Hoje Eu Quero Voltar Sozinho

4/10/2014 07:33:00 PM |

Fazia tempo que não ia assistir a uma estreia na sua primeira sessão na cidade, e como hoje ocorreram alguns problemas, coincidiu de ir na sessão das 17hs, que por acaso era a primeira, do filme "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho". Até aí tudo bem, nesse horário várias pessoas costumam estar estudando, trabalhando, etc., mas para minha surpresa, principalmente por ser um filme nacional de jovens com a temática total homossexual, ao entrar em cima da hora na sala de 97 lugares haviam apenas as fileiras da frente sem ninguém, ou seja, praticamente lotada a sala. Mas claro, que o grande motivo é que o filme já teve praticamente como seu trailer, uma versão em curta-metragem da história, que acabou fazendo muito sucesso e com isso, a maioria na sala já foi esperando o que ver.

O filme nos mostra que Leonardo é um adolescente cego que, como qualquer adolescente, está em busca de seu lugar. Desejando ser mais independente, precisa lidar com suas limitações e a superproteção de sua mãe. Para decepção de sua inseparável melhor amiga, Giovana, ele planeja libertar-se de seu cotidiano fazendo uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos em Leonardo, fazendo-o redescobrir sua maneira de ver o mundo.

A história é mostrada de forma bem bonita, e quem não a conhecer de antemão, e claro já ter visto diversos filmes românticos dramáticos, pode ficar até esperando algo pior a cada cena que a trilha sonora dá uma elevada no volume, mas sem dar spoiler nenhum, podem assistir com calma que o longa é bem light e diferentemente da ideologia de filmes adolescentes que andaram aparecendo em nossas salas nos últimos anos, esse mesmo não sendo sobre um amor mais tradicionalista, é até mais digerível que com a quantidade de clichés não chega a pesar, demonstrando que o amor pode mudar até as coisas mais difíceis de se imaginar, como a cegueira. O diretor e roteirista Daniel Ribeiro fez um filme que já arrebata as pessoas pré-condicionadas a gostar do filme, e assim sendo você irá sempre assustar com o público diferenciado na sala de cinema, mas se olhar o longa sem nenhum preconceito acabará até gostando bem do que verá, pois ele acaba fluindo por momentos interessantes da adolescência que não foram forçados como uma "Malhação" da vida.

A conexão bacana entre o trio de jovens é impressionante principalmente por ser o primeiro longa deles, e mesmo que tivessem feito seus mesmos papéis no curta, a duração de um filme influencia e muito na atuação de um ator. O jovem Guilherme Lobo acabou perdendo alguns prêmios por alguns jurados de festivais acreditarem que ele era realmente cego, de tamanha perfeição em sua interpretação, e além disso o rapaz manda muito bem no quesito sentimental, demonstrando uma firmeza em seus atos que se for explorado mais pode dizer que terá muito futuro na carreira de ator. Fabio Audi já entra na história com o público da sala gritando e murmurando, ou seja, mesmo quem não souber nada da história será influenciado, mas o jovem se garante em trejeitos simples e bem colocados para agradar em seus momentos, e com isso ganha respeito no que faz. Tess Amorim é engraçadinha e bem encaixada na trama, certamente algumas outras garotas interpretariam o papel de forma diferente, mas sua conexão com os protagonistas é tão envolvente que acabamos gostando muito dela e torcendo para que dê certo o que faz.

A direção de arte trabalhou bem para criar os cenários da casa, casa da vó, escola, piscina, festa e acampamento e sem abusar de nada que fosse muito caricato para o momento, acabou agradando e muito na simplicidade, pois poderiam ter forçado elementos mais chamativos para criar situações, mas os jovens se garantem com o que tem para mostrar e com isso só a ambientação já faz valer. A fotografia trabalhou alguns momentos bem interessantes, por exemplo no sonho colocar o distorcer de imagens aparecendo aos poucos e em momentos mais duros também colocar o fundo mais forte de cor do que onde o protagonista está, tentando criar uma conexão visual inexistente para o jovem, mas que todos ao redor podem perceber, e com isso sair também do tradicional.

As trilhas sonoras escolhidas caíram bem para retratar o filme, envolvendo muita música clássica, já que o personagem principal gosta do estilo, e músicas mais instigantes de momento. O único porém é o que falei de errarem no exagero do volume nas cenas de bicicleta, parecendo a todo momento que os jovens serão atropelados e criarão um filme triste a partir dali.

Enfim, é um filme muito bem feito, simples na medida, que tem seu público facilmente definido entre os corações moles que gostam de um romancinho e a galera que curte a temática homossexual, pois tirando esses dois grupos, quem quiser ver precisará de muita paciência para ir no cinema acompanhar com todas as gritarias que esse público costuma fazer, claro que estou generalizando, mas uma grande maioria. Recomendo o filme com essas ressalvas e fico por aqui agora, mas agora irei conferir alguns filmes do Festival Varilux, então abraços e até mais pessoal.

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