Annie

2/18/2015 01:26:00 AM |

Muitos reclamam de refilmagens, mas tirando os clássicos que passaram antes de 1982, não lembro de ter assistido a certos filmes, então para pessoas que não ficam revirando as locadoras e arquivos digitais, como é o meu caso, posso dizer que certos filmes soam até como novidade até que se descubra algo. Sendo assim, vou analisar "Annie" somente pelo que foi passado nesse filme atual, e o que posso dizer de antemão é que a história é bem bacana e divertida, só fico bravo por não poder analisar as interpretações de acordo com as expressões, pois a Sony/Columbia que distribui o filme no Brasil, optou por ter somente cópias dubladas na maioria do país, e assim fomos obrigados a ver os atores dublando canções que nada se conectam com a expressão dos atores, e ainda traduzidas na maior parte ao pé da letra, ficaram sem rima, sem emoção e até estranhas demais. Espero que algum dia eu possa conferir a versão legendada para voltar aqui e melhorar a nota do filme, pois do contrário, já adianto que vai ser difícil alguém se empolgar com o que verá na tela.

O filme nos mostra que Annie é uma órfã que mora em um abrigo gerenciado pela megera Sra. Hannigan. A vida da menina muda quando Will Stacks, candidato à prefeitura de Nova York, a salva de um atropelamento. Ele vê essa situação com forma de conquistar eleitores e por isso convida Annie para passar alguns dias em sua mansão. O que ele não contava era com o instinto paternal que lhe desperta.

A história em si é algo ao mesmo tempo bonitinho e familiar, pois ao mostrar a garotinha órfã em busca de uma vida melhor, sempre feliz consegue dar lições de coisas simples para a garotada que vai assistir, e também acaba sendo simples demais para que o formato musical fosse trabalhado dentro da trama, e isso acaba sendo um pouco forçado demais dentro do contexto. Claro que diferentemente de "Caminhos da Floresta", último musical que nos foi mostrado nos cinemas, aqui algumas das situações são até bem trabalhadas musicalmente, e ganham vida no rosto expressivo da garotinha protagonista, mas outros momentos acabam beirando o ridículo, ao exemplo as de Cameron. O diretor Will Gluck tem habilidades suficientes para transformar personagens secos em carismáticos, e isso já tínhamos visto bem em "Amizade Colorida", e aqui não foi diferente com os papéis de Foxx e Byrne, mas talvez poderia ter colocado mais doçura em alguns momentos e em outros mais seriedade, pois os momentos bonitos em algumas cenas ficaram secos demais pela cantoria, e alguns momentos mais sérios ficaram bobinhos quando não foi acertado o ângulo e entrou com a cantoria também. Claro que novamente posso dizer que estou dando minha avaliação com base no que vi dublado, então muito do sentimento das canções podem ter sido perdidas com o que adaptaram, assim sendo é melhor que apenas fale que o filme foi correto, mas poderia ser muito melhor.

Sobre a atuação, já tinha dito em sua estreia nas telonas que Quvenzhané Wallis é o carisma em forma de pessoa, e agora já grandinha está ficando ainda mais carismática, e toda trabalhada no seu jeito de atuar, (ainda estou com muita raiva por não ter visto ela cantar realmente, já que a voz é outra até nas canções), mas acredito que fez muito bem o que lhe foi solicitado para sua Annie, pois expressivamente aparentou os sentimentos das canções de uma forma bem bacana, e nos momentos menos cantantes fez bem seus trejeitos. Jamie Foxx é daqueles atores ecléticos que pegam papéis de todos os estilos para dizer que são realmente bons em tudo, e aqui como candidato a prefeito foi meio estranho, porém como rico empresário soube ter classe e trabalhou bem nas expressões que seu Stacks lhe pedia, porém a dublagem colocou a voz de Eddie Murph nos filmes antigos e beirou o ridículo em sua voz, ou seja, não dá para se concentrar no que era falado pelo ator. Cameron Diaz precisa urgentemente voltar a fazer papéis ou cômicos total, ou tentar virar um lado dramático mais forte, pois esse meio termo que anda fazendo só está servindo para colecionar indicações ao Framboesas de Ouro, beirando o ridículo na maioria das cenas que faz, aqui seu papel de Srta. Hannigan além de bobo, foi mal atuado independente da dublagem. Rose Byrne caiu muito bem no estilo que o papel de Grace pedia, e é envolvente no estilo de atuar e graciosa nos movimentos de dança, dando uma nuance que com certeza o personagem nem exigia, mas fez bem para agradar e chamar a atenção para si, uma das poucas boas coisas do filme são seus momentos. Bobby Cannavale trabalhou bem dentro do que o personagem Guy pedia, mas é um papel tão abobado, que nem seus momentos mais malvados conseguiram transparecer, e dessa forma acabou ficando estranho realmente suas intenções dramáticas e expressivas, também acredito que o problema ficou na sua canção dublada, mas podia ter trabalhado também mais as expressões que transpareceria. Os personagens Nash de Adewale Akinnuoye-Agbaje e Sra. Kovacevic de Stephanie Kurtzuba são apenas coadjuvantes dentro da história, mas conseguem ter momentos bem colocados que acabam dando um certo envolvimento e agradando, claro que a piada pronta foi o sotaque russo criado pela dubladora de Kurtzuba, mas como já falei demais da péssima dublagem, então nem conta mais.

Visualmente, tiveram um capricho ímpar na concepção dos ambientes, pois tanto o lado pobre aonde a jovem mora com a megera quanto o lado rico do apartamento e das empresas de Stacks foram montados de forma muito bem trabalhada e cheia de objetos cênicos para representar cada nuance. Claro que destacando muito mais o apartamento todo tecnológico que agrada demais em todos os momentos que são passados ali, então isso mostra todo um capricho que a produção teve com esse quesito. A fotografia trabalhou bem os momentos para diferenciar bem os momentos mais felizes dos tristes, e isso agrada em um filme, só poderiam ter usado algumas técnicas menos forçadas nos voos de helicóptero, pois acabou ficando na dúvida de se foi realmente filmado em ar ou usando chroma-key.

Já que estamos falando de um filme musical, as canções mesmo dubladas ficaram no estilo de grudar na cabeça das pessoas e fazer com que as crianças saíssem dançando do cinema, e isso é o único ponto positivo da dublagem, mas ao transformar músicas que foram bem compostas por compositores renomados em versões nem tão bem pontuadas, tirando rimas para adaptar o contexto da situação foi um crime quase que inadmissível. No geral a musicalidade envolve, mas confesso novamente que desejo muito ver o filme legendado para aproveitar melhor as canções e o longa por tabela.

Enfim, como disse é um longa bonitinho que passa mensagens bacanas para a família, mas como nunca recomendo dublagem para filmes sem ser animações, não tenho como falar que todos saiam de suas casas e vá ao cinema conferir este aqui, pois tudo ficou muito estranho. Talvez algumas crianças se divirtam com o conteúdo mostrado, mas tirando uma ou outra música que faz com que eles dancem, o restante da sessão fez com que os pequenos apenas ficassem quietos, o que também marco como ponto positivo para um filme infantil. Bem é isso pessoal, acabei indo ver ele hoje devido os horários ruins da próxima semana, e dessa forma encerro não apenas essa semana cinematográfica, como também a próxima, já que assisti também os que virão na próxima quinta nas pré-estreias que tiveram, ficando somente alguns do Belas Artes que tentarei ver e comentar aqui, então abraços e até o próximo filme meus amigos.

PS: Repito que a nota está sendo baixa assim devido a dublagem péssima, talvez ao ver o longa legendado de alguma forma, volte aqui e mude ela, mas do jeito que veio para os cinemas da maioria das cidades apenas dublado, o filme acaba bem mediano.


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