Derivar (Driften)

6/30/2015 09:25:00 PM |

Alguns filmes conseguem desenvolver situações que nem sequer pensamos na possibilidade de acontecer um dia, e com "Derivar" jamais poderíamos sequer imaginar no relacionamento de um agressor com sua vítima da maneira que o diretor nos entrega. Claro que só de ler a sinopse já é possível imaginar o final do longa, pelo estilo europeu alternativo de ser, mas todo o miolo é tão bom que mesmo com a ideologia tradicional dos filmes europeus dramáticos de deixar que você crie seu próprio final, a ideia é tão bem passada que ficamos apavorados com tudo que poderia dar errado durante as diversas cenas mais fortes do filme, ou seja, um trabalho duro, bem desenvolvido e muito interessante de assistir que recomendo à todos que vejam assim que possível.

O filme nos mostra que o ex-piloto de corridas ilegais Robert, de 22 anos, volta a sua cidade natal, Dietikon, depois de um longo período de ausência. Ele está determinado a deixar seu passado para trás, até conhecer Alice, professora de inglês. Um forte e obscuro vínculo do passado os une. Ele a segue e a espiona. Para se aproximar dela, começa a ter aulas de inglês.

Em seu primeiro trabalho como diretor de longas, Karim Patwa trabalhou bem no conteúdo para não acontecer de termos um problema com o que é passado, de modo que não descobrimos logo de cara todos os problemas que o rapaz possui, pois ele nos instiga a irmos vendo pouco a pouco, e isso é o que faz o roteiro, que também foi escrito por ele, ficar melhor ainda. Claro que nem tudo é perfeito, pois temos algumas cenas meio que absurdas acontecendo, mas conforme vai passando a história acabamos nos envolvendo com a trama, e isso transformou o filme em algo que poucos filmes conseguem desenvolver, deixando ele nos moldes de grandiosos filmes europeus dramáticos. Embora o abuso da câmera na mão para dar o ponto de vista dos atores pudesse ser reduzido, a tensão que o diretor conseguiu criar com esse estilo, nos faz pensar a todo momento no pior, e isso é algo bem bacana de se ver, portanto o mix de roteiro envolvente com boa técnica de filmagem deu um rumo que certamente se feito de maneira diferente não agradaria tanto. Um detalhe para os amigos que forem assistir ele, o filme é falado em alemão, e somente nas cenas que estão em alemão a legenda foi colocada em português, portanto nas aulas de inglês e quando os personagens discutem em inglês, temos legendas em inglês, o que acaba dando para treinarmos a leitura do idioma americano escrito na tela, interpretando a cena junto com os personagens.

Sobre a atuação, temos de falar certamente sobre o estilo de Max Hubacher, que ao mesmo tempo que mantém um ar jovial conseguiu imprimir uma personalidade forte para o seu Robert, de modo que ficamos instigados pelo seu personagem e até bravos com o que acaba fazendo em determinados momentos, claro que poderia ter melhores expressões para que fosse mais crível, porém acaba agradando bastante com um jeito mais rústico em seus trejeitos, ainda é novo e deve melhorar bem. Sabine Timoteo trabalhou sua Alice de uma maneira meio que estranha, pois em alguns momentos vemos ela mais solta em cena, logo em seguida já está introspectiva, e isso não é algo que funciona para transpassar os problemas de sua composição, e claro que seu final é excelente, mas expressaria o nervosismo de uma maneira mais cheia de trejeitos fortes que certamente daria um outro tom para a trama, mas como disse no começo do texto, ainda temos um final meio que aberto, e o que ocorre pode ter outros significados, então dessa maneira a atriz até que segurou bem as pontas. Os demais personagens acabam aparecendo pouco, mas o papel de Sandro que é feito de forma tão contundente por Scherwin Amini é algo como aqueles diabinhos de animações instigando o protagonista a fazer coisas erradas, e isso é algo que chega de certa maneira irritar o espectador, então se essa era a proposta de seu personagem, o ator fez muito bem.

A direção de arte do longa até que fez os três cenários principais da trama (quarto do rapaz, casa da mulher e oficina mecânica) de maneira bem colocada, mas nada que você fale que foi algo muito evoluído, apenas simbolizando para mostrar alguns sentimentos dos protagonistas e nada mais, e de certa maneira até alguns momentos foram bem forçados e acabam não agradando tanto, como as cenas na rua que até desenvolvem a questão da velocidade com luzes e tudo mais, mas pareceu um pouco artificial demais, não fluindo como deveria. No quesito fotográfico tivemos algumas cenas com uma iluminação mais chamativa, como nas boates e nas cenas de corrida, mas o filme usou muito de contraluzes tradicionais e isso é legal de ver que o cinema europeu vem abusando um pouco da luz falsa para preencher a cena.

Enfim, um longa que trabalha diversos sentimentos angustiantes, e que conforme vamos nos envolvendo com os personagens, mesmo sabendo tudo o que aconteceu anteriormente, ainda torcemos para o melhor para os dois protagonistas, claro que o final foi mais do que merecido, mas ainda existem outras alternativas para pensarmos no que aconteceu, então recomendo demais o filme para todos que puderem conferir, e vamos discutindo mais sobre ele nos comentários. Fico por aqui agora, mas ainda volto hoje para falar da pré-estreia que irei conferir, então abraços e até breve pessoal.

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As Pontes de Sarajevo

6/28/2015 09:54:00 PM |

Se existe um gênero que não gosto de escrever é o de coletâneas sobre determinado assunto, pois acabamos vendo tantos filmes dentro de um só, que após passar todos nem lembramos direito o que vimos no começo, então mesmo o resultado sendo interessante "As Pontes de Sarajevo" acaba sendo um filme que até mostra bastante as marcas de uma cidade que passou por diversas guerras e ainda tem um reflexo do passado presente na cultura atual da capital da Bósnia e Herzegovina, porém cansa com algumas perspectivas mais autorais, que certamente era a ideia da trama, e poderia ter uma dinâmica mais contundente para ressaltar pontos positivos e negativos, não apenas o lado mais sentimental e ideológico que tanto bateram na tecla em quase todos os curtas.

A sinopse nos mostra que pelos olhos de treze cineastas europeus, esse filme coletivo explora o que Sarajevo representou na história europeia dos últimos 100 anos e o que representa na Europa atual. De diferentes gerações e origens, esses eminentes cineastas contemporâneos oferecem uma gama de visões e estilos.

Acabei não anotando os nomes de todos os filmes, e também não vou me prender a contar o que ocorre em cada um, pois como disse o que vale na coletânea toda é o contexto que desejavam passar, e como o contexto histórico dos roteiros foram certamente bem trabalhados para dar síntese ao enredo completo que o diretor artístico Jean-Michel Frodon desejava para montar o filme. Claro que alguns até se destacaram mais, como o primeiro trecho aonde nos é mostrado o estopim da Primeira Guerra Mundial, que ficou bem envolvente e cheio de nuances, o penúltimo trecho com o garotinho que perdeu os pais e agora vive tendo esperança na adorada cidade por ele, alimentando cães de rua, e até o último trecho aonde mesmo o esporte para crianças, já tem rumos mais adultos para mostrar que ali todos precisam viver mais rápido, pois conflitando com o cemitério gigantesco atrás do campo, aonde divide-se lado muçulmano de lado cristão, já temos um molde de que ali nada é fácil. Temos também os longas abstratos, que muitos adoram, e eu particularmente não consigo sentir nada por eles, até por vezes sentindo um desgosto de gastar dinheiro com o estilo, então que surge claro Jean-Luc Godard em mais um filme seu que joga imagens, sons altos e textos soltos para formar sua ideia abstrata de como o que ocorreu no passado influência no que é a cidade hoje, e mesmo sendo estranho demais seu estilo, que já conhecemos de outros longas, o resultado até que fica cabível; e outro que acabou mais chato do que bem feito foi o trecho Reflexos ou Reflexões, não lembro muito bem, que coloca imagens de algumas pessoas (pode ser que sejam importantes, mas não reconheci ninguém), em ruas aonde vão passando as pessoas por trás e ao lado da imagem, a fotografia nesse trecho inteira em P/B ficou linda, mas confesso que quase dormi nesse trecho que não acabava nunca. A comicidade ficou a cargo do trecho Réveillon que com uma câmera estática pegando parte de um pinheiro natalino, e duas pessoas na cama, discutindo se um escritor alemão tinha boas ideias da Europa, ficou muito interessante de ver a perspectiva do casal e do texto claro, mas acredito que um pouco mais de sarcasmo na entonação daria ainda mais luxo para a trama.

Agora se tem algo que vale muito a pena ver em todos os trechos é o conceito artístico/fotográfico, pois cada momento foi retratado sob uma perspectiva tão bonita dentro da cenografia que até adentramos quase ao filme com o que é passado, mas em termos de cores e ambientação, particularmente fecharia o longa com o trecho "A Ponte" do italiano Vincenzo Marra que daria o encaixe mágico, já que com uma fotografia totalmente viva, o diretor deu ares de nostalgia das pessoas que fugiram da cidade e ainda remete ao símbolo do filme.

Enfim, é um trabalho inusitado que agrada de certa forma, mas que também cansa pelo excesso, com 6 curtas mais bem desenvolvidos teríamos algo perfeito e que não enrolaria tanto, mas certamente o tempo não casaria com a proposta. Vale a pena conferir para conhecer algo que não é comum de vermos por aí, mas garanto que alguns não vão gostar do que irão assistir. Bem é isso, como disse no começo não é meu estilo favorito para escrever sobre, pois não dá para esmiuçar cada coisa vendo num cinema, quem assistir em casa certamente terá tempo para parar cada curta e falar sobre ele, mas não é, nem nunca será meu caso, portanto, está aí escrito de modo geral o que achei do primeiro filme do Panorama de Cinema Suíço Contemporâneo que irei conferir nos Domingos e Terças de Junho/Julho no SESC Ribeirão Preto, que já deixo o convite para os demais para todos da cidade, então abraços e até breve pessoal.


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Minions em 3D

6/26/2015 01:36:00 AM |

Animação: aquele gênero que faz você voltar a ser criança e se divertir igual um bobo no cinema e curtir ao filme junto com toda a criançada, e quando funciona fica com a mesma vontade de aplaudir igual todos na sala fizeram após acabar a sessão. Preciso definir melhor "Minions"? Acho que não, pois como muitos que conheço, esse era um dos filmes mais esperados de muitos anos, desde o primeiro "Meu Malvado Favorito" que esses bichinhos amarelos já dominaram os corações de milhares de pessoas, e todos desejavam saber suas origens, e até a curiosidade aguçava como iriam fazer com a língua deles para agradar, mas como diriam os velhos ícones do cinema, o cinema não começou falado e funcionou diversos anos mudo, então quando expressões e trejeitos aliados à bobagens faladas de forma gozada conseguem encaixar perfeitamente, temos um resultado muito engraçado e totalmente feito para crianças vibrarem e comprarem milhões de souvenires, adultos voltarem a ser crianças e comprarem souvenires também e dessa maneira mesmo com diversas partes já exibidas nos diversos trailers que saiu, o filme ainda agrada demais e faz valer totalmente a pena ver e rever.

O filme nos mostra que seres amarelos unicelulares e milenares, os minions têm uma missão: servir os maiores vilões. Em depressão desde a morte de seu antigo mestre, eles tentam encontrar um novo chefe. Três voluntários, Kevin, Stuart e Bob, vão até uma convenção de vilões nos Estados Unidos e lá se encantam com Scarlet Overkill, que ambiciona ser a primeira mulher a dominar o mundo.

Muitos vão reclamar que o roteiro é básico ou que não deram muita ênfase na vilã, mas o fato é que o diretor Pierre Coffin, que dirigiu os outros dois filmes que os amarelinhos já haviam nos conquistado, sabia que o carisma dos personagens por si só já valiam todo o desenvolvimento, e não bastasse isso, ele ainda dublou diferenciadamente os 899 minions (segundo informações técnicas, não fiquei contando não viu!!) para que tivessem seus trejeitos bem colocados num misto de cinco línguas: francês, inglês, espanhol, italiano e japonês (no Brasil, o maluco que dublou todos os amarelinhos foi o dublador profissional Guilherme Briggs, e felizmente não estragou em nada tudo o que gostamos de ouvir eles falando mesmo que sem entender quase nada). A grande sacada do diretor, que agora uniu forças com Kyle Balda("O Lorax") para desenvolver o roteiro de Brian Lynch("O Gato de Botas") foi ter escolhido uma época de grandes transformações e interações, que foi 1968 e usando desses artifícios, a trama se desenvolve bem com os pequeninos buscando uma nova vilã, mas claro que a abertura explicando como foram os primórdios dos amarelinhos é algo que não tem como não rir muito e se divertir com cada passagem. Enfim, o desenvolvimento técnico da trama até não é algo elaborado demais, mas como disse e reforço, o longa foi feito para crianças, claro que muitos adultos adoram esses bichinhos, mas se baixarmos a criança interior ao ir assistir o filme, a garantia de diversão é imensa.

A modelagem tridimensional dos personagens, assim como todos os filmes da Illumination possuem formas curvas muito precisas, e isso dá um visual muito gostoso de assistir, pois tem formato próprio, não é algo que busca o realismo como Disney e Dreamworks buscam, mas sim a simbologia gráfica para envolver as pessoas com os personagens principais, e nesse quesito cada minion com sua característica própria é algo para realmente colecionar como diversas empresas vão abusar pelos próximos meses certamente. Os três protagonistas Kevin, Bob e Stuart são realmente muito fofos e carismáticos, e foram escolhidos muito bem para dar representatividade à trama e agradar com seus jeitos próprios, Kevin como o mais "responsável" tem boas sacadas e diverte de um modo mais sério, Bob é o bebezão que todo mundo vai apaixonar e seu dom com os animais é algo incrível, e Stuart é a parte musical da trama, ou seja, vai dar ritmo sempre que aparecer. A dublagem que Adriana Esteves entregou para a personagem Scarlet Overkill ficou muito bem pontuada e impostou o ar de vilã que a atriz sabe fazer muito bem, talvez se mostrassem um pouco mais da história de vida da personagem, os mais críticos iriam adorar saber o porquê dos seus desejos de ser uma grande vilã, mas ainda assim o personagem é bem trabalhado. Herb Overkill ficou meio fajuto, e mesmo sendo um gênio das armas, seu estilo ficou meio estranho e desengonçado demais, além da dublagem de Vladimir Brichta também não ter sido algo que chamasse muita atenção. Os demais humanos que adentram a história até foram bacanas, mas poderia ter trabalhado um pouco mais os outros candidatos a vilões que aparecem, mas enrolaria demais o filme, então seus momentos foram bem feitos no geral. Ah e claro, que um personagem extra aparece muito bem encaixado na trama, mas vale mais a pena conferir no filme, e certamente se tivermos Minions 2, ele irá funcionar bem ainda.

Sobre o visual da trama, temos diversas boas sacadas em relação à época que o filme se passa, unindo fatos para chamar a atenção dos adultos e também muita coisa que quem jogou os joguinho "Minion Rush" vai lembrar de ter visto (por exemplo o crescimento) e claro que em breve devem ter novas fases por lá com a trama nova. Só acho que poderiam ter trabalhado mais a convenção dos vilões nos moldes das Comic Con da vida, pois iria ficar muito divertido de ver mais desse cenário, acredito que até tenha existido, porém cortado para não alongar, e deva vir no bluray, mas no geral o contexto ficou muito bem trabalhado. A paleta de cor básica é o amarelo e azul, óbvio, mas não ficou pesado, pois souberam combinar bem toda a cenografia restante e funciona bem a aparência mesmo nas cenas que tem uma tonelada de bichos amarelos, e isso é algo que certamente deu um belo trabalho para a equipe de computação.

Agora o ponto que todos sempre perguntam: Vale a pena ver nas salas 3D? E respondo sim, vale muito, pois temos muitas cenas com profundidade, algumas boas cenas com objetos saindo da tela, e principalmente uma cena pós-crédito (última coisa mesmo, após todos os nomes) perfeita aonde todos os personagens trabalham com diversos elementos do filme, sendo algo brilhante, que dá para ver o quanto de perspectiva é possível usar num filme, e ainda iremos aguardar um filme aonde isso seja usado durante toda a trama.

As canções como sempre são um show à parte e a trilha sonora composta pelo brasileiro Heitor Pereira é realmente incrível, misturando diversos clássicos na língua dos amarelinhos e claro botando as originais também de pano de fundo, o que certamente agradou no ritmo envolvente que a trama nos propôs.

Enfim, como disse já alguma vezes aqui, a expectativa em demasia pode atrapalhar um pouco, e fazer com que alguns até não gostem tanto do filme, mas confesso que quem se deixar levar para o lado infantil, sairá da sala maluco para passar na lanchonete do lado dos cinemas e comprar mais um bonequinho para a coleção, pois o longa agradará com certeza tanto adultos quanto crianças. E quem for aos cinemas, pode esperar filas e mais filas com muitas crianças. Bem é isso pessoal, como disse tirando pequenos detalhes, o resultado em geral é perfeito e recomendo demais para desestressar da correria do dia a dia, e por ser um filme muito bem feito, portanto peguem seus doces de banana (os cinemas podiam ter feito pipoca sabor banana né!!) e corra pro cinema mais próximo. Fico por aqui hoje, com a única estreia que veio para o interior, mas volto domingo com o Festival Suíço que começa no Sesc, então abraços e até breve.

PS: A nota não foi máxima devido à altíssima expectativa que tinha criado para o filme, mas ainda assim recomendo ele demais, mesmo para quem estava maluco pelos bichinhos.

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Dragon Ball Z - O Renascimento de Freeza

6/23/2015 12:47:00 AM |

Todos sabem que nunca fui muito ligado em animes, mas alguns até que acompanhei algumas temporadas, e até vi alguns filmes, como é o caso de "Dragon Ball Z", mas se tem uma coisa que acho inútil são as empresas lançarem episódios mais alongados para passar no cinema, apenas como um mote para que os fãs tenham uma novidade na tela grande, e dessa forma até que "O Renascimento de Freeza" consegue manter uma linha nos acontecimentos, juntamente com uma pequena história até para ser contada, mas não entrega nada além do que os fãs já esperavam ver, ou senão um episódio mais alongado do que acabaria vindo naturalmente, e para isso forçam piadas, colocam cenas repetidas e quem realmente não for muito fã da saga, vai assistir os 93 minutos do longa e sair da sala como se nada tivesse acontecido, pois não temos apresentação de personagens, apenas são jogados diversos na tela e seja feliz quem os conhece. E até os fãs mais desesperados acabam saindo da sessão sem ao menos ver a cena pós-crédito, que é até divertida.

A animação nos mostra que Sorbet e Tagoma, dois remanescentes do exército de Freeza, chegam à Terra em busca das Esferas do Dragão. A ideia é reuni-las para ressuscitar seu antigo líder, que faleceu após uma batalha contra Goku. O plano é bem-sucedido e, com isso, Freeza retorna disposto a se vingar. Para tanto ele se prepara durante meses, de forma que possa reencontrar Goku no auge do seu poder.

O resultado da história com toda certeza podemos dizer que empolga os fãs, pois temos um longa quase que inteiro de batalhas, e intercalando boas piadas com os personagens mais cômicos da trama, e dessa maneira podemos dizer que Akira Toriyama segue firme e forte na criação das aventuras de seus personagens desde 1996. Mas como uma pessoa que frequenta muito os cinemas e deseja ver muito mais na telona, gostaria que o filme tivesse um conteúdo mais desenvolvido, com começo, meio e fim de modo que todos que fossem assistir, independente de conhecer ou não os personagens saíssem felizes com o que veriam na tela, e definitivamente isso não acontece, pois se você não souber quem é quem dos principais personagens, provavelmente não vai entender absolutamente nada do que é mostrado, e quem conhecer somente o básico ainda assim vai ficar um pouco perdido com algumas situações. Porém, como um amigo mesmo já havia me dito, anime em cinema sempre foi feito para fã, então nesse contexto, posso dizer que a trama atinge bem, pois ao sair da sessão estavam lá diversas pessoas que estavam na sessão tirando foto com o pôster e acredito até que o longa dê um certo resultado de bilheteria.

Os traços dos personagens continuam bem fiéis às suas origens, não tendo inovação praticamente nenhuma nesse quesito, e claro que todos continuaram com a comicidade tradicional que a trama já mantém há muito tempo, e isso é algo que se algum diretor maluco assumir e remover, certamente vão queimar ele vivo. Os destaques tirando os personagens principais que passam a maior parte lutando como Vegeta, Goku e Freeza, são Bills e Whis, que sempre atrás dos quitutes de Bulma divertem demais, e o novo personagem Jaco também consegue ser bem colocado agradando bastante na trama.

Acabei não assistindo o longa com a tecnologia 3D, afinal como disse no parágrafo anterior, o longa ainda é todo desenhado, ou seja, não temos uma modelagem que chame atenção, portanto acredito que tenha funcionado bem pouco os efeitos no longa, mas certamente as diversas explosões devem ter voado coisas para fora da tela para agradar os que gostam desse estilo de efeito, quem tiver visto na tecnologia e quiser comentar abaixo, fique a vontade.

Enfim, como já repeti diversas vezes, só recomendo ele realmente para quem é fã, ou conhece muito sobre o Universo DBZ, pois os demais até pode ser que acabem gostando de determinada cena, ou de determinado personagem, mas sairá da sessão como se tivesse visto apenas uma animação barulhenta, com personagens caricatos que não foram sequer apresentados, e certamente o filme não foi feito para isso. Como esse já é o 15° filme da série, acredito que não devam parar, pois os fãs sedentos sempre querem mais, mas certamente recomendaria as plataformas digitais para lançamento direcionado, que o acerto seria maior. Não iria conferir esse filme no cinema, mas como sabem gosto de ver tudo, então acabei ficando sem ver mesmo no cinema somente o Naruto desse ano, então agora realmente encerro minha semana cinematográfica por aqui, mas volto na próxima quinta torcendo para que somente os bichinhos amarelos não dominem as salas, deixando vir algo a mais. Então abraços e até breve pessoal.


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Jessabelle: O Passado Nunca Morre

6/20/2015 12:24:00 PM |

Se existe uma coisa que nunca vou entender é o prazo para que um filme estreie mundialmente e outros demorem uma eternidade para serem lançados. Por exemplo "Jessabelle" que conferi no cinema hoje, e por ter sido lançado lá fora em Setembro/2014, diversos amigos já viram há tempos utilizando dos meios de pirataria, o que me deixa completamente triste, pois temos aqui um dos melhores filmes do gênero de terror sem que seja necessário forçar a barra para que o público entenda a história que ele quis passar e sem também abusar de cenas nojentas, ou seja, um filme que você arrepia com algumas situações e ainda ao final fica bem feliz com o resultado, claro que se você entender a história completa, pois vi muitos reclamando da cena final, e ela é perfeita!

O longa nos mostra que ao sofrer um terrível acidente que a deixa paraplégica, Jessie é forçada a voltar para a casa do seu pai no interior, onde passou sua infância. Ela descobre então que um mistério cerca seu nascimento e que um espírito furioso, chamado Jessabelle, parece determinado a destruí-la a todo custo.

O principal ponto para que um terror funcione geralmente fica a cargo de uma boa edição das cenas, pois se bem feita, surpreende o público e não acaba ficando forçado, e esse conhecimento o diretor Kevin Greutert tem de sobra, pois editou praticamente todos os "Jogos Mortais" e ainda por cima dirigiu os dois últimos longas da franquia, e aqui soube desenvolver bem uma trama que aparentava não ter nada de envolvente, e que com um ponto de virada completamente plausível, o longa se tornou interessante e bem aterrorizador. Claro que não é daqueles filmes que você vai pular a todo momento da poltrona, mas a situação em si é assustadora e pensar na possibilidade completa do filme é algo que tenho muita certeza de já ter acontecido coisas parecidas mundo afora. É fato também que temos muita coisa que beira a burrice total de uma pessoa, o que é de praxe de todo filme de terror, pois como uma pessoa que morreram todos os parentes e está paraplégica ainda fica numa casa imensa de dois andares, aonde se tem barulhos estranhos e tudo mais de anormal acontecendo ao redor? Mas tirando esses detalhes bizarros que acontecem em todos os filmes de terror, o resultado entregue é muito bem trabalhado e agradará quem ficar até o fim da sessão.

As atuações até foram bem colocadas dentro da proposta da trama, de modo que Sarah Snook consegue passar tanto um pouco de seus medos, quanto das dúvidas que tem sobre o que está acontecendo com sua Jessie, claro que sempre ficamos impressionados com o quão corajosos são alguns protagonistas desse estilo de filmes, mas ela saiu bem com boas expressões e até boas inflexões de respiração no modo de dialogar, coisa rara de se ver em filme de terror. Mark Webber, que não é o piloto de corridas, entregou um Preston que até tem um bom fundamento dentro da história, mas chega a irritar esse estilo de pessoa que tem família e tudo mais, e resolve ajudar a velha paixão de escola, não precisando trabalhar, nem fazer mais nada na vida, e além disso seus trejeitos sempre soavam com cara de interrogação para tudo que fazia, e isso não é atitude de um bom personagem num longa de terror. Joelle Carter até apareceu bem como a mãe da garota, e suas gravações sempre beiravam o misto de loucura com desespero, o que deu um tom a mais para tudo o que acontece, ou seja, um fantasma que chama a atenção, somente temos de reclamar nas suas cenas reais, que esqueceram de esmaecer deixando ela mais viva do que qualquer fantasma. E para finalizar, temos até mesmo aparecendo pouco, mas assustando muito, Amber Stevens West conseguiu ser importantíssima para o final da trama, de modo que se tivermos um segundo filme, teremos mais medo ainda de suas expressões.

O visual de casas estranhas é algo que todo filme de terror possui, e a equipe de arte desse gênero necessita ser muito antenada para encontrar esses locais, pois falar que já passou por alguma casa do tipo ou morou, a pessoa tem de ser muito maluca mesmo, e junto disso, a equipe trabalhou com uma gama imensa de elementos cênicos para representar bem a mãe da garota, e a casa em si, com televisões e VHS antigos e muito assustadores para dar o tom da trama, diversos elementos de macumba e vodu colocados no lugar certo para chamar atenção, ou seja, um belo trabalho.de pesquisa e feitio. A fotografia felizmente não abusou nem de iluminação falsa, nem estragou o filme com cenas escuras demais, trabalhando no tom exato para ficar com a cara que o terror pedia, e ainda assim manter a tensão, ou seja, um trabalho bem interessante de se ver.

Enfim, é um filme que de certa forma não chegamos a ficar com muito medo, e nem sair da sala assustado pensando que os espíritos virão nos pegar enquanto dormimos, mas como a história foi bem escrita e desenvolvida com uma direção precisa, vale com toda a certeza conferir nos cinemas, claro para quem ainda não viu de modo pirata, e sendo assim recomendo para quem curte o gênero. Bem é isso pessoal, depois de uma semana de muitos filmes e posts, encerro aqui essa que foi bem curtinha, tem até mais um longa que estreou, mas como considero ele continuação de série televisiva que não conferi muito na infância, prefiro não opinar sem conhecer muito do estilo, então abraços e até na próxima quinta com as novas estreias que vierem para o interior.


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Divertida Mente em 3D (Inside Out)

6/19/2015 08:57:00 PM |

É interessante analisar as emoções que um filme sobre emoções nos traz, pois ao trabalhar dessa forma, a Pixar conseguiu montar um longa envolvente e cheio de percepções que nós mesmos não temos sobre nós, e isso é algo que vai além do que uma animação tradicionalmente faria, o que é excelente. Porém um erro técnico da forma de pensar do filme "Divertida Mente" é que ele não foi feito pensando em momento algum nos principais consumidores de animações, pois mesmo os personagens principais sendo modelados de maneira mais simbólica para tentar puxar uma comicidade e fazer com que os pequeninos se afeiçoassem à algum deles, tudo o que acaba acontecendo puxa para um lado bem mais emotivo, que ainda não trabalharam tanto, de estarem aptos a conhecer suas próprias emoções. Agora para os adultos, o filme é repuxa tantos sentimentos nas nossas cabeças, que é evidente o nó na garganta em diversos momentos da trama, de modo que certamente daqui a alguns anos, quando alguma dessas crianças que foram hoje no cinema ver o filme, ao rever irá refletir e acabará gostando do que viu, mas hoje elas passaram quase que o filme todo pedindo para os pais irem embora, no banheiro, e tudo mais porque acharam chato.

O longa nos mostra que Riley é uma garota divertida de 11 anos de idade, que deve enfrentar mudanças importantes em sua vida quando seus pais decidem deixar a sua cidade natal, no estado de Minnesota, para viver em San Francisco. Dentro do cérebro de Riley, convivem várias emoções diferentes, como a Alegria, o Medo, a Raiva, o Nojinho e a Tristeza. A líder deles é Alegria, que se esforça bastante para fazer com que a vida de Riley seja sempre feliz. Entretanto, uma confusão na sala de controle faz com que ela e Tristeza sejam expelidas para fora do local. Agora, elas precisam percorrer as várias ilhas existentes nos pensamentos de Riley para que possam retornar à sala de controle - e, enquanto isto não acontece, a vida da garota muda radicalmente.

O diretor Pete Docter("Monstros S.A.", "Up - Altas Aventuras") junto do estreante na direção Ronaldo Del Carmen trabalharam bem com a ideia do roteiro, desenvolvendo cada personagem e cada detalhe da animação, como um elemento separado do outro, o que deu à trama uma perspectiva muito interessante de acompanhar, mostrando cada detalhe mínimo no contexto da história, de modo que conseguimos separar bem tudo o que ocorre no centro de controle, com a vida da garotinha e principalmente quando Alegria e Tristeza vão para o plano inferior, somos transportados juntos para aquele cantinho submerso que estão bem guardadas nossas memórias "menos" importantes, e toda essa nuance é incrível de pararmos para pensar. Aí é que entra toda a ideia da maravilha que é o filme, pois já pensamos muito sobre como é esse trabalho de desenvolver, separar e porque não dizer catalogar nossos sentimentos e a maneira que os neurônios, ou sei lá o que tem dentro de nossa cabeça faz! Mas aí também entra a parte mais complexa do filme, que até gostaria de saber como os pais vão explicar para os filhos tudo o que é passado na trama, pois se uma criança entender o filme, pulem o colégio e já coloquem ela na faculdade, pois certamente ela vai querer fazer Psicologia ou algo do tipo.

Como os diretores sabiam da complexidade da trama, foram espertos em outro quesito para ao menos não dar prejuízo para a companhia, e criaram personagens com traços simples (com a tecnologia das salas maiores é possível ver até imperfeições de traços nos personagens), mas que podem gerar marketing futuro com cadernos, lancheiras e afins, e dessa forma o visual deles agrada mais do que suas personalidades, e olha que a dublagem mesmo com muitos atores ao invés de dubladores profissionais, está excelente com Miá Mello como Alegria, Otaviano Costa como Medo, Katiuscia Canoro como Tristeza, Dani Calabresa como Nojinho e Leo Jaime como Raiva. E como são atores que possuem um carisma interessante, eles conseguiram passar essas suas características inclusiva na entonação de suas vozes, e isso deu realmente um show, colocando expressões nossas e muita dinâmica na sonoridade, o que agrada demais quem for ver as cópias dubladas. Além da boa dublagem, tentaram dar certo design engraçado para alguns personagens chamar atenção, daí entraram em jogo o amigo imaginário de Ripley, os engenheiros das memórias e os mais sensacionais na minha opinião, o pessoal de atuação e produção de sonhos, que se isso existir realmente quero ser na minha próxima encarnação!

Sobre o contexto visual da trama, como disse ao falar da direção, eles foram extremamente espertos para desenvolver cada elemento separado, o que certamente deu um trabalho imenso para os desenhistas, mas conseguiram dessa forma caracterizar cada detalhe, e as bolas de memórias formaram perspectivas tão bonitas de se ver, que junto do grande excesso de cores para tentar cativar as crianças, o filme acaba tão luxuoso nesse sentido que ficamos cada vez com mais vontade de ver e rever tudo o que é brilhoso na tela. Agora vamos ao outro crime do filme, o ingresso 3D é mais do que totalmente dispensável, temos pouquíssima profundidade de cena, e menos ainda elementos saltantes, ou seja, quase 80% do filme certamente dá para assistir sem óculos, não tiveram a preocupação nem dos personagens terem uma modelagem mais tridimensional para chamar atenção, e olha que o diretor já havia acertado isso magistralmente em "Monstros S.A." mesmo quando não tinha a tecnologia para empregar, de modo que os pelos de Sullivan tinham vida própria, e aqui tudo é simples demais, portanto quem quiser pode economizar com toda certeza que não vai perder nada.

No quesito sonoro, faltou uma canção tema, ou mais trilhas para dar uma dinâmica mais envolvente para a trama, Destacando nesse quesito apenas o comercial de pasta de dente, que com uma música marcante até saímos da sessão cantarolando ela, e isso é algo que realmente acontece muito nesse estilo de emoção ficar voltando para nossa cabeça com canções-chiclete.

Enfim, repito que é um excelente longa para os adultos, e que vale ser visto diversas vezes, mas confesso que não me senti como uma criança, o que acaba acontecendo na maioria das animações, e dessa forma juntamente com o que vi das outras crianças presentes na sala que estavam ou querendo ir embora ou mexendo em celulares dos pais para ficarem quietos na sessão, acabo não recomendando como um filme para levar eles. Portanto fica sendo assim a minha recomendação para o longa, só levem os pequenos se eles forem daqueles estilos que já estão pensando muito nos seus atos, ou seja, entrando na adolescência, mas certamente irei torcer para que o filme tenha uma continuação para ver as emoções da jovem Ripley ao passar pela adolescência/juventude. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho mais uma estreia para conferir, então abraços e até breve.


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O Preço da Fama (La rançon de la gloire)

6/18/2015 02:18:00 AM |

Se tem uma coisa que deixa esse Coelho que vos digita não contente com um filme é quando a classificação dele é controversa, pois embora "O Preço da Fama" possua cenas cômicas, ele está muito longe de ser uma comédia, pois ele comove, diverte, mas não faz rir, e isso é algo que somado ao excesso de trilha sonora até em cenas que não necessitavam, acabou transformando a fase inicial do longa quase em um daqueles longas que te empurram para que você consiga assistir, e com toda certeza Chaplin merecia um filme sobre seus primeiros minutos no além de uma forma melhor. Claro que o filme não fica arrastado por inteiro, ficando muito melhor no terceiro ato, porém uma coisa que tem de ficar de lição para todos que sonham em um dia fazer um filme é que não é porque você conseguiu a liberação de todas as canções de uma banda, que você precisa colocar os 25 álbuns da banda tocando em sequência.

O filme nos mostra que no final dos anos 70, nas proximidades do Lago de Genebra, Eddy Ricaart é libertado da prisão e recebido por Osman Bricha, um grande amigo. Ambos estão passando por um momento difícil completamente sem dinheiro, e Eddy, ao ficar sabendo da morte de Charlie Chaplin, decide sequestrar o caixão do astro e exigir um alto resgate.

É engraçado pensar que a história do longa aconteceu realmente, pois extorquir família de morto é pior do que qualquer coisa já pensada por ladrões, mesmo os que estão em plena necessidade como acontece na trama, e o diretor trabalhou muito bem a história com boas nuances e cenas bem desenvolvidas, o único porém como já disse acima foi o excesso de trilha sonora, e algumas cenas que poderiam ser aceleradas, pois mostrar duas escavações é algo que nem no History Channel é legal, todo mundo sabe que a pessoa fica cansada, que demora e não precisaria de 5 minutos para cada cena. Dito isso é interessante ver como Xavier Beauvois trabalhou com seus personagens de modo a funcionar tanto como pessoas que acabaram fazendo um crime por necessidade, mas também os humaniza ao mesmo tempo que critica, e claro ainda desenvolve neles uma certa homenagem ao grande Chaplin, e assim sendo ele conseguiu trabalhar os diversos vértices que a trama poderia ter, agradando e comovendo, mas caso quisesse dar um tom mais cômico também conseguiria.

Sobre a atuação, temos de dizer o quão incríveis são as expressões de Benoît Poelvoorde que entregou ao seu Eddy um carisma impecável para quem acabou de sair da cadeia, e mesmo seu personagem sendo um pouco atrapalhado, conseguiu cativar as atenções para seu lado "bom", o que chega a chamar muita atenção nas cenas do circo. Roschdy Zem pontuou de forma estranha seu Osman, que não mostrou nem uma perspectiva desesperadora, tirando a penúltima cena no telefone, nem algo que fizesse o público ficar com dó de sua situação, e isso é algo crítico, pois ele em suma é o protagonista da trama, e se desse o mesmo carisma que seu companheiro de cena, teríamos um filme incrível. Séli Gmach infelizmente não começou bem no cinema, pois não obteve seus melhores momentos com seu primeiro papel diante das câmeras, de modo que sua Samira não possui expressão, sendo uma garotinha que apenas está ali na cena, mas não ajudou nem foi ajudada pelos protagonistas para se sair melhor, ou seja, morreu em cena. É engraçado ver Dolores Chaplin que é neta do ator, fazendo o papel de sua mãe no filme, pois não precisaram de ninguém semelhante, já que ela aceitou o papel e mesmo aparecendo pouco fez bem suas cenas com um carisma até que interessante. Hoje não foi o dia para ver policiais em cena nos filmes, pois todos os atores tanto no primeiro filme que vi do Festival, quanto nesse saíram com expressões péssimas e trejeitos completamente fora do que seria aceitável por qualquer policial, e isso atrapalha muito contextualizar a cena com o que estamos vendo, e principalmente por falarmos de longas que se baseiam em realidade, esse erro não pode acontecer.

Embora tenha boas locações: um cemitério muito bem decorado, o local aonde escondem o caixão bem trabalhado mesmo que simples, e até os trailers aonde os personagens moram ficaram bem decorados dentro da proposta de simplicidade dos protagonistas, mas poderiam ter ousado um pouco mais no estilo de época do filme, pois em momento algum conseguimos ligar os anos 70 com a trama, tirando a televisão da casa e alguns carros, e isso em suma é uma falha também. No quesito fotográfico, a luz falsa fez a festa nas cenas de roubo do cemitério e no pântano aonde esconderam o caixão, nem que a lua tivesse do lado deles ou com uma super lanterna igual a da mão do protagonista teríamos tanta luz para iluminar 2 pessoas mais um caixão perfeitamente, já disse uma vez que sou totalmente a favor da iluminação falsa, mas não precisa apelar também não é mesmo, e em diversas cenas de chuva, os personagens praticamente não se molham, ou seja, mais falhas de ângulos escolhidos para representar no filme.

Mas os erros da fotografia não são nada perto do que a equipe de trilha sonora fez, pois temos praticamente todas as canções clássicas dos filmes do Chaplin no longa, mas tocando sem parar, não temos um botão de desligar o som de fundo que muitas vezes sobe tanto que sobrepõe os diálogos, ou seja, compraram ou conseguiram que fosse cedido todas as canções e resolveram colocar tudo na trama, independente de que funcionasse para com a linguagem ou não, e isso é um crime inafiançável.

Enfim, o longa possui muito mais erros do que acertos, e a história tinha um potencial tremendo para se tornar um ótimo suspense com pitadas de comédia, ou uma comédia totalmente inusitada, mas fizeram uma lambança tão grande que acredito que o Chaplin se revirou mais no túmulo ao ver o filme do que o tanto que seu caixão caiu nas cenas do filme. Portanto é um filme que até funciona de certa maneira um pouco nostálgico com as cenas e músicas dos filmes do grande Chaplin, mas falhou demais para recomendar ele para alguém, portanto só veja se estiver com muita vontade mesmo. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha participação no Festival Varilux, uma pena que não veio o filme "O Que Eu Fiz a Deus?" para o interior para que completássemos a programação toda do Festival, mas tivemos muitos bons filmes que agradaram na maioria e já vamos ficar com saudade até o próximo ano da grande quantidade de longas franceses na cidade, mas daqui duas semanas já temos outro festival para conferir, agora o Suíço que desembarga na cidade pela primeira vez, então abraços e até breve com as estreias da semana.

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Na Próxima, Acerto no Coração (La prochaine fois je viserai le coeur)

6/17/2015 09:18:00 PM |

E eis que novamente temos um suspense psicológico no Festival Varilux, porém esse mais próximo de algo tradicional, com muitas mortes, um assassino bem trabalhado na sua loucura e uma fotografia bem densa para dar o clima exato que a trama de "Na Próxima, Acerto no Coração", mas ainda assim é um suspense francês, ou seja, final fajuto demais para que o público se contente com o que foi entregue, pois teria inúmeras maneiras de ser mais impactante do que a foi, principalmente por mostrarem que a história foi verídica, então com um final mais árduo, certamente teríamos um filme que chamaria muito mais a atenção.

O longa nos situa no fim da década de 1970, aonde uma série de ataques assusta a região de Oise, na França: um maníaco que persegue jovens mulheres aleatórias. Franck, policial tímido e de vida pacata, é designado para investigar o caso e, na verdade, sabe mais dos crimes do que qualquer um poderia imaginar...

A história em si, que foi adaptada baseando-se em relatos dos jornais e pelo livro de Yvan Stefanovich pelo diretor e roteirista Cédric Anger é até que bem desenvolvida, pois consegue mostrar a loucura do assassino com um grau de dramaticidade bem coerente e envolvente, e os diálogos até que trabalham bem a força simbólica dos eventos. Porém, uma mudança facilíma de se fazer daria ao longa um resultado impressionante: não mostrar o rosto do assassino de cara, o que deixaria o público mesmo que tirando conclusões precipitadas, com muita curiosidade para confirmar se estavam certos de seus palpites, e isso iria certamente aguçar o suspense, pois logo de cara sabemos quem é o assassino, e nada do que ele faz, mesmo que sendo alguém problemático lhe coloca algum tipo de problema real para matar, ou seja, acabamos ficando esperando algo, que como já disse sobre suspenses franceses, não irá acontecer, e assim sendo temos um final decepcionante que necessitou de letreiro finalizador para pontuar o que ocorreu depois, e isso é algo que não é bom para um filme. Sobre a forma de dirigir de Cédric, podemos dizer que tem uma mão bem rígida para captar todo o sentimento do protagonista sem esfriar a cena, o que acabou dando um tom até que bem colocado para a trama, mas como disse, esperava muito mais do final, e nesse quesito tenho de pontuar que a falha recairá sobre ele.

Sobre a atuação de Guillaume Canet, sinto que ele tá precisando fazer algum romance mais forte para que os diretores saibam que ele não é um assassino de verdade, pois aqui sua performance como Franck ficou excelente e com uma psicopatia impressionante passada através de boas expressões e diálogos, nessa semana assisti 14 vezes o trailer de "O Homem Que As Mulheres Amavam Demais" e lá pelo jeito também mata donzelas, ou seja, daqui a pouco a polícia vai bater na porta do cara e prender ele sem que tenha feito nada, pois ele sabe ser frio e calculista como ninguém. Ana Girardot entrega uma empregada estranha, pois vive indo na casa do protagonista passar roupas e tudo mais, mas ao final do filme a casa está abarrotada de lixo... como alguém é apaixonada pelo personagem principal e larga a casa do cara assim? Ou seja, uma falha monstruosa do roteiro, e principalmente pela forma estranha dela de atuar, não que seu personagem seja muito comum, mas poderia ter trabalhado mais. Dos demais atores, todos os policiais parecem que fizeram o mesmo curso de interpretação, não tendo nenhuma característica que envolvesse ou chamasse a atenção, fazendo com que a gendarmaria, ou polícia civil francesa ficasse caracterizada por funcionários estranhos.

Agora é inegável o excelente trabalho da equipe artística, que trabalhou elementos cênicos aonde quer que olhássemos, e sempre bem densos e interessantes de ver, desde o preparo das armas, até as cenas de tortura foram pensadas e bem executadas com ângulos precisos de câmera para causar mesmo, e dessa forma temos de parabenizar a equipe. No quesito fotográfico, foi muito bem trabalhado o tom cinza no longa, deixando o ele bem colocado tanto no clima do inverno da região quanto no suspense que o diretor queria para seu filme, ou seja, um acerto bem posicionado, que como disse, só poderia ser melhor se tivéssemos um ângulo diferenciado nas cenas iniciais para que não víssemos o rosto do assassino.

A trilha sonora também foi bem densa e conseguiu segurar o ritmo da trama, o que é algo completamente necessário em filmes do gênero, portanto vale a pena prestar atenção na orquestra segurando bem o tom do filme.

Enfim, um longa bem feito, e com uma característica bem interessante, mas poderia certamente agradar bem mais se ajustado alguns pequenos defeitos. Vale ao menos uma conferida para ver o bom trabalho psicológico do protagonista e a densidade da trama, mas de resto, quem não gosta de filmes que não entregam tudo vai certamente ficar decepcionado com o final. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas agora vou pra despedida do Festival Varilux, com o último filme que veio para o interior após essa longa maratona de 16 filmes em 1 semana, então abraços e até mais tarde.


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O Que as Mulheres Querem (Sous Les Jupes Des Filles)

6/17/2015 01:53:00 AM |

É engraçado que quando um filme trabalha com conceitos totalmente machistas, vemos por aí diversas mulheres reclamando, brigando, e tudo mais, mas quando temos um longa feminista, os homens na sessão dão risadas! Não consigo entender isso? Particularmente não me senti ofendido com o que foi passado em "O Que as Mulheres Querem", mas também não me diverti tanto com alguns conceitos forçados que mais pareceram com vingança por outros filmes do que vontade de mostrar algo mais elaborado por parte da diretora e roteirista, porém temos de ser sinceros que algumas cenas foram muito bem elaboradas, embora o exagero para forçar a risada acabe incomodando em muitas outras cenas, ou seja, um resultado bem mediano que poderia ser explorado de outra forma.

Esta comédia se passa no primeiro mês de primavera, acompanhando as histórias amorosas de onze mulheres diferentes. Umas são esposas, outras são as melhores amigas, as amantes, as empresárias... Cada uma se envolve em um novo caso, com os homens de suas vidas, ou simplesmente com algum desconhecido encontrado por acaso.

A atriz Audrey Dana depois de fazer diversos filmes, resolveu que seria protagonista e também diretora e roteirista de um filme que tivesse como temática as mulheres, seus sofrimentos, vontades e tudo mais, mas ao invés de trabalhar algo que envolvesse mais pesquisa ou impusesse uma dramaticidade maior, resolveu atacar para uma comédia forçada, e isso infelizmente não vai fazer com que sua carreira saia da frente das câmeras para trás com muito mais frequência, pois embora algumas mulheres feministas a fundo saiam da sessão felizes de ver um longa quase que vingativo em resposta ao filme "Os Infiéis", o resultado não entrega algo satisfatório de ser conferido numa telona. Claro que o filme até funciona no mérito de fazer rir, e só isso já basta para classificá-lo como comédia, mas mistura tantas personagens, algumas muito parecidas, com situações absurdas de ocorrer que se eu que estou escrevendo agora praticamente apenas 1 hora após ter visto o filme já não lembro mais quem é quem, estou com a nítida certeza de que daqui a alguns dias nem lembrarei de ter visto esse filme, ou seja, totalmente dispensável tudo que foi feito.

Infelizmente não vou falar individualmente da atuação de cada uma das atrizes, mesmo porque como falei acima já não lembro mais quem é quem na trama, devido a bagunça que as atrizes fazem aparecendo a cada momento, só sei com certeza da Vanessa Paradis devido seu dente diferenciado e que fez de sua personagem Rose, uma empresária até que interessante e que infelizmente temos muitas por aí na vida real, que só trabalham como rígidas chefes e não possuem sequer uma amiga para compartilhar algo, e Géraldine Nakache por ser uma das personagens que mais aparece com sua Ysis na dúvida que várias mulheres possuem de ao sair com outra mulher, se ainda gostará de homens, e não tenho como opinar sobre isso, mas seus trejeitos ficaram um pouco estranho. A diretora faz o papel de Jo no filme, e acabou mostrando até um lado mais pervertido seu, mas não agrada muito na interpretação forçada que faz. Dos homens em cena, basicamente todos fizeram cara de coitados e Alex Lutz foi quem apelou para ficar sem roupa a maior parte do tempo de maneira totalmente desnecessária, ou seja, abuso de sexismo para nada.

Visualmente a trama nos entrega além de mulheres bonitas, afinal isso é um atributo visual da trama, figurinos bem pontuados e casas bem ornamentadas para representar classe social, forma de vida e tudo mais de cada uma das personagens, mas tirando o envolvimento familiar em algumas cenas, o restante é mero enfeite de cena, ou seja, foi dado trabalho para a equipe de arte apenas, mas pouco se usou, claro que o destaque fica para a conversa de celulares de Rose e Adeline. No conceito fotográfico, devido o longa se passar no começo da primavera, como todos sabemos é uma época que venta e chove muito pelo mundo afora, e dessa maneira foi bem pensado na iluminação de contraluz nas cenas de chuva para dar um ar mais clássico e bonito para a trama, e na cena que ficam sem energia na casa, a iluminação de velas deu o tradicional charme alaranjado, mas nada que tenha servido para alguma linguagem do longa.

Enfim, como tivemos cenas cômicas, e o filme no geral cumpriu o papel de ser classificado como comédia, já havia falado isso antes e parto do princípio de nota que já é meio caminho andado, portanto a nota será de 5 coelhinhos, porém do restante o filme é totalmente dispensável e esquecível, e vai ficar nessa nota apenas. Portanto, talvez algumas mulheres mais feministas de rigor até curtam o que é passado na trama, mas do restante não recomendo de forma alguma esse filme. Bem é isso pessoal, encerro o penúltimo dia do Festival Varilux aqui, mas volto mais a noite com os dois últimos longas que vieram para o interior, uma pena que ficaremos sem ver um que não veio para a cidade, mas fazer o que né? Então abraços e até mais tarde.


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Sobre Amigos, Amor e Vinho (Barbecue)

6/16/2015 09:24:00 PM |

Todo mundo possui aquele grupo de amigos, que se reunemTodo mundo possui aquele grupo de amigos que se reúne para falar besteira e beber um bom vinho, mas quando a amizade se alonga por muitos anos, na velhice costumamos ser mais sinceros, e ao começar a pontuar os defeitos uns dos outros, nem sempre a franqueza pode ser algo aceitável dependendo do tom. E o longa “Sobre Amigos, Amor e Vinho” nos insere bem num grupo de amigos que se conhecem há 25 anos, alguns que foram casados, já se separaram e continuam no grupo de amigos, e num longa leve e bem gostosinho somos transportados para o momento chave aonde o aparente líder do grupo, que montava todas as reuniões e afins, ao descobrir um problema resolve explodir com todos, e dessa maneira os problemas passam a necessitar do que realmente chamamos de verdadeira amizade para perdoar, relevar e voltar a tomar um bom vinho juntos.

O longa nos mostra que no seu aniversário de 50 anos, Antoine recebeu um presente bem original: um infarto! A partir de agora, ele terá que se cuidar. O problema é que Antoine sempre cuidou de tudo: da saúde, da alimentação, da família, de não magoar os amigos e concordar com tudo. Mesmo assim, ele aceita encarar um novo regime e, na tentativa de mudar de vida, acabará mudando a dos outros também.

É interessante como o diretor Éric Lavaine trabalhou sua trama, pois ele desenvolve os personagens de uma forma tão carismática e próxima que ao final do longa estamos realmente íntimos deles, já vivenciando suas brigas, rindo das piadas ruins, e até torcendo para que os devidos romances aconteçam, e isso ao mesmo tempo que é bem bacana de ver, acaba deixando o filme muito sem ter o que surpreender ou divertir sozinho com a história, o que é um pouco ruim, mas com o ritmo bem encaixado que foi proposta a trama, junto com uma direção consistente aliada à uma arte impecável dentro das locações lindíssimas da região de Lion, o filme acaba sendo bem leve e agradando de uma maneira gostosa de ver, mas poderia ter abusado um pouco mais para não entrarmos no trivial e assim o longa acabar mais bem desenvolvido. Até mesmo o uso dos planos ficou bem dentro do tradicional para não quebrar a barreira da amizade entre o espectador e o longa, e isso de certa maneira cansa um pouco, então embora tenha sido um filme muito bem feito, como diz o velho ditado: “intimidade demais acaba estragando um relacionamento”.

Sobre as atuações, temos também um excesso de personagens principais, e isso deixa o longa aberto demais para quem o espectador deve desenvolver mais sua atenção, não que isso seja um problema, pois cada um possui sua característica própria, mas com certeza se a maioria caísse como apenas um figurante de luxo e não como coadjuvante, certamente a trama se desenvolveria mais. Claro que o foco fica em cima de Lambert Wilson que acabou entregando um Antoine bem interessante, com problemas comuns de quem entra na casa dos 50 anos e resolve desabafar tudo de uma vez após sofre um infarte, e como o ator ainda mantém um visual muito bacana, faz toda a pinta de galã que a trama lhe pedia, trabalhando bem as expressões faciais para que o filme se desenvolvesse de forma homogênea e o seu personagem agradasse. Franck Dubosc até consegue ser o amigo problemático da turma que ao se separar manteve a cara triste e sempre necessita de um afago dos demais amigos para viver bem sua vida, e isso é legal de ver como o ator trabalhou bem para que seu personagem Baptiste se encaixasse bem na trama. Lionel Abelanski de certa maneira acaba sendo meio que forçado na forma que demonstra sua irritação por seu Laurent não conseguir recuperar de um problema que está ocorrendo, e isso acaba sendo estranho perante estar dividindo felicidades e mau humor tudo na mesma proporção. Guillaume de Tonquedec faz de seu Yves, aquele amigo falante que sempre tem uma história, geralmente que não interessa para tantas pessoas, mas que vai continuar contando sem parar porque odeia silencio, e isso de certa maneira incomoda muito no seu jeito de atuar, embora dê uma comicidade correta para o personagem. Jérome Commandeur faz de seu Jean-Mich’ um personagem de certa forma bobo demais, e não consegui ver se era essa a real intenção do diretor, portanto poderia ser menos forçado no modo de atuar e agradaria bem mais. Das mulheres, vale destacar somente Florence Foresti, que entregou uma Olivia muito moderna, daquelas mulheres que gosta de curtir a vida, mas que por ter o ex-marido no mesmo grupo de amigos, sempre acaba tendo de desviar o foco das conversas e isso gera sempre algum tipo de embaraço, mas a forma que trabalhou seus trejeito agrada demais.

O visual de Lion e dos arredores campais da França são um deslumbre a parte, que deu a trama uma cenografia tão bonita, que quase esquecemos dos personagens ruins da trama para ficar feliz somente com o ambiente ao redor. E claro como objeto cênico obrigatório temos muitas garrafas de excelentes vinhos e boa comida para chamar a atenção, de modo que se foram vinhos reais que os protagonistas tomaram, nem quero imaginar como foi o final de cada dia de gravação. E embora o cenário seja majestoso, a fotografia optou pelo básico, sem chamar atenção para nenhuma cena com alguma iluminação diferenciada para envolver, dando destaque apenas para a cena da piscina a noite, com uma cadeira que fica mudando de cor, mas quando abriam o obturador para pegar mais da paisagem ao redor, o filme quase que saia voando.

Enfim, um longa bem trabalhado, mas que como disse pecou por nos colocar íntimos demais, de modo que as histórias conforme vão acontecendo passam a não nos interessar tanto. Claro que a comicidade leve é excelente para passar uma tarde assistindo ao filme tranquilamente, mas esperava mais problemas ou nuances acontecendo, para que tivéssemos um desenvolvimento maior da trama. Portanto, até recomendo ele, mas tente não se envolver tanto com o que acaba acontecendo, senão há grandes chances da decepção de ver um longa simples demais ser alta. Bem é isso, vamos lá pra sala do cinema ver o antepenúltimo filme do Festival Varilux, e mais tarde volto com o texto dele, então abraços e até daqui a pouco.


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Relacionamento à Francesa (Papa ou Maman)

6/16/2015 01:53:00 AM |

Se tem uma coisa que me deixa feliz em conferir todos os filmes no cinema, mesmo após muito cansaço é chegar em uma sessão de um longa que tinha quase a absoluta certeza de que não iria nem chamar atenção pela sinopse, e quase que literalmente perder o fôlego de tanto rir. E dessa maneira "Relacionamento à Francesa" não só cumpre com o dever de toda comédia que é fazer o público rir muito, como ao trabalhar um tema até que bem simples conseguiu fazer um longa incrível, cheio de boas sacadas e ainda por cima desenvolver técnicas perfeitas de filmagem: só para exemplificar temos um plano-sequência inicial de quase 5 minutos em uma festa de réveillon e mais uns 2 ou 3 planos sequências durante o restante do filme, e não pensem que mal jogados na trama, pois foram completamente funcionais e dentro da linguagem que o filme pedia, ou seja, show!!!

O filme nos mostra que Florence e Vincent Leroy formam um casal bem-sucedido. Têm bons empregos, filhos maravilhosos e um casamento perfeito. Mas quando os dois recebem uma promoção dos sonhos no trabalho, tudo começa a mudar e a vida em conjunto se transforma em um pesadelo. Em pé de guerra, eles decidem se separar e vão fazer de tudo para não ter a guarda das crianças.

Quando um filme vai mal das pernas reclamamos muito, mas quando um vai bem demais geralmente ficamos quietos, e isso é completamente errado, e já vou começar dando parabéns gigantesco para Martin Bourboulon pelo seu longa de estreia, que arriscou todas as fichas possíveis e ganhou praticamente um jackpot ao acertar a mão numa linguagem das mais difíceis que é a comédia familiar, pois falhar na comicidade é algo totalmente comum nesse gênero, já que alguns diretores acabam apelando para piadas fracas, ou atores que não conseguem acertar o tom, ou até mesmo planos feitos erroneamente para tentar consertar falhas, e não bastasse ter todas essas possibilidades de erro, o diretor ainda se arriscou com três planos sequências em cenas bem difíceis de trabalhar, iniciando logo de cara com uma perseguição completamente insana numa festa de fim de ano, ou seja, donos de hospício já fiquem a postos para a internação desse cara, pois se começou a carreira em longas-metragem assim, tenho muito medo do que possa vir a entregar num próximo filme. E o que mais chama atenção é que não temos um roteiro complicado, que se pensarmos nas situações atuais da modernidade, é completamente comum hoje casais que se separam e estão no ponto alto da carreira, podendo acontecer de não querer ficar com os filhos já que podem atrapalhar viagens e tudo mais, ou seja, o que fazer nesse caso? Mas claro que aí entra a sapiência dos quatro roteiristas em criar todas as sacadas e desenvolver o longa num ritmo incrível, com um tentando empurrar para o outro de pior pai para que as crianças escolhessem o lado oposto, e confesso, ficou genial!

Aliado à um bom roteiro, e uma direção consistente, eis que surge um elenco muito bem entrosado e que soube levar toda a comicidade impressionante que o filme tinha para dentro de seus personagens, e principalmente sem abusar de expressões e muito menos forçar a barra para que o riso viesse de algo bobo, mas sim que tudo fluísse naturalmente, divertisse os espectadores e o sucesso fosse garantido. E dessa forma Laurent Lafitte veio com unhas e dentes para mostrar um pai que chega a dar medo diante das situações que leva seus filhos para mostrar que é um péssimo pai, e o ator trabalhou tão bem seus trejeitos que não soou bobo mesmo fazendo algumas micagens com seu Vincent, e isso é algo que sempre torcemos para que bons atores de comédia façam. Marina Foïs já ganhou até prêmios como melhor atriz dramática, e conseguiu encontrar uma comicidade tão boa para com sua personagem Florence que tudo que faz em suas cenas acaba sendo divertido e bem encaixado com a trama, ou seja, mostrou-se bem versátil nas expressões para consolidar tanto seu estilo próprio como a personagem como algo bacana de ver. As três crianças trabalharam bem os vértices de cada idade desde o mais jovem Achille Potier com seu Julien que está começando a querer ser chamado de mocinho, então tem dúvidas persistentes, a garota Anna Lemarchand com sua Emma que está entrando na adolescência, mas já quer namorar e os pais podem atrapalhar tudo, e o mais velho Alexandre Desrousseaux com seu Mathias que já está na fase de que os pais causam vergonha de qualquer forma e entra em colapso com tudo o que pode estar acontecendo, de modo que os três trabalharam muito bem com os dois protagonistas, dando uma real química familiar para o longa. Dos atores secundários da trama, todos que tiveram diálogos foram bem encaixados, mas temos de destacar o casal de amigos Judith El Zein e Michaël Abiteboul que nas três cenas que trabalharam com sua Virginie e Paul foram divertidos por entrarem na piada pronta, e isso é bacana de ver, e claro que Anne Le Ny fazendo uma juíza muito bem trabalhada.

Outro fator que é muito incomum e aqui acabou perfeitamente bem usado foi o conceito cenográfico, pois geralmente comédias trabalham com pouquíssimos elementos cênicos, e aqui a começar pela festa de ano novo em que tudo é usado para arremessar durante o plano sequência insano, depois passando por uma casa muito bem mobiliada com diversos objetos sendo empregados para funcionar dentro da trama, é um luxo que pouquíssimos filmes de grande orçamento costumam ter. Depois em sequência tivemos um hospital bem montado, cenas de obras bem captadas, as casas que o protagonista procura para morar (destaque claro para a que trepida) e outras festas para fazer muito longa aí invejar com o que a equipe artística montou nas locações, A fotografia da trama seguiu um tom abaixo do que se costuma usar em comédias, pois geralmente mesmo envolvendo todo o conflito, teríamos o longa puxado para tons alegres como amarelo ou até mesmo o azul mais claro na trama, e aqui optaram por muita cor escura nos personagens e cenários, e ainda assim conseguiu muita diversão em todas as cenas, e além disso o fotógrafo juntamente com o cinegrafista podem ser considerados 2 heróis ao filmar as cenas de plano-sequência, que mesmo tendo alguns chicotes para maquiar os cortes de cena, a iluminação teve de ser muito bem trabalhada para não ter furo e ainda pegar uma festa com dois loucos correndo sem parar indo atrás deles é um trabalho de mérito gigantesco.

Enfim, falei demais, e conversaria muitas outras horas sobre esse longa genial e maravilhoso que acho difícil alguma outra comédia bater o posto de melhor comédia do ano, pois me divertir é fácil, agora fazer com que eu perdesse o fôlego de tanto rir, é algo que pouquíssimas comédias (com essa classificação exata) conseguiram fazer. Portanto não só recomendo o filme, como peço encarecidamente que a Tucuman Filmes arrume algum parceiro grande para lançar esse filme comercialmente no Brasil, pois mais pessoas necessitam ver e se divertir no país, pois a situação não está tão boa para irmos ao cinema chorar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o penúltimo dia do Festival Varilux, que por mim só com esse longa já valeu todo o cansaço de estar acompanhando todos os filmes. Então abraços e até breve.


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O Diário de Uma Camareira (Journal d’une Femme de Chambre)

6/15/2015 08:52:00 PM |

Todos sabemos que a França é rainha no gênero de comédias, mas o que falar quando nos apresentam um drama instigante, que beira próximo do suspense, já que é um gênero que poucas vezes nos é mostrado, principalmente dentro do nicho mais autoral? Pois bem, hoje foi possível reafirmar que eles gostam de instigar muito o espectador com o que foi mostrado em "O Diário de Uma Camareira", mas o que certamente deixou muita gente decepcionada na platéia foi ele não ter dado um fechamento digno ou ao menos ter colocado um ponto de vista maior do que apenas mostrar que a mulher pobre na antiguidade servia apenas para satisfazer quaisquer vontades que os patrões tivessem, ou então casar com algum marido rico para sair definitivamente da vida classificativa. Portanto temos até que um belo filme de época, que foi bem caracterizado e altamente instigante, mas poderia facilmente ter sido muito melhor com alguns pequenos detalhes, o que de forma alguma estraga o clima bacana que foi criado.

O filme se passa em 1900, e nos mostra que Célestine, uma jovem camareira muito cobiçada por conta de sua beleza, acaba de chegar de Paris para trabalhar para a família Lanlaire. Enquanto foge dos avanços de seu senhor, ela deve lidar com a rigorosa personalidade de Madame Lanlaire, que governa o lar com punho de ferro. Ao mesmo tempo, Célestine conhece Joseph, um misterioso jardineiro que está profundamente apaixonado por ela.

O roteiro do longa foi baseado no livro "Journal d'une Femme de Chambre", de Octave Mirbeau, e trabalhou bem toda a concepção de uma época não muito bonita na França e no mundo em geral, pois embora não tivesse uma escravidão com todas as letras, ainda muita coisa não funcionava de forma tão agradável para as pessoas mais pobres, e o diretor e roteirista Benoît Jacquot ("Adeus, Minha Rainha") mostrou como se faz um bom filme de época com todas as letras, mas por instigar tanto o espectador com nuances e bons enfrontamentos, ao menos esperávamos um final mais conclusivo do que o que ele elaborou, claro que entendemos perfeitamente o que aconteceu, mas poderia ter surpreendido com algo inesperado, ou até mesmo algo bem esperado, mas que concluísse sua ideia sem deixar o modo subjetivo ligado no volume máximo. Uma coisa que incomoda bastante no filme, é a sua câmera subjetiva, que tem quase vida própria junto de nossos olhos, e isso ajudou ainda mais a instigar todas as cenas, pois quando ficávamos encucados com algo que estava acontecendo, lá ia a câmera quase como um fantasma vivo em direção do que desejávamos observar mais a fundo, e isso funciona muito em suspenses, e aqui não seria diferente, portanto ao mesmo tempo que foi um grande acerto na escolha de linguagem a ser trabalhada, também irritou por não fechar a curiosidade.

Quanto da atuação dos protagonistas, temos que ser francos e dizer que Léa Seydoux é daquelas atrizes que sabem seduzir muito bem qualquer pessoa somente com olhares, e aqui sua Célestine sempre andando com uma vestimenta que faria o mais louco patrão olhar para suas curvas, entregou uma personagem com charme, pontuação fenomenal nos diálogos e uma incorporação de interpretação que não tem como não parabenizar, e dessa forma o acerto é mais do que perfeito. Vincent Lindon até caiu bem como o jardineiro Joseph, mas o excesso de mistério que criou tanto nas suas expressões, quanto no que os diálogos lhe propuseram, acabam que ficando cansativos de certa forma, não que isso atrapalhe o andamento do filme, mas um pouco de determinismo nos olhares ou algo mais impactante no que fez com o personagem certamente agradaria bem mais. Clotilde Mollet faz uma patroa daquelas para qualquer um odiar inicialmente, de modo que qualquer camareira mais maluca teria colocado como dito pela protagonista um pouquinho de arsênico na comida dela, pois que interpretação de megera ela acabou entregando, algo muito bem feito que poucas vezes fiquei tão bravo com algum personagem de cinema. Os patrões em maioria eram tarados por todas as empregadas, e isso é um fato histórico, mas suas caras engraçadas de desespero ao ver um corpinho novo na praça foi algo que o diretor colocou muito em evidência e ficou muito caricato principalmente com Hervé Pierre e Patrick d'Assumçao. O jovem Vincent Lacoste novamente aparece no mesmo Festival Varilux, já que ontem vimos o seu Benjamin em "Hipócrates", e hoje nos colocou um Georgers muito doente, mas que ao menos ficou feliz com o que acabou ganhando, dando um pequeno spoiler, e embora seu papel aqui seja bem pequeno, fez boas expressões. Das demais patroas, temos de dar destaque claro para a senhorinha Joséphine Derenne que fez a vó de Georges de uma maneira bem doce e extremamente bem interpretada.

Visualmente temos um longa de época, e sendo assim temos figurinos impecáveis, casas com decoração minuciosa para remeter o filme corretamente à época e que dá um destaque incrível para a produção, de modo que com muita certeza a equipe de arte teve um trabalho imenso para caracterizar todas as casas da Normandia, e claro que foram impecáveis nas escolhas de locações bem incorporadas que deram um charme a mais para o filme. Quanto da fotografia, a iluminação de velas sempre é algo que chama muita atenção e sempre agrada, de maneira que foram espertos de colocar diversas cenas em locais mais fechados e escuros, para realçar ainda mais o tom alaranjado da iluminação e com isso ter um ganho significativo para a trama, além de nas cenas diurnas trabalharem muito com uma iluminação de realce para dar um destaque a mais na protagonista.

Enfim, um filme tecnicamente perfeito e muito bem trabalhado, mas que poderia ser um longa daqueles de aplaudir de pé se o diretor tivesse trabalhado um pouco mais sua opinião e fechado o filme aclamando toda a instigação que fez. Portanto se você gosta de um bom filme de época esse com toda certeza é uma recomendação, porém não espere algo conclusivo, senão a chance de sair irritado da sessão é altíssima. Bem é isso pessoal, fico por aqui por enquanto, mas lá vamos nós novamente pra sala de cinema conferir mais um longa do Festival Varilux, então abraços e até mais tarde.


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Hipócrates (Hippocrate)

6/15/2015 01:42:00 AM |

Se pararmos 2 minutos para pensar sobre séries de TV com relações médicas, aonde o pessoal mostra defeitos nesses salvadores de vidas e também um pouco da interação entre eles que fazem o público emocionar e torcer por determinado personagem, vamos conseguir enumerar ao menos três, e olha que nem fomos a fundo com outros do passado e por aí vai. Mas e se fizermos um episódio mais alongado aonde dê para evidenciar boa parte de tudo em um único filme e que ainda assim tenha a mesma proporção de denúncia, amizades, sofrimento e tudo mais? Daria certo? A resposta vem fácil após assistir "Hipócrates" que conseguiu ser tudo isso de uma série e mais um pouco, pois temos a dramatização cinematográfica que os atores deram ao incorporar seus personagens, então um filme com alma e que agrada certamente quem gosta tanto do estilo dos seriados, quanto de um bom drama.

O filme nos mostra que Benjamin tem certeza de que vai se tornar um grande médico. Mas em sua primeira residência no hospital onde o pai trabalha, nada acontece como previsto. A prática se revela mais difícil do que a teoria. A responsabilidade é terrível, seu pai é ausente e seu parceiro residente, Abdel, é um médico estrangeiro mais experiente do que ele. Benjamin vai confrontar brutalmente a seus limites, seus medos, os dos pacientes, das famílias, dos médicos e do pessoal. Sua iniciação começa.

O filme que encerrou Cannes em 2014 e deu ao ator Reda Kateb o prêmio de melhor coadjuvante no Cesar 2015 foi muito bem costurado pelo diretor Thomas Lilti, de modo ele não apenas trabalhou toda a sintonia dos personagens, como fez uma história envolvente em que acaba entregando vida para cada um dos personagens principais. E além disso não chegou a perder dinâmica dentro da trama, o que fez no seu filme anterior "Anos Incríveis", pois soube trabalhar mesmo que com diversas situações acontecendo, mas sem tirar o foco dos protagonistas. Ao trabalhar a câmera mais fechada soube também valorizar a cenografia do espaço e desenvolver um contexto maior, pois acabou colocando em cheque o que todos sabemos não ser as mil maravilhas em lugar nenhum, que após todos os anos de estudo dos médicos quando realmente vão a campo acabam sofrendo para ter seus vereditos aprovados, sofrem com falta de equipamentos e tudo mais, e assim sendo um acerto claro do trabalho dos roteiristas acabou sendo forte e bem dinâmico. Claro que se estivéssemos numa série de TV com esse roteiro, fariam uns 3 a 4 episódios com toda certeza, e ainda daria para desenvolver tudo o que foi mostrado, mas como o tempo de um longa é curto, a compactação dos atos até que foi bem agradável para envolver e mostrar serviço.

A atuação de Reda Kateb está realmente muito boa, de modo que o ator deu diversas cortadas no protagonista, claro que não propositais, afinal isso certamente estava no roteiro, mas ao desenvolver sua forma de olhar os pacientes e até mesmo os demais protagonistas, mostrou-se firme e determinado com as expressões de seu Abdel, o que é raro de ver nesse estilo de filme, pois os atores acabam se tornando médicos por alguns dias e alguns saem de plano e estragam o personagem, mas pelo contrário o ator acabou dando uma perspectiva tão boa que lhe garantiu o prêmio máximo de coadjuvante na França. Vincent Lacoste também trabalhou bem, mas incorporou demais ao dar inexperiência para o seu Benjamin, de modo que ficou mais como um médico bonitinho, filho do papai diretor do que alguém com vontade própria de ser médico realmente, claro que teria outras formas de evidenciar isso, mas o ator não se esforçou nos trejeitos, então quase acabou como secundário, se não fosse suas últimas cenas, aonde mostra mais determinação e acabou ganhando o páreo. Os demais médicos aparecem pouco, e alguns até possuem bons diálogos, mas nenhum chama muita atenção em cena, deixando que os protagonistas apenas sejam ajudados por eles na trama, mas vale destacar algumas cenas em que Marianne Denicourt com sua Denormandy resolve explodir e aí chamar atenção e claro que não podemos esquecer de Jeanne Cellard que deu vida a velhinha Richard de uma maneira tão linda que acabamos envolvidos com suas cenas.

Quanto do visual, achei um pouco pesado os bastidores do hospital, tudo bem que nos fundos nada é muito bonito, mas não precisariam depreciar tanto com pichações ofensivas nas paredes dos quartos e colocando os iniciandos quase que como o lixo do hospital, pois isso foi o que o diretor quis passar com muitas cenas, mas tirando esse detalhe, o hospital em si foi bem trabalhado pela direção de arte para mostrar elementos característicos e tudo mais que os personagens necessitavam para aparentarem ser médicos, então no geral foi um trabalho bem feito. Só a festa que acredito que ou poderiam ter melhorado o que queriam passar com ela, com mais elementos e falas, ou cortar fora de vez para não ficar tão deslocado. A fotografia da trama trabalhou bem nas sombras para dar sentimento aos personagens, mas ao usar a câmera mais próxima dos atores para não vazar tantas falhas dos cenários, o filme ficou meio murcho de amplitude, parecendo estar sendo gravado dentro de uma caixa de fósforos, então poderiam ter usado algum estilo de lente que abrisse a perspectiva ou gravar um pouco mais distante para haver respiro, mas isso não chegou a atrapalhar a história felizmente.

Enfim, é um filme bem envolvente e feito com cuidado técnico para denunciar muitas coisas da saúde na França, e claro que de forma mais simbólica trabalhar com a personalidade de alguns médicos iniciantes. O longa com certeza vale a pena ser visto, afinal muitos, assim como eu, não possuem paciência para acompanhar uma série médica do início ao fim, com diversos tipos de doença e interações entre os personagens, então o compacto aqui serve bem para exemplificar tudo e ainda agradar na dramatização, então sendo assim, recomendo ele com afinco. Portanto encerro aqui minha noite, mas volto nessa segunda a noite com mais dois longas do Festival Varilux para conferir e falar o que achei deles, então abraços e até mais tarde.


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Sexo, Amor e Terapia (Tu Veux... ou Tu Veux Pas?)

6/14/2015 08:37:00 PM |

Se existe uma coisa que o cinema francês sabe fazer muito bem é a tal da comédia romântica, pois conseguem trabalhar nela diversos temas que qualquer outro faria de uma maneira pejorativa, ou até mesmo apelativa, e entregam um filme gostoso de assistir, que entretém e que faz com que nos ligássemos aos personagens de uma maneira ímpar de se imaginar. E com "Sexo, Amor e Terapia", tinha quase a certeza de que veria um longa forçado e cheio de intempéries sexualistas, mas muito pelo contrário, o tema até funciona de uma forma quente, mas sem ficar em cima marcando tudo como algo importante, desenhando-se num molde bem livre para pensamentos e entregando a comicidade de uma maneira bem leve e interessante de ver.

O filme nos mostra que Lambert perdeu o emprego de piloto após descobrirem que é viciado em sexo. Decidido a deixar essa vida para trás, ele começa a trabalhar como terapeuta de casais. Judith é uma ninfomaníaca, mas ao contrário de Lambert ela adora esse apetite sexual excessivo. Ela está desempregada e consegue um emprego onde Lambert trabalha. A atração entre os dois é instantânea e Judith parte para cima. Mas Lambert só quer saber de uma relação sem sexo a partir de agora.

É interessante ver a forma que a diretora e roteirista Tonie Marshall trabalhou, pois conseguiu unir um tema que até seria vergonhoso e difícil de falar como é o sexo exagerado, e colocar ele dentro ainda duma terapia de casais, aonde tudo pode ser dito para que as relações voltem a fluir, mas ela saiu com uma precisão tão incrível que inclusive dá para pensar que ou ela já foi terapeuta antes ou já visitou alguns com certa frequência. Mas além da transparência na forma de colocar a terapia em pauta, a diretora soube sabiamente encaixar a comicidade dentro de toda a perspectiva, divertindo do começo ao fim com situações bem colocadas e engraçadíssimas, de modo que o público que lotou a sala riu a todo momento sem parar, e isso é algo que raríssimas comédias conseguem fazer, portanto um acerto total. E aliado à bons planos, souberam dar dinâmica para a trama, envolvendo sempre na sala de terapia com a câmera mais proximal, mostrando apenas os dois casais de cada lado da mesa, e ao trabalhar os demais locais foram optaram a abrir a câmera para dar uma sensualidade a mais para os personagens.

No quesito da atuação, o resultado da química entre os protagonistas é algo que chega a ser mais do que perfeito, pois ambos possuem uma conexão incrível tanto com as câmeras, quanto com eles próprios, de modo que quase era possível que um completasse a fala do outro e se encaixassem num ritmo preciso de dialogar, ou seja, excelentes interpretações. Sophie Marceau já está com quase 50 anos e ainda está lindíssima e sedutora como nos seus primeiros longas, e como a personagem pedia muito de que fosse insaciável, ela ainda deixou sua Judith de uma maneira incrível e bem conectada com todos os problemas que uma relação pode ter, ou seja, fez encaixes tanto na forma visual da personagem quanto na forma de expressar, e isso foi um show a parte dentro do longa. E Patrick Bruel não deixou por menos, colocando o desespero de um longo período de abstinência sexual aparentar em todas as suas expressões de Lambert, que de uma maneira muito bem caricata e bem pontuada esse acerto mostra que o ator é um dos grandes atores da França atualmente, pois como disse ele foi um dos poucos que salvou no "Os Olhos Amarelos dos Crocodilos" mesmo aparecendo pouco, e aqui sendo o longa quase que inteiro seu destruiu com muita vontade todas as cenas impactando e agradando em tudo que fez, inclusive jogando hockey. Os demais personagens da trama apenas aparecem para dar algum contexto e divertir nas sessões de terapia, mas temos de destacar as boas lições e expressões da mãe de Lambert, interpretada por Sylvie Vartan, e também pelo tio de Judith, interpretado por André Wilms, pois ambos serviram na conexão maior com os protagonistas.

No conceito visual a trama não foi muito desenvolvida, afinal o que mais importava era claro que os diálogos e as interpretações, mas poderiam ter elaborado um pouquinho mais para agradar nesse quesito também, já que colocaram um consultório bem simples de terapia, alguns bares e boates, o congresso abusaram com algo muito mal feito, tendo maior expressividade apenas na cena da casa do tio de Judith que por ser alguém que trabalha com aromas, teve todo um rigor mais caprichado, ou seja, poderiam ter trabalhado com isso. Agora no ponto figurino, já não decepcionaram de forma alguma, afinal queriam impor a sedução e conseguiram nesse quesito, e claro que abusaram também de alguns nus para fantasiar o pensamento da moça, mas sem ficar forçado, afinal não era essa a intenção da trama. A fotografia do longa trabalhou sempre com muita iluminação, não dando espaço para desenvolver algo mais intimista e dessa maneira a comicidade ficou mais aflorada, e poderiam também ter desenvolvido um pouco mais de ângulos para contrastar as personalidades, mas isso não foi algo que atrapalhou o filme, portanto, sem problemas.

Enfim, um filme que tinha tudo para dar errado, e acabou sendo uma das mais gratas surpresas do Festival Varilux, pois mesmo contendo alguns defeitos, ainda divertiu demais de uma maneira sólida e bem feita, o que pra uma comédia romântica é algo que raramente vemos nos cinemas. Portanto deixo mais do que uma boa recomendação para quem estiver pensando em ver esse longa, vá e se divirta com toda a certeza de que vai sair contente com o que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou me preparar para a próxima sessão do Festival Varilux, então abraços e até mais tarde.


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