Velozes e Furiosos 7 em 3D

4/03/2015 03:34:00 AM |

Um fato que é interessante observar em algumas sequências é o quão divertido passa a ser gravar o filme subsequente, pois assim como a trama de "Velozes e Furiosos 7" se baseia muito no conceito família, é notório que os atores, equipe e tudo mais já se tornaram realmente uma família após 14 anos junto. E embora muitos falem que atores não envelhecem é divertido reparar na homenagem final aonde colocaram cenas dos demais filmes, como todos mudaram muito. Mas além da homenagem linda demais feita para dar a "passagem" de Paul Walker, a trama entregue nesse sétimo filme é tão boa, que nem precisaram esperar o filme ser lançado para já anunciarem a produção do 8° e 9° filme, o que diferencia muito de quando começaram, que esperavam umas duas semanas de rentabilidade alta para anunciar que fariam uma sequência. Mas como aqui tudo correu com originalidade, retomando vários pontos bons dos outros filmes e mesmo abusando de cenas totalmente impossíveis de acreditar, o resultado acaba sendo algo tão divertido e gostoso de acompanhar que parece literalmente uma renovação de tema, e ao acabar mesmo emocionado com a homenagem, podemos dizer que queremos muito mais.

O filme nos mostra que após os acontecimentos em Londres, Dom, Brian, Letty e o resto da equipe tiveram a chance de voltar para os Estados Unidos e recomeçarem suas vidas. Mas a tranquilidade do grupo é destruída quando Deckard Shaw, um assassino profissional, quer vingança pela morte de seu irmão. Agora, a equipe tem que se reunir para impedir este novo vilão. Mas dessa vez, não é só sobre ser veloz. A luta é pela sobrevivência.

O interessante do roteiro de Chris Morgan, que escreveu os últimos 5 filmes também, é que ele conseguiu montar toda a história unindo até o longa mais fora do eixo "Desafio em Tóquio", colocando a cena encaixada no miolo dos dois últimos, e soube desenhar todo um contexto bacana para que as vinganças servissem de efeito para dar trabalho, mas também não fosse o único detalhe do filme inteiro, e assim sendo, podendo ser bem alongado. As subtramas acabam sendo em diversos momentos até bem trabalhadas, e acredito até que com o anúncio do 8° e 9° filme, venham a utilizar muito do que foi mostrado no miolo desse. Mas só um bom roteiro não vira um grandioso filme à toa, é preciso de um organizador de ideias à altura, e por ser feito quase que em conjunto com a finalização do 6° filme, entrou em cena um dos meus diretores favoritos de terror, James Wan, que no seu segundo filme sem espíritos (ao menos fictício, já que se considerarmos que Walker fez 15% das suas cenas após sua morte, ou melhor os irmãos de Walker fizeram como dublês de corpo) veio mostrar que pode transformar uma série que vinha se desgastando, em algo com um gás tão renovado, divertido e cheio de nuances interessantes de acompanhar que parece ser um recomeço da franquia, com personagens mais dispostos a despojar de lutas e claro com toda a correria de carros que gostamos tanto de ver. Ou seja, o diretor soube trabalhar ponto a ponto com a chave que os fãs da franquia mais desejavam ver nas telonas, carros tunados voando (não baixo, pois aqui até saltar de avião e prédios altíssimos ocorreram cenas), mulheres gostosas rebolando com pouca roupa, lutas bem empolgantes com atores bem coreografados e até lutadores profissionais de MMA, e tudo isso encaixando numa gama de trilhas sonoras dignas de colocar no carro e ouvir sem parar. Além de fazer a devida homenagem ao personagem Bryan que Walker viveu durante os demais filmes antes de morrer em Dezembro de 2013 que fez o longa ser reescrito para adaptar e entregar um bom final para o ator.

Sobre a atuação e direção de atores, como disse no começo, o elenco já está tão bem enturmado que a equipe virou uma família real, então Wan nem precisou de muito tempo para transformar o roteiro em realidade com eles, pois todos aparentam em cena estarem completamente dispostos a tudo para que o filme funcionasse bem. Claro que o destaque ficou para Paul, Caleb e Cody Walker, e o jogo de câmeras que sempre salva um filme, pois o ator gravou 85% das suas cenas antes de falecer, e seus irmãos foram dublês de corpo para que a computação gráfica fizesse o restante, mas felizmente isso não atrapalhou em nada e é muito difícil observar realmente quando é ou não o ator, pois como sempre se grava cenas de diversos ângulos, o jogo de câmeras funcionou muito bem e deu vida para o ator, transformando seu último longa em um marco com boas cenas de perseguição, a sua final dentro do prédio é excelente, em algo muito bem feito tanto por ele, como pela equipe de computação. Vin Diesel mostrou que já pode integrar os próximos filmes de luta com disposição máxima para as brigas mais impactantes e conseguiu passar também serenidade para o personagem Don nas cenas que são mais envolventes e dialogadas, trabalhando assim um pouco de expressão e não só pancadaria, no contexto geral o resultado foi bem bacana de ver. Jason Statham caiu como uma luva no personagem do vilão, sendo daqueles que ficamos com ódio e queremos junto com o protagonista não dar um tiro em seu Shaw, mas sim pegar um cano e marretar sem dó por tudo que fez, e como é dito nas primeiras cenas é literalmente um fantasma o personagem, desaparecendo e aparecendo do nada sempre, agradou muito com suas cenas de luta. Falando em luta, Michelle Rodriguez se mostrou bem disposta também na pancadaria com a lutadora Ronda Ronsey e se não usou dublê com toda certeza ganhou diversos hematomas para sua Letty, afinal Ronda é conhecida por não deixar ninguém sem apanhar muito, e ambas agradaram bem, claro que Rodriguez mais afinal trabalhou expressões para mostrar sua recuperação de memória de uma maneira até meio estranha. A parte cômica do filme ficou toda a cargo de Roman, que foi não interpretado, mas incorporado por Tyrese Gibson de uma maneira tão perfeita que quem não rir de suas cenas pode se considerar amargurado total, pois são perfeitas. Kurt Russel aparenta que voltará para mais continuações como Sr. Ninguém e está assustadoramente velho, pois parece que foi ontem que era todo garotão em "Vannila Sky" e agora está como um agente do governo bem acabadinho, mas que ainda deve ter muita história para contar, caindo bem para o personagem. Dwayne "The Rock" Johnson já virou um clichê dele mesmo, cada dia mais bombado, faz seu Hobbs de maneira divertida e bem encaixada nas poucas cenas que aparece, mas ainda assim mostra o que sempre esperamos dele: boas lutas e armas gigantes. Outro vilão implantado na trama é Jakande, personagem interpretado por Djimon Hounsou que faz algumas cenas bem irritantes, e até caberia bem numa continuação pela boa interpretação dele, afinal é um ator bem premiado e renomado, mas apenas gritando e fazendo caronas não sei se agradaria tanto, aqui saiu bem no papel também. E para finalizar a parte computacional de tecnologia explicativa ficou a cargo de Ludacris com suas piadinhas infames e Nathalie Emmanuel fazendo Tej e Ramsey respectivamente aonde até trabalharam bem explicando como funcionava o programa Olho de Deus rapidamente e hackeando muitos computadores, mas não foram tão importantes na trama, embora deveriam ter maior participação.

Visualmente o filme está incrível, afinal fizeram um excelente uso dos seus US$ 250 milhões de orçamento, viajando por diversos países para as locações mais invocadas possíveis, com carros raríssimos sendo apresentados e destruídos, trabalhando a cenografia sempre lotada de elementos cênicos importantes e bem usados, ou seja, um luxo completo no contexto artístico que a equipe fez questão de mostrar. Claro que como já falei para alguns amigos, os carros destruídos em geral são réplicas desenvolvidas para virar pó, então não precisa chorar na hora que o carro de muitos milhões voar prédio abaixo, ou qualquer outro explodir, tudo está dentro do previsto e foi feito com muitas câmeras de diversos ângulos, para que a cena não precisasse ser refeita, e isso é lindo de ver, pois um longa lotado de ação, costuma ter defeitos monstruosos na montagem, e aqui tudo flui e agrada demais nos efeitos especiais e computacionais empregados para dar ritmo e impacto nas cenas, ou seja, tudo muito bem pensado e trabalhado para dar cada vez mais realismo no cinema de ação. Claro que para isso tiveram de escurecer um pouco a gama fotográfica escolhida pela direção de fotografia, então ao contrário do que vemos em muitos filmes de ação, a densidade aqui é mais envolvente, mas nem por isso chega a cansar a vista ou vai atrapalhar quem for ver em 3D com o óculos mais escuro, muito pelo contrário, apenas passa a envolver mais e com uma paleta de cores variando desde o amarelo mais desértico para as cenas em Dubai até os verdinhos detalhados das florestas do Camboja. Agora, quem for assistir o longa esperando ver peças de carro voando em sua direção, pode esquecer, pois o 3D foi até bem empregado em algumas cenas com profundidade bem ampla, chegando até a dar dor de cabeça com toda a movimentação nessas cenas, mas são tão poucos os momentos que isso realmente funciona que nas demais apenas vira um enfeite para ver o detalhe do carro ao longe, que não atrapalharia nada numa sessão comum, ou seja, quem quiser economizar pode ver tranquilamente nas salas comuns que não vai perder nada demais.

Sobre a parte sonora, temos muito, mas muito barulho de carro, explosões, roncos de motor, derrapagens, tiros e tudo mais que você pensar que um bom longa de ação deve ter, e principalmente, muito alto, dá para sair atordoado da sala com a mixagem trabalhada no filme, claro que isso é um luxo, afinal também pode acontecer de soar muito falso isso, mas aqui ficou demais e agrada bastante. E aliado à isso, somos presenteados com uma trilha sonora de altíssimo nível que sempre envolvendo e criando momentos únicos na trama, acabando por pontuar sempre alguma cena mais cheia de tensão ou diversão mesmo, tudo acaba tendo um ritmo próprio, e assim o acerto de Brian Tyler na composição musical juntamente com toda a equipe de escolha para as canções ficou na medida certa para que o longa marcasse.

Enfim, gostei tanto do que vi, que posso garantir, ao menos na minha opinião, que esse é o melhor da franquia até agora, sei que Wan não deve voltar para dirigir o 8 e o 9, afinal estará gravando "Invocação do Mal 2" e "Jogos Mortais 8", mas ao menos como um consultor para que os filmes seguissem a mesma linha e agradasse novamente, agora sem Walker, poderia vir a calhar. Não preciso nem recomendar que você veja o filme, afinal sei que todos querem e já devem até estar com o ingresso comprado para a sessão mais próxima, pois a maioria das sessões estão lotando, isso as que já não estão com ingressos esgotados, e o resultado da bilheteria mundial com certeza será monstruoso já que todos querem ver o último filme de Paul Walker e claro vão usar essa desculpa para não falar que curtem a franquia de corridas de carros, mais lotada de ação da atualidade. Mas para aqueles que ainda estavam com dúvidas de ir, pode conferir com certeza que vale muito a pena, juntando boa dramaticidade, cenas bem cômicas e ação de sobra, para quem gosta e não gosta não ter motivo para reclamar. Bem é isso pessoal, fico por aqui com a única estreia do interior, mas felizmente tenho ainda o Festival Indie do SESC e uma pré para conferir, então abraços e até breve com mais posts.


1 comentários:

Marcos Florencio disse...

Muito bom!
Não esperava tanto desse filme e acabei sendo surpreso, também achei bem legal a forma deles encaixarem o 'Desafio em Toquio' :)

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