já na Cidade do Amor Fraternal, Adonis encontra Rocky e pede para que ele seja seu treinador. Apesar de sua insistência em se afastar do mundo das lutas por bons motivos, Rocky enxerga em Adonis a força e a determinação que ele conheceu em Apollo - seu feroz rival que acabou se tornando seu melhor amigo. Concordando em ajuda-lo, Rocky treina o jovem lutador, mesmo que para isso o antigo campeão tenha que desafiar um oponente mais mortal do que qualquer um que ele já tenha enfrentado no ringue. Com Rocky em seu corner, não demora muito para que Adonis tenha sua chance de disputar o título… mas será que ele pode desenvolver não somente o jeito, mas também o coração de um verdadeiro lutador a tempo de entrar no ringue?

Bem, é apenas o segundo longa que Ryan Coogler dirige, e com tantos elogios/prêmios que ganhou em "Fruitvale Station: A Última Parada" e vem ganhando com esse novo longa, não demorou nada para que já colocassem ele em outro grande blockbuster que vem por aí, e certamente virão outros grandes filmes, pois o jovem diretor de apenas 29 anos mostra tanto sensibilidade para trabalhar bem os momentos mais densos e comover, como coloca dinamicidade e impacto nas cenas de ação para que o público se envolva e vibre, ou seja, não deixa na mão em momento algum. Claro que os mais chatos, vão reclamar de clichés e afins do gênero que o diretor utiliza, mas para que inovar em algo que sabemos que dá certo se ao fazer algo diferente vamos reclamar? Então os acertos são imensos e quando trabalha alguma coisa nova no quesito de enquadramento, o acerto também é muito bom, pois em diversos momentos o longa aparenta utilizar recursos claros que os videogames tem colocado em pauta, de imersão do público para ao lado do personagem principal, e outras vezes até assumindo em primeira pessoa, o que é bem legal de ver em um longa de luta. Ou seja, não podemos dizer que o roteiro é algo maravilhoso, pois possui alguns defeitos, e também não podemos dizer que a direção é fantástica, por também abusar de estilos comuns, mas o contexto completo é tão bom, e tão emocionante de ver, que saímos da sessão querendo mais, e como um bom burburinho, já estão falando em uma continuação, agora é esperar pra ver se a ideia vai vingar.

Muito está se falando sobre Sylvester Stallone estar ganhando prêmios por homenagem apenas, mas após conferir o longa, vemos que seu Rocky Balboa não é apenas um retorno do seu personagem mais tradicional, mas sim todo um trabalho emotivo sobre as diversas lutas na vida que temos de passar, e a que ele enfrenta no longa, embora não fiquem somente enroscando nela, é uma das mais duras da sociedade atual, e ele como um machão tradicional, mostrou de uma forma cativante que dá para encorajar os demais a lutar também, além claro de que não quis lutar como um velhinho, como ocorreu no longa "Ajuste de Contas" há dois anos atrás, mas sendo mais impactante como orientador e mentor de vida mesmo, ou seja, fez por merecer o reconhecimento que está levando prêmio em cima de prêmio. Michael B. Jordan é um dos atores que precisam trabalhar mais, lapidando as pontas falhas, pois faz um filme bom, na sequência um péssimo, depois outro bom e por aí vai, e ele tem potencial para chamar a responsabilidade para si e detonar em papeis que necessitem de eloquência, como é o caso agora de seu Creed, que certamente tanto pela semelhança física com Carl Weathers quando mais novo (Apollo Creed em "Rocky") quanto pela persistência nas cenas de lutas bem coreografadas, vai acabar chamando muito a atenção de outros produtores para filmes que necessitem disso, e se bem trabalhado, logo verá muitos louros, pois ele tem expressividade e agrada bastante. Tessa Thompson até consegue agradar bem com sua Bianca, e possui bons instintos motivacionais impressos em seu personagem, porém ela funciona apenas para dar liga completa na trama com os demais, já que o relacionamento seu com o protagonista não é algo que querem focar tanto, e isso é bom para o filme, mas ruim para a atriz, que por bem pouco se cortassem mais cenas dela, quase acabaria excluída do filme. Phylicia Rashad é uma atriz que nunca havia visto em filmes, não como alguém que tivesse grande destaque, afinal seu forte sempre foi TV, mas aqui embora apareça somente em três cenas, conseguiu trabalhar tão bem o semblante de sua Mary Anne que não tem como não rir de sua última cena, e certamente toda mãe/madrasta que se preze faria a mesma coisa. Os demais atores são importantes apenas para as lutas, e quase não possuem falas para analisarmos suas interpretações, mas claro que o grande destaque fica por conta do boxeador Tony "Bomber" Bellew, que estreando no mundo da atuação em um filme como Conlan conseguiu mostrar bem como é o mundo artístico das encaradas nas pesagens e nas entrevistas coletivas e agradou bastante com sua expressividade.

No conceito artístico além de boas locações para as academias, shows musicais e ginásios de luta, a equipe artística trabalhou também de uma forma bacana com o conteúdo digital inserido no filme, de modo que a cada luta mostrada parecia estarmos vendo o "card" de vitórias de cada lutador como acontece em lutas reais, mas de uma maneira mais puxada para os jogos de videogame e isso ficou bem bacana de ver, funcionando como um elemento cênico a mais para a trama, que contou com muita simbologia nos cartazes que estão espalhados por todo o cenário, além claro de locais tradicionais que nos remetem aos demais filmes da franquia original. A fotografia usou bem o tom marrom para segurar a densidade dramática das cenas, colocando muito vermelho nas cenas de lutas, contrastando com elementos de cores neutras para chamar um destaque ou outro da cenografia, e com a dinâmica mais acelerada, o filme ainda trabalhou os cenários com luzes e sombras bem doces, para emocionar mesmo.

Não sei se é um spoiler, ou não, mas claro que a trilha sonora vai comover, ao trabalhar coisas novas e clássicas da franquia, nos devidos momentos e claro que agrada demais.

Enfim, podemos até reclamar de ser um filme acelerado, que já entrega todo o material que poderia ser trabalhado em mais de um longa, mas é óbvio que o diretor não esperava o sucesso que o filme está conseguindo, e para aqueles que gostam de algo mais sucinto, certamente não vai se decepcionar com o que verá na tela, mas tirando esse mero detalhe e alguns pequenos errinhos que poderiam ser sanados que citei acima, o filme é algo que merece muito ser visto (preferencialmente em um cinema com o melhor som distribuído em diversos canais, para imersão total no longa) e que vai agradar demais quem gosta de longas de luta e superação. Portanto, mais do que recomendo o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho mais algumas estreias para conferir, então abraços e até breve.


2 comentários:

Maria Eu disse...

Eu realmente gostei de como selecionou o elenco, muito apropriado penso eu, eu cresci com eles, tem um dos melhores discursos que eu vi, muito reconhecimento de tudo uma história de sucesso, ganhou, fala-aperfeiçoamento, o conhecimento de nós, os sonhos que podemos alcançar, acho que em Creed nascido para lutar filme completo o drama é bem dosado com uma história de amor que experiente muito bem ver o Sr. Stallone é a alma da sequela é uma jóia, eu estava à beira das lágrimas de tanta nostalgia.

Fernando Coelho disse...

Olá Maria... bem isso mesmo... o filme foi perfeito e também me emocionou no final... fico torcendo para que façam uma continuação bem encaixada com os últimos momentos de Stallone!! Abraços e obrigado pelo comment!

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