Para Sempre Alice (Still Alice)

3/08/2015 02:47:00 PM |

O que posso falar de cara de "Para Sempre Alice" é que é um dos filmes mais corretos que já vi, simples, determinado no que gostaria de passar sobre a doença, mas nada que faça você falar: "nossa que filme interessante!", e isso é uma falha em filmes que envolvam doenças, já que geralmente conseguem comover o público com a ideologia passada, e aqui tirando duas cenas que a protagonista mostra o motivo de ter ganho o Oscar, o restante é apenas ok. Não posso dizer que o filme não é bonito, pois tem um charme diante da situação passada, mas a falta de emoção deixou tudo com uma cara simples demais.

O filme nos apresenta a renomada linguista Alice Howland, uma mulher bem casada e mãe de três filhos, que aos cinquenta anos começa a esquecer as palavras e logo descobre sofrer de Alzheimer. Para enfrentar o problema, a família de Alice terá de reafirmar os seus laços de ternura, em especial a filha Lydia, com quem sempre teve uma relação complicada.

Como a protagonista diz num discurso de um congresso da doença, o Alzheimer é uma doença terrível que faz com que pessoas que possuem uma vida normal passe a esquecer das coisas mais simples que ocorre à sua volta, e nesse momento é onde posso dizer que o Oscar dela foi ganho, claro que há outros momentos bons, mas ali é que o público toma a noção exata do que os roteiristas e diretores quiseram passar. Os diretores Richard Glatzer e Wash Westmond não são tão conhecidos, mas já fizeram outros filmes juntos e isso dá o direito de uma conexão bem feita, mas sempre disse que fazer um filme em mais do que duas mãos é algo complicadíssimo, e é fácil notar divergências artísticas em mais do que uma cena, e como isso não é mostrado no começo (o fato de ser dois diretores), fiquei imaginando que o longa pudesse ter sido gravado em duas épocas diferentes, mas agora após ver os créditos do filme, ficou claro esse pequeno defeito que muitos nem notarão, mas se você prestar atenção verá que alguns momentos não são uniformes. Além disso, pra mim o pecado maior do longa foi não ir a fundo no drama familiar ou na doença, deixando no ar as duas coisas sem dar intenção dramática em nenhum dos dois fatores, e dessa forma falhar em não emocionar o público que está vendo, até mesmo quem possui pessoas com a doença na família e sabe o quão duro é o que a pessoa passa. Mas tenho certeza que essas falhas não estão presentes no livro em que foi baseado de Lisa Genova, então talvez seja melhor para quem quiser algo mais emotivo ler o livro do que ver o filme.

Sobre a atuação, Julianne Moore já merecia o Oscar faz tempo por diversos outros filmes, mas aqui o que fez foi apenas uma atuação correta, tendo mostrado realmente valer o prêmio somente na hora do discurso no congresso da doença e na cena do banheiro na casa de praia, além claro das expressões na últimas cenas do filme, mas nada que falássemos que foi surpreendente, e sabendo do potencial que a atriz tem, o que consigo ver e culpar é o erro na direção de atores. Kristen Stewart já havia dito que vem crescendo muito no quesito expressivo, inclusive ganhando o Cesar nesse ano com "Acima das Nuvens", ou seja, pra quem falou que ela nunca daria certo pode ir queimando a língua que a garota vem mostrando serviço, e aqui sua Lydia é uma personagem interessante com várias facetas e que poderia ser até mais explorado. Alec Baldwin é um ator que consegue fazer qualquer personagem singelo e bem encaixado, seus momentos mais romantizados com a protagonista são bem bonitos e nos envolve, também cairia bem um melhor encaixe dele na trama. Hunter Parrish deve ter feito a escritora do livro querer se matar, pois o personagem do filho Tom, vira praticamente um enfeite na trama, sendo quase dispensável, e tenho certeza absoluta que isso não era para acontecer, o ator fez algumas caras de paisagem emotiva e só nas poucas cenas que aparece. E Kate Bosworth até tem bons momentos com sua Anna, mas não chega a chamar atenção nas cenas que deveria, então também soa falsa demais, claro que a cena do anúncio da doença é sua melhor.

A concepção artística da trama foi bem feita, com elementos sutis bem colocados para detalhar e servir de teste para a protagonista exercitar sua mente, e as locações foram certeiras nesse sentido ao mostrar que a família era de certa forma rica, mas mesmo assim, tirando o celular, que hoje podemos colocar como um grande responsável em ajudar pessoas que possuem a doença, não colocou mais nada em evidência que com certeza poderia ajudar e isso acaba sendo também uma falha do filme. A equipe de fotografia usou em demasia a imagem desfocada no início para representar o desaparecimento da memória da personagem, e acabou até ficando de maneira simbólica bem representado, e com usando nas demais cenas cores mais pastéis, o resultado do filme é bem calmo, o que talvez não aconteceria na vida real.

Enfim, esperava realmente mais do longa, que fosse mais comovente e emocionasse mais, pois na dúvida de mostrar o drama familiar de apoiar ou não, e o que é a doença, o longa acabou curto demais e não passou nenhuma das duas coisas, ficando completamente em cima do muro, como disse no início talvez ler o livro em que foi baseado seja mais agradável e envolvente, o que é uma pena, pois o filme tinha nas mãos algo que daria para trabalhar muito mais e ser extremamente interessante. Vale apenas para ver algumas cenas fortes da protagonista, que acabaram lhe consagrando prêmios de diversas associações, mas de resto vai ser um filme bonito de uma história triste familiar que foi mal contada. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta conferir o último longa da semana, então abraços e até breve.


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