O Exterminador do Futuro: Gênesis em 3D (Terminator: Genisys)

7/02/2015 02:35:00 AM |

Quando ouvi falar que teríamos mais um "O Exterminador do Futuro" confesso que assim como a maioria que reclama à beça de refilmagens e continuações, eu também resmunguei um bocado, pois já fizeram tanta besteira em algumas das continuações que em alguns momentos dos filmes já sabíamos exatamente o que aconteceria, portanto nem fiquei com expectativa, e para dizer a verdade nem estava empolgado para com o lançamento de "Gênesis", mas cá que como um bom Coelho curioso, fui na pré-estreia para conferir o que teria de bom para comentar, e posso falar com muita certeza que esse além de ser um filme muito bem feito, me fez ficar com vontade de rever todos os anteriores para ir ao cinema novamente conferir ele, e isso é algo bem raro de acontecer com franquias, pois ou apaixonamos pelo novo e abandonamos os velhos, ou ignoramos o novo e voltamos para os antigos. E aqui a conexão foi tão boa que num mix de idas e vindas, o diretor acabou misturando tantas novas referências que um novo filme pode ser criado completamente a partir desse, e acabamos curiosos para rever os antigos e ver se tudo o que ocorre aqui se conecta realmente com os outros. Ou seja, um filme excelente para ver e rever e ainda sair feliz com tudo o que foi passado. E deixo o aviso já de cara que temos uma pequena cena no meio dos créditos, então fiquem na sala!

O filme nos mostra que em 2029, a resistência humana contra as máquinas é comandada por John Connor (Jason Clarke). Ao saber que a Skynet enviou um exterminador ao passado com o objetivo de matar sua mãe, Sarah Connor (Emilia Clarke), antes de seu nascimento, John envia o sargento Kyle Reese (Jai Courtney) de volta ao ano de 1984, na intenção de garantir a segurança dela. Entretanto, ao chegar Reese é surpreendido pelo fato de que Sarah tem como protetor outro exterminador T-800 (Arnold Schwarzenegger), enviado para protegê-la quando ainda era criança.

Certamente teremos as brigas em cima de que não seguiu a linha, de que foi feito apenas como reboot para uma nova leva de filmes, que isso, que aquilo e tudo mais, mas uma coisa é certa, o diretor Alan Taynor("Thor: O Mundo Sombrio") trabalhou a computação gráfica completamente ao seu favor, diferente do que aconteceu em alguns outros longas da franquia, aonde a computação dominava a história e o roteiro era praticamente deixado de lado para mostrar os robôs. E aqui, o roteiro foi tão bem trabalhado, com nuances técnicas interessantes e diversas ligações com os outros filmes, que o resultado deu um ar de vitalidade para a franquia, não necessariamente funcionando como um reboot, mas sim, como o próprio James Cameron (que para quem não sabe, a história original é dele) disse, esse sim ele aprova como sendo um terceiro filme. Outro ponto extremamente favorável, foi o estilo de interpretação que o diretor exigiu dos protagonistas, pois aparentam estar bem livres para desenvolver seus personagens, de modo que não vemos expressões forçadas nem situações que desrespeitem os fãs, pois como todos sabemos somente Schwarzenegger participou pessoalmente ou digitalmente dos 5 filmes, enquanto Reese, Sarah e John já foram interpretados por diversos outros atores, e se formos balancear como um é meio que continuação do outro, isso poderia ser palco para diversas gafes, o que felizmente não ocorreu. Sobre o uso da computação gráfica, então tenho de complementar, que foram bons ângulos escolhidos para realçar a tecnologia de conversão tridimensional, e sobretudo, para dar um ritmo de ação frenética para a trama, pois nem pareceu que ficamos 2 horas na sala do cinema de tão rápido que o longa se desenvolve.

Falando um pouco sobre as atuações, temos de ressaltar que Arnold mostrou que mesmo após ficar um longo tempo sem atuar, e principalmente lutar, ainda tem muito gás para queimar e dando uma boa comicidade para o seu personagem ao tentar trabalhar expressões "mais humanas", podemos dizer que literalmente ele voltou à ativa com grande classe. Emilia Clarke vem detonando na série "Game of Thrones" e não iria se queimar à toa com um personagem tão marcante quanto Sarah Connor, e entregou uma personagem tão interessante, com boas expressões, momentos tão bem colocados para com o filme que acreditamos em tudo o que ela conseguiu fazer, dando ao mesmo tempo garra e ternura para que sua Sarah não ficasse falsa e também não saísse da perspectiva feita nos outros longas. Jai Courtney sai do odiado Eric de "Divergente", para o mocinho bacana e bem aventurado Kyle Reese, que ainda precisa melhorar um pouco nos trejeitos mais secos, mas conseguiu ter o carisma suficiente que o personagem pedia, e até que agrada bastante nos encaixes junto de Schwazza. Jason Clarke incorporou de uma forma robusta o seu John Connor, de maneira que se o ator não usou muito dublê, ele gastou fôlego para a alta quantidade de cenas de ação que seu personagem participa na trama, de modo que chega a ser asfixiante suas cenas sempre dinâmicas, aonde não dá para que a expressão do ator seja mais desenvolvida, mas de certa maneira agradou bastante no que fez. O papel de J.K. Simmons como O'Brien poderia ter sido melhor aproveitado, pois funcionou apenas como mote para as explicações de passado e futuro, e mais nada, e como sabemos bem, ele é um ator fantástico que merece ser aproveitado para chamar atenção no que faz e não apenas ser encaixe cênico. Dos demais atores, nem temos muito o que destacar, pois apareceram sempre como encaixes e não ficando muito tempo em cena, claro que Bryant Prince se saiu muito bem como jovem Kyle e Byung-hun Lee trabalhou expressões fortes para o seu T-1000, mas como não desenvolveram tanto o diálogo, não podemos avaliar tanto suas atuações.

O visual da trama está realmente incrível, pois como disse mais para cima, a computação gráfica foi usada para dar complemento ao roteiro, e quando isso funciona, temos uma cenografia se encaixando com cada cena e dando o charme preciso para que a trama ocorra, além disso, a equipe de arte soube trabalhar muito bem com os elementos cênicos para complementar cada ato, ou seja, temos armas muito potentes tanto no poderio explosivo quanto visualmente na sua aparência, e além disso ao tentar conectar tudo do passado, presente e futuro, o filme desenvolveu elementos chaves para que cada ato ocorresse sem atrapalhar o outro e ainda dando gancho para que os protagonistas não se perdessem tanto e nem a gente. Sobre a fotografia, tivemos inicialmente um tom cinza esverdeado predominante para representar o futuro, depois um tom meio amarelado para colocar o passado, quase grudando no tom original que o primeiro filme trabalhou, e no presente(2017) as cores funcionaram mais vivas dando relação com a computação atual de celulares, colocando o Gênesis mesmo pra valer com tons azuis, de modo que tudo ficou bem bonito na tela, além claro das cenas explosivas sempre jogando o laranja lá no topo para incorporar bem a cena, só achei falta de mais vermelho e sangue em cena. Sobre o 3D da trama, como bem sabemos não foi filmado com a tecnologia, mas é possível observar que muito foi pensado na conversão com os ângulos escolhidos para filmagem, sempre procurando dar sensação de que as pessoas estão caindo, ou voando para fora da tela, com muitas explosões jogando pedaços de coisas e até que uma certa profundidade em diversas cenas, somente esse último detalhe poderia ter sido melhor aproveitado, mas como conversão de profundidade não costuma funcionar bem, ficou melhor usarem somente o que o público que paga mais caro gosta de ver que é coisas voando, e dessa maneira, quem gosta do estilo, pode pagar mais caro que não vai se arrepender.

A trilha sonora composta por Lorne Balfe também é outro ponto que vale muita atenção, desenvolvendo um ritmo tão frenético e ao mesmo tempo envolvente para a trama, que acaba nos deixando sem fôlego em diversos momentos do filme, e esse acerto é ao mesmo tempo bem pontuado junto da canção tema dos outros filmes, o que faz do compositor alguém que estudou para não estragar o original e ainda marcar com seu estilo.

Enfim, é um filme que superou muito mais do que qualquer expectativa que alguém estivesse esperando dele, resultando numa trama bem trabalhada e ação sem precedentes para agradar tanto quem gosta de um longa com história para ser contada, quanto aqueles que só querem pancadaria, ou seja, um filme que dá para recomendar para todos, portanto, compre um pacotão de pipoca e curta o filme na maior sala para que os sons façam sua poltrona tremer, que o filme desenvolve bem também essa percepção sonora. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a outra estreia da semana que irei conferir, então abraços e até mais.


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