Uma Viagem Extraordinária em 3D

4/12/2014 07:30:00 PM |

Me divirto vendo como o cinema francês é capaz de criar filmes mágicos colocando elementos que muitas vezes nem precisariam estar na tela para que a história acabasse condizente, e isso funciona bem demais, fazendo nossos olhos brilharem com o que é mostrado, e principalmente nos envolvendo nas histórias contadas. Com "Uma Viagem Extraordinária", o diretor Jean-Pierre Jeunet retoma toda a maravilha lúdica, mas não menos pesada que nos agradou tanto em "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain", nos colocando agora um jovenzinho muito simpático para nos emocionar com sua sabedoria.

O filme nos mostra que T.S. Spivet, vive num rancho isolado de Montana. Garoto superdotado e apaixonado por ciência, ele inventou a máquina de movimento perpétuo, o que o fez receber um prêmio muito prestigioso. Sem dizer nada à família, ele parte, sozinho, para buscar sua recompensa e atravessa os EUA num trem de mercadorias. Mas ninguém imagina que o feliz premiado só tem dez anos e carrega um segredo tão pesado...

O roteiro que é baseado no livro de Reif Larsen foi adaptado brilhantemente pelo diretor Jean-Pierre Jeunet, colocando uma história que poderia ser mostrada de forma bem pesada, e há momentos em que até nos chocamos com o que é mostrado, mas ele fantasia de tal maneira que tudo fica muito gostoso de assistir, e o jovem garoto assim como em no outro filme de renome do diretor dá um show a parte com a interpretação do seu texto. Trabalhando com ângulos bonitos e uma fotografia bem interessante, os momentos que o diretor coloca algo para voar pra fora da tela, vem justamente para explicitar pensamentos e isso agrada muito visualmente, encantando como mágica os pensamentos dos personagens, e cativando mais em cada cena.

O filme conta com um elenco bem conhecido das telonas, mesmo fora do cinema francês, mas quem mais chama atenção é o estreante em longas e protagonista Kyle Catlett, que encanta sendo um gênio falante, claro que não posso ser preciso quanto a interpretação das falas dos protagonistas, pois com medo dos vários problemas que estão ocorrendo com o Festival aqui na cidade encarei o longa na versão dublada pra já garantir, e talvez depois reveja legendado, então vou levar em conta mais o gestual, e nesse quesito o jovem garoto demonstra uma habilidade corporal que impressiona, fazendo sentimentalismo com dor no momento em que machuca, sempre atento às câmeras e sendo mais que um gênio-garoto, mas sim um garoto que brinca, faz suas criancices e ainda é gênio. Helena Bonham Carter é exótica até em filmes que não aparece lotada de maquiagens, aqui sendo uma bióloga mexe com bichos mais estranhos possíveis, mesmo tendo os afazeres domésticos e do campo, além de estar sempre quebrando eletrodomésticos, sua figura em si já é carismática, mas o que faz ao final no programa de TV é genial. Judy Davis é bem divertida nos seus momentos e agrada tanto pela loucura que seu personagem passa ao final, quanto pelos momentos mais emocionais. Callum Keith Rennie faz um pai, vaqueiro tradicional que agrada bem pela postura e chama atenção em dar preferência por um dos filhos, e suas atitudes são bem divertidas de acompanhar. E Niahm Wilson que é divertida com seus momentos comuns de menina dentro da família de pessoas diferentes acaba nos divertindo com seus chiliques. Podemos ainda destacar a singela ajuda das pessoas que T.S. encontra pelo caminho em sua viagem, onde todos foram sempre interessantes e bem colocados para ajudar ou não, o protagonista em sua missão, destacando entre eles principalmente Dominique Pinon e Julian Richings.

O visual da trama é magnífico desde a cenografia do próprio rancho onde vive a família até o roteiro de trem que atravessa meio EUA, mostrando a beleza do campo vista pelos olhos de um garotinho, sempre acompanhado de diversos elementos cênicos que surgem sempre para retratar algo em que o jovem está pensando, e esses elementos são maravilhosos, servindo para tudo no filme, nos deixando abismados com a riqueza que pequenos detalhes podem fazer a diferença em um filme. A fotografia foi bem utilizada com nuances coloridas e sempre puxando pro tom amarelado dando a característica do interior do país e acabou agradando bastante nesse sentido, ajudando a dar um tom bonito para o filme. O 3D foi feito especialmente para quem gosta de cenas saltando da tela, não é no longa inteiro que está presente a tecnologia, mas quando aparece vem com tudo bem ressaltado para agradar quem pagou mais caro para ver um filme, e está sendo usado com função dramática ao menos.

Enfim, um filme maravilhoso, com um mote interessantíssimo, excelentes atuações numa brilhante aventura, ou seja, o diretor nos faz sonhar novamente junto com um protagonista infantil, então já ficamos na espera de qual será seu novo filme do estilo para nos emocionar. Com toda certeza recomendo o filme para todos, tentarei ver na terça legendado para falar mais sobre as atuações aqui mesmo nos comentários, mas caso não consiga, por algum motivo técnico, pelo menos já pude conferir mais uma maravilha do cinema francês que ficará em minha memória. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já que os demais filmes que passariam no Festival Varilux de Cinema Francês hoje acabaram cancelados sendo exibidos os mesmos dos demais dias, então volto amanhã se resolverem conseguir colocar mais filmes na programação do projetor. Abraços e até breve pessoal.



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