Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel

12/28/2014 02:52:00 PM |

Hoje poderia escrever o menor texto do blog em anos, resumindo o filme "Os Caras de Pau em O Misterioso Roubo do Anel" com a seguinte frase: se você gostava do programa deles é capaz de rir bastante, agora se corria para mudar de canal achando algo de um mau gosto tremendo, a chance de você odiar o filme é altíssima. Digo isso, pois na sessão aonde vi o filme, lotadíssima por sinal, tinha pessoas rindo de sentir falta de ar, enquanto eu e mais alguns que pude notar sequer esboçavam um sorriso na cara, e é estranho isso, pois ficava parecendo que haviam pessoas na sessão vendo outro filme que não o mostrado na tela, então além disso, o que posso adiantar é que é uma produção grandiosa, cheia de cenas de ação e uma história até que razoável, mas já adianto também, se você é daqueles que gostam de achar erros de continuísmo, favor levar um caderno de 16 matérias no mínimo, pois vai precisar de muita folha.

O longa nos mostra que a socialite Gracinha de Medeiros (Christine Fernandes) contrata os atrapalhados seguranças Pedrão e Jorginho para tomarem conta do anel Tatu Tatuado de Topázio, uma herança de família, enquanto o objeto fica em exposição em um museu. Acontece que a joia é roubada e a dupla é acusada pelo furto. Para provar sua inocência, eles vão ter que enfrentar uma quadrilha de ninjas e até mafiosos portugueses, de olho no anel.

Embora tenha um roteiro bem simples, que lembra bem as trapalhadas que a dupla fazia em seu programa dominical, o filme acabou sendo bem produzido e assim sendo temos ao menos um visual bem desenvolvido com cenários grandes e muita figuração. Além disso o que difere do que já havíamos visto sendo feito por eles é que ao invés de esquetes rápidas aqui elas se desenvolvem no decorrer da trama, e assim parecem estar alongadas, mas se dividirmos a trama, dá para notar os diversos momentos ali que fazem suas rapidinhas e voltam para a base do longa. O estilo de comédia dos dois protagonistas é a do exagero máximo, e ao serem dirigidos por um diretor de características mais exageradas ainda que é Felipe Joffily ("E aí... Comeu?", "Muita Calma Nessa Hora"), o resultado não poderia ser outro senão o de um filme cheio de gritaria, aonde os erros dominam, apenas para exemplificar veja a cena aonde o protagonista está fazendo um raio-x e ao sair correndo já está de terno. Mas como disse um dos acertos fica a cargo de uma produção bem trabalhada, cheia de locais inusitados e muita correria, e felizmente podemos dizer que Bruno Mazzeo finalmente fez alguma coisa útil, já que sua atuação não costuma agradar nunca, aqui como produtor fez um bom trabalho.

Falar das atuações é quase que como ficar repetindo aqueles discos furados que ficam rodando a mesma canção, pois Leandro Hassum faz o seu personagem berrante que ao tentar querer ser o Jim Carrey nacional falha monstruosamente, conseguindo até algumas nuances engraçadas, mas para isso tem de apelar sempre para algo, pois suas piadas dificilmente agradam sozinhas. Marcius Melhem até tentou sair bem, já que como roteirista da trama também colocou boas situações para ele, mas seus momentos tentam demais parecer o clássico "O Gordo e O Magro" numa versão que só apresenta falhas, e ele está longe de ser alguma referência artística como ator, já vi bons textos dele, mas quando resolve atuar falha gravemente. Christine Fernandes saiu bem na maioria das cenas, e mesmo sendo superficial em algumas cenas em que o ângulo ficou praticamente todo voltado para si, quando precisou de ação soube fazer algo interessante. Agora se temos que destacar alguém é André Mattos e sua trupe de mafiosos portugueses, pois sem dúvida alguma é o melhor do filme tanto pelas piadas como pelas atuações, claro que vamos lembrar demais das piadas de "Os Trapalhões", mas na sua época boa, então vale a atenção neles. Adriano Garib provavelmente saiu do filme pesando o dobro do peso que iniciou a trama, já que todas as piadas envolvendo seu delegado é feita comendo algo, e até é divertido ver isso, mas sem fundamento algum. Dos demais a maioria é ninja correndo ou figurantes com alguma fala, valendo pouco destaque para Márcio Vitto fazendo um diretor de museu mais estranho que tudo, onde inicialmente até pensamos ser algo diferenciado, mas com o andamento e finalização escolhido para ele nem serviu muito sua interpretação.

Agora se temos de valorizar algo no filme é a direção de arte que utilizou elementos cênicos para ninguém reclamar, tendo desde uma joia bem interessante que já tem nome e sobrenome incorporado na trama e cenografias bem trabalhadas para desenvolver tanto as piadas ruins dos protagonistas como toda a correria por onde eles passam. Vale ainda destacar o figurino dos personagens, que mesmo sendo motivo da maior parte dos erros de continuidade, foi bem acertado e variado de acordo com cada cena. A equipe de fotografia pecou um pouco nos contraluz que ao invés de realçar os personagens deu destaque para o fundo, claro que como disse a cenografia foi muito melhor que as atuações, mas geralmente o destaque ficaria no primeiro plano.

Enfim, é um longa que como disse no início quem gostava do programa deles, provavelmente vai rir bastante já que o ritmo ficou bem encaixado na trama, mas se você não curte piadas prontas e feitas a base de gritos, fuja muito do longa, senão a chance de sair bravo com mais uma obra nacional é altíssima. Infelizmente esse foi meu último filme de 2014, fico por aqui desejando uma ótima virada de ano para todos, e vamos torcer para que 2015 inicie de uma maneira bem melhor, com muitos filmes bons e cinemas lotados para todos os gostos. Não tenho mais posts de filmes nesse ano, mas volto para fazer a retrospectiva do que teve de bom e ruim em 2014, então abraços e até breve.


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