Inside Llewin Davis: Balada de um Homem Comum

2/28/2014 01:30:00 AM |

Se existia um filme que podia jurar de não aparecer em circuito comercial principalmente aqui no interior era "Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum", pois filmes artísticos costumam não cair bem no gosto popular, e o longa dos irmãos Coen se enquadra em todos os quesitos que não chamar público, mas tirando esse detalhe é um filme belíssimo, com uma introspecção muito bem colocada, onde o ator trabalha com uma minúcia impressionante e um envolvimento único para que embarquemos no mundo gostoso da música folk em uma balada bem tocada para os poucos que forem assistir.

O filme nos mostra que Llewyn Davis é um cantor e compositor que sonha em viver da sua música. Com o violão nas costas, ele migra de um lugar para o outro na Nova York dos anos 60, sempre vivendo de favor na casa de amigos e outros artistas. Talentoso, mas sem se preocupar muito com o futuro, ele incomoda a amiga Jean Berkey, que vive uma relação com outro músico, Jim. Nem um pouco confiável, Davis se depara com a oportunidade de viajar na companhia de um consagrado e desagradável artista, Roland, mas nem tudo vai acabar bem nesta nova jornada.

Os filmes dos irmãos Coen não ficam em cima do muro, ou vem aquele estilo que você vai odiar ou adorar o que vê, e felizmente dessa vez calibraram bem a mão numa história certeira e envolvente que quase pode adentrar a um gênero odiado por muitos, o musical, não com toda a cantoria tradicional, mas tendo vários momentos bem tocados que acabam nos envolvendo com uma boa história que é passada pelo estilo musical escolhido. A música folk sempre foi um gênero que nos contou histórias dramáticas nas estrofes e os diretores e roteiristas utilizaram isso para colocar num filme gostoso, onde não dá para apostar em nada que vai acontecer e entramos sem rumo junto do protagonista na tentativa de seguir com o que gosta de fazer. Os planos mais bem colocados foram escolhidos para nos acolhermos junto do protagonista e com isso passamos quase a ser uma mochila que nos carrega para cima e para baixo por onde vai.

O ator e cantor Oscar Isaac trabalha bem sua expressão de forma a quase sentirmos pena em alguns momentos, no melhor estilo cachorro que caiu da mudança, e com isso ele acerta sempre na pontuação dos diálogos quase mostrando a história como sendo sua, e aliado à isso ele entoa tão bem suas canções que compôs junto de T-Bone Burnett que poderíamos ouvir a trilha sonora por horas sem cansar. Carey Mulligan encara seu personagem de forma crua e severa, jogando na lata seu texto e expressando tudo com pontuação marcante nos diálogos, agradando bastante nos seus momentos. Justin Tinberlake aparece tão rápido nas suas duas cenas que só fiquei sabendo que ele fazia parte do filme nos créditos e me surpreendi por ser ele no papel bacana que fez. John Goodman é daqueles atores incríveis que consegue pegar um papel que poderia ser jogado fora, e ele pega e transforma em algo primoroso de ver, chega a dar nervoso sua arrogância e prepotência que passou para o personagem. Os demais todos aparecem com pequenas pontas sem quase destaque algum, mas sempre dando o melhor de atuação que puder para que sua participação não seja jogada à toa na tela, e isso é algo de muito bom grado.

O visual dos anos 60 é algo sempre agradável de ver nas telas do cinema, e embora não seja um filme com muitos objetos cênicos marcantes, tudo que aparece na tela sempre é bem utilizado para algo. E aliado à uma fotografia marcante, onde sempre um contraluz imponente salta nossos olhos para onde os diretores querem nossa atenção e não de forma dura, mas sempre colocando com leveza e sutileza para agradar visualmente a trama com um bom senso único, tanto que garantiu a indicação ao prêmio de melhor Fotografia no Oscar.

Falar de trilha sonora num filme musicalmente perfeito é praticamente ficar andando em círculos, pois mesmo não sendo um gênero musical que as pessoas estão acostumadas a ouvir, a sonoridade do folk agrada bastante, e como as músicas acabam sempre tendo muito a ver com o que a história está nos mostrando acaba que ficamos felizes mesmo com melodias tristes. Além das boas canções, o longa possui uma sonoridade em tudo, fazendo com que cenas em salas vazias ganhem uma ambientação muito interessante de acompanhar, o que garantiu também a indicação ao Oscar.

Enfim, é um filme que acabei deixando para o último dia da semana cinematográfica por achar que não seria bom e saí muito feliz da sala de cinema com o que vi, é uma pena que não será visto por muitos também ficarem com o pé atrás do que irão ver. Se você gosta de um filme artístico bem trabalhado fica a dica então para correr para os cinemas antes que suma de cartaz, pois vale muito a pena. Encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa já iniciando uma nova que veio recheada de filmes não tão eloquentes, mas que devem agradar também. Então abraços e até mais pessoal.


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Pompéia em 3D

2/27/2014 12:19:00 AM |

Existe um estilo de filmes que não temos de procurar história para ele, e sim apenas curtir o que o diretor irá nos propor, esse estilo se denomina filmes de destruição em massa de cenários e pra quem nunca ouviu falar da história da cidade de "Pompéia" que foi destruída por um vulcão, sua chance de ver a fúria desse ser da natureza sem que seja num filme dramático é essa, pois aqui embora tenha que ter uma mocinha para ser salva, fico me questionando toda vez se vale a pena mesmo voltar pra salvar alguém de uma destruição, a premissa de tudo que é mostrado aqui vai muito além de um simples romance. E se você conseguir assistir o longa esquecendo dessa existência malévola de um ser necessitando salvar sua amada, a chance do filme ter uma outra vertente muito mais divertida é altíssima.

O filme conta a história épica de Milo, um escravo que tornou-se um gladiador e se encontra em uma corrida contra o tempo. Ele precisa salvar seu verdadeiro amor Cassia, a bela filha de um comerciante rico que foi prometida a um corrupto senador romano, em meio a destruição da cidade de Pompeia causada pela erupção do Monte Vesúvio.

O que Paul W.S. Anderson nos entrega é um material bem trabalhado no quesito efeitos e rico de muita ação, mas poderia ser bem melhor se tivesse optado por tirar o romance fraco e falso dos protagonistas, mas aí você me pergunta se teria as mesmas brigas? E respondo que sim, afinal para quem for assistir sabe que o protagonista Milo tem motivos mais que suficientes para brigar com Corvus e Proculus, então pra que emplacar um romance num filme que poderia ter uma vertente muito mais sanguinolenta? A resposta também vem bem rápida, para que as pessoas fantasiem que vale a pena salvar um amor antes de morrer, o cliché-mor de filmes hollywoodianos e que os roteiristas adoram por nos seus filmes. E isso é algo que talvez tenha deixado o filme de ser uma obra excelente para algo somente bom, pois praticamente nada de História é contado, muito menos explicitado e agradaria muito mais ver isso do que um casalzinho bem fraco. Anderson ao menos foi esperto em deixar bem de segundo plano a história deles, dando preferência no feitio de amizade dos gladiadores e no que mais faz bem em seus filmes, que são lutas coreografadas na medida certa para agradar quem gosta de uma boa pancadaria, e junto disso tudo sendo destruído ao redor, não tem como não gostar do que está vendo, então compre seu baldão de pipoca e mande ver assistindo esse gênero que o que vale é isso, ao invés de tentar ficar querendo ver uma história válida.

Um fator interessante da trama está na forma do elenco trabalhar, pois a cada momento o ator principal da cena em si passa a ter destaque, e nesse vai e vem, acabamos tendo boas participações tanto do mocinho, quanto do vilão do filme, o que deixou bem bacana de acompanhar. Kit Harington no cinema é praticamente um estreante, e com o destaque que anda tendo na série "Game of Thrones", muitos irão assistir ao filme apenas para ver o ator, e como disse ao falar da história, ele acabou focando bem mais nas lutas e na preparação do seu  personagem que esqueceu de tentar criar uma química com a protagonista feminina, e assim não dá pra acreditar num romance entre eles, mas tirando esse detalhe, o que ele faz nas cenas de luta valem a pena a trabalheira, mesmo que algumas cenas tenham ficado bem falsas. Kiefer Sutherland mostra porque é mestre em filmes com muita ação e mesmo nos momentos iniciais seus, onde coloca a sua expressão mais malvada já mostrando que irá influenciar no andamento da história e consegue bem dominar suas cenas sempre com muita ironia no olhar, o que agrada bastante. Emily Browning é daquelas atrizes que o diretor deve pensar uns 10 nomes antes de aceitar ela para um papel principal, pois suas expressões são as mesmas para todo tipo de acontecimento e não é uma mulher vistosa que faria um homem se matar por ela, e sendo assim a química desandou completamente entre os protagonistas aparentando mais uma piedade de retribuição de salvamentos do que um amor verdadeiro como diz a sinopse. Adewale Akinnuoye-Agbaje poderia ter sido bem mais usado, afinal é um ator muito bom para a proposta do filme, e seus textos foram declamados com toda pontuação devida, colocando suas cenas num patamar bem alto, só é uma pena que acabou sobrando bem pouco espaço para ele, mas o diretor conseguiu até dar uma sobrevida final no seu último momento. Dos demais cada um tenta fazer alguma ponta interessante, mas sem marcar muito destaque para ninguém, afinal sempre aparecem minutos bem rápidos já que o foco seria do casal.

Filme épico tem visual perfeito, e aqui o diretor não economizou em nada, tudo bem trabalhado, cheio de elementos visuais característicos para serem destruídos, e claro, com a diferença máxima do que reclamei em "Hércules" muito sangue para ser mostrado. Como muitos sabem o diretor é um dos poucos ainda que prefere a maioria das cenas gravadas de forma real ao invés de computação gráfica, então tudo é muito consistente de ver na tela e mais brilhante ainda na sua ruína caindo conforme vai ocorrendo a destruição causada pelo vulcão, ou seja, algo muito interessante de ver como uma boa produção cenográfica pode mudar os ares de uma história e não deixar tudo tão falso. A fotografia utilizou muito do tom marrom e com isso tudo parece estar sempre bem sujo, o que agrada para o estilo escolhido, além da fuligem dominar as cenas finais colocando o pretume em evidência junto do vermelho do fogo, ou seja cores bem fortes para dominar a tela. Quanto do 3D, poderíamos esperar bem mais do diretor, afinal ele já usou muito da tecnologia nos seus filmes anteriores, mas acabou sendo bem mediano com o que é mostrado, com isso , temos algumas boas cenas com coisas saindo da tela, e algumas profundidades bem de leve em algumas cenas, o destaque de profundidade recai nas cenas do coliseu, já que com muita gente em cena sempre costuma funcionar mais as câmeras dessa tecnologia, e nos momentos de destruição muita coisa é expulsa da tela o que faz com que alguns movimentos de cabeça ocorram para não "bater" nos olhos o que vem da tela.

Enfim, é um filme bem bacana, que quase ruiu abaixo por tentar focar demais num romance ruim, mas que agrada bastante quem conseguir eliminar esse detalhe e for preparado para uma sessão pipoca divertida de muita destruição cenográfica, ou seja, só ficou faltando uma colaboração do Michael Bay pra ficar perfeito nesse quesito. Fica então minha recomendação da forma de assistir ele para quem for conferir, pois do contrário, a chance de decepção é enorme e os amigos críticos detonaram o filme pela internet. Bem é isso pessoal, fico por aqui, mas ainda temos mais um dessa semana cinematográfica para conferir, e um vai ficar pra próxima, afinal foi bem corrido aqui, então abraços e até mais tarde com mais um post.


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Um Conto do Destino

2/26/2014 12:58:00 AM |

Romances açucarados podem dar muito certo quando encontram a história adequada para serem inseridos, e no filme que surgiu do nada com quase divulgação nenhuma "Um Conto do Destino" toda a fantasia criada, que muitos até irão ficar irritados da forma que aparece, acaba dando um resultado bem interessante de ver na telona e deverá ser daqueles filmes que passará em repeat toda semana na sessão da tarde. Claro que se você não curte histórias fantasiosas e românticas passe bem longe da sala, pois a chance de sair xingando o que verá é altíssima.

O filme nos mostra uma história fantástica, baseada em um romance literário, que se desenvolve tanto na Manhattan dos dias atuais quanto no século XIX. E nos mostra que durante um inverno rigoroso, Peter Lake, um mecânico irlandês, decide roubar uma imensa mansão, fechada como uma fortaleza. Ele tem certeza que a casa está vazia, mas acaba encontrando uma garota no interior. Quando ele descobre que ela está prestes a morrer, nasce uma história de amor entre os dois.

O diretor Akiva Goldsman é estreante no comando das câmeras, mas extremamente experiente na arte da roteirização, fazendo inúmeros filmes inclusive o ganhador do Oscar, "Uma Mente Brilhante", e aqui roteirizou e dirigiu uma das histórias que mais popularidade teve nos anos 2000. E tendo toda essa bagagem, ele não seria bobo de escolher uma história diferente para iniciar na direção de longas, pois ela embora possua muitos efeitos especiais, com um enredo fantasioso é mais fácil de trabalhar e adequar tudo para que não fique tão falso, e isso que acaba dando um charme a mais para o filme que adoça os sentidos de quem talvez goste de ver uma realidade inexistente de um amor para várias vidas. O único problema do filme acredito foi ter escolhido mal o estilo de montagem inicial, pois indo pra frente e pra trás em 3 períodos diferentes o espectador acaba um pouco perdido para se situar quem é quem, mas no deslanchar da história acabamos ficando bem agradados com o que é mostrado e se embarcarmos na fantasia proposta, saímos até bem felizes com o que o diretor nos propõe acreditar, e com isso os pequenos defeitos de andamento acabam sumindo rapidamente.

As atuações poderiam ter sido mais bem colocadas, pois faltou os atores ficarem convencidos do estilo de filme que estavam participando. Por exemplo Colin Farrell precisava ter trabalhado mais a química com sua parceira, pois mesmo o romance acontecendo ele parece ter mais afinidade com o cavalo voador do que com ela, além de nos momentos onde deveria demonstrar surpresa com tudo que ocorre parece ser um conhecedor nato da fantasia mística e que tudo o que está acontecendo é totalmente normal, porém tirando esses defeitos, nas demais cenas ele segura bem a onda e faz seu papel de forma adequada. Jessica Brown Findlay agrada bastante nos seus momentos de euforia causados pela febre, mas se eliminarmos o que ficamos sabendo bem depois dos seus planos místicos, ficou uma atuação empolgada demais para quem sabe que vai morrer de tuberculose, aliás até onde eu sei essa doença causava muita tosse, então ou traduziram bem errado o nome da doença dela ou faltou esse detalhe, porém o famoso detalhe da beleza que oculta erros foi usado ao seu favor, pois a jovem pode ter errado muito, mas se me perguntarem se vi algo além do que falei, vou estar mentindo se falar que vi algo. Russell Crowe agrada como antagonista, tendo alguns momentos fortes como na cena do restaurante, mas poderia ter pego mais no pé dos protagonistas para que ficássemos realmente com raiva dele, mas ainda assim mostra que domina a arte da expressão. A participação de Will Smith em duas cenas é interessante somente pelo personagem que faz e logo demonstra quem é para o público, mas também acaba ficando algo bem fraco de ligar com toda a história e tirando seu momento de raiva não se esforçou muito para o filme também. Dos demais a maioria apenas participa de boas cenas, dando algum mero destaque pra momentos de Jennifer Connelly e principalmente Eva Marie Saint nos agraciando com sua doçura numa participação bem rápida.

Filme de fantasia que não possui um bom cenário morre, e aqui poderiam ter trabalhado bem mais com o nome original do filme "Winter's Tale", pois temos muita pouca neve e frio para um filme que mantém Inverno no nome. Claro que temos diversos elementos bem bonitos sendo usados, como o cavalo e suas asas brilhantes no melhor estilo fada de ser, os prédios com estilo antigo cheio de louças de época caindo bem, a neve sendo usada em alguns momentos, mas poderia ter absurdamente mais itens para que o filme fosse melhorado. E claro que com mais neve teríamos uma fotografia mais trabalhada no branco e que nos agraciaria com algo mais mágico, não que esteja ruim da forma mostrada, mas a história pedia bem mais do que foi utilizado. Outro detalhe está no figurino e cabelo dos protagonistas, que poderiam ter trabalhado algo mais interessante, pois não consigo imaginar no início do século 20 pessoas com esse corte moderninho do protagonista, mas posso estar enganado.

A trilha de Hans Zimmer sempre é bem encaixada em qualquer trama que seja, e aqui não seria diferente, pois quando o longa parece estar perdendo ritmo, ele nos adoça com algo novo e tocante. Claro que não é o melhor que já fez, mas nos entrega algo na medida para que a serenidade do filme se mantenha no clima.

Enfim, como disse no começo é um filme que tradicionalmente passaria fácil nas tardes em qualquer emissora de TV aberta enquanto as pessoas fazem outras coisas e assistem algo, pois não é nada difícil de entender tudo que ocorre, tirando o problema de datação da montagem. Quem gosta de filmes românticos fantasiosos sairá do cinema bem feliz com o que verá, mesmo não sendo algo primoroso, mas como uma primeira direção o que nos foi apresentado agradou bastante mesmo e recomendo ver na TV mesmo em breve. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda hoje teremos mais um longa por aqui para conferir nessa semana recheada, então abraços e até breve.


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Robocop

2/25/2014 12:42:00 AM |

Existem alguns filmes clássicos que quando surge a palavra remake já começam um tiroteio tão grande que se você não utilizar colete a prova de balas e cuspes é capaz de sair morto ou de bala ou afogado com o tanto que falam do filme, e quando colocaram "Robocop" na pauta dos que seriam refeitos, pudemos ouvir de tudo que se possa imaginar. Mas a preocupação só tinha início e piorou mais ainda quando colocaram o nome de um brasileiro no meio, ai tiveram críticos americanos que se prepararam o suicídio como alternativa para não assistirem a isso, e os críticos brasileiros já não sabiam mais o que falar, se reclamavam ou preparavam o terreno para elogiar o filme mesmo que fosse uma droga. Pois bem, como Coelho é imparcial nessas brigas de críticos com nome, vou preferir manter minha opinião que já havia dito para alguns amigos que consideraria o novo filme mais como uma homenagem que foi feita baseada na história original, mas que se utilizasse outro nome aí atacariam como uma cópia barata do filme, e utilizando o mesmo nome ainda ganhou um merchandising gratuito por todo o alvoroço que causou, assim como aconteceu com "Karate Kid". Claro que após assistir esse é inúmeras vezes melhor que esse outro "remake" que citei, mas não seria necessário colocar um diretor brasileiro para fazer um filme de ação básico que qualquer outro faria igual, nos resta saber agora qual história do Capitão Nascimento o diretor doou para eles para ser colocado na direção do longa, afinal em breve teremos outro diretor nacional que também caiu no conto do vigário.

O filme nos situa no ano 2028 e o conglomerado multinacional OmniCorp está no centro da tecnologia robótica. No exterior, seus drones têm sido usados ​​para fins militares há anos, mas na América, seu uso foi proibido para a aplicação da lei. Agora a OmniCorp quer trazer sua controversa tecnologia para casa, e buscam uma oportunidade de ouro para fazer isso. Quando Alex Murphy, um marido e pai amoroso, e um bom policial que faz seu melhor para conter a onda de crime e corrupção em Detroit, é gravemente ferido no cumprimento do dever, a OmniCorp vê sua chance para criar um oficial de polícia parte homem, parte robô. A OmniCorp prevê a implantação de um Robocop em cada cidade para assim gerar ainda mais bilhões para seus acionistas, mas eles não contavam com um fator: ainda há um homem dentro da máquina.

O problema do longa já se encontra na própria sinopse: um marido e pai amoroso, pois podemos até dizer que os grandões resolveram tirar a parte sentimentalista da história com os cortes que fizeram, afinal uma cena de no máximo 5 minutos não daria pra representar isso nem em um curta-metragem, quanto mais num longa, mas a verdade está que José Padilha não tem esse dom de fazer ligações amorosas familiares com seus protagonistas, basta tentar encontrar qualquer sentimentalismo nas cenas forçadas de Wagner Moura com seu filho em "Tropa de Elite 2". Daí que ou eliminassem qualquer característica de tentativa influenciável da família no filme, colocando o robô com outros ares ou pegassem algum diretor mais trabalhado nesse quesito, no caso Aronofsky que chegou a ser cotado inicialmente, que conseguiria enxertar as ideias de forma mais concisas e assim sendo não teria tantas cenas iniciais removidas do filme. Porém se esquecermos desse detalhe e entrarmos em outro vértice, Padilha colocou o seu lado melhor para a trama ao desenvolver o personagem de Samuel L. Jackson da mesma maneira televisiva politizada que fez com André Mattos em Tropa, de forma que as cenas do programa de Novak é quase o melhor do filme se tirarmos algumas boas cenas de ação. Também não podemos crucificar o diretor, afinal como ele mesmo disse fazer filme lá fora tem gente demais opinando em cima do diretor, então vamos considerar como uma homenagem bem feita pelo nível técnico de ação colocado, já que na época do original só tivemos o básico de efeitos, com cenas bem trabalhadas e agradáveis de ver, mas que está bem longe de ser um filmaço.

No quesito de atuação o grande destaque mesmo nem é para o protagonista, mas sim para Samuel L. Jackson que faz um apresentador de TV muito bem encaixado que trabalha a política de forma coerente e com um cinismo monstruoso, se já tinha ficado fã com as cenas do início, no miolo apaixonei e no fim destruiu de tão bom que foi, um grande nome em um papel certo. Joel Kinnaman poderia ter trabalhado mais sua expressividade, pois mesmo sendo um robô, a única coisa que sobrou originalmente humana é sua face, e ela não necessitava ser robótica, então há certos momentos que parece que o ator não queria o papel. Michael Keaton agrada por parecer pensar sempre muito rápido dando uma característica interessante pro personagem, mas seu nível de vilania não chegou no máximo que poderia atingir para agradar mais. Jackie Earle Haley até agrada nos seus momentos, mas são tão poucos que nem dá pra vibrar muito com suas maldades. Gary Oldman é outro que tenta dar seu máximo para suas cenas, e até consegue nas suas últimas cenas mostrar porque é um ator expressivo, mas no miolo deixa um pouco a desejar. Agora as grandes decepções ficaram para o drama familiar com Abbie Cornish e John Paul Ruttan que pareceram dois enfeites.

O visual da trama está bem encaixada, colocando coisas futuristas, mas sem ser loucura igual costumam fazer com coisas absurdas demais, além de ter poucos elementos cênicos que chamem a atenção pra si. Porém como disse no quesito produtivo, o diretor teve em suas mãos uma boa quantidade de efeitos especiais que nem em sonho daria para fazer nos anos 80 e com isso agrada bem com o que propõe fazer. A fotografia trabalhou bem no escuro e as cores vermelhas acabaram bem destacadas na ação, mas já que temos um filme tecnicamente violento poderia ter abusado até mais de sangue nos tiroteios e não somente em algumas cenas.

Enfim, é um filme que se olhado apenas como uma diversão se assiste tranquilamente sem reclamar muito e aliado de bons elementos técnicos até agrada, mas está bem longe de ser algo que possamos guardar em nossas mentes como um filmaço. Poderia ter sido bem pior se tivessem tentado fazer o remake exatamente imitando tudo, mas felizmente souberam dosar bons momentos do antigo com muita coisa nova, praticamente sendo um novo filme. Então quem quiser ver ele por ser um brasileiro fazendo algo americanizado como apenas um filme interessante de caça à bandidos fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas como disse essa semana está bem cheia, então abraços e até breve com mais posts.


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Clube de Compras Dallas

2/22/2014 02:32:00 AM |

Existem filmes que são feitos de forma a colocar os espectadores para pensar, outros apenas para se divertir comendo pipoca na sala escura e existem um tipo que quando surge ficamos pasmos por explicitar coisas que deveriam funcionar de uma forma que quando olhamos que ela não é correta choca e nos faz pensar como seria se estivéssemos no lugar dos protagonistas. Com "Clube de Compras Dallas" somos forçados a ver como os testes iniciais para tentar "salvar" pessoas contaminadas com o vírus HIV foram feitos do jeitinho mais cruel possível com todo o estilo de pessoas, e mostrando que o lado humano pode superar qualquer preconceito maior na hora da luta pela vida e sobrevivência.

O filme que é baseado na história real do eletricista texano Ron Woodroof nos mostra que após ser diagnosticado com o vírus da AIDS, na década de 1980, entra em uma batalha contra a indústria farmacêutica e os próprios médicos, passando a contrabandear drogas ilegais do México para concluir seu tratamento.

O trabalho feito no longa é algo que muitos podem falar que por ser uma história real é mais fácil para um diretor recriar tudo, mas muito pelo contrário, pois sofre a pressão de não esquecer detalhes que muitos irão julgar inadmissíveis e outros até vão relevar, e aqui Jean-Marc Vallée provavelmente entrou de alma na vida dos portadores do vírus para saber como passavam, toda a discriminação e os efeitos colaterais que o real Woodroof ou algum familiar pode ter detalhado para os roteiristas. Com essa análise profunda de elementos, o que nos é remetido o tempo todo no filme é como alguém que luta todos os dias com a morte pode mudar seus conceitos, sem perder suas raízes claro, afinal malandro vai ser malandro até dentro do caixão. As transformações significativas de humor que o diretor conseguiu extrair dos atores é digno de segurar o filme totalmente e a cada ato eles conseguem nos prender mais ainda nos seus feitios, fazendo com que os dois atos mais fortes nos emocionem mais pelo envolvimento que acabamos tendo com cada personagem do que pelo ato em si.

Se tem uma coisa que me deixa abismado nos filmes é a capacidade que os atores se dão para criar o corpo para os personagens, alguns engordam, outros tomam hormônios para ficarem mais fortes, e alguns emagrecem monstruosamente para se caracterizar, e aqui os protagonistas perderam 20 e 18 kilos cada um ficando realmente da forma que as pessoas que contraem o vírus acabavam ficando e mais do que isso cada um faz seu personagem com a perfeição máxima que estão lhe rendendo prêmios. Matthew McConaughey melhora consideravelmente a cada personagem que interpreta, e se tem alguém que pode roubar o prêmio de DiCaprio esse ano é com certeza essa sua atuação impactante e bem colocada que fez para um personagem difícil e muito técnico, onde poucos conseguiriam encaixar com singelos atos tudo que o ator expõe com sua expressividade interessante. Jared Leto era o patinho mal encaixado de Hollywood, pois sempre fazendo papéis ruins optou por decolar sua banda e voltar somente agora com algo que pudesse mostrar realmente tudo que é capaz, e fez Rayon como se não fosse mais voltar a fazer cinema, dando vida para um travesti sem caricaturas, muito menos pejorativos comuns de aparecer em personagens do estilo, e se já ganhou vários prêmios por aí, sua consagração tem de vir com o homenzinho dourado para fechar bem. Jennifer Garner consegue segurar um papel sem muito alarde e trabalhar seus diálogos sempre a favor dos dois protagonistas para que o longa nos prendesse sempre a eles, e essa função de coadjuvante poderia até ter perdido o foco caso ela puxasse algo a mais para seu lado e criasse alguma relação romantizada errada para a trama. O longa é repleto de vários coadjuvantes que se encaixaram bem para a trama, cada um da sua maneira, mas os momentos mais chocantes estão nas falas de Denis O'Hare pois são as atitudes mais compradas que poderíamos esperar de uma pessoa e ele conseguiu agir de forma tão natural que mesmo fazendo tudo que faz ainda agrada no quesito atuação.

Visualmente poderiam ter abusado um pouco mais de coisas da época, pois mesmo tendo acontecido apenas 30 anos atrás, havia muitos detalhes ricos que cairia bem para a trama, não que tenham deixado de lado elementos cênicos que são bem usados até, mas caberia usar muito mais para que não ficasse apenas nas mãos dos atores toda a responsabilidade do filme. As vestimentas foram bem pesquisadas ao menos para retratar tanto o cowboy texano quanto as pessoas da época, no caso tudo que Rayon usa. A fotografia usou bastante do tom amarelado para segurar a onda de época, mas sempre utilizando muito branco também, afinal estamos com um tema muito ligado a hospital e ficaria feio um hospital amarelo. Agora nesse quesito técnico visual uma bela cena que pode ser ligada com muita simbologia é o momento da última ida de Ron ao médico mexicano quando entra na sala com a luz piscando, tendo um ar muito bonito de se ver.

Enfim, é um filme muito bem trabalhado principalmente no quesito dramático de atuações, com muita história para ser contada e que no final agrada bem pela montagem realizada. Vale muito a pena ser conferido para ver o show que os atores dão em cena e para conhecer uma época bem sombria que começou lá e ainda mata muitos até hoje. Quem tiver algum amigo/parente que morreu devido ao vírus talvez se conecte mais com a história por ter visto o que eles passaram, então pode ser um pouco mais forte o filme, mas mesmo assim ainda recomendo o longa. Estarei na torcida para os dois atores e se vier qualquer outro prêmio também para o longa será de bom tamanho, pois o filme é bem bacana. Fico por aqui hoje, mas nessa semana ainda teremos muitos posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Caçadores de Obras-Primas

2/16/2014 11:28:00 PM |

Acho divertido quando anunciam que um filme está sendo feito e as pessoas já colocam ele como algo que chamará todas as atenções, irá ganhar prêmios e mais prêmios, e quando é lançado acaba quase sendo engolido por filmes menores e desaparece diante das expectativas e das possibilidades de ganhar qualquer coisa. Descobrir o segredo de acontecer isso nem sempre é uma tarefa fácil, já que o filme pode ser queimado por críticos, pelos atores ou até mesmo pela própria concepção que um diretor escolha, e aqui em "Caçadores de Obras-Primas", a responsabilidade pode ser jogada completamente no diretor e roteirista George Clooney por transformar um assunto sério em algo cômico com inúmeros personagens que acabam nem sendo desenvolvidos, muito menos o filme.

O filme que é baseado nos fatos reais de uma das maiores caças ao tesouro da história nos conta a aventura de um pelotão da Segunda Guerra Mundial, liderado por FDR, em direção à Alemanha para recuperar obras de arte roubadas por ladrões nazistas e devolvê-las aos seus verdadeiros donos. Seria uma missão impossível: com as peças presas em território inimigo, e os alemães com ordens de destruir tudo, como este grupo de sete diretores de museus, curadores e historiadores de arte, mais familiarizados com Michelangelo que com uma M-1 poderiam ter êxito? Os Caçadores de Obras-Primas, como são chamados, se encontrarão em uma corrida contra o tempo para evitar a destruição de 1000 anos de cultura e eles arriscarão suas vidas para proteger e defender as maiores conquistas da humanidade.

A História dependeu muito do processo que ocorreu dentro do que foi essa caça na época da Segunda Guerra, e só de imaginar tudo que a produção necessitou fazer para que a história saísse do papel já é algo aterrorizador, pois existem milhares de elementos para se pensar e manter a diretriz artística dentro dos padrões aceitáveis pelo público. Com isso em mente, George Clooney já sabia da árdua tarefa que encontraria para recriar a história de forma condizente e que agradasse à todos, mas optou por algo mais tranquilo e cômico ao invés de trabalhar toda a dramaticidade que o tema pediria. Além disso, o diretor conduziu um excesso de protagonistas que acabaram por não se desenvolver como deveriam e apenas entraram em cena para participar.

Falando do quesito atuação, George Clooney como ator está cada vez mais coadjuvante demais e se sua ideia de virar um Woody Allen ou Clint Eastwood ainda estiver de pé, logo mais irá começar com produções menores para aparecer sempre e trabalhar pouco na expressividade que conhecíamos tão bem em sua face. Matt Damon ao mesmo tempo que aparenta ser um dos personagens mais marcantes, com sua ida para fora do front numa história mais paralela acabou ficando um pouco estranho para o que poderia fazer, mas ainda assim trabalhou bem nas expressões que faz e agrada em sua relação com Cate. Cate Blanchett muitos irão dizer que estou louco, mas prefiro sua atuação aqui do que no filme que no que está ganhando tudo, pois pareceu muito mais verossímil como uma curadora de arte para Hitler sendo humana aqui, botando trejeitos humanos reais do que como uma maluca que qualquer uma faria, então gostei muito do que fez aqui. Bob Balaban é destaque cômico por tudo que consegue fazer, nos divertindo ora seja com seu humor peculiar incorporado nas falas, ora com seus trejeitos, então é um personagem que se tivesse sido mais trabalhado até seria melhor para o filme. Hugh Bonneville faz um dos textos mais comoventes para o estilo e agrada por esse detalhe, talvez poderia ter sido mais trabalhado alguns dos seus momentos, mas soube compensar pelo que mostrou. Dos demais, todos fazem alguma coisa interessante para a trama, mas raramente se destacam por algo, tendo apenas que observar alguns momentos que Jean Dujardin finalmente tenta aparecer para as telas, mas não é tão feliz no que faz.

O ponto forte da trama está na equipe de arte que foi minuciosa em detalhes bem ricos, afinal estamos falando de muitas obras de arte para aparecer num único filme e claro que não poderiam esquecer de retratar tudo muito bem, afinal pode ser que algum crítico de arte assista o longa. Mas valeu a pena cada elemento colocado para dar um charme a mais, tendo em cada momento um detalhe para ser valorizado e olhado com bons olhos, mas também acabaram surgindo em tela apenas para ser caçado, pois tirando a Madona que tanto almejam encontrar, mais nenhum acaba sendo usado afinco pela equipe. A fotografia trabalhou com um tom mais escuro para tentar colocar o filme como épico e devido aos lugares que foram para buscar as obras, mas poderiam ter usado algo mais puxado para o marrom e não tanto para o preto que ficaria mais clássico.

Enfim, não é um filme genial que deveria ser e poderia deixar todos extremamente felizes, mas diverte e entretêm quem quiser ir ao cinema conferir uma história interessante ao menos. Vale como uma comédia mais inteligente diferente das românticas que ultimamente andam aparecendo. Talvez se tirassem todo o ar cômico da trama o filme ficasse mais interessante pela história, mas acho que ficaria bobo demais com os protagonistas sendo sérios. Bem é isso, fico por aqui nessa semana que infelizmente mais uma vez fomos boicotados pelas distribuidoras no interior, e torcendo para que terça receba uma programação mais recheada para a próxima semana. Então abraços e até breve pessoal.


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Ela

2/15/2014 11:14:00 PM |

Certos filmes conseguem nos fazer refletir sobre diversas coisas, e o diretor Spike Jonze é daqueles que prefere colocar tudo com sutilezas e trabalhar com polêmicas interessantes sem forçar a barra nem exigir que o espectador precise destruir seu cérebro para entender o que ele deseja mostrar. O ponto forte de "Ela" é o agradável deslanchar do personagem com seu sistema operacional, enquanto descobre a si mesmo com o florescer das descobertas e aprendizado do sistema, o que se analisarmos a fundo veremos que não é apenas essa superficialidade que o diretor quer nos mostrar e se trabalharmos só um pouco mais a ideia do filme iremos emocionar mais ainda com os problemas que podem ocorrer com a falta de conhecimento sobre nós mesmos, a forma que a modernidade pode acabar com os relacionamentos reais, entre muitos outros assuntos abordados.

O filme se passa em um futuro próximo na cidade de Los Angeles e acompanha Theodore Twombly, um homem complexo e emotivo que trabalha escrevendo cartas pessoais e tocantes para outras pessoas. Com o coração partido após o final de um relacionamento, ele começa a ficar intrigado com um novo e avançado sistema operacional que promete ser uma entidade intuitiva e única. Ao iniciá-lo, ele tem o prazer de conhecer Samantha, uma voz feminina perspicaz, sensível e surpreendentemente engraçada. A medida em que as necessidades dela aumentam junto com as dele, a amizade dos dois se aprofunda em um eventual amor um pelo outro. Ela é uma história de amor original que explora a natureza evolutiva - e os riscos - da intimidade no mundo moderno.

Muitos poderão falar que o longa é teatralizado demais, por focar quase 100% nos dois personagens principais e que as saídas deles de quadro são apenas cenográficos, mas a forma que o diretor e roteirista Spike Jonze conseguiu amarrar todas as pontas nos coloca sempre ajustando nossos sentimentos com o que acaba de acontecer e com isso temos um filme agradabilíssimo de acompanhar do início ao fim sem ter nenhum momento que faça o espectador desanimar ou ficar olhando para o relógio, passando tão rapidamente os 126 minutos de duração. A mensagem que o filme acaba nos passando, acredito que pelo ser humano atual procurar tantos meios para sobreviver em meio a selva de pedra onde tudo pode acontecer é encontrar meios de conviver consigo de forma mais agradável para se conhecer mesmo que você tenha de ser 2 pessoas as vezes.

Se existe uma categoria no Oscar que sempre acaba tendo diversas injustiças é a de ator, e mais uma vez Joaquin Phoenix acabou ficando de fora com uma atuação magnífica onde poucos fariam de forma tão intensa uma conversa com uma pessoa a qual ele não vê e notamos todos os sentimentos expressados em seu rosto que trabalha na medida mais interessante possível e mereceria com certeza ser lembrado ao menos com uma indicação. Scarlett Johansson é mais do que apenas uma voz, conseguindo demonstrar toda sua sexualidade sem mostrar uma parte sequer de seu corpo e nos satisfaz na medida certa de entonações que impressiona pela técnica que com certeza empregou para respirações e tudo mais. Amy Adams vem numa crescente de personagens que fico pensando o que mais ela pode fazer de bom usando apenas suas expressões intrigantes, aqui chega alguns momentos que até ficamos com dó dela. Dos demais são apenas participantes do filme já que tudo se concentra neles, valendo destacar que Rooney Mara nem parece a mesma estando normalzinha e Portia Doubleday nos deu um susto ao aparentar tanto com Scarlett que até achei que a protagonista faria 2 papéis.

O visual da trama embora seja muito tecnológico opta por um minimalismo interessante de gostar e por alguns momentos temos apenas como único elemento elaborado e extremamente necessário o celular onde vive a protagonista,, e com isso não precisamos nos prender a detalhes de cada cena. Um pequeno deslize, que não chega nem a ser algo fatal é o exagero de utilizar a mesma roupa, afinal Phoenix passa quase a duração completa do longa usando a mesma camisa que está no pôster. A fotografia utilizou muita luz natural para dar mais realismo às cenas e isso agradou bastante para deixar o filme nos horários mais reais sem sombras atrapalhando nada.

A trilha sonora de Arcade Fire junto das composições originais para o filme deram uma classe gostosa de ouvir e ajudou muito no ritmo da trama, que acabaram incorporando as faixas musicais como algo que ninguém nunca imaginou sendo algo mais sensorial e visível.

Enfim, é um filme muito gostoso de assistir que foi extremamente acertado pelo momento em que vivemos de exageros tecnológicos tomando conta de tudo, então a realidade vivida pelos personagens podem ser mero exemplo de ficção como costumam frisar ao final de cada filme, mas estamos muito perto, isso se já não estamos vivendo dessa forma onde as relações humanas de contato estão ficando cada vez mais distantes perdendo para o mundo tecnológico. Recomendo muito o filme para todos que gostem de um filme romântico bem leve, mas que não vai ser jogado apenas sem que refletíssemos sobre tudo que nos é mostrado nele. Fico por aqui agora, mas nessa semana ainda temos mais um longa para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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Operação Sombra - Jack Ryan

2/14/2014 01:39:00 AM |

Filmes policiais bem feitos costumam prender o espectador já que acaba tendo todo um mistério por trás, mas podem também seguir apenas uma vertente de perseguição a algo que foi a opção escolhida por "Operação Sombra - Jack Ryan", onde o protagonista mesmo com sua perna fora de 100% corre a beça para tentar destruir um plano mirabolante que envolve ataque terrorista e venda de ações: uma combinação surpreendentemente improvável de se pensar. E não é que mesmo exagerando em alguns termos financeiros, o longa ficou bem interessante de assistir, e combinado das ações que o gênero permite e na vida real nunca aconteceria, o resultado é bem divertido e consegue segurar o público até o final.

O filme nos mostra que Jack Ryan estudava em Londres quando o World Trade Center desabou devido a um ataque terrorista ocorrido em 11 de setembro de 2001. Servindo o exército amercano, ele participa da Guerra do Afeganistão e lá sofre um sério acidente na coluna. Durante a recuperação no hospital ele conhece a doutora Cathy, por quem se apaixona. É neste período que ele recebe a visita de Thomas Harper, que trabalha para a CIA e recomenda que Ryan retorne ao doutorado em economia. Ele segue o conselho e, a partir de então, passa a trabalhar às escondidas para a CIA, sem que nem mesmo Cathy saiba. Em meio às investigações, Jack descobre um complô orquestrado na Rússia, que pode instalar o caos financeiro nos Estados Unidos. Com isso, ele viaja a Moscou com o objetivo de investigar Viktor Cheverin, o líder da operação.

A história em si é bem orquestrada e consegue manter boas sacadas, mas o dia que assistir um filme policial que o protagonista não pule em cima de um carro e saia sem nenhum machucado eu passarei a acreditar no que vejo, e olha que essa é apenas a coisa mais simples dentre tantas outras que ocorre, pois o roteirista foi bem criativo em algumas outras cenas. O diretor Kenneth Branagh, que também é um dos atores principais ditou um ritmo interessante pra trama e mesmo quem estiver com sono, meu caso hoje, vai ficar com os olhos bem abertos para tudo que é mostrado. Com planos dinâmicos que foram utilizados para compensar alguns detalhes frouxos do roteiro, a correria é intensa mesmo para o personagem principal que fraturou tudo num acidente, o que se fosse verdade poderia deixar alguns acidentados bem felizes para correr a próxima maratona internacional. Além disso temos um furo de roteiro que acredito que foi mais erro na edição de ter eliminado alguma parte em que o protagonista ganha o nome Jack, pois inicialmente é citado sendo John P. Ryan e do nada na cena seguinte já tem o nome título.

No quesito atuação, Chris Pine convence bem como auditor financeiro, até melhor do que como policial da CIA, mas seus momentos de investigação são bem interessantes de acompanhar e agradam com a boa expressividade do jovem. Keira Knightley sempre quando pega papéis mais simples agrada por manter a coerência que a personagem pede, e no seu momento de maior diálogo quase titubeou frente ao diretor mas soube agradar mandando um bom copo de vinho pra dentro rapidamente. Kevin Costner faz muito tempo que não pega um protagonista pra fazer e aqui como um bom auxiliar de trama consegue chamar atenção por ainda dialogar bem e segurar seus momentos nem que seja para uma olhada lateral quando está segurando um cão. O diretor Kenneth Branagh como vilão faz caras sérias demais e aparece bebendo pouca vodka russa, mas nos momentos que vai atacar suas maldades faz com cerne fechado e encara tudo com muita força, agradando no que faz. Os demais apenas condizem com seus personagens sem chamar muita atenção em tela, mas como destaque negativo temos Alec Utgoff que só sabe bater com sua faquinha fazendo caras e bocas sem dizer uma palavra sequer no filme inteiro.

O visual da trama agrada por passar em diversos pontos das cidades, seja em apartamentos, restaurantes chiques, prédios com "máxima" segurança e até um esgoto super limpo da cidade de Nova York, em que todos são bem usados para representar os elementos cênicos do ambiente, tendo detalhes em tudo para ser observado. A fotografia usou cores mais escuras para segurar o mistério da trama, mas como o dinamismo da ação era velocidade máxima, nem deu para ficarmos intrigado com o que poderia acontecer.

Enfim, é um bom filme que pelo menos no quesito entretenimento, além de conter boas sacadas no roteiro no quesito financeiro, poderiam ter apenas não feito algumas cenas tão mentirosas que agradaria muito mais e colocar alguma ponta misteriosa na trama que ficaria perfeito. Recomendo pra quem gosta de ver um filme de ação, mas que não exija muito dele, indo assistir mais pelo entretenimento do que pela história em si. Encerro aqui essa semana gigantesca de estreias, que compensou na quantidade mínima que teremos nessa que inicia hoje, pois o interior foi boicotado em suma de estreias concorrentes ao Oscar, mas fazer o que né. Então abraços e até breve com os poucos que vieram.


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Hércules em 3D

2/12/2014 09:19:00 AM |

Sabe quando você vai em alguma festa e fala pra um amigo invejoso que quer fazer tal coisa e algumas semanas depois você descobre que esse amigo foi lá e fez antes que você apenas para se exibir? No cinema ultimamente andamos vendo vários exemplos de histórias que acabam saindo 1, 2, as vezes até 3 filmes no mesmo ano falando daquilo e a única explicação palpável que consigo enxergar é isso. Se nesse ano já tínhamos ciência de "Hércules - As Guerras Trácias" com The Rock quebrando vários inimigos e "Pompéia" com escravos digladiando, porque não fazer um misto disso tudo e lançar algo antes dos dois nos cinemas? E assim temos "Hércules 3D" que é uma produção bem feita, com 3D bem interessante pra quem gosta de coisas sendo arremessadas em sua cara, com uma história até razoável, mas pecou monstruosamente nas lutas e efeitos digitais de forma a você rir quase o filme inteiro com a quantidade de absurdos que acontecem.

O filme nos mostra que ao ser traído por seu padrasto, o rei Anfitrião, Hercules é exilado e vendido como escravo. Ele então precisará de todos os seus poderes para encontrar o caminho de volta para casa, para o reino, que por direito é seu, e para o seu grande amor.

A história em si tem um sentido até bacana com a ideia de tentar mostrar como se iniciou a lenda original de Hércules, e de uma forma contada bem pautada logo na dianteira do filme parecia que tudo seria interessantíssimo, até que surge o problema da maioria dos filmes, surge uma mulher que vai servir de base para todo o conflito amoroso da trama, e embora a personagem de Hebe possa até servir de motivação para que o protagonista saia arremessando inimigos para todo lado, surge um novo problema que vem incomodando demais esse Coelho que vos digita: a falta de sangue em filmes de guerra, pois caros amigos uma espada imensa perfurando alguém não deixaria o caboclo apenas caído no chão, mas voaria no mínimo uma parte da pessoa pra fora, e as classificações indicativas andam aparecendo cada vez menores para dar público e com isso transformando os longas de luta em fracassos totais. O diretor Renny Harlin até trabalhou bem o roteiro, mas faltou um pouco mais de pegada nas cenas que transformariam o longa num épico realmente.

O ator Kellan Lutz até se esforça para parecer mais parrudo e agradar com seu Hércules, mas não chega a convencer nem nos momentos de muita raiva, muito menos nos momentos que necessita emocionar com um toque mais sutil, além de que poderia ter ficado um pouco mais forte para o personagem mítico. Scott Adkins consegue fazer um antagonista que chegamos a ficar com raiva, mas no seu momento mais crucial de batalha poderia ter enfeitado menos o pavão, pois já havia demonstrado toda sua maldade e agora era a chance de apenas finalizar de forma impactante, mas luta apenas dando saltos pra todo lado que nem parece ser humano. Gaia Weiss é uma jovem interessante para se batalhar, mas faz umas caras de piedade nos seus momentos em cena que acabamos ficando mais com dó dela do que torcendo para que fique com o mocinho da história. Liam McIntyre veio com sangue no olho depois de fazer Spartacus na série de mesmo nome e aqui luta com toda sua força e agrada bem nos seus momentos, claro que sua cena com filho ficou fraca demais, mas não fazia tanta parte da história assim. Agora a única coisa que poderia ter feito o filme virar um rebuliço maior seria colocar Liam Garrigan em seu primeiro filme após diversas séries como um personagem gay, pois lutador com aquele rosto e trejeitos jamais seria, e aí teríamos um filme muito diferente do que poderíamos imaginar.

A produção cênica foi muito bem trabalhada e agrada muito com o que é mostrado, porém pecaram demais nos exageros colocados nos efeitos especiais, pois é de assustar tudo que aparece em cena, a começar pelo leâo mais falso da face da Terra, nem em uma animação um leão seria daquele jeito, além de muitas outras cenas que fugiram completamente de tudo que poderia ser usado como elemento cênico. A fotografia trabalhou muito com o marrom escuro e com isso parece sempre que os personagens estão até mais sujos do que realmente estão, não que isso seja ruim para o contexto, mas como o ator principal é muito branquinho acaba denunciando demais alguns erros. Quanto do 3D, quem quiser pagar para ver muitos objetos voando para fora da tela, esse é um bom exemplo, já que logo na primeira cena a produção já mostra pra que foi feita, e quando dá uma parada no miolo, logo retoma para mais cenas com a tecnologia, mesmo que sejam exageradas demais.

Enfim, é um filme que poderia chamar muito mais atenção se tivessem se preocupado mais nas batalhas que são bem bacanas e na história ao invés de querer entupir o filme de efeitos especiais e sair do contexto. Vale a pena somente para quem queira ver muitos efeitos tridimensionais em lutas que não saem sangue, e olhar uma produção muito bem feita que pecou nos detalhes, do resto é gastar dinheiro com filme fraco de tudo. Fico por aqui hoje, mas nessa semana ainda temos mais um para conferir e se preparar para a próxima semana que vem por aí, então abraços e até breve.


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Tatuagem

2/11/2014 01:09:00 AM |

Quando lembro que algumas pessoas ficaram chocadas com o novo filme do Lars Von Trier, fico me perguntando será que essas pessoas nunca assistiram a algum filme de Glauber Rocha ou sem ser filme hollywoodiano bobinho? Pois bem quando assisti no passado o documentário sobre a companhia Dzi Croquettes fiquei intrigado que aquilo lá poderia virar uma ficção, pois os grupos teatrais sofriam muita repressão na época da ditadura e com todo o colorido e criatividade que tinham poderia sair algo bom de lá. E eis que alguns anos depois surge nas telas "Tatuagem" que não é exatamente sobre o mesmo grupo, mas contém a história semelhante e que de forma bem forte nos faz lembrar a época que Glauber nos mostrava seus filmes censurados que agora poderiam ser 100% livres para o que bem entender. Inclusive o diretor faz uma sacada numa cena utilizando do nome do antigo diretor brasileiro.

O filme nos situa no Recife em 1978, onde Clécio Wanderley é o líder da trupe teatral Chão de Estrelas, que realiza shows repletos de deboche e com cenas de nudez. A principal estrela da equipe é Paulete, com quem Clécio mantém um relacionamento. Um dia, Paulete recebe a visita de seu cunhado, o jovem Fininha, que é militar. Encantado com o universo criado pelo Chão de Estrelas, ele logo é seduzido por Clécio. Não demora muito para que eles engatem um tórrido relacionamento, que o coloca em uma situação dúbia: ao mesmo tempo em que convive cada vez mais com os integrantes da trupe, ele precisa lidar com a repressão existente no meio militar em plena ditadura.

O interessante de observar uma obra tão premiada do cinema nacional é ver que mesmo o diretor Hilton Lacerda depois de colaborar com diversos roteiros excelentes para outros diretores fazerem filmes bem trabalhados, resolve agora dirigir o seu primeiro longa com toda a coragem possível de colocar um ator de renome encarando cenas homossexuais bem tórridas entre muitas outras coisas polêmicas que utiliza no filme. E pra quem pensa que o filme se torna exageradamente vulgar por ter isso, acaba se enganando bem, pois ele utiliza tudo completamente dentro do contexto linguístico a que se propõe usar. Além claro de que em momento algum passamos a julgar se as pessoas são homossexuais, se são bissexuais ou qualquer tipo de pessoa, apenas vemos eles com suas relações humanistas que nos é passado com todo o delongar do filme que passa tão rápido com toda euforia dos personagens que nem vemos sua duração.

No quesito atuação, novamente Irandhir Santos mostra porque é um dos grandes nomes do cinema nacional ao dar seu máximo em cena para tudo que você possa imaginar que ele vá fazer, e se em Febre do Rato já mereceu os aplausos de pé pelo que fez aqui sua coragem vai nos limites para mostrar interpretação e domínio de um personagem. Rodrigo García faz um personagem icônico que conseguimos encontrar sempre uma pessoa para assemelhar sua alegria e ao mesmo tempo o ciúmes que demonstra nos seus atos com uma perfeição significativa para seu semblante facial e coreográfico. Jesuíta Barbosa que acabou aparecendo pouco, mas de forma impactante em "Serra Pelada", já começou ali a mostrar serviço e aparecer bem nas telonas, e agora vem com um visual bem diferente, mas com um impacto monstruoso para com seu nível interpretativo e com uma coragem que raros atores mais jovens teriam de compartilhar com um grande nome que é Irandhir, se sua carreira não tinha decolado antes agora partiu pro céu com mais dois longas em que estará presente só nesse ano. Dos demais todos fazem de sua participação pelo menos consistente, sem aparecer muito, mas também não sendo apenas um objeto inútil de cena, valendo destacar alguns discursos de Silvio Restiffe.

O trabalho artístico da produção junto da equipe de arte foi impecável em fazer da cenografia um prato cheio para se apreciar mesmo não sendo nada limpo, tudo parece deplorável, mas encontra significado em meio às cores escolhidas para representar tudo que a trupe demonstra em cena. Praticamente não tem um elemento cênico que não é usado para alguma coisa no filme, além claro dos corpos dos atores que a todo momento entra pra jogo A fotografia abusou um pouco de tons escuros e em alguns momentos chega até a faltar iluminação para o filme de forma que alguns atores até ficaram irreconhecíveis junto do estilo que usaram para compor os personagens.

As composições cantadas do filme são divertidas e bem condizentes com a trama, dando um ar meio diferenciado para a trama nesse quesito, pois poderiam ter escolhido apenas algumas músicas da época para tocar de fundo e optaram por colocar os atores para cantar músicas novas e até algumas que não eram tão utilizadas em filmes.

Enfim, é um excelente filme que recomendo com certeza para todos que tiverem uma mente mais aberta, afinal alguns preconceituosos e pessoas que não estejam tão acostumadas com filmes com muita nudez podem se assustar ou até mesmo ficar com um pé atrás para assistir o longa, mas ele vale muito a pena para que o mundo seja visto como deve ser em um filme, utilizando da expressividade quando é necessária e não apenas jogada como alguns fazem. Recomendo também o longa para toda a classe artística de amigos que me seguem nas redes sociais, pois o filme serve para demonstrar até que tipo de coragem um ator deve seguir para que um enredo saia da forma interpretada mais correta possível. Bem é isso, fico por aqui agora, mas nessa semana ainda tenho mais duas estreias para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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Azul é a Cor Mais Quente

2/09/2014 06:01:00 PM |

Algumas pessoas ficam perguntando o porquê alguns diretores escolhem temas polêmicos para trabalhar e a resposta é bem simples de mostrar com o filme "Azul é a Cor Mais Quente" que segue toda a estrutura tradicional dos dramas comuns franceses, mas optou por trabalhar um romance lésbico que fez com que o filme levasse a Palma de Ouro de Cannes, pois se fosse um casal heterossexual não seria nem lembrado que estreou nos cinemas de tão simples que é a história, embora seja bem produzida e desenvolvida a história colocando elementos de problemas de se trabalhar com arte e tudo mais.

O filme nos mostra que Adèle é uma garota de 15 anos que descobre, na cor azul dos cabelos de Emma, sua primeira paixão por outra mulher. Sem poder revelar a ninguém seus desejos, ela se entrega por completo a este amor secreto, enquanto trava uma guerra com sua família e com a moral vigente.

O trabalho do diretor Abdellatif Kechiche é mostrado com segurança pelas atrizes protagonistas que se encorajaram a fazer tudo o que rola em cena e poderia até ser mais simples se tirassem, na minha opinião, as longas e desnecessárias cenas de sexo, pois todo mundo saberia o que acontecia sem a necessidade real de ser mostrado o ato intenso das protagonistas. Por outro lado, esses momentos serviram para mostrar a confidencialidade das duas e mostrar que mesmo entre casais homossexuais existem as brigas, as discussões e tudo mais que acontece no dia a dia dos casais tradicionais e com isso o diretor acertou bem a mão. Outro fator que ele soube trabalhar bem foi com o preconceito de pessoas que trabalham no ramo artístico, visto que os pais de Adèle perguntam com grande ênfase com o que ela trabalha para conseguir dinheiro, enquanto a arte ficaria apenas como hobbie, e nas cenas seguintes ele demonstra ainda mais vezes que isso acaba atrapalhando muitas vidas. Um detalhe técnico que pesou contra também na trama é que temos praticamente 3 visíveis passagens de tempo e elas ocorrem sem nenhum fade, nem nenhuma indicação, tanto que a mudança dos 15 para 18 anos de Adèle até nos assusta, pois ela acabara de transar com Emma, chega em casa, entra pela porta procurando a mãe e já é seu aniversário de 18 anos, levei um susto para tentar entender isso e logo mais pra frente a passagem de mais 3 anos é citada pelo menos pelas protagonistas, mas não aparentam tanto somente mudando alguns cortes de cabelo.

As jovens atrizes que já estão despontando muito bem tanto no cenário francês quanto no mundial souberam dominar sua interpretação na medida para usar de artifícios cênicos em suas faces e demonstrar toda as expressões possíveis que queriam passar, além claro da pressão da nudez e das cenas mais fortes. Adèle Exarchopoulos é uma atriz muito versátil no quesito expressivo e seus momentos oscilam muito agradando com o que faz em cena tento muita variedade tanto para felicidade como para os momentos mais emocionantes. Léa Seydoux faz muito bem sua posição no filme de forma que alguns momentos até pareça ser mais um homem do que uma mulher realmente e age muito bem em todos os sentidos com suas expressões fortes e semblante respectivos. Dos demais atores todos praticamente aparecem apenas para provocar alguma reação nas protagonistas e são bem coadjuvantes mesmo, não tendo o porque destacar praticamente nenhum outro ator.

A trama conta com cenários bem diversificados para mostrar tanto a relação afetiva das duas jovens, como por todos os lugares que passam, desde a escola onde Adèle estudava, a casa de ambas as garotas, algumas exposições de arte e a escolinha infantil onde Adèle vai lecionar, todas contando com diversos elementos no cenário tanto para retratar o momento que está acontencendo quanto para trabalhar a lógica da história. Mas sem dúvida alguma a grande beleza do filme está no lugar de encontro das duas que é repetido mais algumas vezes sob uma árvore muito bela que aliada a fotografia de fundo de um céu alaranjado contrastando com tudo ao redor, ficou de uma beleza ímpar de se ver na tela num filme dramático, se o longa inteiro se passasse ali não cansaríamos de olhar um segundo sequer.

Enfim, é um filme simples, artisticamente bonito e que como disse e repito não passaria nem nas portas dos cinemas se fosse com um casal comum, mas como são lésbicas acabou levando grandes premiações. É um filme bem longo, afinal o nome original é A Vida de Adèle Capítulos 1 e 2, ou seja, seria algo que provavelmente passaria em 2 filmes, então quem não curtir um filme bem alongado é capaz de dormir nas poltronas confortáveis onde está passando o filme. E é isso, recomendo apenas para quem quiser ver como é um sexo lésbico, já que optaram por mostrar a fundo as cenas com quase 15 minutos de duração, e quem quiser ver que as reações humanas de ciúmes, preconceito e tudo mais podem acontecer com qualquer tipo de casal. Fico por aqui agora, mas hoje ainda irei conferir mais uma das estreias por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Trapaça

2/08/2014 08:40:00 PM |

Alguns filmes que são aclamados pelos americanos costumam chegar aqui e lotar salas, afinal o público brasileiro adora ver coisas que são sucesso lá na terra do tio Sam. Mas o que vi hoje na sessão de "Trapaça" foi a mesma sensação que tive ao ouvir de um grupo de pessoas, nossa que filme chato. Já está ficando piegas Hollywood querer mostrar crimes de colarinho branco a todo momento, e se não for bem montado, um roteiro pode acabar ficando monótono demais para ser engolido pelos outros países que aceitam suborno e troca de dinheiro por interesses, que é o grande lance do filme além do visual tão preocupado com o cabelo dos protagonistas. E o resultado são quase 3 horas de armações para prender figurões que simplesmente são jogados num tabuleiro de intrigas entre os próprios protagonistas que se não fossem excelentes na interpretação deixariam o longa mais chato ainda do que foi.

O filme nos conta a história do malandro Irving Rosenfeld que, junto com sua sócia e amante Sydney Prosser, são forçados a colaborar com Richie DiMaso, um agente do FBI que infiltra Rosenfeld no mundo da máfia. Ao mesmo tempo, o trio também se envolve na política do país, através do candidato Carmine Polito. Tudo parece ocorrer bem, até que a esposa de Rosenfeld, Rosalyn, decide aparecer e mudar as regras do jogo.

A história do longa poderia ser mais interessante se tivessem optado por menos subtramas e focado apenas em um ou outro político, talvez na máfia comandada por De Niro que só aí já renderia uma boa cartada, mas ao misturar tudo o longa ficou longo demais e como disse no início estamos acostumados que poderosos no Brasil acabam impunes por crimes de sonegação, suborno e ajudinhas extras para que algo dê certo, mas nos EUA isso é algo que eles não perdoam de maneira alguma e gostam de mostrar sempre a ação do FBI desmontando as pessoas. O diretor e roteirista David O. Russel conseguiu traduzir essa rede de intrigas de uma forma cansativa, pois ele tenta mostrar a pilantragem do grupo, mas sempre com o personagem de Cooper ele tenta voltar para o lance da criminalística e com isso o filme não deslancha. Claro que temos momentos bem divertidos e cheios de sacadas inteligentíssimas, principalmente provenientes dos grandes atores que usam de tudo ao seu redor para transformar o longa em algo melhor, mas eles conseguem pelo menos fazer com que ao sair da sala não quiséssemos matar eles mas apenas o diretor.

Falando nos atores, o elenco é incrível e conseguiu mostrar como se deve fazer para chamar a atenção na cena que é sua, pois se dividirmos o longa em 4 partes exatas, cada uma delas é de um dos protagonistas e eles se colocam a frente até mesmo dos outros para clamar nossos olhares. A primeira parte é praticamente toda de Amy Adams que até tenta passar a bola um pouco para seu companheiro de cena, mas ela domina tanto que até tentam nos enganar mostrando a barriga gorda do Batman para tirar a concentração que ficamos ao ver o diálogo e a pontualidade das falas que a atriz consegue eximir, é uma pena apenas que o filme trapaceasse tanto com ela tirando seu foco em diversos momentos, pois aí não teríamos dúvida alguma de que levaria todos os prêmios desse ano. A segunda parte vem a dominação teatral e carismática de Christian Bale que pode ser estudado como um case de sucesso de dietas tanto para engorda, como para emagrecimento, quanto para obter músculos, pois aqui ele está com uma barriga de cerveja que muitas mulheres iriam reclamar com certeza, além de uma careca muito bem trabalhada, mas iremos falar disso mais pra baixo, e aqui só temos que falar que mesmo tendo uma parte só sua para destacar e mostrar com exímia perfeição que não é a toa um dos melhores atores de Hollywood que sabe ser tão canastra quanto qualquer um dos vilões que já enfrentou. O terceiro momento é de Bradley Cooper com seus cachinhos no cabelo que deixou ele quase irreconhecível, mas não sua atuação forte e bem encaixada para com um policial que só quer aparecer mais do que tudo e faz o que der na telha para conseguir isso, mostrando um lado do ator muito bem encaixado para o que vier pela frente que muitos nem imaginavam que ele tinha. E o quarto momento vem com Jennifer Lawrence mostrando que a cada filme seu vale o cachê que cobra, pois é muito boa no que faz colocando toda sua interpretação na ponta certeira para transformar seu personagem coadjuvante em quase protagonista. Jeremy Renner vem a parte fazendo boas cenas e principalmente sua última cartada mostrando que é um excelente ator e manda bem também quando precisa, prefiro seus momentos de ira do que passando o lado bonzinho de ser. Louis C. K. é outro que vale destacar pelos momentos hilários que faz frente à Cooper e soube dominar a cena junto dele. E pra fechar o quesito atuação, Robert De Niro faz uma participação bem simplória, mas que é o momento de maior risada pelo que faz acontecer, ou seja, como sempre faz valer suas aparições.

O quesito visual do longa já mostra a que veio logo na abertura do filme com as logomarcas das produtoras como eram na época em que se passa o filme, e logo na sequência já nos deparamos com um elemento cênico que faz mais parte do figurino do que tudo, a composição dos cabelos da época que mesmo os mais carecas conseguiam fazer cabelões arrumadíssimos com as técnicas mais impressionantes de imaginar. O figurino e a maquiagem são peças tão importantes que chamam muito mais atenção que qualquer outro elemento cênico que tenha sido usado em cena, claro que tirando a introdução do forno científico como chamam o microondas na história. E tudo isso agraciado por uma fotografia bem puxada para o sépia em diversas cenas deixaram o longa chamar atenção em alguns detalhes que poderiam ser geniais caso o roteiro tivesse sido um pouco mais lapidado.

Outro ponto que clama nossa atenção foram as canções escolhidas na medida para representar a época e colocar na agulha uma trilha que os amigos que gostam de música dos anos 60-70 vão vibrar muito em conferir ela completamente depois de assistir o longa. E ela se encaixa tão bem com tudo que passa a ser um elemento imprescindível para agradar certos momentos.

Enfim, poderia ser um filme grandioso e genial, mas que devido a falta de lapidação acabou se tornando mais cansativo do que agradável. Vale ser conferido pelas ótimas atuações e elementos técnicos que disse acima como as músicas, figurino e maquiagem, mas que se perdeu completamente na história e na direção que é onde deveriam ter acertado mais para que o filme fosse tudo que tanto falaram. Recomendo ver ele com essas ressalvas, pois quem for assim como a maioria lotar os cinemas apenas devido à tonelada de indicações e até prêmios que andam levando, a chance de decepção por aguentar quase 3 horas de falcatruas sem muito dinamismo é capaz de reclamar e muito do que verá. Fico por aqui hoje, mesmo indo conferir mais um ainda nessa noite, mas escreverei amanhã durante o dia, então abraços e até lá pessoal.


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Uma Aventura Lego em 3D

2/08/2014 02:20:00 AM |

Hoje em dia Lego é coisa de adulto que mantém coleções dos mais variados gêneros e modelos, mas na minha época de criança era o desejo de qualquer criança ter as pecinhas montáveis mais caras do planeta que quem tinha um baldão podia ser considerado o rei soberano. O engraçado é que o filme "Uma Aventura Lego" embora não aparente mostrar isso de hoje ser um bem colecionável, a surpresa é tamanha ao deslanchar completamente a história e com isso o filme passa a ser algo tão bem montado de ideias que as crianças se divertem com a animação e os adultos mais ainda com todas as sacadas que foram inseridas na trama, desde críticas ao modo de vida robô, preços de grandes marcas e até personagens conceituados. Assisti hoje dublado pelo horário ser melhor, mas como já vi que está passando legendado aqui na cidade irei rever para rir mais ainda das piadas.

O filme nos mostra que Emmet é um Lego comum, até o dia em que é confundido com o Mestre Construtor, o grande criador deste mundo de brinquedo, por ter encontrado a famosa peça de resistência. Este peça, procurada por todos há séculos, seria capaz de desarmar uma poderosa máquina criada pelo presidente do país, o perverso Sr. Negócios, que pretende colar todas as peças e impedir as mudanças no sistema. Mesmo sem ter grandes habilidades como criador, Emmet gosta de ser considerado um Lego especial, e faz de tudo para merecer a confiança de seus amigos, que incluem a rebelde Mega Estilo, o sábio Vitrúvius, e o gato-unicórnio UniKitty.

Uma coisa que me deixa muito feliz ao assistir uma animação é ver que não foi pensada apenas para as crianças e os pais que irão as levar ao cinema, pois quando o filme já cumpre esses quesitos já pode ser considerado agradável, mas quando atinge também adultos que não possuem filhos e conseguem sair felizes com o que viram, o resultado pode é no mínimo esplêndido. E com isso os diretores que já fizeram chover comida nas animações "apenas" precisaram trabalhar o enredo bem criado de forma a criar um mundo completo com as pecinhas famosas utilizando elas para tudo desde os pequenos elementos tradicionais como prédios e personagens, quanto para os fenômenos climáticos e cenografias mais minuciosas que a trama tem para agradar na medida certa todos. Vale ressaltar que nada seria da trama sem que soubessem conduzir tudo tão maravilhosamente com os trejeitos dados aos personagens e as críticas que foram colocadas para que tudo ficasse encaixadinho na medida, mas com isso o resultado final feito pela dupla foi impecável.

A trama toda não teria o mesmo efeito se não fossem pelos personagens extremamente cativantes e que com seus movimentos limitados nos divertem mais ainda criando gags a todo momento. O protagonista Emmet consegue nos fazer pensar sobre a forma tradicional que levamos a vida criticando até mesmo as pequenas coisas que fazemos e não achamos ser especial, mas que algum dia servirá pra algo e isso acaba ficando muito bonito na trama. A jovem rebelde do sistema Mega Estilo é bem interessante por observar tudo que faz para querer aparecer e nos cativar com suas mensagens de incentivo. O gatinho unicórnio tem seus momentos hilários que com a dublagem ficaram ainda mais caricatos nos divertindo sempre que aparece, pena entrar mais para o final apenas seu personagem, mas com certeza iremos aguardar ansiosos por ele na parte 2 que já está sendo escrita. O profeta Vitrúvius é interessante por colocar frases de efeito e sua volta na segunda parte é divertidíssima. Os super-heróis acabam sendo mais coadjuvantes na história do que tudo, mas nem por isso acabam atrapalhando nada, muito pelo contrário acabam sendo bem encaixados para todo o contexto da trama. No geral todos agradam muito bem, mas como disse assisti dublado, e algumas piadas acabaram um pouco forçadas para não perder a rima, então como felizmente veio legendado também para a cidade irei encarar uma sessão num péssimo horário para rever o longa e rir das piadas originais.

O visual criado apenas com as pecinhas é de arrepiar só de pensar no trabalho que os computadores, e claro os desenhistas tiveram para animar cada detalhe precioso do filme, pois tudo é detalhado para ser o mais real de um stop-motion, o que aparentemente não foi usado afinal na maior parte, pois seria uma loucura sem precedentes trabalhar tudo o que é mostrado. Mas isso não impede que o longa fique extremamente bem encaixado no contexto que queriam passar e agrada com elementos coloridos e bonitos de agradar tanto os pequenos que ficarão vidrados na tela e depois farão seus pais comprarem o máximo de peças que seu dinheiro der, quanto os grandões que brincaram muito de Lego no passado e contagiarão os cinemas de nostalgia acumulada junto com os que forem apenas conferir uma ótima animação nos cinemas. A fotografia usou e abusou de todas as cores possíveis e imaginárias, diferenciando a cada "mundo" que nos é mostrado. Quanto do 3D até temos algum uso interessante da tecnologia no quesito de coisas saltando pra fora da tela, nada que vá fazer o espectador vibrar com o que verá, pois esqueceram de trabalhar também um pouco com a profundidade, mas no geral o valor pago a mais pela tecnologia acaba valendo pelos tiros das arminhas que a todo momento ficamos desviando.

Outro fator que estou muito curioso para ver, ou melhor ouvir, na versão original é a trilha sonora com a música hit viciante "Tudo é Incrível" que acaba por fechar a trama com a intenção exata de mostrar que tudo é incrível como foi feito, então a tradução caiu bem, mas canções originais costumam ser mais gostosas de ouvir pelo ritmo imposto.

Enfim, é um longa com muita qualidade que agradará a todos com muita certeza, portanto recomendo sem pestanejar que levem as crianças e se não tiver crianças coloque seu lado infantil pra jogo e vá conferir. Já estou ansioso pelo segundo filme, principalmente para ver o que conseguirão colocar como enredo para amarrar bem a trama e continuar agradando a todos. Fico por aqui agora, mas nesse final de semana ainda irei conferir várias outras estreias já que dessa vez capricharam na quantidade de filmes por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Lore

2/04/2014 01:13:00 AM |

Quando falamos de Segunda Guerra Mundial nos cinemas, todos já pensam em mortes de judeus ou no Hitler fazendo alguma das suas loucuras, ou talvez em super-heróis lutando contra o nazismo, mas o que muitos nunca haviam parado para pensar é como ficaram as famílias dos oficiais que foram condenados e presos ou a própria população alemã que se viu jogada ao meio de diversas nações mandando em seu país. Bem ninguém tinha imaginado isso até ontem, pois "Lore" se propõe a mostrar tudo isso sem ocultar nenhuma ação forte por parte dos protagonistas, que para ajudar são crianças e adolescentes filhos de um oficial, e tudo se desenrola muito bem encaixado com o clima passado, tanto que só me queixaria da longa duração que cansa um pouco até o último choque mais duro.

O exército alemão entrou em colapso. O Terceiro Reich chegou ao fim e os aliados ocuparam a Alemanha na primavera de 1945. Esta situação faz com que a família da jovem Lore se desintegre, já que seu pai, um oficial da polícia nazista, foge às pressas e logo é seguido pela mãe. Lore recebe instruções para levar seus quatro irmãos mais novos ao encontro da avó, que vive na distante Hamburgo, precisando enfrentar a fome, o frio e os perigos inerentes da viagem.

O roteiro foi bem trabalhado para colocar em pauta tudo que se imagina acontecer de forma mais dramática impossível com um grupo de jovens para atravessar um país, e a diretora e roteirista Cate Shortland foi fria e crucial em todas as escolhas que deu para a trama, sem pestanejar um segundo se quer, tanto que chega alguns momentos que você tem certeza de que ela não vai fazer aquilo, ela vai lá e faz com a pontuação máxima que poderia atingir. Além disso, todos sabemos o quanto é difícil trabalhar com crianças, e aqui não temos nenhuma facilidade, já que é meio de selva, abrigos imundos, e tudo mais de intempérie que possa surgir pelo caminho, e ela vai lá e faz as crianças fazerem tudo como grandes adultos, trabalhando tanto psicológico delas quanto o físico em alguns momentos, e isso fica impressionante de ver na tela. Porém o longa de tão duro que é aparenta ter uma duração imensamente maior do que os 109 minutos e isso pra quem não é realmente fã de filmes do estilo é capaz que durma ou saia da sala, mas quem for corajoso vai aguentar com firmeza tudo e se surpreender com o que é mostrado.

A atuação de Sakia Rosendahl a faz parecer até mais velha de tamanha responsabilidade que tem para com o filme, e isso a enobrece demais com seus atos e trejeitos empregados com sutileza e ao mesmo tempo quando precisa com a robustez impecável em seu primeiro longa. Kai-Peter Malina fala pouco, mas seu olhar é imprescindível nas cenas que necessita, ou seja, manda muito bem também. Os garotinhos André Frid e Mika Seidel realmente parecem gêmeos, tanto que de cara imaginamos ser um único ator mandando ver em dois papéis, mas isso seria hollywoodiano demais, e aqui o pessoal faz na raça, e ambos os garotos em cada cena principal sua faz muito bonito. Dos adultos que entram em cena temos de destacar apenas as cenas duras da mãe Ursina Lardi que consegue fazer com que ao mesmo tempo que ficamos com dó dela em alguns momentos também ficamos com muita raiva. E vale destacar também a frieza do pai Hans-Jochen Wagner na sua cena inicial na casa que chega a um nível de tensão logo de cara.

O cenário embora seja de grande miséria agrada muito bem visualmente e cada elemento cênico utilizado no caminho é impressionante como funciona bem, sendo usado na medida certeira e pontual. A escassez de comida é visível e como as florestas estão castigadas e cheia de mortos nem elas servem de alimentação para os jovens, mas não é por isso que fica menos belo o cenário. A fotografia usou muito da iluminação natural para encontrar sua nitidez frente a cada momento, horas utilizando do escuro, horas tendo relances de sol passando pelas folhagens, e isso demonstra um trabalho ímpar para agradar o espectador final com emoção na medida.

A trilha bem pontuada nos momentos chaves chama atenção pra onde algo vá acontecer, mas poderia ter sido trabalhada melhor para dar um ritmo mais acentuado na trama e não cansar tanto de forma ao longa parecer ainda maior do que é realmente, mas tirando esse detalhe, ela é extremamente cabível com o que é proposto.

Enfim, é um excelente filme que recomendo demais para quem gosta do estilo dramático mais tenso, que nem o proprietário do cinema mesmo disse, algumas pessoas não irão aguentar o tranco que o filme passa, mas quem conseguir ver tudo vai ficar bem feliz com o resultado final. Pena que por ser algo mais artístico demorou um pouco para aparecer por aqui, mas para quem é de Ribeirão Preto, o filme segue em cartaz no Cine Belas Artes que fica dentro dos Estúdios Kaiser na Mariana Junqueira com a Jerônimo Gonçalves e recomendo com toda certeza que vá conferir. Encerro aqui a semana cinematográfica na torcida para que amanhã receba muitas estreias nas programações dos cinemas que recebo à noite, então abraços e até breve pessoal.


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