Um Belo Domingo

4/13/2014 07:35:00 PM |

É interessante ver como algumas pessoas conseguem abstrair a forma que nasceram para tentar viver de uma forma diferente da pensada pela própria família. E em "Um Belo Domingo", o filme pode até ser classificado como comédia, mas toda a dramaticidade que o longa passa pelas histórias difíceis que cada um dos três protagonistas protagonizam é de parar pra pensar em cada uma individualmente e refletir se as escolhas que fizeram foram as melhores para suas vidas e porquê não dizer se a conexão final funciona?

O filme nos mostra que Baptiste é professor no sul da França. Na véspera de um fim de semana, contra sua vontade, ele herda Mathias, um dos seus alunos esquecido na saída da escola por um pai negligente. Mathias leva Baptiste até sua mãe, Sandra. Em um dia os três se apaixonam. Mas Sandra tem que ir embora, fugir de uma ameaça por causa de uma dívida. Para ajudá-la Baptiste deverá voltar às origens da sua vida, ao que ele tem de mais doloroso.

A história em si é bem interessante, mas o começo chocante nos deixa um pouco assustado com a forma, parecendo que a ideia da diretora era mostrar os abusos que alguns miseráveis sofrem da polícia, mas logo na sequência acabamos vendo um longa completamente diferente, e de uma forma suave passamos a conhecer o professor substituto Baptiste, pelo menos é o que achamos que iremos conhecê-lo, mas bem mais pra frente é que sua real ideologia é descoberta e vamos saber o porquê de sua opção pela abstração de dinheiro, em contraponto conhecemos o garotinho Mathias que tem um pai riquíssimo mas que não dá bola nenhuma para ele, e pra fechar o triângulo de dificuldades que nos é apresentado aparece sua mãe Sandra que deve muito para pessoas ruins e deseja começar ou não uma nova vida. Pois bem, pode parecer um triângulo difícil de acompanhar, mas todas as situações são apresentadas tranquilamente para nós e acabamos gostando bastante do que irá ser mostrado, acabamos entendendo a moral que querem nos passar do dinheiro não ser a coisa mais importante na vida, e com sequências bem interessantes e bonitas a diretora acaba nos agradando visualmente de forma a história passar bem rápida por nós.

Embora seja um longa com uma carga dramática forte, o elenco não assume tantos riscos na atuação, levando tudo de forma bem leve nas expressões. Pierre Rochefort faz um personagem tão fechado nas interpretações que se o longa não nos mostrasse exatamente tudo de sua vida nos diálogos, assistiríamos o filme inteiro sem saber quem ele é, de onde veio e tudo mais, claro que possui muitos bons momentos, mas poderia ter assumido a responsabilidade do longa pra si e ter feito bem mais. Louise Bourgoin assim como a mãe de Baptiste diz é bonita, mas sem conteúdo, e tenta agradar com alguns trejeitos, mas tirando dois momentos fortes, não nos faz torcer por ela, então faltou atitude na atuação. Mathias Brezot iniciou bem seus trabalhos no cinema, conseguindo chamar a atenção pra si em alguns momentos, mas sua cara de cachorro triste que caiu da mudança é exagerada demais, de forma que até nos momentos alegres está emburrado. Dominique Sanda vale ser citada como destaque, mesmo sendo parte apenas nos momentos finais do filme, dando boas lições em seus diálogos bem pausados e com uma atuação precisa acaba sendo o melhor do filme.

Os locais escolhidos para a filmagem foram de um primor ímpar e desde o local do restaurante praiano, passando pela casa de Sandra e fechando com chave de ouro a mansão de Liliane, o filme conta com diversos elementos visuais bem bonitos de ver e cada um com sua importância acaba fazendo do filme algo luxuoso nas escolhas pelo menos para simbolizar as escolhas de cada protagonista. A fotografia seguiu uma linha tradicional, mas ao mesmo tempo trabalhou com alguns focos de luz nos closes dos personagens para dar um ar simbólico do momento vivido por cada um.

Enfim, é um filme gostoso de acompanhar, com uma mensagem interessante que apenas pecou na falta de direção dos atores, ou em uma preparação melhor de elenco, pois com certeza se eles não tivessem sido tão vazios, o longa teria uma outra forma bem mais forte e marcante. Porém ainda assim recomendo o filme pela mensagem que passa de que dinheiro não é tudo, e procurem sentar longe de grupo de amigas(os) mesmo que aparentem ser cultos, pois os mesmos podem querer discutir o filme durante a própria execução do mesmo. Fico por aqui agora, mas ainda tenho mais uma crítica do último filme desse domingo no Festival Varilux. Abraços e até daqui a pouco.


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