Sob o Mesmo Céu

6/13/2015 11:18:00 PM |

Quando um filme tenta trabalhar uma linguagem mística ou algo do tipo, de certa forma precisamos respeitar, mas algumas vezes, o filme acaba deixando de lado a beleza incomum que poderia ser trabalhada para entregar algo mais simples, e isso acaba não envolvendo como poderia. Digo isso sobre o longa "Sob o Mesmo Céu", pois o filme tinha tudo nas mãos para capturar a essência dos sinais que o misticismo havaiano possui, e incrementar com um romance baseado nesses sentidos, mas acabou raso nas duas pontas, recaindo sobre um draminha familiar que logo de cara conseguimos enxergar para aonde irá, e isso é bem triste, pois pelo trailer aparentava ter ao menos uma boa comicidade, e nem isso passou. Acredito que tenha servido para os casais apenas irem ao cinema no dia dos namorados e não precisarem prestar atenção em nada na tela.

O longa nos mostra que o aviador Brian Gilcrest enfrenta turbulências no trabalho e precisa de uma segunda chance para reerguer a carreira e nesse meio tempo ele vai passar uma temporada no Havaí, onde reencontra a ex-namorada, Tracy. As emoções o confundem, não só por causa da ex, mas também por perceber que sente algo mais por uma colega de trabalho.

O diretor Cameron Crowe já fez diversos filmes que trabalhem romances de pano de fundo e desenvolva a perspectiva de alguma ideologia, mas ultimamente tem sido bem preguiçoso nos desenvolvimentos de seus roteiros, deixando que os romances sejam superficiais e acabe nos entregando apenas algo bonitinho na telona. e isso não é algo bom, pois acaba não dando público e muito menos prêmios para a equipe, ou seja, acaba virando um fracasso na carreira. Aqui a história tinha diversas perspectivas para seguir, pois desde a chegada do protagonista ao Havaí vários sinais místicos acabam aparecendo, tudo ao redor parece ganhar vida, mas não acabam sendo usados para nada, apenas dando a noção de que o envolvimento dos personagens acabaria ocorrendo (como se isso não fosse algo óbvio), e assim sendo, não conseguimos envolver, nem suspirar, nem se surpreender com qualquer coisa do filme, ficando apenas bacaninha para passar o tempo e não agradar em nada. E se você pensa que o diretor ao menos trabalhou com alguns planos diferenciados para chamar atenção, ledo engano, ficou no basicão com câmera presa e algumas panorâmicas apenas para dar uma certa dinâmica, ou seja, um filme que foi feito somente por fazer.

Sobre as atuações, tinha certeza que Bradley Cooper iria decolar seu jeito de interpretar após o excelente trabalho que fez em "Sniper Americano", mas não, voltou pro seu jeito raso de ser amoroso como vinha fazendo nas últimas comédias românticas que participou, ou seja, não entregando nenhum envolvimento que fizesse nos apaixonar pelo que estava fazendo com seu Gilcrest, num misto de canastrão com poucos olhares emotivos para chamar a atenção das garotas do longa. Mas para compensar temos Emma Stone, que ficou muito charmosa inicialmente com sua capitã Ng, depois foi se abrindo como pessoa e trabalhando diversos olhares interessantes, e claro trabalhando bastante a forma de seus diálogos, ou seja, agradou em tudo que fez, só gostaria de ter visto ela com mais raiva no seu momento de fúria, pois não passou medo em ninguém. Rachel McAdams até tenta ser uma mãe cativante, e uma ex-namorada furiosa que quer tirar todo o peso da sua cabeça em dois diálogos longos com sua Tracy, mas é bonita demais para que alguém se irrite com o que ela diz, e seu sentimento passado acaba flutuando nas suas palavras com pouco controle e isso pega muito no jeito que atua, então poderia ter incorporado menos a mulher charmosa e passado mais a mulher que precisava de algo. Outro que foi muito bem sem dizer quase que 10 palavras foi John Krasinski, pois entregou um Woody interessantíssimo aonde tenta passar apenas com expressões corporais seu diálogo completo para com os demais personagens, e isso além de dar uma comicidade impressionante para a trama, agradou muito pelo envolvimento passado. Bill Murray e Alec Baldwin possuem poucas cenas com seus Carson e Dixon respectivamente, mas conseguiram até que agradar quando foram mais introspectivos, e isso é bacana de ver.

O visual havaiano é sempre bem feitinho, embora na maioria das vezes tentem passar a ilha como um país indígena e isso não é algo tão verdadeiro. Foi trabalhado muito bem cenograficamente a ideologia do misticismo, embora como disse os elementos foram jogados na tela para que captássemos junto de alguns diálogos, mas pouco usados efetivamente para algo mais útil na trama, então o diretor certamente apenas deu trabalho para a equipe artística sem servir para muita coisa, inclusive uma cena de dança que certamente deu muito trabalho, acabou sendo cortada a 2 frames de filme, passando quase que despercebida. A fotografia brincou bastante com sombras, iluminações com névoas e até usou alguns filtros para chamar atenção de algumas cenas, mas nada que conseguisse tirar o foco e abrilhantasse algo do filme.

Enfim, um filme para ver somente se não tiver nada mais passando, claro que é bem bonitinho algumas cenas, tem um pouco de comicidade e tudo mais, mas não impacta em nada e nem vai fazer você se emocionar com o que é passado, o que é uma pena, pois tinha potencial para agradar e muito. Portanto só recomendo ele dessa forma, pra quem gosta de ir passear no cinema e ver algumas danças havaianas na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco confiro a outra estreia dessa semana e volto para dizer o que achei dele, então abraços e até daqui a pouco.


2 comentários:

Fernando Labanca disse...

Parabéns pelo blog, Fernando! To sempre acompanhando e acho super interessante vc conseguir ver todos os filmes em cartaz e ainda escrever!!

Sobre o filme, ainda não vi, sou muito fã do Cameron Crowe, mas realmente todo mundo tá saindo decepcionado da sessão.

Bom, tenho um blog tbm, quando puder, passe por lá tbm...
abração!
http://cinemaateca.blogspot.com.br/

Fernando Coelho disse...

Olá xará!! Obrigado por curtir o blog, confesso que é uma saga bem maluca que inventei pra minha vida.. rsss... Também gosto muito do diretor... mas aqui ele falhou demais... poderia ter desenvolvido tudo completamente diferente que agradaria com muita certeza!!! Dei uma volta lá pelo seu site, bem escrito e bem feito também, e você ainda confere alguns fora do cinema, o que é bacana para o público... parabéns e abraços!!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...