Na Próxima, Acerto no Coração (La prochaine fois je viserai le coeur)

6/17/2015 09:18:00 PM |

E eis que novamente temos um suspense psicológico no Festival Varilux, porém esse mais próximo de algo tradicional, com muitas mortes, um assassino bem trabalhado na sua loucura e uma fotografia bem densa para dar o clima exato que a trama de "Na Próxima, Acerto no Coração", mas ainda assim é um suspense francês, ou seja, final fajuto demais para que o público se contente com o que foi entregue, pois teria inúmeras maneiras de ser mais impactante do que a foi, principalmente por mostrarem que a história foi verídica, então com um final mais árduo, certamente teríamos um filme que chamaria muito mais a atenção.

O longa nos situa no fim da década de 1970, aonde uma série de ataques assusta a região de Oise, na França: um maníaco que persegue jovens mulheres aleatórias. Franck, policial tímido e de vida pacata, é designado para investigar o caso e, na verdade, sabe mais dos crimes do que qualquer um poderia imaginar...

A história em si, que foi adaptada baseando-se em relatos dos jornais e pelo livro de Yvan Stefanovich pelo diretor e roteirista Cédric Anger é até que bem desenvolvida, pois consegue mostrar a loucura do assassino com um grau de dramaticidade bem coerente e envolvente, e os diálogos até que trabalham bem a força simbólica dos eventos. Porém, uma mudança facilíma de se fazer daria ao longa um resultado impressionante: não mostrar o rosto do assassino de cara, o que deixaria o público mesmo que tirando conclusões precipitadas, com muita curiosidade para confirmar se estavam certos de seus palpites, e isso iria certamente aguçar o suspense, pois logo de cara sabemos quem é o assassino, e nada do que ele faz, mesmo que sendo alguém problemático lhe coloca algum tipo de problema real para matar, ou seja, acabamos ficando esperando algo, que como já disse sobre suspenses franceses, não irá acontecer, e assim sendo temos um final decepcionante que necessitou de letreiro finalizador para pontuar o que ocorreu depois, e isso é algo que não é bom para um filme. Sobre a forma de dirigir de Cédric, podemos dizer que tem uma mão bem rígida para captar todo o sentimento do protagonista sem esfriar a cena, o que acabou dando um tom até que bem colocado para a trama, mas como disse, esperava muito mais do final, e nesse quesito tenho de pontuar que a falha recairá sobre ele.

Sobre a atuação de Guillaume Canet, sinto que ele tá precisando fazer algum romance mais forte para que os diretores saibam que ele não é um assassino de verdade, pois aqui sua performance como Franck ficou excelente e com uma psicopatia impressionante passada através de boas expressões e diálogos, nessa semana assisti 14 vezes o trailer de "O Homem Que As Mulheres Amavam Demais" e lá pelo jeito também mata donzelas, ou seja, daqui a pouco a polícia vai bater na porta do cara e prender ele sem que tenha feito nada, pois ele sabe ser frio e calculista como ninguém. Ana Girardot entrega uma empregada estranha, pois vive indo na casa do protagonista passar roupas e tudo mais, mas ao final do filme a casa está abarrotada de lixo... como alguém é apaixonada pelo personagem principal e larga a casa do cara assim? Ou seja, uma falha monstruosa do roteiro, e principalmente pela forma estranha dela de atuar, não que seu personagem seja muito comum, mas poderia ter trabalhado mais. Dos demais atores, todos os policiais parecem que fizeram o mesmo curso de interpretação, não tendo nenhuma característica que envolvesse ou chamasse a atenção, fazendo com que a gendarmaria, ou polícia civil francesa ficasse caracterizada por funcionários estranhos.

Agora é inegável o excelente trabalho da equipe artística, que trabalhou elementos cênicos aonde quer que olhássemos, e sempre bem densos e interessantes de ver, desde o preparo das armas, até as cenas de tortura foram pensadas e bem executadas com ângulos precisos de câmera para causar mesmo, e dessa forma temos de parabenizar a equipe. No quesito fotográfico, foi muito bem trabalhado o tom cinza no longa, deixando o ele bem colocado tanto no clima do inverno da região quanto no suspense que o diretor queria para seu filme, ou seja, um acerto bem posicionado, que como disse, só poderia ser melhor se tivéssemos um ângulo diferenciado nas cenas iniciais para que não víssemos o rosto do assassino.

A trilha sonora também foi bem densa e conseguiu segurar o ritmo da trama, o que é algo completamente necessário em filmes do gênero, portanto vale a pena prestar atenção na orquestra segurando bem o tom do filme.

Enfim, um longa bem feito, e com uma característica bem interessante, mas poderia certamente agradar bem mais se ajustado alguns pequenos defeitos. Vale ao menos uma conferida para ver o bom trabalho psicológico do protagonista e a densidade da trama, mas de resto, quem não gosta de filmes que não entregam tudo vai certamente ficar decepcionado com o final. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas agora vou pra despedida do Festival Varilux, com o último filme que veio para o interior após essa longa maratona de 16 filmes em 1 semana, então abraços e até mais tarde.


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