Cada Um Na Sua Casa em 3D (Home)

4/11/2015 07:57:00 PM |

Algum tempo atrás falei que a Dreamworks geralmente preza mais pelos pais que vão assistir às suas animações do que a criançada em si, e isso fica claro que muitas piadas, trejeitos e até mesmo mensagens subliminares acabam estando muito evidentes não sendo algo fácil para a criança assimilar e divertir com o que é passado, mas claro que longe de termos situações pesadas, procuram sempre colorir o máximo a trama toda e colocar personagens engraçados, com falas geralmente erradas e assim cativar também o carinho dos pequeninos. Então usando dessa mágica de sucesso, o resultado de "Cada Um Na Sua Casa" é simples, transformando a situação toda que coloque em suma a valorização familiar e amizade, temos um longa bem bonito, divertido e até de certa forma inteligente, aonde conseguimos torcer pelo personagem que mesmo sendo completamente diferente dos seus semelhantes, ainda vai ser diferenciado quando precisa.

O filme nos mostra que o planeta Terra foi invadido por seres extraterrestres, os Boov, que estão em busca de um novo planeta para chamar de lar. Eles convivem com os humanos pacificamente, que não sabem de sua existência. Entretanto, um dia a jovem adolescente Tip encontra o alien Oh, que foi banido pelos Boov devido às várias trapalhadas causadas por ele. Os dois logo embarcam em uma aventura onde aprendem bastante sobre as relações intergalácticas.

O roteiro que é baseado no livro de Adam Rex conseguiu trabalhar bem a conexão entre os diversos personagens e seus dilemas, juntamente com muita ideologia para ser passada, mas claro sem alterar o ritmo engraçado que toda animação deve ter e aqui o diretor Tim Johnson, que é mais conhecido pelo filme "FormiguinhaZ" conseguiu trabalhar de forma interessante e cativante, pois com uma grande gama de cores, até mesmo no personagem principal, temos uma modelagem bem bacana que não deixa nenhum dos boov semelhante, e mesmo os demais possuindo praticamente a mesma personalidade conseguimos ver a dificuldade da direção em não ser repetidora de características, o que acaba acontecendo em diversas outras animações. Além disso, toda a história se desenvolve movimentando o carisma dos personagens, então é difícil você acabar se apaixonando por um ou outro, ficando sempre na torcida por todos e agradando com o que é feito em cada ato, ou seja, tudo é muito bonitinho e gostoso de ver.

Sobre os personagens, antes de mais nada tenho de falar sobre o quesito dublagem, pois como digo o único gênero que tolero e até gosto mais de ver dublado é o das animações, pois geralmente a equipe acaba trabalhando tanto os personagens que acabam ganhando um carisma próprio pelo conteúdo mais próximo da nossa realidade e dessa maneira, embora seja até irritante em alguns momentos ver os erros de fala do protagonista Oh, ainda assim é bem divertido e agrada bastante. E falando nele, Oh conseguiu ao mesmo tempo ser o protagonista da história, o personagem engraçadinho que remete à animação para as crianças e o personagem que insere a questão moral, e isso não é algo comum de ver, mas que foi um acerto bem trabalhado e que agradou bastante na perspectiva passada, além de puxar o seu carisma todo para as crianças. Em outra perspectiva, a Dreamworks inova com sua primeira protagonista mulata e Tip tem todo um ar independente interessante de acompanhar e agrada bem com a forma interpretativa que deram para a garotinha que com uma modelagem bem interessante, seus contornos visuais ficaram bonitos e demonstrou diversos estilos de expressões. Os demais personagens funcionam bem como elo entre os personagens e por não termos um vilão expressivo em si na trama, tudo acaba girando mais entre os pensamentos dos protagonistas de certo e errado, então mesmo com a raça alienígena que "caça" os Boov parecer algo maldoso em si, quem for mais esperto irá pegar a ideologia rapidamente logo nas primeiras cenas. Há e já estava esquecendo de falar do gato Porquinho, que está bem colocado na maioria das cenas, sendo cheio de personalidade e agradando bastante também.

No conceito visual da trama, vale repetir que tudo foi feito utilizando tantas tonalidades de roxo, principalmente, que até em algumas cenas isso vira uma brincadeira entre os personagens, e sempre procurando detalhar ao máximo cada elemento, o filme trabalha um conceito artístico bem interessante que vai com certeza agradar os adultos que forem levar os pequenos para assistir no cinema, e assim mostra que a Dreamworks parou de querer ser a empresa engraçadinha nas animações e partiu para a briga tanto no conceito visual que já era boa quanto no quesito mais introspectivo que a Pixar dominava, então embora a briga desse ano já estava praticamente ganha mesmo antes de estrear, o resultado aqui agradou bastante para termos algumas boas discussões sobre a vitória do que vem a seguir. Sobre o 3D até temos alguns momentos bem bacanas com bolhas voando, e outros objetos misturando a perspectiva original da trama com uma certa profundidade, mas nada que seja impressionante de ver, portanto a tecnologia funcionou mais para dar uma textura melhorada nos personagens e agradar no conceito visual, ou seja, nada que uma sessão mais cara compense.

Um fator muito agradável da trama também fica por conta das canções escolhidas, daquelas que ficam em nossa cabeça por um bom tempo, e claro que funcionaram tanto para dar ritmo à trama quanto para ser parte do conteúdo da história e isso é algo que agrada demais quando bem utilizado, no caso aqui recomendo com certeza a trilha completa para ser ouvida diversas vezes.

Enfim, é um longa muito gostoso de acompanhar, que diverte com boas piadas e com um conceito visual bem interessante para passar, ou seja, resultado de diversão completa tanto para os adultos quanto para as crianças. Claro que utilizando daquela minha escala de agradar os pequenos fazendo com que eles fiquem quietos na sessão toda, aqui dá pra falar que não funcionou muito, já que em alguns momentos a criançada dispersou do que estava sendo mostrado na tela, mas ainda assim acredito num resultado bem potencializado. Então recomendo ele com certeza para todos, e já ficamos esperando pelas demais animações do ano, para ver se a briga realmente vai ser boa. Fico por aqui hoje, mas volto na terça com os filmes do Festival Indie do SESC, então abraços e até breve pessoal.


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