No Limite do Amanhã em 3D

5/31/2014 11:40:00 PM |

Se algum dia realmente a Terra for invadida por alguma espécie que não é de nosso planeta, acho que podemos contar com Tom Cruise, afinal já lutou em tantos filmes com aliens que deve ter alguma experiência ao menos. Brincadeiras à parte, "No Limite do Amanhã" é daqueles filmes que você precisa ficar bem atento para não perder nada e também não se perder, afinal o que já era previsto pelo trailer de uma tonelada de idas e voltas com a mesma cena mudando apenas alguns detalhes foi muito além do que esperava, e assim, se um filme de ação já possui um ritmo frenético por natureza, o que nos é apresentado aqui vai muito além de tiros e explosões para todos os lados, colocando uma história bem desenvolvida na trama para que ninguém reclame de faltar contexto para o que está acontecendo.

O filme se desenrola em um futuro próximo, quando o grupo alienígena atinge a Terra com um implacável ataque, deixando grandes cidades em escombros e milhões de vítimas humanas em seu rastro. Nenhum exército no mundo se iguala à velocidade, brutalidade ou presciência dos guerreiros armados ou de seus comandantes telepáticos. Mas agora os exércitos do mundo uniram forças para uma última posição ofensiva contra a horda alienígena, sem segundas chances. O tenente-coronel Bill Cage é um oficial que nunca viu um dia de combate quando é descaradamente rebaixado e depois escalado - destreinado e mal equipado - para o que equivale a pouco mais do que uma missão suicida. Cage é morto em alguns minutos, tentando levar um Alpha com ele. Mas, incrivelmente, ele desperta e volta ao início do mesmo dia infernal, e é forçado a lutar e morrer de novo... e de novo. O contato físico direto com o alienígena o jogou em um túnel do tempo, condenando-o a viver o mesmo combate brutal sem parar. Mas a cada passagem, Cage se torna mais resistente, mais inteligente e capaz de envolver os alienígenas com uma habilidade cada vez maior, ao lado da guerreira das Forças Especiais Rita Vrataski, que destruiu mais invasores do que qualquer pessoa na Terra. Assim que Cage e Rita assumem a luta contra os alienígenas, cada batalha repetida se torna uma oportunidade de encontrar a chave para aniquilar os invasores e salvar o planeta.

A história em si é um pouco confusa, mas é toda bem explicada em uma das cenas voltadas, e o desenvolvimento todo do filme depende do entendimento do espectador nessa cena, portanto por volta da terceira volta do protagonista grude seus olhos na tela e entenda o filme todo, inclusive a cena final que muitos até podem dizer que foi contraditória, mas que assim como tudo funciona em Hollywood, pode garantir uma continuação para o filme dependendo do sucesso das bilheterias. Os roteiristas foram inteligentes ao trabalhar a história original de Hiroshi Sakurazaka num formato dinâmico, pois filmes de guerra costumam funcionar melhor quando se pode armar alguma estratégia de ideologias, o que aqui não temos tempo para isso, senão teríamos apenas umas 3 ou 4 voltas de tempo, então a opção foi trabalhar com o desenvolvimento direto com tudo acontecendo no mesmo momento em que está batalhando está pensando em alternativas para sobreviver. O diretor Doug Liman já é acostumado a fazer filmes ágeis e novamente mostrou capacidade técnica para colocar a ação totalmente a seu favor, pois alguns optariam em explicar mais a vida alienígena, outros iriam preferir explodir mais bichões, mas ele não, colocou a câmera para correr no cenário quando precisou, parou 5 minutinhos para explicar o funcionamento do poder alienígena, voltou a correr e desenvolveu sua trama com capricho para quem quiser gostar, não tendo em momento algum a preocupação que qualquer outro diretor faria na trama, e isso acabou ficando genial de ver na telona, chegando até quem não tiver fôlego para a correria cansar com tudo que é apresentado, mas no geral a certeza de sair satisfeito da sala com o que viu é total.

Quanto à atuação, podemos dizer em poucas palavras que Tom Cruise voltou à sua forma antiga de atuar que tanto gostamos de ver, colocando sentimento nos momentos que precisava, interpretando realmente não estar entendendo o que acontece com ele após as primeiras voltas, e arriscando tudo com seus pulos, tiros e corridas de carro, afinal o maluco sempre prefere fazer sem dublê, ou seja, incorporou o soldado que não era e fez tudo e muito mais, agradando bastante sem necessitar exagerar em diálogos também. Estamos acostumados a ver Emily Blunt como uma moça bonita e dócil em diversos filmes, mas aqui como uma guerreira bem forte, musculosa e que não leva desaforo para casa foi algo bem irreverente, mostrando que todos precisam trabalhar muito em filmes de ação, e ela estava disposta a tudo, somente em alguns momentos seu olhar parece distante da câmera e acaba sendo um pouco estranho de interpretar o que está querendo mostrar, mais parecendo que foi erro de interpretação mesmo, mas que não chega a atrapalhar em nada a trama. Todos demais atores possuem algum momento de conexão com a trama, mas acabam não servindo muito para se destacar em nada, vale apenas lembrar de Noah Taylor no momento mais explicativo do filme que é onde ficamos sabendo de tudo e poderia ao menos ter feito algumas expressões melhores para agradar mais, e outro que fez cara de não entender nada é Brendan Gleeson, que até agora mesmo após receber seu cachê ainda está tentando entender o roteiro e os diálogos que lhe foram ditos.

Um bom filme de guerra é aquele que tudo necessita explodir e voar peças para todo lado, e quem quiser ver isso pode ir para a sessão sem pensar duas vezes, afinal o aparato tecnológico montado é um misto de aliens cabeludos no estilo "Distrito 9", só que agora giram também com soldados robôs no melhor estilo que estamos acostumados a ver nos jogos de videogame, e aliado à isso, a equipe de arte junto com a equipe de efeitos especiais usou muito explosivo para voar coisas nos atores a todo momento. Além disso, a equipe digital não deixou por menos e colocou bons efeitos para que a trama não ficasse fora de tempo tecnológico e nem falsa com algo muito inventivo, ou seja, na medida para divertir e agradar. A fotografia usou bastante de cenas mais escuras e soube trabalhar com tons puxados para o vermelho em diversos momentos para dar um tom mais vingativo, além sempre do tradicional preto e puxando alguns momentos pro azul escuro nos momentos mais sombrios. Quanto do 3D, muitos até não gostam de filmes que são convertidos para a tecnologia, mas nas cenas que conseguimos observar o uso da tecnologia até agradam bastante com peças saindo da tela, atores balançando por cabos e até alguma profundidade em um ou outro momento quase nos convence que o longa foi filmado usando a tecnologia, mas não foi, e acredito que se tivessem filmado mais cenas usando mesmo a tecnologia seria algo proveitoso para a trama, porém no geral o resultado agrada bastante.

A trilha sonora de Christophe Beck é outro ponto que agrada muito, pois um filme de ação sem bons momentos rítmicos é quase que criminoso, e o compositor não hesitou em misturar riffs de guitarras, muita bateria e pontuar cada momento como algo único, dando uma roupagem completamente sua que não nos remeterá a nenhum outro filme já visto.

Enfim, um excelente filme que agrada bastante tanto com muita ação quanto com uma história interessante que nos fará pensar sobre diversos ângulos. O final é um pouco contundente e pode ser até que o pessoal ache errado, mas como disse no início, é provável que façam uma continuação, então é bem explicativo o momento. Recomendo com certeza para quem gosta de jogos de videogame e muita ação, e até mesmo para quem preferir um filme mais trabalhado o longa é capaz de agradar por ter momentos pensantes. Bem é isso, infelizmente a semana fui encurtada devido ao fechamento do Belas Artes em Ribeirão Preto, então agora é aguardar até a próxima quinta torcendo para que venham muitas estreias para o interior, então abraços e até mais pessoal.


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Malévola em 3D

5/31/2014 01:52:00 AM |

É interessante você ir para uma sessão de cinema esperando ver algo que já possui toda a ideia por tudo que foi falado antes, e com filmes da Disney não tem como não esperar algo. Mas como já sabíamos que dessa vez a história do filme seria contada por um lado mais sombrio, nem tinha expectativa alguma em relação ao conceito visual, até ler minutos antes do filme iniciar, o currículo do diretor, aí foi sentar na poltrona confortável e curtir um deslumbre de imagens feitas por Robert Stromberg em "Malévola". Mas peraí, quem é esse cara? Sim, é um diretor estreante que se arrisca logo numa mega produção, mas é só puxar seu currículo e ver que foi desenhista de produção dos filmes visuais mais completos que tivemos ("Avatar", "Oz: Mágico e Poderoso", "Alice no País das Maravilhas", e responsável pelos efeitos de mais uma tonelada de filmes, ou seja, um filme esteticamente perfeito que agrada não apenas por isso, mas por criar uma história condizente, onde tudo possui detalhamento e deslumbre.

Baseado no conto da Bela Adormecida, o filme conta a história de Malévola, a protetora do reino dos Moors. Desde pequena, esta garota com chifres e asas mantém a paz entre dois reinos diferentes, até se apaixonar pelo garoto Stefan. Os dois iniciam um romance, mas Stefan tem a ambição de se tornar líder do reino vizinho, e abandona Malévola para conquistar seus planos. A garota torna-se uma mulher vingativa e amarga, que decide amaldiçoar a filha recém-nascida de Stefan, Aurora. Aos poucos, no entanto, Malévola começa a desenvolver sentimentos de amizade em relação à jovem e pura Aurora.

Um fato engraçado, pelo menos para a minha pessoa, é que mesmo a história da Bela Adormecida sendo um clássico, após a sessão sai sem lembrar exatamente a história original, já me convencendo praticamente de que a história nova que a roteirista Linda Woolverton, que já foi responsável pelos roteiros de animações sensacionais como "O Rei Leão", "A Bela e a Fera", entre outros, acabou criando, e isso embora seja algo bom por criar um modelo para nossa imaginação, praticamente tira a lembrança da animação tradicional que conhecíamos, mas como o filme é tão bem feito, vamos adotar essa versão e ficar felizes com o que vimos, só mudaria um detalhe na cena do beijo, mas sem dar spoilers não tem como falar, então acredito que até muitos irão pensar na mesma ideologia, já que sem falar nada minha irmã que me acompanhou na sessão pensou na mesma mudança. Quanto a direção do novato, frisando que comandando as câmeras, Robert Stromberg, o que podemos falar é que usou de todo o seu conhecimento visual para criar um ambiente alegórico perfeito para a trama, de forma a sermos praticamente transportados para querer viver no mundo mágico criado no filme. E já que a questão visual é algo que o diretor conhece e quis valorizar muito, aliás caiu uma produção composta da bagatela de 200 milhões de dólares no seu colo, ele foi esperto suficiente para trabalhar com muitos planos abertos, onde tudo ao redor dos protagonistas é bem preenchido com seres exóticos e com uma cenografia que mesmo sombria tem um charme interessante de ver. Com isso que fez, ele acertou bem e com certeza deve ser convidado para outros filmes.

No quesito atuação, o diretor pode ter sofrido um pouco, afinal está trabalhando com uma das atrizes mais completas e que é diretora também, ou seja, mandar Angelina Jolie fazer algo pode ser trabalhoso, mas como é um fenômeno absurdo de interpretação, colocou a personagem como sendo sua e fez algo que se antigamente muitas garotas queriam ser princesas, agora irão querer ser uma fada "malvada". Elle Fanning consegue segurar a onda, mas tem alguns momentos que faz trejeitos que ficamos pensando em que tipo de sentimento ela está tendo, e mesmo não sendo o foco do filme, poderia ter sido trabalhado melhor a atriz para que ao menos nos seus momentos de destaque ficasse bem para as câmeras. Sharlto Copley agrada nos seus momentos mais tensos, mas não chega a convencer a loucura que tenta passar sem a narração, o que acaba sendo um erro de expressão. As três fadas Imelda Staunton, Lesley Manville e Juno Temple agradam inicialmente, mas nas cenas como humanas ficaram paspalhonas demais, o que por sorte foi optado usar bem pouco do material delas, que acabaria saindo totalmente do conceito do filme. Sam Riley caiu muito bem para o personagem Diaval e mesmo estando sob a forma de animais na maioria das cenas, seus momentos afetivos são bem interessantes para a trama, e o ator soube manter praticamente a mesma expressão passada pelos animais digitais. E quanto a estreia de Vivienne Jolie-Pitt só um olhar e já vemos que a menina é a cara do pai, se juntar os talentos dos dois então, quem sabe em breve vire um prodígio nos cinemas, não virando um Jaden Smith está valendo. Dos demais atores, todos fazem bem seus papéis, mas vale destacar as jovens que fizeram as versões mais jovens de Malévola, Ella Purnell e Isobelle Molloy, por trabalharem bem seus diálogos com expressões simples e bem colocadas.

Por ser um filme recheado de elementos visuais, a trama contou com uma cenografia até exagerada demais, o que acaba nos enchendo os olhos de maneira que é certo de vermos o filme umas 10 vezes e a cada vez ver algo novo que não vimos antes. Falar de cada detalhe cenográfico daria para montar uma tese gigantesca em defesa do filme, mas vale destacar o reino dos Moors que com toda a computação gráfica nos envolve de uma forma ímpar. E a fotografia toda trabalhada em tons mais escuros para dar o ar sombrio que a trama pedia caiu de uma forma que não nos assusta, mas impressiona por utilizar técnicas interessantes para visualizarmos tudo de maneira palpável e agradável. Quando do 3D do filme tudo foi concebido para ter textura e a profundidade está bem interessante na maioria das cenas, claro que o destaque para quem gosta de movimento tridimensional está nas cenas de voo da protagonista, que lembrou muito o filme que o diretor trabalhou com o mestre do 3D James Cameron.

A trilha sonora encaixou bem para dar um ritmo envolvente na trama, sem deixar o longa nem acelerado demais e nem dar sono nos momentos que o filme caminha mais devagar. E com uma temática mais sombria James Howard trabalhou o filme com um único intuito: nos envolver. A música tema tradicional da animação de 1959, "Once Upon a Dream", interpretada por Lana Del Rey também ficou gostosa de ouvir e agradou ao fechar o filme.

Enfim, como disse o filme possui alguns detalhes no quesito atuação que poderiam ser melhores, mas nem por isso não é algo gostoso de assistir e se maravilhar visualmente. Como já disse em outros filmes que abusam de tecnologias visuais, recomendo ver o longa nos cinemas que possuem melhor projeção, pois como é 3D num ambiente bem escuro, é capaz que com alguns óculos o filme não atinja a perfeição visual que foi trabalhada e em casa pode ser que não fique legal também, então corra e pegue o melhor lugar num cinema e se impressione com tudo que nos é mostrado, pois recomendo o longa com certeza. Bem é isso, fico por aqui agora, mas ainda falta uma estreia para conferir, então volto mais tarde para falar dela, abraços e até breve.


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Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou

5/30/2014 01:20:00 AM |

Se existe um gênero de filmes que o Brasil adora produzir e sempre lota as salas é a comédia, e a moda atual é transformar peças de sucesso em filmes, o que felizmente tem dado certo, pois após milhares de pessoas rirem de algo no teatro, basta colocar uma boa cenografia e adequar o tino da(o) protagonista que é certeza de o filme ficar redondo. Com "Os Homens São de Marte... E É Pra Lá Que Eu Vou", a receita é exatamente essa, e funcionou deixando o filme não como uma comédia exagerada cheia de caras e bocas, nem como algo lotado de escatologias para divertir e muito menos como um romancezinho divertido, mas sim como uma boa comédia com boas sacadas que agrada ao mostrar que embora ainda tenha algumas mulheres que sonham com um casamento e tudo mais, hoje está cada vez mais difícil encontrar algum que se encaixe nos seus ideais, então o jeito é ir tentando. A única recomendação negativa que faço, é que as moças mais revoltadas com a vida, do tipo feministas exageradas fujam do filme, pois algumas podem não gostar do lado mais romantizado dele.

A trama acompanha Fernanda, uma mulher independente que dedicou sua vida à carreira e agora, aos 39 anos, acha que sua situação afetiva é emergencial. Ela passa a apostar tudo em cada relação, se envolve com diferentes tipos de homens, e tenta, acima de tudo, encontrar seu par perfeito.

Eu sabia que o filme era baseado na peça, mas não me passou em momento algum que o roteiro principal de ambos era da protagonista Mônica Martelli, e olha que posso dizer que a moça escreve bem, pois dificilmente uma comédia nacional fez o público rir sem necessitar de certos apelos, e aqui por ser liso desses trejeitos, o que temos é algo mais sutil, que diverte pela situação em si causada com os diálogos e não por algo que vá ofender qualquer pessoa no cinema. Então o que fizeram no longa foi pegar seu texto original e dar uma ajustada com a ajuda de mais outros nomes para que a direção de Marcus Baldini ficasse bem pontuada num ritmo interessante e que todas as situações fossem bem produzidas, para que os pensamentos da protagonista não fossem apenas um estilo de narração, mas que tivessem vida e fossem bem divertidos num contexto geral, além de trabalhar na maioria das cenas com uma câmera dinâmica trabalhando os planos de forma diferenciada do tradicional.

Pôr o personagem ser seu e já estar fazendo a peça há muito tempo, não temos como falar que Mônica Martelli não é perfeita, pois não tem como melhorar o que faz, e acabou acertando bastante na transposição do teatro para a telona, não exagerando tanto nas caras e bocas que é uma característica teatral. Paulo Gustavo trabalha bem a comicidade que o personagem pede, mas poderia ter exagerado um pouco menos que agradaria até mais. Daniele Valente consegue fazer bem o papel de amiga quase invisível, pois no momento que a protagonista precisa aparecer é quase um objeto cênico colocado apenas ali, e quando precisa voltar a conversar continua como se não tivesse saído dali, e isso é um acerto para coadjuvantes em filmes cômicos nacionais, pois costumam querer aparecer mais que os protagonistas. Humberto Martins é um grande nome dentro das novelas, mas no cinema o sistema é outro e isso é algo que muitos atores acabam falhando feio, principalmente por aparentar estar sempre olhando para o lugar errado, não que isso estrague o filme, mas mesmo o ator fazendo algumas das cenas mais dinâmicas com a protagonista, ele não parece estar fazendo o filme. O ator alemão Peter Ketnath mostrou um bom domínio do nosso idioma, tentando não ficar exageradamente gringo, e trabalhando bem suas cenas para ser o hippie moderno, que não duvido nada estar virando moda em breve. Marcos Palmeiras se encaixa bem para as cenas finais e na sua participação no meio da trama, mas ficou adocicado demais para uma realidade, de forma a acreditarmos até na primeira ideia que a protagonista tem dele. Os demais personagens podem ser considerados mais como participações do que atuações em si, e até mesmo a cena de Eduardo Moscovis é tão "rápida" que não impacta no resultado do filme.

Agora sem dúvida alguma o ponto máximo do longa está na direção de arte de Vera Hamburger que conseguiu trabalhar a história em cenários perfeitos para cada momento, passando desde o apartamento lotado de elementos cênicos da protagonista até o naturismo simples, mas charmoso da casa na Bahia, e nesse meio de caminho tendo uma casa de altíssimo nível do patrocinador da peça, e casamentos extremamente bem trabalhados num visual chique e pomposo, claro que até a simplicidade nesse quesito acaba sendo bonita de ser vista, então alguns momentos a diretora trabalhou bem com pouco e fez bem também. A fotografia usou de uma iluminação básica para não ter sombras e também clarear os ambientes nos momentos mais escuros, sempre procurando valorizar algum objeto de cena, como ponto de iluminação principal para dar mais charme à trama.

As trilhas sonoras foram bem escolhidas por Plinio Profeta, que desenvolveu a trama quase toda baseada em um tom gostoso de acompanhar, colocando versões de diversas músicas e fechando com chave de ouro numa das músicas mais tradicionais de Lulu Santos que faz uma participação tanto sonora quanto artística, mas volta para fazer um dueto com Tulipa Ruiz com "Apenas Mais Uma de Amor".

Enfim, é um filme bem gostoso e divertido de assistir, que confesso pelo trailer não havia me comprado de forma que fui pronto para falar mal dele ao voltar da sessão, e acabei rindo até mais que muita gente na sessão aonde assisti. Recomendo o longa para todos que gostem de uma comédia mais light, que não seja apelativa e claro como disse no início se você ainda tem intenções romantizadas, pois se acha balela a tentativa de um romance pode fugir do filme que é capaz de não gostar de nada. Fico por aqui agora, mas ainda temos mais três filmes que vieram para cá nessa semana para conferir, então abraços e até breve pessoal.



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Uma Longa Queda

5/28/2014 12:47:00 AM |

Antes que receba uma tonelada de pedradas, sei que o filme é baseado em um livro, mas não li e nem falarei dele, principalmente porque não conheço ninguém que tenha lido para falar se foi bem adaptado ou não, deixo os comentários abertos para quem quiser falar algo, de preferência sem spoilers. Agora falando sobre o filme "Uma Longa Queda", o que posso dizer é que basicamente o filme nos mostra que todos temos diversos problemas e motivos para querer nos matar, isso é um fato inquestionável que até as pessoas mais felizes do mundo, se quiserem arrumam um bom motivo para isso, mas isso pode ser mudado se pararmos para olhar o problema de uma outra pessoa que pode ser bem pior que o seu, e se tentar ajudando ela pode ser até que o seu problema seja resolvido de alguma forma.

O filme gira em torno do desespero de quatro pessoas que pensam em se matar: um entregador de pizza; um apresentador de programa de auditório; uma adolescente; e a mãe de uma criança com deficiência. Todos pretendem pular do mesmo prédio na virada do Ano Novo, mas juntos acabam encontrando forças uns nos outros para superar seus problemas.

Com esse mote em mente, o diretor trabalhou de uma forma interessante por separar cada ato, mesmo envolvendo todos os protagonistas, mas colocando como cada pedaço sendo a história de cada um, e isso ficou bem bacana de ver, pois na tentativa de descobrirmos o real motivo de cada um para ir se matar, conseguimos trabalhar a ideia da ajuda comunitária de forma segura da maneira exata que o diretor tentou traduzir o roteiro. A história em si do livro, pode ser que tenha até mais conteúdo de autoajuda e desenvolva mais cada personagem ou momento, mas como obra visual, o filme agrada quem estiver disposto a embarcar com cada um dos personagens e procurar até respostas para os seus próprios problemas de uma forma divertida e até conseguindo emocionar em alguns momentos. Os ângulos escolhidos também foram bem intrigantes, dando destaque para os momentos de vertigem.

No quesito atuação, temos os atores fazendo papéis bem interessantes para se mostrar frente às câmeras, e com isso acabamos vendo todos fazendo algo agradável e bacana. Pierce Brosnan não possui o mesmo gás de antigamente, mas consegue passar todo o sentimento de perseguição que está sofrendo devido à tudo que fez, e seus momentos com a bebida na cabeça são bem engraçados de ver, colocando seus diálogos sempre pontuando bem com cada ato. Imogen Poots venho elogiando muito nesse ano pela coerência que tem mantido em cada personagem que pega para fazer e aqui não foi diferente, pois mesmo usando de um humor mais negro, seus momentos são bem colocados na trama e acabam nos envolvendo mesmo tendo momentos absurdos em suas cenas. Aaron Paul consegue ser a incógnita total dentre os personagens, pois segura até o último minuto sua história e isso é um feito interessante que mostra que o ator conseguiu trabalhar bem para deixar tanto os outros personagens presos na seu problema sem colocar em cheque seu verdadeiro eu. Toni Collette é daquelas atrizes que quando quer nos fazer rir faz e quando vem para colocar emoção em um personagem coloca num nível acima de tudo, e colocou uma face tão triste para todos os seus momentos que impressiona e agrada demais. As demais atrizes femininas que aparecem na trama como coadjuvantes Tuppence Middleton e Rosamund Pike aparecem para tentar desestabilizar o grupo e servem bem para a narrativa com o que fazem, mas seus momentos são tão pequenos que nem dá para destacar algum. Em contraponto o jovem Josef Altin faz um deficiente tão impactante que quase achamos que ele possui realmente a doença do personagem, se o filme ficasse focado nele era capaz de ter muita gente lavando o cinema. E os demais coadjuvantes masculinos Sam Neil e Joe Cole podemos dizer que apenas participaram do filme, tendo o primeiro apenas uma cena mais forte que acabou não sendo muito desenvolvida na trama.

Por se passar em diversas locações, a equipe de arte trabalhou bem para desenvolver cada momento, criando os espaços com elementos que o representem visualmente apenas, já que somente a carta que escrevem o pacto que é algo que vá servir exatamente como um objeto cênico dentro da história, mas não é apenas por não ser detalhado cada elemento que o filme ficou menos bonito de se ver e com isso tivemos um filme bem agradável visualmente. Dentro da fotografia por se passar num período mais frio, as cenas puxaram bem para o lado tradicional do inverno com paisagens esbranquiçadas e colocando muito contraluz nas cenas onde o sol se destaca para valorizar a paisagem e o momento que cada personagem está passando, dando um resultado bem bonito no geral.

Enfim, é um filme gostoso de assistir, que nos faz refletir nas situações, e mesmo trabalhando alguns momentos com um humor mais pesado, se manteve botando emoção em alguns momentos sem precisar fazer ninguém chorar com o que foi mostrado. Não é um filme perfeito, mas vale a pena conferir por toda a simbologia que pode ser assimilada. Como vi agora em alguns sites, muitos leitores reclamaram de quase tudo, então fica a dica para quem gostar de leitura, ver o filme e ler para poder comparar, mas como já falei diversas vezes, prefiro o método mais fácil, mesmo que não seja o melhor que é curtir um bom filme, e isso independente de qualquer coisa, o longa cumpriu com seu objetivo. Bem é isso pessoal, encerro essa semana com esse filme, que é uma pena não continuar em cartaz na cidade na próxima semana cinematográfica, então vai acabar sendo uma recomendação para ver em casa assim que sair em DVD, claro que digo isso para quem é de Ribeirão Preto, mas o longa deve continuar em outras cidades. Já coloquei no Facebook do site a programação da próxima semana, então quem quiser conferir o que irá aparecer por aqui, então fica a dica para ver e curtir lá quem não curte ainda. Bom, abraços e até quinta com mais estreias por aqui.


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Tango Livre

5/27/2014 01:53:00 AM |

É interessante ver a forma que alguns diretores trabalham seus filmes, criando toda uma conexão bem trabalhada do drama familiar, fazendo os personagens serem desenvolvidos e até exigindo dos atores que façam coisas diferenciadas, para no final não ter ideia de como terminar agradavelmente e enfiar o pé na jaca estragando quase tudo que fez, colocando algo que nem numa prisão de segurança mínima de cidade pequena ocorreria, quanto mais em algo grandioso que parece ser onde se passa a história, ou seja, até ficou fácil de fechar a ideia do filme, mas pecou demais em inventar algo fácil de criar, mas idiota de acreditar. Com isso dito, "Tango Livre" nos mostra que quando tem gente demais envolvida, no caso aqui uma coprodução de três países, a dificuldade que muitos acabam encontrando é administrar o exagero de gente falando na cabeça do diretor, e dessa forma, um filme que teria tudo para acabar de forma satisfatória acaba virando um pesadelo que só fazendo uma loucura capaz de sair de tudo que pregou desde o início para fechar o longa, e isso nem sempre irá agradar.

O mote inicial do filme é até simples de entender, pois nos mostra que Jean-Christophe é um agente penitenciário pacato e sem história. Sua única alegria são suas aulas de tango uma vez por semana, onde um dia conhece a recém-chegada Alice. Ele se surpreende ao reencontrá-la na sala de visitas da prisão onde trabalha, quando ela vai visitar dois detentos: seu marido e seu amante. Estranhamente atraído por essa mulher, Jean-Christophe irá quebrar todas as regras que regeram a sua vida.

O roteiro escrito por Anne Paulicevich, que é a atriz principal também, até acaba sendo agradável por mostrar que o ciúmes até pode ser algo bom em uma relação, principalmente no caso aqui em colocar 4 homens brigando por uma mesma mulher, o que acaba mexendo com as estruturas psicológicas de todos, levando cada um a buscar uma forma de (re)conquistar ela e isso ficou bem bacana de ser visto pelas ideias criativas que acabaram sendo desenvolvidas. Porém como disse no início do texto, não acredito que tenha sido uma falha do roteiro, o final exagerado que foi colocado, mas sim uma pressão dos produtores para cima do diretor Fréderic Fonteyne para que fechasse o longa no tempo determinado, e com isso boa parte da história que poderia ser feita, acabou sendo resumida em uma fuga ridícula que nem se esforçando ao máximo é possível acreditar no que aconteceu, ou seja, um fechamento absurdo que já vimos acontecer em diversos outros filmes pelo mesmo motivo. Um ponto favorável ao menos, claro antes do fechamento, foram os ângulos que o diretor optou por fazer, principalmente para não constranger tanto os atores que não soubessem dançar tango tão bem.

No quesito atuação, todos se desenvolveram de forma interessante, até claro a última cena, pois foram crescendo tanto em nível de ciúmes quanto na introspecção de cada personagem e isso ficou bem interessante de ver. François Damiens entrou bem no jogo da sedução da protagonista e seus olhares sempre estavam bem colocados, mas poderia ter sido menos bobo em alguns momentos que fugiram um pouco do que aconteceria na realidade, mas isso não é nem um problema tanto de atuação, afinal atores fazem o que são mandados fazer. Anne Paulicevich faz um papel intrigante, mas que nas últimas frases do garoto são ditas boas verdades sobre o seu personagem e que acaba desmontando-a de uma forma interessante demais que a atriz conseguiu colocar com precisão na sua atuação, talvez um olhar misterioso fosse mais agradável no início do que a timidez imposta. Sergi López demonstrou uma boa habilidade tanto para colocar sua raiva em uma atuação bem pontuada, quanto para ir pra cima da dança e tentar fazer seu melhor, que agradaria bem mais em outro final. O jovem Zacharie Chasseriaud agradou por trabalhar seu personagem de forma mais intimista até o momento preciso de explodir e que nem disse uma pessoa na saída do filme, poderia ter sido resolvido essa sua raiva com uma surra que agradaria mais do que o que foi feito para satisfazer sua vontade. Jan Hammenecker foi o mais centrado de todos os atores, mas no momento que poderia demonstrar toda sua atuação, apelou para a birra de fechar a cara e ficou preso no roteiro sem agradar mais. Dos demais todos tentaram não atrapalhar o longa, mas bem que tentaram em algumas cenas aparecer de relance de forma até algumas imagens terem sido usando o termo técnico cropadas, que é reduzir a área\ para dar um sumiço no personagem que está atrapalhando, mas todos os presos demonstraram bastante interesse na dança e isso agradou.

Visualmente o filme nos mostrou uma cenografia mais pobre do que estamos acostumados a ver em produções francesas, mas como os personagens não são da nobreza até que ficou bem encaixado dentro da trama e toda a bagunça de elementos cênicos acabou agradando para não termos um filme redondo, afinal o grande mote é não manter a calmaria nos personagens, e isso ficou bacana de ver, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais no salão das aulas de dança que nem a academia mais pobre do planeta seria tão simples assim. A fotografia usou de poucos filtros, utilizando apenas pouca iluminação para deixar a imagem mais gasta e com isso ajudar na pobreza que o longa mantém na cadeia e nas casas dos protagonistas.

Enfim, de um modo bem geral, o longa teria tudo para agradar se tivessem seguido o mote inicial e não feito uma lambança no final, mas como isso desgastou bem tudo, muitos que forem assistir é quase certo que não saiam da sessão agradados com o que verão. Claro que ainda está muito longe de ser algo que deva ser jogado na lixeira, e vale a pena conferir num momento para ver produções mistas de países que raramente vemos algo por aqui, como Bélgica e Luxemburgo, mas não fique esperando que tudo que ele promete acontecer vá ser finalizado de forma boa, senão a chance de decepção com o filme é maior ainda. Fico por aqui agora, mas falta uma estreia ainda para fechar a semana cinematográfica, então abraços e até breve.


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Amante a Domicílio

5/26/2014 12:07:00 AM |

São raras as comédias americanas que trabalham tanto o lado cômico quanto o lado mais dialogado de um filme, e quando aparecem em cartaz, com toda certeza acaba sendo uma atividade prazerosa conferir elas. Com "Amante a Domicilio", temos um filme inteligente, com boas sacadas e totalmente interessante de acompanhar, mesmo que a história não seja nenhuma novidade genial, mas que nos faz rir mais das situações em que se envolve o coadjuvante do que as do protagonista e diretor John Turturro.

O filme nos mostra que Murray é um senhor de idade que, durante uma conversa sobre sexo, diz que conhece um gigolô. Ao saber o quanto poderia ganhar como cafetão, ele tenta convencer seu amigo, Fioravante, a entrar para o ramo. Só que ele é um pacato jardineiro e não quer se envolver em algo do tipo. Após muita insistência de Murray, Fioravanti topa fazer um programa com a doutora Parker, que está bastante insegura por ser a primeira vez que trai o marido. O sucesso do encontro faz com que a fama de Fioravanti corra entre as amigas da doutora, assim como ele mesmo passa a notar melhor as qualidades da nova profissão.

Já falei isso aqui algumas vezes, mas vale sempre ressaltar que sou contra diretores malucos que resolvem fazer todas as funções, desde escrever, dirigir e até atuar, pois alguma delas ou até várias vão sair falhas, e aqui não é diferente, pois o diretor mesmo escrevendo uma história bacana acabou fazendo uma interpretação bem fraca para o filme e se não fosse por Woody ser excelente, a trama além de simples acabaria boba demais por nem ter uma linguagem que chamasse a atenção e muito menos um bom ator fazendo o papel principal. Alguns momentos da trama ficamos pensando de que forma ele poderia fechar a trama, e assim como uma boa comédia francesa, o diretor ao menos fez o que deveria não sendo nem óbvio nem jogando algo que não convencesse os espectadores, e com isso acabou agradando bastante.

Woody Allen que não atuava fora de um filme seu desde 2000, voltou encaixado num papel que sinceramente não conseguimos ver outro ator fazendo, parecendo que a história do personagem foi feita para ele, e isso acaba tornando a experiência de ver o filme maior ainda, pois todas as cenas que entra na tela é motivo para muita diversão, sendo perfeito. O diretor John Turturro não foi tão bem no papel, pois não conseguiu nos convencer nem de ser um florista que virou gigolô, muito menos um gigolô florista, e isso acabou atrapalhando um pouco alguns momentos, mas acredito que ao saber que poderia fazer algumas cenas quentes junto das atrizes, o anseio foi maior e o resultado foi simples demais. Sharon Stone está cada dia mais bela e seu personagem caiu bem por trabalhar tanto sua sensualidade quanto alguns trejeitos interessantes como a primeira traição, e momentos mais calmos também no filme. Já Sofia Vergara foi a provocação em forma de personagem, partindo pra guerra logo que entra na tela, colocando o clima lá em cima na sua interpretação, também agradou bastante nos poucos momentos que esteve em cena. Vanessa Paradis é aquela atriz que diferentemente do marido Johnny Depp, escolhe bem os seus papéis e quando faz um personagem, mesmo que seja bem calminho, consegue colocar uma interpretação interessante e agradável para chamar a atenção para si, poderiam ter dado mais algumas cenas para ela, mas seu fechamento foi o melhor que poderia acontecer para o filme. E para fechar Liev Schreiber até tentou fazer uma atuação convincente de um policial de bairro judeu, mas acabou soando tão falsos seus momentos que não conseguimos incorporar seu personagem direito na trama.

Assim como os filmes feitos pelo Woody, Turturro optou por colocar o trabalho da direção de arte em ambientes mais simples, mas sempre recheados de elementos cênicos interessantes para revelar os poucos, mas importantes objetos que complementam as personalidades de cada personagem e isso ficou até bem bacana de ver na tela. A fotografia foi a tradicional de comédias, mas com toda a suavidade de cores claras contrastando com o figurino acabou dando um tom bem bonito no resultado final.

Enfim, é um filme gostoso demais de assistir, diverte na medida com piadas inteligentes, mas poderia ser sensacional se tivessem colocado um protagonista mais interessante e trabalhasse um pouco mais no roteiro para inovar algumas situações, não que o resultado não tenha sido bacana, mas acabaria saindo vibrando da sala. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda temos mais uma estreia para conferir e um atrasado que vem junto com a reabertura do Belas Artes após a Feira do Livro, então abraços e até mais pessoal.


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X-Men: Dias de um Futuro Esquecido em 3D

5/23/2014 02:53:00 AM |

Existem diversas pessoas que são contra reinícios de franquias, mas não consigo imaginar "X-Men" sem ter apagado todos os erros que tiveram nos primeiros filmes, e começado com algo novo que agora pode seguir totalmente com novos rumos agradáveis e bem mais interessantes do que o que já tínhamos visto no passado. E se em "Primeira Classe" já havíamos começado a gostar muito do que foi apresentado, com "Dias de Um Futuro Esquecido" a franquia consegue fazer a proeza de unir velha e nova geração ligando praticamente todos os filmes em algo que se você piscar o olho é capaz que perca todo o rumo e acabe não entendendo algum momento, pois conseguiram fazer um filme de muita história para ser contada caber de forma coesa e dinâmica em apenas 131 minutos.

O filme nos mostra que no futuro, os mutantes são caçados impiedosamente pelos Sentinelas, gigantescos robôs criados por Bolívar Trask. Os poucos sobreviventes precisam viver escondidos, caso contrário serão também mortos. Entre eles estão o professor Charles Xavier, Magneto, Tempestade, Kitty Pryde e Wolverine, que buscam um meio de evitar que os mutantes sejam aniquilados. O meio encontrado é enviar a consciência de Wolverine em uma viagem no tempo, rumo aos anos 1970. Lá ela ocupa o corpo do Wolverine da época, que procura os ainda jovens Xavier e Magneto para que, juntos, impeçam que este futuro trágico para os mutantes se torne realidade.

Como falei no início, temos história a rodo para ser contada e mostrada, principalmente por misturar idas e vindas no tempo, e juntar a arrumação da casa com todos os demais filmes da franquia, de forma que se você pensar em fazer qualquer outra coisa que não seja prestar atenção em tudo que o filme está lhe propondo, é certeza de perder qualquer detalhe e talvez até não gostar de tudo que será mostrado. O filme usa de base a HQ de mesmo nome, mas claro como todo filme usa da liberdade criativa para mudar alguns fatores, então claro que teremos aqueles chatos de sempre que vão reclamar de muitas coisas, mas se você é como o Coelho que o que interessa é um bom filme, pode se preparar para no final ficar com aquela vontade de aplaudir o que foi mostrado, pois ao subir dos créditos toda a ligação que o diretor Bryan Singer faz é tão boa que só aplaudindo mesmo para não chorar por ter de esperar a continuação prevista para daqui 2 anos. A forma grandiosa da produção é algo que impressiona, pois temos ação, temos história, temos contexto de época(com alguns furos, mas tudo bem passa), e claro que temos atuações perfeitas, de forma a exaltar o trabalho de direção para condizer completamente com o que o filme quis passar e agradar, ou seja, toda a expectativa criada, e que esse Coelho que vos digita estava morrendo de medo por sair o diretor que tanto havia adorado no "Primeira Classe" e voltar um que fez até 2 bons filmes, mas que não tinha me convencido de gostar dos mutantes, acabar sendo até mais bem cumprida do que o esperado.

Se é que podemos colocar algum defeito no filme, é o exagero de mutantes colocados na trama que assim como aconteceu em "O Confronto" muitos acabam aparecendo e nem são chamados pelo nome, ou seja, acabamos tendo de saber quem são apenas depois pesquisando sobre eles, afinal ninguém é obrigado a conhecer todos os mutantes do Universo. Mas os que possuem falas compensam por agir de forma interessante e bem colocada na trama, então vamos falar dos principais um pouco. Hugh Jackman já está definido como o nome forte do grupo desde o início da franquia, e ao ganhar longas solos se consolidou mais ainda, claro que logo mais seu cachê deva chegar num teto absurdo para os produtores, ou talvez, até mesmo como já disse não queira mais ficar tão marcado pelo personagem e saia das próximas produções, mas o que podemos pontuar é que o cara é muito bom no que faz e agrada com trejeitos cômicos fortes e ação na medida que o personagem pede, de forma que embora queira mostrar ser o ator Hugh, metade das pessoas o chamam de Wolverine. James McAvoy foi colocado para fazer o personagem num momento fortíssimo, e sua atuação caiu na medida correta para encantar seja por atos nervosos ou até mesmo situações mais trabalhadas que exigiram da versatilidade do ator em fazer caras e bocas para ser agradável. Michael Fassbender já virou hit em Hollywood e a cada filme seu fica mais evidente suas qualidades e a força nas suas expressões, de forma que aqui por ser destaque em boa parte do longa agrada e muito no que faz, colocando seu Magneto num nível que Ian McKellen, mesmo sendo fenomenal, nunca deixaria o personagem. Jennifer Lawrence, se não estragar com o tempo, há chances de ser daquelas atrizes que já entra em um filme e sem mesmo gravar qualquer cena é candidata à prêmios, pois o que ela faz em cena aqui é algo que sai da realidade, puxando a dramaticidade e esforços físicos num nível impressionante que faz como se tivesse indo apenas treinar com qualquer um, mandando bem demais em todas as cenas. Ellen Page volta bem para um papel trabalhado que até poderia render mais diálogos, mas fica apenas com suas mãos estáticas sofrendo com o que lhe acontece, mas nem por isso deixou de fazer uma boa interpretação do momento. Nicholas Hoult conseguiu entrar em momentos interessantes da trama, fazendo até mais uso de seus diálogos que de uma interação mais forte que poderia ser usada por seu personagem ser forte, então agrada bastante nas cenas que entra. Evan Petters é o personagem cômico da vez, e seus momentos são brilhantes, pena essa briga gigantesca de direitos autorais do nome para que pudesse chamar certinho como é na HQ, pois o personagem é genial e foi um acerto na escolha do ator para interpretar ele, casando as cenas de forma incrível. Peter Dinklage embora faça um personagem importante para a trama, acabou um pouco apagado e até meio fora do tempo nas suas cenas, poderia ter se colocado à frente em mais momentos, pois mesmo sendo uma piada pronta, sua altura não ajuda a aparecer se ele não brigar pela atuação como faz na série mais assistida no momento. Dos demais personagens em sua maioria são pequenas atuações nas cenas de ação e até mesmo Patrick Stewart não tem o destaque que merece no filme, ficando bem em segundo plano só sendo útil na cena do encontro entre os dois Xavier, então nem vale muito do que falar e já falei até demais das atuações.

O conceito visual da trama é incrível e agrada muito por não pesar em elementos soltos e muito menos em ficar preocupada com cada ambientação, pois temos aqui muitos, e quando falo muitos coloque esse número lá no alto, cenários e elementos cênicos importantes para cada ato da trama, e com isso, quem ficar aguardando a cena pós-créditos irá ver que trabalhou muita gente na parte artística do filme, pois para criar tanto os elementos reais, quanto os digitais, tudo foi feito em alta proporção de modo que é raro, tirando a cena interna do futuro, os personagens aparecerem 2 vezes no mesmo lugar, e com isso o nível da produção vai lá nas alturas, agradando demais. O conceito de época ficou bem interessante e bacana de ser mostrado e enfatizado logo nas cenas em que Wolverine volta no tempo, colocando figurinos, carros e utensílios de reportagem bem coerentes com a época em que se passa o filme, poderiam ter trabalhado um pouco mais no interior da mansão-escola de Xavier que embora esteja abandonada, parece bonitinha e futurista demais para o momento. A fotografia trabalhou bem nas cores do filme, colocando o passado em tons mais puxados para o sépia, o qual não foi mantido forte demais para não termos um filme envelhecido, e o futuro todo puxado no vermelho para elucidar o momento forte que estão vivendo, e variando nesse meio do caminho tons de cinza para dar o tom sombrio que o diretor tanto quis para a trama, ficando bem bacana todo o conceito usado.

Quanto do 3D e dos efeitos digitais, reservei até um parágrafo solto para falar mais, pois o filme utilizou de algo que não era nem tão esperado, utilizar o 3D com muita profundidade e elementos saltando a quase todo momento, claro que pra isso o diretor dispensou deixar nas mãos apenas da equipe de pós-produção e levou as gigantes câmeras para filmar diretamente sem necessitar de conversão. E com isso temos uma imersão completa em diversos momentos do filme que junto de bons efeitos visuais criam sensações interessantes para o desenvolvimento da trama. Claro que o filme também pode ser visto em 2D, mas se for possível veja com a qualidade dos momentos de imersão de cena onde tudo parece estar junto de você.

Enfim, falei muito hoje, mas é um filme que daria para falar horas e horas de cada momento, e a cada amigo que converso, cada um viu um detalhe a mais que com certeza irá passar despercebido, então irei rever o filme em breve e talvez volte aqui para falar mais algo que tenha me impressionado. Claro que recomendo muito o filme e mais uma vez agradeço todo o pessoal do Cinépolis Iguatemi aqui de Ribeirão Preto, por proporcionar um evento de tamanha magnitude com um filme que não poderia ser de grandiosidade diferente. Fico por aqui agora, mas nessa semana ainda tenho mais duas estreias para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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Do Lado de Fora

5/20/2014 01:43:00 AM |

Não sei se antes era restrito a um circuito menor ou se agora os filmes de temática homossexual resolveram explodir em quantidade de produção, pois a cada 15 dias mais ou menos tem surgido ao menos um por aqui, e como não tenho nada contra, claro que estou conferindo todos. Com o filme nacional "Do Lado de Fora", optaram por uma levada mais cômica para mostrar a dificuldade da revelação da homossexualidade seja para chefes, esposas ou pais, e a história até teria um mote interessante para seguir, mas optou pela comicidade em cima de estereótipos totalmente clichês que acabam até nos divertindo, mas não sei se para quem for gay se o filme irá representar ou difamar mais do que deveria.

O filme nos mostra que Rodrigo e Mauro são dois adolescentes gays, que decidem ir pela primeira vez à Parada LGBT de São Paulo. Eles têm a companhia do tio Vicente, um executivo solteiro e também homossexual. Apesar de se divertirem no evento, eles presenciam uma cena de agressão homofóbica, e socorrem a vítima, Roger, um homem casado cuja esposa está grávida. Quando os quatro se reúnem, eles decidem fazer um pacto para saírem do armário em menos de um ano.

A proposta em si é bem louvável e até poderia ter sido mantida sob uma versão cômica mais light, mas não sei até que ponto foi feita uma pesquisa para saber o estilo de cada um e fazer algo mais dentro da proposta, que é mostrar o como falar para alguém que é homossexual. A linha forte de debate de agressões contra os gays até é bem desenvolvida pelo personagem da Marilia, mas ainda assim sua postura arrogante atrapalha um pouco as ações. O diretor Alexandre Carvalho consegue ao menos criar situações divertidas, quase transformando um tema sério em piada pronta para divertir o público no melhor estilo de esquetes de programas de humor, e com isso ao menos um acerto na classificação do filme como comédia que sinceramente teve pessoas gargalhando e muito na sala, o que não sei se era o real objetivo da trama criada por André Collazi em seu primeiro roteiro. Com planos em sua maioria bem abertos, ao menos o diretor valorizou o trabalho da equipe de arte, não que tenha sido um primor, para mostrar bem tudo que foi criado ao redor dos jovens, mas quem sabe se não tivesse banalizado tanto, o filme teria um outro tom mais interessante de acompanhar conforme a outra classificação que é drama.

No quesito atuações, podemos dizer que os atores ao menos incorporaram bem seus personagens, não que isso vá dizer algo sobre o filme ser bom ou não, mas pelo menos a tentativa é válida, principalmente por a maioria estar fazendo sua estreia em frente das câmeras. Luiz Vaz tem o desejo no filme de ser uma drag queen e isso é algo que não precisaria nem estar vestido para parecer, pois faz gênero totalmente descambado que nem a tentativa dos pais de tirar o "capiroto" do corpo dele daria certo com um exorcismo, alguns momentos são bem engraçados, já outros acabam forçados demais. Mauricio Evanns fez o jovem tímido num nível acima da média que se não vivesse colado de Vaz poderia ser considerado mais um nerd antissocial do que um homossexual, somente após sua revelação que acaba literalmente saindo do armário, mas não é das melhores atuações que já vimos. André Bankoff, mesmo sendo veterano na TV, estreia no cinema com um papel onde poderia ter dado mais de si, pois suas atuações com os rapazes até convence de sua atitude, mas seus momentos com a sogra e com a esposa são dificílimos de suportar. Marcelo Airoldi é o mais conhecido do elenco e até quase nos convence ter um francês decente, mas quem assistiu tantos filmes do Festival Francês vai morrer engasgado com algumas pronúncias, e seu personagem até tem bons momentos no filme, mas peca por exagerar nos trejeitos forçados. Titi Müller talvez pudesse ser o grande mérito do filme por reportar diversos momentos que causam furor de agressões homofóbicas, mas acabou fazendo um tipo tão fora do padrão, além de quase o filme todo estar sempre de perfil, que acaba sendo tão adolescente quanto os jovens do filme. E para finalizar nesse quesito é preciso falar do exagero que foi colocar a drag Silvetty Montilla como a sogra de Roger, seus momentos são divertidíssimos, mas até onde caberia colocar ela como uma mulher? Acho que nessa escolha desistiram completamente de fazer um filme sério.

A preparação das casas para cenografia do filme são interessantes e mostram que tirando o grande executivo que possui um apartamento todo decorado e bem ambientado, os demais são de famílias bem humildes e tudo isso foi retratado sem necessitar de uma palavra ou legenda, apenas vendo os elementos cênicos usados nas casas e até mesmo o local por onde andam. A parada gay foi retratada rapidamente mostrando cenas que são exibidas e reexibidas todos anos na TV, não explorando em momento algum qualquer cena que mostre algo mais efetivo dos atores por lá, sem ser por material exibido fora do filme. A fotografia não utilizou de nenhum recurso de filtro ou iluminação diferenciada, principalmente por manter o estilo cômico em evidência usou apenas das cores tradicionais que o figurino e a arte definiu e seguiu padrão total.

Um ponto interessante do longa está na remixagem de "Noite Preta" que coube bem para o momento do personagem, mas as demais canções inseridas acabaram soando falsas para os demais personagens, ficando estranhas e não refletindo a personalidade que poderia mostrar através delas.

Enfim, um filme que poderia ser completamente diferente mas que preferiu ficar dentro de um padrão bobo da comédia nacional, e com isso apenas diverti quem for ver o filme com olhos para as situações engraçadas que o filme proporciona, nesse quesito o diretor acerta por ganhar um público maior do que o que talvez atingiria se fosse mais voltado pra causa social que tentou defender. Não digo que posso recomendar ele, mas como digo sempre, se o filme está classificado como comédia e fez rir, já valeu meio caminho andado. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha semana cinematográfica que foi até bem grande, mas na quinta já estarei de volta na ativa para um dos blockbusters mais esperado do ano, então abraços e até lá.


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Praia do Futuro

5/18/2014 10:57:00 PM |

Quando um filme nacional estreia tão falado de rodar festivais, ter grandes comentários, alguns burburinhos por cenas de nudez, e tudo mais, já é mais do que suficiente para que eu vá assistir o filme com os dois pés atrás, e foi assim que fui hoje pronto para ver mais um longa confuso de Karim Aïnouz, já que seus dois últimos filmes não me agradaram muito. Mas o que vi hoje foi algo mais bem trabalhado, não feito apenas para pensar e funcionando mais como um filme dramático mesmo, onde até fazer em 3 capítulos funcionou bem, e para quem estava com receios de ver um filme homossexual no cinema, basta ir de cabeça aberta que as cenas entre os protagonistas nem incomodam tanto, pois o foco aqui está mais em querer mostrar os opostos e que todos possuímos algum medo, mesmo que não o revelamos nem sob tortura, e o final do filme, que o diretor finalmente imprimiu sua opinião, diz tudo de uma forma muito bonita.

O longa nos mostra que Donato é salva-vidas na Praia do Futuro, em Fortaleza. Ayrton é um menino que sonha com motos e super-heróis e admira a coragem do irmão mais velho em se jogar nas ondas para salvar desconhecidos. Quando falha pela primeira vez em resgatar uma vida no mar, Donato acaba conhecendo Konrad, um alemão piloto de moto velocidade, amigo do afogado. Donato parte com Konrad para Berlim e desaparece, deixando o irmão mais novo para trás. Anos depois, Ayrton, já adolescente, se aventura em busca de Donato para um acerto de contas com aquele que considerava seu herói.

O diretor soube fazer algo que poderia ser totalmente forçado e que só recairia reclamações sobre o filme, mas optou por trabalhar uma vertente mais psicológica para criar emoção que o caso homossexual se não fosse tão explícito, acabaria nem sendo tão necessário para a trama, embora o envolvimento inicial dos protagonistas seja meio fraco, eles acabam tendo uma convivência até que interessante na segunda e terceira parte do filme. Além disso, as escolhas das tomadas de câmera bem proximais foram um grande trunfo para enfatizar sempre o momento, não importando que o filme se passasse no Ceará, em Berlim, ou onde quer que fosse, a história é mais abrangente e pode ser vivida por qualquer um independente do sexo, o que deu ao filme uma vivência maior para ser trabalhada. Claro que nem tudo são flores, e o diretor em certos momentos abusa do simbolismo e faz o ponto de virada de um relacionamento sempre em boates, gostaria de saber o porquê dessa escolha se algum dia tiver a oportunidade de perguntar em algum evento, e com esses simbolismos somente quem já viu algum filme dele poderá entender, senão vai aparentar apenas uma briga cotidiana de casal sem um fundo qualquer. Mas as cenas dentro do mar já fazem valer inúmeros pontos para as escolhas dos ângulos, refletindo bem o que se passa tanto no começo, quanto nas cenas apenas no barco que dão uma certa comoção sem dizer nada.

Não posso falar que o nível de atuação dos protagonistas é algo sensacional, pois já vi Wagner Moura melhor em diversos outros filmes, e aqui além de demonstrar, mesmo que imparcialmente, o medo que fazia parte da trama, aparentou também estar um pouco inseguro para fazer as cenas mais fortes e com isso fez um papel interessante, mas fraco comparado à toda sua história, ainda que no filme tenha sido bem válida toda atuação que fez. Clemens Schick fez uma boa escola de português para atuar no filme, de forma que somente no início dentro do carro por ser um cenário abafado, ficou um pouco difícil de entender o que diz, mas no restante mandou bem nesse quesito, e além disso sua primeira fase foi excelente em quesito interpretativo com trejeitos bem encaixados que simplesmente sumiram no segundo ato e voltou bem de leve no terceiro, então se tivessem trabalhado um pouco mais o ator, poderia ser uma atuação bem interessante de ser lembrada. Jesuita Barbosa aparece somente no terceiro ato e como sempre acerta a mão na sua interpretação, fazendo seus momentos valerem bem a pen, mostrando todo sentimentalismo de ter sido abandonado pelo irmão/herói e tudo que diz condiz com o que está fazendo. O jovem Savio Ygor Ramos também mandou bem nos seus momentos infantis que agradam pela simplicidade de um roteiro preparado para ele, e seus momentos no primeiro ato junto de Wagner agradam bastante, mesmo sendo poucos. Sophie Charlotte Conrad apareceu mais para brincar com Jesuita, mostrando que ainda é um garoto por dentro, e a atriz mandou bem na diversão e fez seus atos de forma coerente com o momento. De personagens que devam ser lembrados do filme são apenas esses, mas no IMDB e nos créditos apareceram nomes da esposa e filho do Heiko, mas não lembro de ter visto essa cena, portanto imagino que tenha sido cortada mesmo da versão final do filme.

A equipe de arte trabalhou bem para fazer um filme condizente em dois países e ainda convencer com poucos elementos cênicos, optando mais pelos ambientes próprios de cada locação, claro que destacando a praia onde tudo ocorre, o aquário onde o protagonista passa a trabalhar na Alemanha, a oficina de motos muito bem equipada, a boate que parece no segundo ato só ter Wagner dançando e no último ato coube mais gente para Jesuita arrumar uma gringa, e até mesmo os apartamentos mais simples que foram usados conseguiram transmitir bem as sensações de cada momento, sem precisar dizer muitas palavras nem enfeitar muito a cena, ou seja, um trabalho coletivo de dois países que resultou num longa bem elaborado visualmente. O fotógrafo alemão Ali Olay Gözkaya conseguiu imprimir uma marca visual clássica, mas sem ficar batendo nos mesmos ângulos tradicionais que dramas acabam tendo, e com isso usando de cores distintas para cada ato, acertou bastante na maior parte do tempo.

Enfim, é um filme interessante que contém alguns detalhes que poderiam ser melhores para agradar mais, porém é um filme para ver de mente aberta e que com um fechamento correto consegue ligar todos os pontos chaves da trama. Não é um filme que recomendaria para todos, pois muitos não conseguem ter uma visão mais abrangente de como o mundo anda hoje, tanto que logo após a primeira cena de sexo, algumas pessoas já se retiraram da sala, então se você não ligar para isso e gostar de um filme diferente do comum, poderá gostar do que vai ver. Ao menos não precisei jogar todas as pedras que imaginava jogar com o que vinham dizendo da trama, mas esperava ver um Wagner Moura melhor ao menos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta mais uma estreia para conferir nessa semana, então abraços e até breve.


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A Recompensa

5/18/2014 01:45:00 AM |

Se existe uma palavra que vai definir completamente o filme "A Recompensa" é irreverente. Não que quem já tenha assistido diversas comédias de absurdo francesas não esteja acostumado, mas ver um filme inglês com um dos atores mais certinhos que eles possuem, pontuando diálogos gigantes cheios de obscenidades é algo que quem não estiver bem preparado pode se chocar com o que é mostrado em cena, mas com todo o brilhantismo que o ator nos presenteia em suas grandiosas sacadas dialogais e visuais, não tem como não se divertir e torcer para que quem saiba até saia um "Dom Hermingway 2"

O filme nos mostra que após passar 12 anos preso, Dom sai com seu parceiro no crime Dickie para buscar sua recompensa por ter mantido silêncio para proteção do seu chefe, Sr. Fontaine. Depois de uma experiência de quase morte, ele tenta se reconectar com sua filha distante mas logo é atraído de volta para o único mundo que ele conhece: o do crime.

A história em si não é algo tão genial, mas por manter sempre um humor negro no limite do aceitável acaba nos levando a imaginar diversas situações, e são essas situações que acabam deslanchando e divertindo com todo o absurdo que o protagonista acaba fazendo para tentar se dar bem na sua vida após a prisão. As expressões dos espectadores com toda certeza variam do "O que ele tá aprontando?" até "Que loucura ele fez, meu Deus!!". E com isso em mente, o diretor Richard Shepard não se ateve a nada para fazer um filme utilizando de suas habilidades em séries, criando algo bem dinâmico e irreverente onde trabalhou com o ator no máximo do seu potencial para fincar o roteiro que criou em um único tom, o vermelho desesperador, ou seja, aquele que tudo precisa acontecer para mostrar mais e mais confiança no que está fazendo, e assim quem for assistir ao filme pode ir preparado para ver de tudo que se possa imaginar sem deixar de lado claro, o brilhantismo de um roteiro dialogado bem trabalhado.

Temos muitos atores bons no filme, mas Jude Law não deixou brecha para que nenhum outro falasse que o filme não é dele, o ator mudou seu visual certinho, bebeu horrores, botou palavras formais no bolso e cuspiu para fora todo o seu lado negro mais forte para abrilhantar o filme e mostrar que pode fazer qualquer tipo de personagem que lhe oferecerem, e se qualquer premiação olhasse com outros olhos para as comédias não dramáticas, com toda certeza para o próxima ano ele já teria uma vaguinha nos indicados pelo que fez aqui. Richard E. Grant embora esteja sempre ao lado do protagonista nas cenas mais malucas, acaba sendo a pessoa que tenta fazer a linha boa do personagem, mesmo ambos sendo criminosos, agrada bastante seu semblante sempre sério, mas poderiam ter dado um pouco mais de vida ao personagem não necessitando de uma "mãozinha" para chamar atenção pra ele. Demian Bichir segurou bem seu personagem de chefão do crime e com um ar sempre de superior, nas cenas que entra frente a frente com o protagonista não precisou de muito diálogo para mostrar o que a cena pedia, chamando tanto a atenção para si, quanto auxiliando o protagonista para se destacar mais ainda. Dos demais todos aparecem sempre em prol de clamar um texto mais forte do protagonista, de forma que acabam até ficando apagados frente ao público, Jumayn Hunter só sabe falar de um gato, mas acaba tendo cenas engraçadas ao menos. Das mulheres, apenas Emilia Clarke tenta nas poucas cenas chamar atenção por querer dar lição no pai de ter ficado fora de boa parte da sua vida, mas como isso já está tão clichê nos filmes, acabamos nem dando tanta bola pra ela, preferindo ver mais os diálogos bobos de Kerry Condon tentando profetizar sempre um momento salvador para o protagonista.

O visual do longa oscila entre bares e boates londrinas para representar o personagem sempre bêbado, utilizando os elementos típicos para representar, e coloca o maior momento na vila do sul da França onde acontece uma festança completamente insana, onde os elementos saem do controle para dar ligação à todo restante do filme, uma obra muito bem desenvolvida pela equipe de arte que abusou de cenografias bizarras sem ter medo de errar, já que o filme permitiu tudo. Outro detalhe da direção de arte juntamente da equipe de fotografia foi abusar de elementos vermelhos, que por onde quer que olhemos, há um objeto, um batom, uma parede ou no mínimo uma luz avermelhada para pesar no clima de loucura. Com isso em mente a fotografia até acerta em alguns momentos, mas em outros parece que não tinham outro filtro para usar, chegando até a cansar no exagero.

Enfim, um filme feito para mostrar potencialmente que um ator pode fazer o que quiser quando é instigado, e isso é visível que Jude fez muito mais do que imaginávamos que ele seria capaz. Recomendo o filme com certeza para todos que gostem de humor negro e sacadas geniais em diálogos, pois quem gostar de comédias mais bobinhas é capaz de sair não tão feliz com o que verá na tela. Bem é isso pessoal, encerro aqui a minha opinião desse filme, mas ainda faltam mais duas estreias para conferir nos cinemas do interior, então abraços e até mais tarde.


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Godzilla em 3D

5/17/2014 03:07:00 AM |

Existem alguns estilos de filmes que temos de ir para o cinema preparados para uma sessão pipoca, ou seja, ir sabendo que o que verá é nada mais do que muitos efeitos, onde podemos nos divertir com o que tentam nos mostrar ou ir com várias pedras para tacar, pois com certeza veremos inúmeros defeitos seja na história ou seja em qualquer coisa. Pois bem, o novo filme do "Godzilla" é um exemplo claro de que quem for disposto a curtir a tonelada de efeitos gráficos incrustrados numa tentativa de construir uma história familiar por trás de uma cidade sendo destruída por uma briga de monstrões estranhos, irá sair da sessão bem feliz com o que viu, enquanto quem for pra tacar pedra vai sair com muita dor no braço porque dá para reclamar de tudo. Como não sou adepto de filmes apenas de efeitos, e esses prefiro nem me ater a muitos detalhes senão irei reclamar de tudo, fui preparado para me divertir com o que fosse apresentado, e olha que acabei bem mais feliz do que imaginaria com um filme recheado de efeitos bem colocados e uma história até interessante quanto à natureza dos bichões que não lembro de ter sido colocada nos filmes anteriores do grande bichão

O filme nos mostra que Joe Brody nunca aceitou o fato de ter perdido sua esposa em um acidente na usina nuclear em que ambos trabalham no Japão. Quinze anos depois do ocorrido, ele continua remoendo a história, tentando encontrar alguma explicação. Ford Brody, seu filho, agora adulto, é soldado do exército americano e precisa lutar para salvar a população mundial e, principalmente sua família, do assustador Godzilla.

A história em si pode nem ser algo muito agradável e a execução dela pode parecer extremamente estranha ao tentar compreender os motivos não tão bem explicados de onde vem os bichões, ou como algo pode ser daquela forma, e principalmente a explicação meio inexplicável para o porquê de o rei dos monstros resolver fazer o que faz ao final do filme. Pois bem, sem dar spoilers, por esses motivos que citei acima que estamos vendo espalhadas na internet diversas críticas falando mal do filme, mas como disse no início, se você for ao cinema preparado para ver algo totalmente absurdo vai rir de algumas cenas, vai torcer pros bichões destruírem mais e mais prédios, e como disse um amigo crítico, mesmo não sendo tão favorável por um filme com muitos efeitos, vai acabar torcendo para ter mais cenas até com os bichões. Mas infelizmente não temos diretores tão corajosos hoje em Hollywood, então caímos numa história onde tentam colocar um pano familiar lotado de problemas no passado e que agora por honra a família, que não é japonesa mas tem que manter um legado de honras no melhor estilo samurai, e claro, como os americanos são os lixeiros do planeta Terra por guardarem todo tipo de quinquilharia que acham, guardaram também um bichão e por esse motivo bichões precisam também ter encontros românticos (uma das cenas mais românticas que já vi no cinema nos últimos tempos #momentoironia), assim sendo pra onde vai rolar todo o quebra-quebra do filme, São Francisco, aí então é fazer a festa com prédios caindo, pessoas em prédios de vidro vendo tudo quebrar, e os vidros que são de aço temperado inoxidável ficam perfeitinhos. Melhor eu parar de falar de tudo de errado que já estou jogando pedras demais, então vamos pra parte divertida que devido o diretor Gareth Edwards ter em mãos um orçamento bem gordo, ele não economizou uma moedinha sequer em efeitos visuais, então faça a festa mesmo, com toda a destruição proporcionada e assim sendo esqueça qualquer outra coisa que tentaram empurrar.

Para tentar não atirar mais algumas pedras poderia falar apenas das atuações dos bichões, mas aí cairia em questões computacionais, para falar de seus movimentos desengonçados para tudo, então vamos falar um pouquinho de cada "protagonista" do filme. Aaron Taylor-Johnson, nosso tradicional Kick-Ass, vem provar que não é apenas no Brasil que fazem bebês com pouca idade, pois de garotinho no início do filme, passados 15 anos, já possui um filho de 5 anos, e por seu papel teoricamente ser bem limitado, afinal como propriamente diz em um diálogo com seu pai, desarmador de bombas tem pouco serviço, seus trejeitos ficam resumidos a algumas dores corporais por encontrões e claro a brilhante ideia de acabar com os filhinhos dos bichões de um modo que com toda certeza clichê-master haveria de ter no mesmo lugar algo para fazer o que fez. Ken Watanabe com seu semblante sempre preocupado com o bem do ecossistema de bichões já até vejo em uma continuação estudando a genética dos bichos que morreram e tentando recriar a vida alienígena se é que aquilo vem de algum outro lugar, poderia ter feito expressões mais diferenciadas. Esperava bem mais de Bryan Cranston já que todo mundo fala tão bem de suas séries, mas aqui ficou oscilando entre o louco desesperado traumatizado que precisa resolver algo, e o empregado que acha que pode salvar uma usina com as próprias mãos, não trabalhando o rosto nem para seu momento mais sentimental logo no início do filme. Juliette Binoche, nossa querida atriz francesa morre tão rápido que não deram nem tempo de mostrar o tanto que é boa atriz pra Hollywood, isso me cheira a complô entre EUA vs França. Elizabeth Olsen embora apareça pouco é a que mais conseguiu transmitir seus sentimentos reais dentro do filme, fazendo caras de espanto, dor, tristeza, alegria, safadeza e até mesmo desespero quando vê que o bichão vai cair em cima de todos, o que apenas não me convenceu foi que como toneladas caem em cima de uma estação de metrô e todos sobrevivem, mas aí já é um problema técnico do roteiro. Dos demais todos possuem participações bem rápidas que praticamente nem chegam a marcar seus rostos na tela.

Visualmente o filme ficou até interessante, mesmo sendo praticamente todo feito em computação gráfica, e como já repeti diversas vezes, a destruição ficou bem legal, e já podem guardar os modelos para os próximos "Transformers", "Power Rangers" e tudo mais que envolvam coisas grandiosas destruindo uma cidade, e além disso os diversos elementos cênicos foram encaixados na trama para ao menos tentarem lembrar de algo, por exemplo disquetes, bonequinho de brinquedo, fotos e relatórios, que até poderiam ter uma importância maior na trama, mas o que importava mesmo era a destruição, então foco nisso que foi o que funcionou no longa. A fotografia usou muito de tons escuros puxados sempre pro vermelho e ficou até bem interessante o visual que acabou sendo reforçado dentro da questão gráfica, mas poderiam ter colocado algumas cenas mais tom abaixo para não precisar trabalhar tanto numa única cor. Quanto do 3D, que foi convertido apenas e não filmado como deveria para agradar mais, é usado em pouquíssimas cenas e se não fosse pelas cenas finais que envolvem com as brigas dos bichões, poderíamos dizer que daria até para ficar sem óculos, pois a profundidade é quase nula, chegando até embaçar alguns momentos mesmo com o óculos na cara.

Enfim, é um filme agradável para assistir sem esperar nada muito além de explosões e efeitos computacionais, portanto quem estiver afim de ver isso, pode ir para o cinema sem pensar em nada, agora se estiver querendo ver algo bem interpretado, com uma história envolvente, fique em casa ou escolha outro filme, pois a decepção vai ser do tamanho do monstro. Me diverti bastante com o que vi, e por ser um filme bem produzido, agradou muito esse Coelho. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda nessa semana temos várias outras estreias para conferir, então abraços e até breve.


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Sob a Pele

5/16/2014 01:14:00 AM |

Sinceramente, existem alguns filmes que saio do cinema me perguntando até que ponto um ator deve ir para fazer filmes que não podem ser levados a sério pelos espectadores que vão assistir. No filme "Sob a Pele", o diretor não quis nos dar explicação de praticamente nada, deixando que você que for assistir ache o que quiser achar dele, não importando erotismo colocado, imagens sem sentido algum ou até mesmo personagens que não dizem uma palavra e pode ser que tenham qualquer importância para o longa, ou seja, um filme totalmente aberto, lentíssimo que você terá de ter muita paciência para não dormir na sessão e que sairá da sala concluindo no máximo o que eu achei, que a raça dela precisa de peles para continuar fazendo seus crimes na Terra e captura os seres vivos através da sedução quando ela resolve achar que não é mais um alien, acaba perdendo sua essência e por aí vai. Não posso afirmar em momento algum que isso é exatamente o que o filme quis passar, mas ao menos não serei como o diretor, e quem quiser saber, está aí aonde foi a minha imaginação sobre.

A sinopse do filme tenta nos mostrar que um alienígena chega à Terra e começa a percorrer estradas desertas e paisagens vazias em busca de presas humanas. Sua principal arma é sua sexualidade voraz... Mas ao longo do processo, ela descobre uma inesperada porção de humanidade em si mesma.

O diretor Jonathan Glazer é conhecido por fazer filmes estranhos, só que ninguém, ou melhor a maior parte das mentes masculinas, se lembra disso quando vê um par de pernas nuas de Scarlett Johansson, daí você lê meio texto rapidinho para não ler spoilers e vê algo que diz que ela aparece completamente nua, pronto, não precisa saber de mais nada para ir ao cinema e nem olhar o preço do ingresso, daí passa os primeiros 10 minutos mais estranhos possíveis com imagens escuras, planetas brilhando, luzes estranhas num céu, e já começamos a nos perguntar por que raios estamos assistindo aquilo, aí aparece a atriz num plano meio distante e as coisas melhoram um pouco e já voltamos a lembrar porque fomos ao cinema, mas a partir daí começam a acontecer os encontros bizarros da protagonista, com pasmem, homens comuns que nunca atuaram e por consequência não possuem nomes no filme, então não espere atuações boas, mas sim momentos que cada um vive, a maioria nu, perseguindo a moça por um chão pantanoso estranho, que acontecem algumas coisas mais estranhas ainda. Não posso falar que os ângulos escolhidos pelo diretor para fazer seus planos são feios, muito pelo contrário, até temos algumas nuances artísticas bem interessantes, mas como tudo puxa para o terror trash sem sentido, o filme acaba indo literalmente para a tradução literal da palavra trash.

Não tenho nem como falar de atuações num filme onde não dá para saber quem é quem, afinal conhecemos apenas Scarlett, e como todos sabemos é de uma beleza muito alta, e quem anda reclamando que ela não tem o corpo malhado, não sabe o que é beleza feminina, mas esse não é o problema, o que fico me perguntando diversas vezes sendo uma atriz que está tão bem nos blockbusters, porquê recair num filme artístico estranho? Não tem lógica alguma, pois os blockbusters com certeza pagam mais, e se ela não fosse tão boa, posso falar sem dúvida alguma que depois desse filme não entraria em nenhum outro filme na carreira, pois o que foi colocado para ela fazer aqui é aparecimento desnecessário gratuito, mesmo dando seu máximo para aparentar os melhores trejeitos ao tentar mostrar uma humanidade nas suas últimas cenas. Quanto aos demais homens, mostrar eles em posição de sentido não é problema algum, afinal estão frente a um corpo escultural e que lhe seduziu, mas foi abusar demais pegar o rapaz de rosto deformado, para apenas mostrar que seu rosto é feio, mas que a alienígena não tem preconceitos.

O visual do longa embora estranho em certos momentos, possui uma forma artística interessante, com a van cheia de barulhinhos estranhos, as motos potentes, a floresta de mudanças, e até mesmo a casa antiga com seu pântano maluco tudo tenta remeter a algo, mas é como disse no Facebook, superficial demais para tirarmos qualquer conclusão do que é mostrado, então temos bons momentos visuais, principalmente algo muito bonito no fechamento, que apenas aparece, olhamos e falamos legal, e mais nada. A fotografia trabalhou com tons escuros para realçar tanto o visual claro da atriz quanto dar clima para os crimes, mas certos momentos abusaram até demais do tom deixando além do que poderia ser satisfatório.

Enfim, é um filme que não tem como recomendar, e falo que só veja se estiver curioso demais para ver a atriz nua, o que se pode conseguir facilmente digitando apenas o nome do filme no Google, pois com toda certeza é jogar dinheiro fora para ver a loucura de um diretor que quis fazer algo artístico, mas por exagerar no trash não ficou nem lá nem cá. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas temos muitas estreias para conferir nessa semana, então abraços e até breve.

PS: Como disse no Facebook, a composição da nota foi a média entre beleza da Scarlett(nota 10), filme(nota 0), atuação de todos(nota 0, desnecessária), cenografia e imagens(nota 6).


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Jogada de Rei

5/14/2014 01:18:00 AM |

O gênero drama hoje está carente de bons roteiristas que fugiram para as séries de TV que pagam bem mais, e com isso a cada dia mais lotam nos cinemas longas baseados em fatos reais que foram adaptados de algum livro escrito ou pelo próprio protagonista ou por alguém próximo que vivenciou o momento que será contado. E em "Jogada de Rei" essa tradição acaba bem desenvolvida por um diretor que sabe conduzir suas tramas para algo mais crível sem necessariamente precisar inventar muita coisa. No filme, o tradicionalismo das camadas sociais periféricas que sofrem muito em diversos países, e não é por que estamos falando dos EUA que seria diferente, onde o crime domina tudo, mas quem tiver coragem e garra para vencer pode conseguir coisas melhores, e aqui o foco do filme se baseia no grande ato do jogo de Xadrez, que é pensar antes de fazer sua grande jogada, seja ela no jogo ou mesmo na vida, e com isso o longa agrada com momentos emocionantes, boas atuações e só peca um pouco em manter o ritmo tradicional do jogo que é lento demais no seu miolo.

O filme nos mostra que Eugene Brown tenta recomeçar a vida após 18 anos na cadeia. Ele consegue um emprego de faxineiro em uma escola pública, onde uma classe de alunos problemáticos acaba de expulsar sua professora. Eugene é encarregado então de tomar conta dos adolescentes. É a chance que ele tem de se redimir dos erros do passado. Para afastá-los do crime, o ex-detento cria um clube de xadrez, ensinando aos jovens a pensar antes de agir, mas a iniciativa não agrada ao mafioso local, que ao ver suas vendas de drogas caírem, decide se vingar de Eugene.

A história do filme em si é bem interessante e empolga por mostrar que uma vez feito algo errado na vida, nas maiorias das vezes, não é possível arrumar esse erro, e que muitas coisas podem acabar atrapalhadas com isso, mas o diretor Jake Goldberger soube trabalhar essa amarração toda em cima de um jogo de estratégia dos mais antigos que traz filosofias interessantes para tanto mostrar as virtudes de saber o que sofreu com algo errado, como também ensinar o próximo a fazer algo de forma correta. E com uma história real em mãos, em parte é até mais fácil fazer um filme, pois não é necessário tanta criatividade para engajar a trama e convencer os espectadores da história, porém aí é que está o grande erro do longa, que ao manter a mesma dinâmica de um jogo, com cada ato acontecendo passo a passo, o meio do filme acaba cansando um pouco, mas nada que diminua o agrado que a história em si, com uma beleza razoavelmente plena, consegue nos motivar como acontece na maioria dos longas esportivos. Alguns fatos também acabaram acontecendo e sendo jogados na trama sem devido fechamento, por exemplo a história do mafioso que até é colocada como ponto alto na sinopse, acaba sendo exibida no meio do filme e depois evapora, ou seja, faltou algumas amarras para que o longa não ficasse somente trabalhado no que o personagem principal acabou construindo e também com algumas câmeras mais rápidas como ocorreram no início e no final do filme agradaria bem mais.

É engraçado ver como alguns atores envelhecem de tal maneira que ao lembrarmos de seus bons papéis ficamos perplexos que podem estar em breve fazendo filmes mais sérios e até não sendo mais os atores que gostamos tanto, por exemplo aqui Cuba Gooding Jr. não tem mais aquela vivacidade característica que tanto fez sucesso no passado, mas começa a demonstrar habilidades mais trabalhadas em seus diálogos para recair bem como um mestre que quer ensinar seus discípulos algo que aprendeu em sua vida, e o mesmo que o personagem principal tenta fazer de bom para a comunidade, vemos o ator ao tentar passar seus bons momentos para os jovens que estão começando agora no filme. Por exemplo, Malcolm M. Mays que inicialmente até não imaginamos que o filme fosse recair para seu personagem e seu jeito mal encarado vai sendo trabalhado não de forma a virar o bonzinho da trama, mas com sutilezas para florescer o ator que o personagem pede e com uma simbologia bem bonita fechar o filme não da forma que muitos até poderiam querer, mas colocando a lição exata no momento exato que o personagem precisava. Kevin Hendricks que aparentava inicialmente ser o protagonista da trama, na sua segunda cena mais trabalhada já é possível saber seu destino, então seu mote é único e o jovem ator estreante trabalhou bem para não fazer suas cenas de maneira tão forçada, poderiam apenas ter trabalhado mais suas expressões sofridas, que ficou parecendo estar mais assustado do que preocupado. LisaGay Hamilton teve seus momentos sutis para aparecer, mas preferiu ser bem coadjuvante na história, o que é uma pena, pois a atriz é muito boa e poderia ter, caso a história quisesse variar para outras vertentes, principalmente dentro da escola, mais dinâmica no miolo com suas interpretações, mas aí já não é nem culpa da atriz e sim do roteiro. Vale destacar também Dennis Haysbert que mesmo aparecendo apenas no começo e no final do longa demonstrou uma seriedade ímpar para seu personagem, agradando por inserir mais um conselho que o filme tanto prezou. Rachae Thomas e Richard T. Jones tentam ter bons momentos, mas são tão mal aproveitados que nem dá para saber se poderiam destacar em alguma cena.

O visual da periferia foi bem retratado colocando os guetos acima de tudo, claro que temos algumas falhas bem graves aqui, por exemplo o QG da máfia parecendo mais um almoxarifado fajuto sendo que eles são o que comandam tudo na parada das drogas ali, e além disso os capangas praticamente dormindo na mesa de jogo não convenceu de forma alguma, ainda bem que essa parte do filme com toda certeza foi a mais eliminada, senão a chance de estragar algo que ficou bom poderia ser grande. Tirando esse detalhe, as cenas de competição e até o clube de xadrez bem simples agradaram por conter os elementos necessários para realçar cada momento e aliado à tudo que a trama pedia temos boas colocações cênicas. A fotografia tentou em alguns momentos dar uma gramatura mais escura na trama, só que sem preconceito algum viram que a maioria dos atores eram negros e não caberia ali usar esse estilo de filtro, e ao jogar para o marrom então o filme aparentou ser mais velho do que realmente é, não que isso atrapalhe muito, mas ficou um pouco atemporal o longa, ao invés de marcar a data correta que a trama ocorreu.

Enfim, o filme está bem longe de ser algo ruim, muito pelo contrário agrada e emociona em muitas cenas, mas poderiam ter se apegado mais a alguns detalhes para fazer algo perfeito. É um filme que tradicionalmente cairia bem nas sessões da tarde, por não conter nem nada muito forte e ainda dar algumas lições para o pessoal que gosta de ver um filme que trabalhe isso. Por estar nas mãos de uma distribuidora bem pequena, o filme com certeza passará bem rapidamente por diversas cidades, então recomendo que quem gostar do estilo e quiser ver o filme corra, pois ao exemplo daqui já irá sumir com apenas 1 semana de exibição e é um filme bacana de ser visto, então corram. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, mas já postei os horários da próxima semana no Facebook do blog e teremos muitos filmes para conferir, então aguardem vários posts por aqui, abraços e até Quinta então.


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