Toque de Mestre

4/05/2014 06:49:00 PM |

Alguns estilos de filmes costumam ser mais fáceis de produzir, por não necessitar principalmente de muitos efeitos especiais, e o suspense se for bem trabalhado em uma trama acaba de forma genial. O filme "Toque de Mestre" consegue manter uma pressão interessante ao colocar um pianista para tocar desesperadamente sem errar uma nota se quiser viver. Inicialmente a proposta pode parecer muito estranha, mas dando não um spoiler, mas mais uma dica para melhorar o entendimento final da trama, evite ler os nomes dos protagonistas e equipe na abertura e se concentre nas imagens ao fundo por mais estranhas que possam parecer, servirá e muito ao final. Com um ritmo um pouco acelerado demais, até ficamos um pouco tensos com o que é mostrado, mas como música clássica não é algo que deixe tenso o público, mas faça relaxar, a trama acaba sendo até calma demais do que deveria.

O filme nos mostra que antes da apresentação que marca seu retorno, Tom Selznick, um pianista que sofre de medo do palco, descobre um bilhete assustador em suas partituras. A ameaça afirma que ele terá que fazer o melhor concerto de sua vida, sem um único erro, se quiser salvar a si mesmo e também à sua esposa.

O diretor espanhol Eugenio Mira construiu um filme que se parássemos para pensar nunca imaginaria em um concerto existir um pianista com medo de palco, e com a pressão existente ainda por cima fica mais improvável ainda imaginar os motivos que o levaram a isso sem ser as pequenas coisas ditas no início da trama. Acredito que se o diretor quiser trabalhar ele tem essa possibilidade de fazer um prequel que talvez até será melhor que o filme, pois mostrar de onde veio o medo do jovem e como o criador da música teve a ideia mirabolante que marca o filme seria bem intrigante de acompanhar. Mas no momento o que temos para falar são os 90 minutos vistos aqui, que praticamente podemos dizer que ocorre tudo no tempo exato do que está acontecendo, já que a música do concerto está rolando integralmente enquanto tudo vai sendo feito. Com essa harmonia entre trilha sonora e as ameaças, o filme fica sempre oscilando entre momentos calmos e tensão, o que deixa o espectador um pouco confuso e acaba não entrando em desespero no mesmo ritmo do protagonista, então podemos dizer que a trilha orquestrada pela primeira vez não cria a ideia original que foi concebida.

O quesito atuação poderia ser resumido apenas em Elijah Wood já que o longa é centrado nele e nas voz que ouve ditando o que ele deve fazer, e o jovem embora devesse aparentar ser mais velho já que pianistas de renome geralmente são mais velhos, consegue se portar bem no quesito pânico frente a tudo que está para ocorrer e trabalhar sua interpretação num molde bacana visualmente, convencendo de que está fazendo ali em frente a o piano. Tirando as cenas finais John Cusack é praticamente apenas uma voz, mas uma voz com presença total nas cenas, sendo importante para cada ato, impondo o que quer para o protagonista, o ator com certeza trabalhou muito sua entonação para agradar na medida. Alex Winter conseguiu transparecer aquelas assistentes de assassinos que estão dispostos a tudo, e seu porte de segurança caiu bem para o papel, fazendo tudo acontecer. Kerry Bishé tem seu momento glamoroso frente as câmeras quando resolve cantar, mas nos demais momentos faz praticamente em cena o papel de artista, posando para fotos, acenando, e por aí vai, então podemos dizer que foi quase um enfeite do filme sendo motivo de desespero apenas para o protagonista. Os demais atores possuem pouquíssimos momentos de marcação, mas agradam em tentar não atrapalhar a cena, fazendo seus trejeitos de forma consistente e agradando até mesmo nas pequenas piadas, não sendo necessário destacar nenhum, mas apenas falando que agradaram no que fizeram.

O visual da trama é todo centrado no teatro onde ocorre o concerto, passando pelos camarins, corredores, coxias e palco onde o foco da câmera se mantém precisa, então como elementos cênicos a equipe de arte praticamente não precisou se preocupar com quase nada, salvo algumas partituras com mensagens, um celular para ser utilizado e o tablet ganho logo no começo do filme servindo para algo, então tirando a exímia montagem do concerto com instrumentos e figurinos alinhados, não conseguimos observar nada demais nesse quesito. A fotografia foi inteligente em usar as luzes mais densas do palco para auxiliar no suspense dando nuances mais claras nos momentos aflitos do protagonista e trabalhando sempre com as cores branca e vermelha no palco.

A trilha como disse ficou dentro completamente da orquestra e agrada bastante dentro do contexto do filme, mas por ser algo bonito de se ouvir, não tivemos grandes sacadas sonoras que sempre agradam dentro de um suspense mais meticuloso. O ritmo do longa é frenético, tanto que a duração passa despercebida, e com isso o filme acaba agradando bastante.

Enfim, é um filme bacana de acompanhar, mas que foge bastante das coisas tradicionais do gênero suspense. Acaba sendo intrigante pelos fatos isolados de ocorrer num palco e tudo mais que já citei, mas seria mais interessante o longa terminar de outra forma, talvez uns 5 minutos antes que seria algo brilhante, mesmo que mais sombrio. No geral recomendo ele para quem gosta do estilo e curte também música clássica, pois talvez o exagero de palco assuste algumas pessoas que não estão acostumadas a assistir concertos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã ainda confiro o último longa que apareceu por aqui, mas já vou ficando preparado para a próxima semana que o Festival Varilux promete agitar bastante. Abraços e até amanhã!


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