Um Santo Vizinho

2/08/2015 03:06:00 PM |

Certos filmes conseguem nos comover além do que imaginamos quando vamos ao cinema conferir suas exibições, e digo isso não por uma ou duas vezes, pois geralmente vou ao cinema preparado para o que o trailer ou a sinopse já deixou no ar, e na maioria das vezes o resultado é o esperado, saindo algumas vezes pela tangente e envolvendo mais ou menos conforme o prometido, porém existem filmes que vemos classificados como comédia, assistimos o trailer e parece algo bem bobinho, e depois quando vamos vê-lo acaba sendo algo tão bom, que ao terminar você vê o tamanho da lição de moral que um garotinho lhe deu, fazendo uma pequena e singela apresentação que por bem pouco não faz todo mundo lavar o cinema inteiro e passar vergonha em público. Pois bem, esse foi "Um Santo Vizinho", que une situações politicamente incorretas, senso de humor intrigante e muita emoção nas cenas finais, de forma que digo sem pestanejar que se Hollywood fizesse mais comédias dramáticas desse estilo, muitos críticos não diriam que a Europa está à frente no quesito saber trabalhar textos e personagens.

O filme nos mostra que Maggie e seu filho adotado de 12 anos, Oliver, se mudam para a casa ao lado da do veterano de guerra Vincent. Quando Oliver fica trancado para fora de casa um dia, Vincent o deixa ficar em sua casa até que sua mãe volte. Como Vincent tem contas até o teto para pagar e está desesperado por dinheiro, ele diz a Maggie que ficará como babá de Oliver todos os dias após a escola. Vincent então introduz Oliver em seu estilo de vida – que inclui jogos de azar, bebidas e seu relacionamento com uma prostituta russa.

Após escrever, dirigir e produzir diversos curtas, eis que Theodore Melfi resolve ir para o lado mais chamativo de Hollywood e escreve e dirige seu primeiro longa, e muitos podem ficar meio receosos quanto a isso, pois marinheiro de primeira viagem completa costuma ter algumas falhas, mas se olharmos mais a fundo quem está produzindo é nada menos que o Weinsten Group, e esses geralmente pegam somente bons roteiros novos, além claro de alguns blockbusters. E dessa forma o misto entre religiões, doenças e lições de vida acaba resultando em um texto simples, porém belíssimo, funcionando facilmente em qualquer horário que for exibido, mas claro que alguns vão julgar ser sessão da tarde demais pelos clichês tradicionais para emocionar e comover o público, mas longe disso, o filme consegue manter sua essência interessante desde as primeiras cenas, pois o diretor conseguiu trabalhar com um bom ator que soube viver o personagem e junto de uma criança sensacional, foi só escolher os melhores ângulos para que o resultado fosse preciso  e envolvente.

Já que comecei a falar dos atores, antes de falar do veterano, tenho de falar de Jaeden Lieberher que fez sua estreia tão bem feita, que já filmou nesse meio tempo que demora para estrear algo aqui no Brasil, mais 4 filmes, e o garoto merece muito, pois soube ser doce e inteligente na medida para o que o personagem principal precisava, além claro de expressões minuciosas para cada gesto ou situação, dando um show de personalidade e interpretação, que muitos atores da velha guarda sequer fizeram em um único filme. Bill Murray já é um ator que sabemos que tem facetas interessantes para mostrar e quando se empenha cai muito bem no papel, seu Vincent é bacana nos momentos beberrão, mas após o ponto de virada final, é surpreendentemente bom demais, de forma que ficou até errôneo não ser indicado ao Oscar, mas ao menos foi no Globo de Ouro. Naomi Watts é daquelas atrizes que gosta de variedade de papéis, e fazendo a prostituta russa Daka conseguiu trabalhar de forma engraçada que a personagem pedia e de certa forma agrada, mas já vi ela fazendo expressões bem melhores no cinema e poderia ter dado um gás a mais. Melissa McCarthy não fazendo a abobada é 10x melhor do que seus papéis bobos que costuma aparecer, mas como sua Maggie aparece bem pouco, já que trabalha demais, não foi possível destruir emocionalmente, porém na cena que conta aos padres seus problemas, mostrou segurança dramática e precisão nas expressões como ninguém. Dos demais vale destacar os textos interpretados muito bem por Chris O'Dowd que faz um padre professor muito bem encaixado com os temas atuais e agrada demais, e o jovem Dario Barosso que começou meio forçado, mas foi se soltando no decorrer da trama com seu Robert Ocinski que no final já estamos contentes com o que está fazendo.

A cenografia soube desenvolver bem o lado bagunçado do protagonista e isso funcionou demais para dar significado à vida dele que vamos saber somente mais ao final do longa. E não economizaram em nada de objetos cênicos desde o carrão antigo, mas que mantém toda uma pompa até o "sushi" de sardinha caindo perfeitamente nas cenas da casa, no asilo de idosos, hospital e até mesmo na escola, prevaleceram o bom gosto para dar a classe correta que cada ambiente pedia sem exagerar e sem atrapalhar o filme. Com uma fotografia baseada em pouca luminosidade, as cenas ganharam um tom mais emotivo sempre, e isso foi bacana para não termos uma comédia escrachada, mas sim algo gostoso de acompanhar e rir nos momentos certos.

Com uma musicalidade completamente simbólica e envolvente, as trilhas sonoras foram escolhidas na medida certa como se fosse sempre o que o protagonista gosta de ouvir, quem tiver oportunidade depois de ter ela em casa, com certeza são músicas gostosas de ouvir e que agradam com bom gosto. Além de auxiliar bastante no ritmo do filme sempre entrando nos momentos exatos.

Enfim, é um filme que me agradou demais e só tenho coisas boas para falar dele, talvez se tirasse um ou dois clichês de algumas cenas seria perfeito, mas mesmo com eles ainda emociona muito e deve agradar a todos que forem assistir sozinhos ou acompanhado da família toda, pois como disse, temos boas lições de moral que servem tanto para adultos quanto para os pequenos. O filme estreia mesmo só daqui 2 semanas, mas ainda está em pré em diversos locais, ficando como dica para quem gosta de ver antes dos amigos. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda hoje confiro a última estreia do interior, e volto em breve para postar o que achei para vocês, então abraços e até lá.

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