O Filho de Deus

4/24/2014 12:24:00 AM |

Ano passado quando a série "A Bíblia" fez um sucesso estrondoso em diversos países, não era de se esperar que os produtores para lucrarem um pouco mais fizessem uma versão cinematográfica compactando vários episódios e refilmando algumas partes para ser lançado na melhor época possível nos países católicos que senão a Páscoa, e com isso "O Filho de Deus" acaba nos mostrando de uma forma bem abrangente a história que muitos já ouvimos e vimos de uma forma bem produzida, porém não tão forte como a versão mostrada em 2004. O resultado final é algo bem bonito de acompanhar e emocionante, mas como já sabemos a história quase que de cor e salteado pela quantidade de versões para TV e cinema que o que muda é apenas a parte de produção e atuação de cada um, o que nessa agrada bastante.

Pra quem não conhece a sinopse, o filme nos mostra que vindo de uma pescaria fracassada, Pedro encontra Jesus Cristo, que o convence a segui-lo. Logo Cristo reunirá 12 apóstolos que têm por missão espalhar seus ideais pela Terra. Entretanto, por mais que pregue o amor ao próximo e a compaixão, sua crescente popularidade desperta a ira de pessoas importantes de Jerusalém, que não desejam que o status quo seja alterado. A traição de um de seus apóstolos, Judas, faz com que Cristo seja capturado e levado a julgamento.

A proposta do diretor Christopher Spencer, que dirigiu 3 dos episódios da série, acabou bem trabalhada, pois a versão cinematográfica nos convence bem, mostrando praticamente todos os momentos importantes da vida de Jesus, ainda com direito a outros pequenos trechos durante os créditos. E essa expertise dele conseguiu passar de uma forma bonita e aprovada pela igreja, um longa interessante, pois já vimos casos de séries que acabam indo para o cinema e ficam ou corridas demais, ou mostrando algo completamente fora da essência original, e aqui o que vemos na tela são atores bem pontuados para representar seus papéis dentro de uma cenografia perfeita, em ângulos trabalhados não ficando somente no modelo original, e principalmente, sem chocar o público que irá assistir, o que a diferencia totalmente do filme de 2004 de Mel Gibson, onde era impossível não sair da sala de cinema lavado de sangue.

Um ponto chave de um filme épico funcionar é os atores acreditarem no que estão fazendo, e se depender da atuação de Diogo Morgado, podemos dizer que a missão do longa foi cumprida, pois o ator tem um semblante calmo e bem realista do que muitos podem crer como Jesus foi e sua interpretação é agradável e bem pautada em não cometer erros, o que peca um pouco em alguns momentos que poderiam ser mais impactantes, mas nada que atrapalhe o filme. Darwin Shaw faz um Pedro afobado e que em alguns momentos parece perdido em sua atuação, claro que nos momentos mais precisos, forçou a imagem e trabalhou como deveria, mas poderia ter trabalhado a calma principalmente nas cenas de tumulto. Greg Hicks conseguiu fazer um papel de forma fria e centrada, impressionando pelo semblante representativo, porém algumas cenas suas como são bem curtas poderia ter usado melhor do diálogo para impor mais postura não dependendo apenas do gestual. Joe Wredden possui também boas cenas e soube dosar elas com trejeitos característicos, mas seu momento de traição aparentou falso demais, não ficando explicado motivo nem nada para quem não conheça a história. Adrian Schiller consegue fazer um personagem tão sem sal, que nem que ele fosse um religioso supremo conseguiria chamar pessoas para sua seita, porém sua interpretação do texto está bem enfática e acabamos ficando com raiva de seus atos. Das mulheres todas fazem praticamente a mesma cara de choro e agradam apenas em momentos pontuados, não dando tanto crédito para o que fazem em cena, poderiam ser melhores.

O visual do longa é perfeito, criando um épico com texturas, elementos cênicos e locações fantásticas para impressionar em cada cena por onde o protagonista passa, colocando figurinos bem trabalhados juntamente na ótima escolha. Com esse trabalho de direção de arte na medida, a produção acabou ganhando ares interessantes de ser observados, porém não sei se na série também tivemos o exagero das passagens de tempo sobrevoando a cidade que aparentou ser digital demais, então acaba cansando e ficando um pouco falso a repetição. A fotografia trabalhou um sépia avermelhado na maioria das cenas e estourando o branco em outras para dar um tom mais sereno ao filme e isso acabou sendo um bom acerto na trama.

Outro fator que ficou muito bem colocado é a parte sonora do longa, tanto durante a execução completa do filme com trilhas do mestre Hans Zimmer que sempre sabe pontuar bem uma trama e deixar ela no ritmo coerente juntamente com a emoção certa, quanto nos créditos com a música muito bonita interpretada por Ceelo Green que remete mais o filme para o lado de Maria que acabou não sendo tanto trabalhado no filme em si.

Enfim, como disse é um longa muito bem produzido, mas que chega aos cinemas já com público demarcado, afinal muitos já conhecem a história pela grande quantidade de versões, e outros acabaram vendo a série, então talvez a bilheteria nem chegue a espantar em números. Claro que a história é sempre válida para estar vendo, e por ser algo mais light talvez passe a ser a versão que irá passar sempre nessa época do ano nas TVs, então quem não estiver com disposição de gastar ingresso com o longa nos cinemas é só aguardar que em breve na Páscoa vai passar todo ano. Há, e claro que recomendo ver ele tanto pela qualidade, mas se possível vá em sessões legendadas, afinal vale a pena ver o trabalho de interpretação e entonação correta de cada ator. Fico por aqui encerrando a semana cinematográfica mas amanhã já temos novas estreias pintando por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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