Belas e Perseguidas (Hot Pursuit)

7/01/2015 01:52:00 AM |

O nicho da comédia americana anda tão sem rumo que as vezes recauchutar alguns pedaços de filmes que deram certo, e misturar com coisas novas funcionam ao menos para divertir num longa leve e despretensioso. Claro que a beleza das protagonistas, junto com o excesso de loirice salva o filme do fracasso, mas ainda assim "Belas e Perseguidas" é bem fraquinho de conteúdo e vai valer a pena ver apenas para quem quer rir sem se preocupar com nada. Porém, Hollywood precisa parar de aceitar que os produtores de filmes façam os papéis principais, pois mesmo Reese sendo uma ótima atriz, o papel cairia muito melhor em diversas outras atrizes.

O filme nos mostra que escolhida para escoltar uma importante testemunha até Dallas, uma policial se vê fugindo junto com sua companheira de viagem após envolver-se em um acidente. Com personalidades opostas, elas juntam forças para escapar dos bandidos e da própria polícia que as perseguem.

A diretora Anne Fletcher tem um estilo bem peculiar de comédias, pois na maioria de seus filmes sempre opta por não exageram no tom cômico mais pesado e nem romancear demais, o que acaba divertindo, mas não fazendo você rir de passar mal, foi assim em "Minha Mãe é Uma Viagem" e "Vestida para Casar", e portanto já dá para perceber seu estilo e o que esperar quando vermos que um filme é seu, o que certamente é algo bem bacana, pois coloca uma marca. Porém aqui, era notável que o roteiro que foi escrito por dois grandes escritores de séries de TV, David Feeney e John Quaintance, em seu primeiro texto para cinema, tinha pitadas mais fortes para divertir e ela abrandou as cenas, mas ainda assim conseguiu montar um mini estilo de road-movie policial que com algumas boas sacadas deu a comicidade certa no momento certo, e talvez se dessem mais ênfase nos trejeitos espanhóis de Vergara o filme seria de chorar de tanto rir, mas ainda assim do jeito que foi feito agradou. Outro detalhe que poderia ter sido melhor trabalhado são os ângulos de câmeras, pois houve diversas quebras de eixo, e isso causa um pouco de vertigem, não funcionando como uma linguagem interessante, nem tendo base para algo na trama, o que costuma acontecer em dramas mais pesados, e além disso tantos planos resultaram em diversos erros de continuidade, principalmente em relação aos cabelos da protagonista que hora estavam arrumados, hora bagunçados (já havia lido sobre isso, portanto prestei mais atenção do que o normal).

No quesito atuação, volto a repetir que Reese Witherspoon é uma excelente atriz, mas aqui caberia perfeitamente uma atriz mais pontuada pro lado cômico mais irreverente (talvez Tina Fey ou até Melissa McCarthy), porém como é a produtora do longa, pagou logo atuou, e sua Cooper usou e abusou das piadas de altura, já que realmente é bem pequenina, como uma policial metódica, tentaram trabalhar as sacadas para esse lado seu, mas esqueceram de avisar que ela poderia abusar também das expressões faciais, e ficou sempre com cara de dúvida do que estava fazendo, e isso não é legal em uma comédia. Sofia Vergara é literalmente um mulherão, e ainda com saltos bem altos durante o filme todo, praticamente sua Riva engoliu a pobre Reese com seu corpo, e o uso de seu espanhol literalmente foi o charme da trama, e poderiam ter abusado muito mais disso para a personagem ficar ainda mais interessante, somente suas cenas de fechamento (após o ônibus, e na festa) foram fracas demais, parecendo ter sido gravadas em diferentes momentos da atriz, e isso também não é muito legal de ver. Os homens da trama são totalmente um bando de patetas, que com atuações beirando o fracasso máximo que uma atuação poderia ter, entregaram personagens que não dá para acreditar sequer em meio olhar, destaque negativo para a dupla de policiais Matthew Del Negro e Michael Mosley como os detetives Hauser e Dixon, e mais ou menos positivo para as três cenas de Robert Kazinsky com seu Randy.

A trama não trabalhou tanto a cenografia como deveria, afinal por ser um road-movie, nos locais aonde fizessem suas paradas, tudo deveria ser ambientado e completar a cena, mas para que o filme não ficasse tão caro, foram mais modestos nas locações e preferiram simbolizar nas cenas de carros, como na trombada do caminhão voando fermento pra todo lado, nas cenas do ônibus e até mesmo na caminhonete, ou seja, em movimento era o que mais importava para a trama, mas tivemos bons momentos cênicos, como na casa dos traficantes, na cena da festa e até mesmo na lojinha de roupas ficou bem caracterizada a perspicácia das atrizes para em um pequeno local darem conta do recado. A fotografia trabalhou bem para retratar um Texas em New Orleans, e para esse feito puxou o tom do longa para o marrom dando um efeito sujo para a trama, e como não foi tão rico em movimentações de câmera, as cenas sempre foram mais próximas das atrizes e isso não amplia o lado cômico como deveria.

Enfim, é um filme bem feito, que até diverte de certo modo, mas recomendo que quem for assistir compre um combo de pipoca imenso para não prestar atenção em defeitos e apenas rir das boas sacadas, pois quem for esperando uma comédia com cê maiúsculo vai se decepcionar muito. Agradeço a parceria com a Rádio Difusora para poder ver o filme na pré-estreia, e volto amanhã com mais uma pré-estreia que veio para o interior. Então abraços e até breve pessoal.


1 comentários:

Ingrid bárcena disse...

Eu acho muito interessante sua crítica. Embora seja verdade que a questão não é nova, ainda é divertido. o filmeBelas e Perseguidas mostra a questão do tráfico de drogas a partir de uma nova e diferente como o contraste de culturas entre a perspectiva protagonistas. Eu adorei.

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