Rio 2 em 3D

3/29/2014 08:27:00 PM |

É interessante ver que a moda das animações musicais estão voltando com tudo, afinal foi uma época boa e gostosa de acompanhar na minha infância. Além disso, quando vemos que um diretor brasileiro que fez sucesso lá fora e resolve, claro que com algumas perspectivas econômicas na cabeça, fazer um longa para valorizar as belezas naturais do nosso país juntamente com uma história que pode conscientizar que estão acabando com nossa floresta, e principalmente manter a diversão gostosa de uma animação com todo sentido, lotado de referências tanto nos diálogos quanto nas músicas, o que podemos falar? Somente recomendar que assistam "Rio 2" e se divirtam muito com o que é apresentado, afinal é um longa que somente entrando no bom clima musical e na lotação de cores exibidas, será possível ter a experiência do que é, e lendo apenas muitos apenas poderão se confundir com todo tipo de opinião que foram ditas do longa, variando de críticos que adoraram o que viram até os que odiaram muito, felizmente estou no primeiro grupo, então vamos lá falar mais sobre tudo que foi mostrado.

O filme nos mostra que Blu vive feliz no Rio de Janeiro ao lado da companheira Jade e seus três filhotes, Carla, Bia e Tiago. Seus donos, Linda e Túlio, estão agora na floresta amazônica, fazendo novas pesquisas. Por acaso eles encontram a pena de uma ararinha azul, o que pode significar que Blu e sua família não sejam os últimos da espécie. Após vê-los em uma reportagem na TV, Jade insiste para que eles partam para a Amazônia. Blu inicialmente reluta, mas acaba aceitando a ideia. Assim, toda a família parte em uma viagem pelo interior do Brasil rumo à floresta amazônica sem imaginar que, logo ao chegar, encontrarão um velho inimigo: Nigel.

É inegável que muito do que é mostrado no filme é voltado para os gringos que virão para a Copa do Mundo no meio do ano, mas o diretor Carlos Saldanha que sabe bem como fazer uma animação voltada para a família não deixou que apenas isso ficasse no ar e fez um longa muito irreverente cheio de sacadas geniais nas piadas dubladas em nosso idioma, ainda verei legendado durante a semana e voltarei para falar se as sacadas deram certo lá também, mas por enquanto tudo caiu como uma luva dentro do roteiro, agradando demais quem for ver. Outro fator bem interessante é que é provável que os pais acabem gostando bem mais do que os filhos ao assistir o longa cheio de cenas que os pequeninos talvez nem entendam porque estamos rindo tanto, e assim o longa acaba interagindo com todos, tendo cores vibrantes para os pequenos e boas tiradas para os grandes. Algumas pessoas até podem reclamar que o longa não mostrou tanto o visual das cidades por onde as ararinhas passam até chegar na Amazônia, mas não eram o ponto principal então valeu por destacar elementos marcantes de cada lugar e assim chegar rapidamente onde a história se desenvolve, que sem dúvida foi um grande acerto da produção. O roteiro compreendeu diversos momentos também para ressaltar o desmatamento violento que a floresta anda sofrendo, o futebol claro e também os elos familiares para dar boas lições para os pequeninos que forem assistir.

Os personagens continuam bem caricatos e divertidos, assim como foi o primeiro filme. Blu com suas paranoias americanizadas já melhorou um pouco, mas ainda nos diverte com seu modo de vida tradicionalista americano. Jade consegue cada vez mais ser suave e aventureira colocando as boas nuances que o filme necessita. Os filhotes cada um com uma personalidade diferente agrada chamando atenção para as mais tecnológicas, inteligentes e aventureiros, e assim cada criança pode assimilar o que deseja para seu futuro. Nico e Pedro conseguem manter viva a ideologia carnavalesca colocando o feitio de um musical com os animais da selva, e assim divertir e dar mais chances de aparecer novos personagens, além claro de serem os protagonistas de algumas das melhores sacadas, citando apenas as tartarugas e o mosquito da dengue. Nigel arranjou uma nova companheira, a sapinha Gabi, para se vingar das ararinhas e acaba bem musicalizado quase como em uma ópera com dois grandes protagonistas, e agradam bem no que fazem. Outro personagem interessante para o lance musical é Roberto que inicia bem e trabalha seu personagem bem rapidamente junto com Eduardo, pai de Jade, que é o que estou mais curioso para ver na versão de dubladores originais por ser o grande Andy Garcia.

Falar de visual num longa que engloba a floresta amazônica e diversos pássaros é praticamente ser redundante, e a equipe de arte trabalhou detalhes mínimos para que tudo ficasse visualmente perfeito e com um colorido como nunca visto numa animação. Tudo foi bem desenhado para dar nuances realistas dentro da floresta, mas sem tirar o gostinho bom das animações desenhadas, então pra esse detalhe funcionou bem o 3D de profundidade, não tendo tantos elementos saindo da tela, mas que ajudou para dar dimensão aos elementos cênicos bem desenhados, então quem não ligar disso pode conferir o filme em 2D que não deve perder muita coisa. A fotografia trabalhou bem com toda a gama possível de cores, tendo nuances mais claras nos momentos mais densos da trama, e brilhando tudo quando os pássaros se põem a cantar.

E já que o filme recaiu muito para o lado musical, Carlinhos Brow e Sérgio Mendes trabalharam e muito junto de John Powell nas composições originais que divertem, emocionam e encaixam perfeitamente com a trama, acabando que quem não for fã de filme musical deve passar a quilômetros de distância, mas quem gostar sairá feliz demais de ver versões de músicas inimagináveis, apenas para citar uma o remix de canções nacionais pegajosas incorporadas dentro de "I Will Survive" e "Flash Dance" foi impressionante de ver. Além claro dos momentos que não são cantados que contam com boa sonoridade ambiente para ajudar na composição da trama.

Enfim, um filme muito gostoso de assistir que contou com bons dubladores reais, friso isso pois quando colocado atores globais apenas para vender o peixe nem sempre sai algo satisfatório, e com certeza recomendo ver dublado por isso. Claro que verei legendado ainda para ter como comparar como adaptaram as canções e tudo mais, então voltarei pelo menos com um comentário dizendo tudo que achei. O filme é bem dinâmico e passa bem rápido as quase 2 horas de projeção, parecendo até que possui menos tempo de duração. Fica a dica então para levar a criançada para curtir, talvez até você curta mais que eles, um excelente produto feito para enaltecer o nosso país, mesmo que seja apontando alguns problemas. Fico por aqui nessa semana de poucas estreias, talvez confira um documentário de esportes radicais, mas não é garantido, então já deixo meus abraços e até breve pessoal.

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Entre Nós

3/28/2014 12:08:00 AM |

Temos de colocar na cabeça que o cinema nacional lança bons filmes também! Não é somente as comédias novelescas que tendem a aparecer, e felizmente alguns desses acabam caindo no interior. "Entre Nós" é um bom exemplo que também elenco de globais sabem fazer coisas fora das novelas e trabalhar com mais introspecção nos seus personagens colocando a dramaticidade para ser trabalhada num roteiro que até poderia virar algo bobo nas mãos de qualquer diretor, mas nas mãos dos Morelli acabou se tornando um filme intrigante que acaba não escondendo nada do público, mas como somos cúmplices do que aconteceu acabamos querendo ver até onde vai tudo, mas ao final o que acaba sendo demonstrado é mais do que poderia ser óbvio demais, deixando uma mensagem bonita no ar para ser refletida com o ato de Vilhena.

A história do filme nos mostra que isolados numa casa de campo, jovens amigos decidem escrever e enterrar cartas destinadas a eles mesmos, para serem abertas dez anos depois. Porém, após uma tragédia ocorrida naquele mesmo dia, os amigos ficam dez anos sem se ver. Agora, este reencontro irá trazer à tona antigas paixões, novas frustrações e um segredo mal enterrado.

Com o roteiro escrito a duas mãos por pai e filho, Pedro e Paulo Morelli, de "Cidade dos Homens" trabalharam o desenvolvimento de amizades e conflitos que acabam mudando as vidas num período mais longo e podem ser reativados num encontro. Mas a forma desenvolvida colocando cada ator para trabalhar quase que individualmente seus problemas no reencontro, foi uma sacada e tanto de Paulo na direção, que ao mesmo tempo que o ator desenvolvia algo, seu problema parecia maior do que a cumplicidade do fator maior que o público já soube logo de início. E com o decorrer da trama somos trabalhados a acreditar por tudo que já vimos em diversos outros filmes para um final completamente tradicional, seja ele trágico ou mesmo doce, e felizmente o que ocorre é algo simples mas que poucos podem entender da forma que bonita que pode ser interpretada do que realmente importa em uma amizade e quais as regras devem permanecer somente entre o grupo. E com isso o diretor acabou transformando o longa de uma história simples em algo bonito e trabalhado sem muita parafernália e muito menos muita informação. Além disso o trabalho de elenco foi tão bem feito que até alguns que julgamos ser difícil de tirar algo conseguiram se mostrar bem para a trama.

Falando mais sobre o elenco, Caio Blat achou enfim um estilo que cabe nele, e se trabalhar bem pode até ser alguém que vamos lembrar muito mais pra frente, pois segurou todo o desespero de ter algo que ocorreu por sua culpa, junto com muita franqueza para um personagem que o dinheiro subiu para a cabeça, então o que vemos é o ator a todo momento entre a cruz e a espada lutando contra tudo e todos dentro de sua mente. Julio Andrade está tão diferente que quase não reconhecemos o bom ator que está cada dia melhorando e chamando mais a atenção para si, seus momentos são mais fechados com a esposa, mas nem por isso acabam sendo deixados de lado, e o que faz sendo crítico com tudo e todos agrada bastante. Paulo Vilhena fazendo alguém mais dócil é coisa rara de se ver, mas acabou fazendo muito bonito em todos os seus momentos, colocando clareza e desespero frente a tudo que necessitava. Carolina Dieckmann conseguiu não ficar aparecendo tanto em algo e se adequou bem aos momentos que necessitavam ser demonstrados como divergentes de duas pessoas, seus olhares disseram muito mais que seus textos e isso é ótimo de ver num filme. Martha Nowill é a que menos parece ter evoluído com o passar do tempo e sua interpretação na cena mais forte acabou temperamental demais, e poderia ter sido trabalhada mais forte na emoção do que na expressão, claro que essa expressividade acabou marcando seus atos e chama atenção, mas esperava mais dela nos últimos atos. Maria Ribeiro é aquela atriz que oscila o humor em quase 2 horas de projeção umas 10 vezes e com essa explosão de diversos elos interpretativos acabamos até confusos de onde o personagem pode chegar, talvez se a vontade única da personagem engravidar não fosse tão forte, poderiam ter trabalhado o lance dos remédios que ganharia uma nova vertente pra trama somente usando um personagem. Lee Taylor aparece pouco, mas nos seus momentos fortes trabalhou tão bem que deu um show de interpretação quase ganhando o papel de protagonista do filme mesmo com 20 minutos no máximo de atuação.

Embora tenha sido filmado inteiramente num único lugar, o visual deslumbrante da casa de campo na Serra da Mantiqueira é impressionante, com uma ambientação harmônica de cores verdes com um pôr do sol sempre colorido, onde os elementos usados acabam sendo quase nem tão importantes para a trama, claro tirando as cartas enterradas, mas o ambiente acaba tendo mais vida na trama sendo até boa parte da história. Com cores tão marcantes, a fotografia trabalhou com muito contraluz para realçar detalhes dos personagens nas cenas noturnas, e nas diurnas abusou de reflexos do sol entre as árvores para que a nuance ficasse linda de ser observada.

A equipe musical trabalhou com um mix interessante de trilhas para realçar as cenas mais tensas e dar ritmo nas demais, e alguns momentos nos remetem às trilhas que Hans Zimmer costumava usar para dar suspense nos filmes que trabalhou, dessa forma não poderia ser melhor acompanhar tudo que foi usado, além claro da ótima canção tema.

Enfim, é um excelente filme nacional que infelizmente não chegará nem perto das bilheterias que as porcariadas nacionais conseguem atingir, mas mais uma vez fica claro que temos bons cineastas no país que querem fazer a diferença com filmes mais trabalhados na introspecção e sim podem aparecer por aí, por exemplo nesse caso o longa acabou participando de Festivais Internacionais sendo inclusive nominado à prêmios, então deixo a dica para quem quiser conferir algo diferente, que pode e deve fazer com que ao sair da sala do cinema acabássemos pensando muito nas nossas amizades e como podemos trabalhar elas. Lembro novamente que não é um filme comum, que você sentará na sala escura e ficará feliz rindo de tudo que vê, mas precisamos pensar também um pouco não é mesmo? Fico por aqui hoje, mas amanhã confiro o filme que entrou em cartaz em toneladas de salas e depois falo do que tem de bom nele, então abraços e até mais pessoal.


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S.O.S. Mulheres ao Mar

3/26/2014 11:27:00 PM |

Se você pretende fazer cinema no Brasil e quer ganhar dinheiro com isso já pode ir atrás de algum roteiro de comédia romântica, encaixe alguns atores da Globo e dirija no melhor estilo novelesco que puder, pronto, abra conta em vários bancos pois a conta corrente não irá suportar o tanto de retorno que terá. Com essa receita de bolo manjada, a única certeza que teremos é que vamos ver no mínimo uns 2 longas dessa forma por ano em nossos cinemas, e o do momento se chama "S.O.S. Mulheres ao Mar" que acaba caindo ainda num novo nicho que é o de venda algo para seu público, e no caso são os cruzeiros internacionais lotados de opções de diversão. Não tenha nada contra a fórmula, pois se bem executada ao menos diverte, e mantém o cinema nacional ativo, mas a pergunta que fica no ar e é facilmente respondida é: será que o público brasileiro que vai aos cinemas quer ver isso? Não vou nem perder tempo respondendo, mas a resposta vem rapidamente ao vermos as estatísticas do primeiro final de semana que teve apenas 400 mil brasileiros vendo, rendendo quase 6 milhões de reais, e provavelmente já pagando o que foi gasto. Preciso falar mais algo?

O filme nos mostra que desiludida com o fim de seu casamento, Adriana decide reconquistar o ex-marido Eduardo, embarcando no mesmo cruzeiro onde ele está com a nova namorada, uma estrela de novelas. Adriana leva no navio a irmã, Luiza e a empregada, Dialinda. Essas três mulheres acabam descobrindo caminhos novos e surpreendentes para suas vidas.

A sinopse nem tem muito o que falar mesmo, assim como o filme que pode ser bem resumido por ela. Diferente de seus outros roteiros onde Marcelo Saback acaba ajudando a equipe com piadas mais bem colocadas, aqui junto de Rodrigo Nogueira e Sylvio Gonçalves o máximo que conseguiram foi entregar algo simplório para que Cris D'Amato dirigisse seu terceiro longa e fizesse o público rir bastante, sim o filme consegue ter momentos bem risíveis, mas sem nada que faça dele algo merecedor de ser lembrado, sendo que acabará mais esquecido que qualquer outro que tenha aparecido nos últimos anos. Claro que não é só de momentos de boas piadas que o longa vive, tanto que nos demais chega a beirar a bobeira completa. O fator mostrar um bom roteiro de viagem assim como fez "Meu Passado me Condena" acaba sendo bacana, mas diferente do anterior que mostrou mais opções de tudo que teria num cruzeiro, esse pregou um pouco mais o desenvolvimento das personagens e só não foi por água abaixo devido a Thalita Carauta.

Já que comecei a falar das atrizes, vamos concluir então, Thalita já ganhou o prêmio de melhor humorista no Faustão, não que isso tenha muito valor, mas mostra que a jovem tem talento para esquetes rápidas em seus personagens, e aqui ela brilha e faz o longa ser quase seu puxando todas as boas piadas para os seus momentos em tela. Giovanna Antonelli é uma boa atriz, isso é um fato, e ela consegue dialogar muito bem frente às câmeras dando seu jeito para o personagem que pegar, com isso temos alguns momentos onde sua interpretação é interessante pelas multifacetas, mas há momentos que chegamos a nos irritar com seu jeito também. Fabiula Nascimento é a atriz coringa sempre, pois sempre tenta ser cômica, mas não consegue mostrar muita vivacidade para seus personagens, e quando tenta ser séria demais não agrada também. Reynaldo Gianecchini possui sempre muito carisma em seus personagens, e aqui quase nos convence de que fará uma comédia com final diferenciado, mas infelizmente não rola, porém ele agrada bem. Dos demais é difícil dar destaque para alguém, pois todos não fazem nada que valha destacar, pelo contrário, a maioria é vexame alheio, então é melhor ficar apenas com olhos nas protagonistas.

O visual do MSC Orchestra é bem interessante e se mostra bem estiloso, rico em detalhes que poderiam até ter sido melhor aproveitados, mas conseguiram passar a ideia principal de onde as protagonistas estão e do que pode ser feito no navio bem rapidamente. A fotografia tem alguns momentos oscilativos estranhos e parece que o diretor de fotografia acabou enjoando um pouco com o chacoalhar do barco se perdendo no que desejava fazer, então não se assuste se assim como nas novelas, tivermos alguns momentos de conversa bem iluminados, e na mesma cena a pessoa do outro lado parecer estar dentro de um armário escuro.

Enfim, vá ver o filme somente se você gosta de novelas e quer rir de algo que não vá te acrescentar em nada, claro tirando a vontade de embarcar num cruzeiro bem chique de 16 dias, do contrário guarde dinheiro, pois esse ano promete com muitos outros bons filmes para ver no cinema. Em momento algum estou falando que não ri, então como já falei que componho a nota, dando 5 se a premissa de uma comédia que é fazer rir for cumprida, e nesse caso foi, porém do restante não vale ganhar mais nenhum coelhinho a mais por nada. Bem é isso pessoal, encerro a semana bem no último dia, iria ficar um filme sobrando para a próxima, mas acabou sendo cancelado, por olha a ironia, vir apenas cópia digital em um cinema que ainda mantém projetores originais, é para rirmos mesmo não é? Então fico por aqui, mas amanhã já inicio essa nova semana que será bem curtinha nos cinemas do interior, abraços e até breve pessoal.


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Namoro ou Liberdade

3/26/2014 12:43:00 AM |

É interessante observar a tentativa de alguns diretores em fazer comédias românticas de forma a não ficarem melosas, e principalmente agradar os namorados que acabam indo ver esse estilo junto com as namoradas. Mas aí é que entra o problema, a quem agradar? Colocar exageros machistas em suma completa e ofender as garotas, ou tentar fazer rir com tudo que acontece e amansar com um final tradicional? Pois bem, em "Namoro ou Liberdade" o diretor que produziu um filme onde ele viu que atacar as garotas com toda força não funcionou nem um pouco sendo um fiasco de bilheteria, acabou ficando confuso com tantas incógnitas na sua cabeça e ao mesmo tempo que divertia os jovens que forem assistir, ele tão rapidamente já vinha com algum amansamento romântico, e acabou se perdendo um pouco em qual vertente seguir. Então temos um longa divertido, mas que a todo momento fica preocupado em deslizar no que irá fazer.

O filme nos mostra que Jason e seu melhor amigo Daniel levavam uma vida de festas, farra e muita diversão, sem relacionamentos sérios. Após o divórcio de Mikey juntam-se para ajudá-lo a esquecer a ex-esposa, só que aos poucos cada um deles começa a se envolver com diferentes mulheres que mudam seu jeito de pensar, até chegar ao momento onde deverão escolher entre a liberdade da vida de solteiro ou o compromisso de um namoro.

Não sei se já falei isso alguma vez, mas se não falei cabe bem colocar agora, sou da opinião de que um diretor pode juntar grana e produzir um filme, mas não deixem que um produtor resolva virar diretor, pois somos seres pensantes em dinheiro, ou seja, vamos ficar a todo momento querendo ver onde o filme pode lucrar mais sem que pese algo contra. E o que Tom Gormican tenta aqui é fazer de seu primeiro roteiro que também dirige, é algo vendável e que lote sessões, e consegue, pois escolheu um elenco interessante, menos rebuscado que no filme "Para Maiores" que enfiou dinheiro e pagou todos os seus pecados por um longa péssimo, então temos situações interessantes, mas que ele não sabe atacar para agradar bastante. Antes que muitos me ataquem, o filme cumpre com a proposta básica de uma boa comédia, que é fazer rir, mas o diretor acabou bem perdido, rodando em diversos momentos para achar a forma menos forçada de fazer rir, então temos um filme com boas sacadas, mas que demoram um pouco para serem atiradas. Então pode ser que você se divirta horrores com tudo que é mostrado em cena, irá recomendar para alguém logo que sair da sala, mas em 1 ou 2 semanas irá falar sabe aquele filme do rapaz do "High Scholl Music" que ele é namorador e tal, aquele mesmo, lembra, era bom né, qual o nome mesmo?

O trio de protagonistas soube encaixar as piadas na medida certa para divertir, e aliado aos momentos bem divididos, todos eles acabam trabalhando em prol de um longa interessante, como disse se tivesse tido algum diretor, ou até mesmo um roteirista com mais coragem, o longa seria outro com um resultado muito mais satisfatório. Zac Efron mostra que cresceu muito desde que resolveu abandonar a família Disney e encarar filmes mais sérios, e tem trabalhado bem para apagar seus momentos ruins, pelo menos carisma o jovem tem e domina bem a interpretação dos personagens que lhe são entregues, dando motivos para que acompanhemos o que faça no filme. Miles Teller decolou seu humor em "Projeto X" e vem ganhando uma comédia atrás da outra para interpretar e agradar com seu estilo, talvez se a trama tivesse se desenvolvido mais para o seu lado era capaz de ser muito mais divertido do que já foi, mas como disse talvez pesasse para que garotas não gostassem do filme e queimassem ele. Michael B. Jordan trabalhou firme em tentar manter piadas mais sérias, mas não conseguiu entrar no mesmo clima jovial dos outros dois integrantes da trupe, e com isso ele é o que mais destoa da trama, embora seja o motivo de tudo acontecer. Imogen Poots está em todas esse ano, e deve estar com síndrome de Nicolas Cage, mas seu semblante sempre cabe bem nas histórias e a jovem tem uma expressividade interessante que consegue encaixar nos personagens que pega, e aqui não foi diferente, conseguindo manter a trama envolta em si nas cenas que aparece. As demais moças são praticamente enfeites na trama, e aparecem apenas para criar algum momento específico, então nem vale muito destacar elas, tirando alguns diálogos de Mackenzie Davis faz para introduzir o amigo para outras moças.

O visual da trama é bem descolado, e mesmo não tendo exagero de elementos cênicos para trabalharem, conseguiram representar bem os ambientes por onde passa a trama. Vale destacar claro os apartamentos que como característica marcante devem ter sido baseados nas diversas séries de amigos que já vimos rolarem antigamente. A fotografia usou de adereços tradicionais da comédia, sempre puxando um tom abaixo da iluminação para caracterizar romance leve, então em momento algum temos nem cenas com brilho demais, nem escuras demais, e até mesmo a primeira e última cena do filme não dá a nuance que precisaria para determinar o romance.

Enfim, é uma comédia bacaninha que faz rir, longe de ser qualquer coisa genial, mas também bem afastada de ser um lixo. Vale para descontrair e rir de algumas cenas, mas nas demais apenas passa bem batido. Recomendo apenas para quem gosta de séries cômicas leves que fazem rir sem precisar pensar em nada e como disse, garanto que em pouco tempo será mais um filme que nem lembraremos de ter passado nos cinemas. Fico por aqui agora, mas nessa semana ainda temos muito o que ver, então abraços e até breve com mais posts por aqui.


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O Grande Herói

3/25/2014 12:17:00 AM |

O que acho interessante no estilo filmes de guerra é que ou você terá um filme fortíssimo que vai te prender o tempo inteiro mesmo sabendo o final, ou vai ser um desastre completo ao tentar explicar muita coisa e não convencer ninguém. Aí é que entra o charme de "O Grande Heróis", pois dessa vez a culpa nem é do nome nacional em dar spoiler, mas sim do americano "Lone Survivor" e quando já somos informados que é baseado em fatos reais já iremos trabalhar com o fato que o filme será retratado sobre a perspectiva de alguém, e com toda essa teia montada é só aproveitar das excelentes cenas de ação numa floresta completamente lotada de talibãs sedentos por sangue contra apenas 4 soldados dispostos a mandar todos eles pelos ares.

O filme conta a incrível história de quatro soldados da Marinha em uma missão para neutralizar uma operação do alto escalão da Al-Qaeda, mas que sofrem uma emboscada nas montanhas do Afeganistão. Frente a uma decisão moral difícil, o grupo fica isolado, sem socorro e cercado por um forte grupo Talibã, tendo que encontrar uma reserva de energia e resiliência que os faça resistir.

O interessante do filme está em nos manter sempre prontos pra tiros que vem de todo lado e mais ainda no interessante fechamento, o qual felizmente nos é mostrado ao final também pertencer a história real, pois muitos poderiam falar que teria sido mais falso e inventado possível o que ocorre, mas como durante os créditos nos é mostrado fotos originais do personagem em que a história se baseou, tudo que foi mostrado é complementado e se torna mais crível do que já havia agradado. Com isso o diretor Peter Berg se consolida como um bom adaptador de histórias, pois pegou o livro de Marcus e o tornou uma história agradável e bem colocada de se acompanhar em 2 horas de projeção com muita emoção em tudo que é mostrado e sofrido pelos personagens.

As atuações são tão bem encaixadas que quase somos convencidos que os atores foram realmente pra guerra para saber como se portar frente a tantos disparos pra cima deles, e com isso todo o treinamento interessante que nos é mostrado no início do filme nos deixa a par de como os soldados se sentem preparados pra ir realmente pra cima sempre. Mark Wahlberg entra no clima com um semblante forte e marcado e convence muito bem como um soldado desesperado em tudo que faz, agradando na medida certa sem ser exagerado em momento algum nas cenas principais e quando se torna o destaque final da trama soube linkar com os novos protagonistas uma conexão maravilhosa. Taylor Kitsch quase foi linchado em seus últimos filmes por ser teoricamente acusado como responsável por estragar alguns dos filmes que poderiam ser um sucesso, mas aqui vem com a crista mais baixa e encaixa bem como um coadjuvante pronto para agradar e fazer das cenas que deve aparecer memoráveis, e funciona. Ben Foster mudou tanto seu visual para o filme que está quase irreconhecível e agrada ao conseguir sobreviver com tantos tiros por tanto tempo e sua interpretação melhora a cada bala que lhe perfura, sabendo manter a dramaticidade no topo. Emile Hirsch também agrada em diversos momentos, mas seu personagem é o quarto homem então acabamos apenas vendo ele ficar sempre pra trás dos demais inclusive nas interpretações. Destacar alguém além do quarteto é difícil, mas no momento mais non-sense possível temos uma dança estranha de Alexander Ludwig e vale a pena alguns bons momentos nervosos de empenho de Ali Suliman e os olhos clementes por aprender tudo de Nicholas Patel.

Tem algumas pessoas que falam que filmar guerra em selva é moleza, basta algumas árvores e sair correndo pra tudo quanto é lado, e se olharmos toda a perspectiva de ângulos que o diretor soube trabalhar, veremos que precisou ser bem escolhido os pontos chaves para que os protagonistas pulassem e se machucassem muito, de forma a ficarmos realmente com muita dó dos dublês, que pelo menos ganharam como melhores dublês no SAG. Além disso, o figurino e as armas estão muito bem colocadas para encaixar tanto nos soldados quanto nos talibãs de forma a termos sempre elementos visuais encaixando com o que é dito no palavreado. A fotografia foi encontrada na medida para que os momentos de melhor iluminação solar sempre dessem nuances belas tanto no céu quanto de fundo para o reflexos que ocorriam na terra, então com toda certeza o filme deve ter demorado a filmar para sempre encontrar essas cores.

Ficar sem falar da questão sonora do filme é quase que criminoso, afinal foram as duas categorias que o longa concorreu ao Oscar, e tudo é demasiadamente palpável no quesito som, ouvimos os barulhos das folhas, dos galhos quebrando, de tiros vindo de todas direções possíveis e junto disso as vozes dos protagonistas no meio disso sem que dominassem, ou seja, cabendo no contexto, pois alguns filmes realçam as vozes dos protagonistas e esquecem desses elementos que tanto são importantes, e aqui foram na medida e ganharam ao menos algumas indicações nesse quesito. Além claro da belíssima trilha escolhida para finalizar as homenagens aos personagens reais da história nos créditos.

Enfim, um filme emocionante e comovente, que poderia é difícil não falar que é perfeito, mas não sei se é porque sou tão fraco que não consigo me comover que uma pessoa leva tanto tiro, inclusive na cabeça e não morre na mesma hora, cai, bate a cabeça, o corpo e tudo mais e continua correndo, então por esses motivos o longa não ganhará a nota máxima, mas ainda assim garanto que é um excelente filme que vale a pena ser conferido, e tirando quem não pode ver excessivas cenas de sangue em close, recomendo a todos o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas hoje confiro mais um longa e posto o que achei dele aqui, então abraços e até breve.


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Ninfomaníaca - Volume 2

3/22/2014 02:25:00 AM |

É interessante ver como o público já acostumou com a palhaçada de filmes divididos em mais de uma parte que demora meses para ser lançado, sendo que foi tudo filmado junto. Quando falei na semana passada que "Ninfomaníaca - Volume 2" já estrearia, muitos assustaram falando: "Nossa nem vi o primeiro filme, já tem em DVD?", mas acho o correto, pois se já está gravado, editado e tudo mais, para que ficar esperando 1 ano para que o público até esqueça o que aconteceu anteriormente. E a grande sacada, ou não já que na ideologia do diretor o longa era um só, da distribuidora foi que o filme necessita ser visto como obra única, então quanto menos esperar tempo melhor, pois nenhuma parte sobrevive sozinha, sendo apresentado tudo no primeiro volume e fechado no segundo. Mas aí entra um grande problema, pois como obra toda, o filme acaba sendo interessante, digerível, enquanto que quem for novamente esperando algo mais forte pelo trailer que passa logo que acaba o primeiro filme, com certeza novamente sairá da sala bem decepcionado com o que verá nessa parte 2, já que as metáforas e associações que tanto foram interessantíssimas no primeiro filme, começam a cansar, já que os protagonistas estão cansados afinal contar uma vida inteira numa noite é bem cansativo.

É meio difícil colocar uma sinopse para o volume 2, já que é continuação direta do primeiro filme, que você pode ler o que escrevi aqui: http://www.coelhonocinema.com.br/2014/01/ninfomaniaca-volume-1.html então não irei repetir o texto apenas frisando que não é possível assistir esse sem ver o primeiro, mas diferente de vários colegas críticos, como foi dividido, irei analisar somente essa segunda parte sozinha.

Como disse no início do texto, a segunda parte caracteriza tão fortemente o cansaço dos protagonistas que já estão há horas conversando sobre as aventuras sexuais de Joe, e colocando conotações em tudo, aqui ainda continuamos da mesma forma, mas sem o mesmo brilhantismo inicial e com personagens menos contundentes para a trama. Claro que o que estamos assistindo é 80% somente do filme original, já que foi tesourado 1 hora do total real de 5 horas que o filme editado ficou, então os momentos que poderiam causar qualquer burburinho foram todos por água abaixo, não que não seja mostrado partes íntimas e sexo, mas se no primeiro já foi bem pouco, aqui quase evapora, tendo apenas como cenas mais fortes os momentos com K. Lars amarra bem sua história, e quem tiver a oportunidade de assistir o primeiro junto com o segundo em seguida, é capaz de gostar bem mais do que verá, mas se passar muito tempo, o risco é talvez da decepção tomar conta devido à expectativa que o trailer que passa ao final do primeiro causa.

Os personagens novos inseridos são bem interpretados e acabam sendo até mais interessante vê-los do que a protagonista que agora fica quase 100% em Charlotte Gainsbourg, pois ela como uma boa narradora de fatos é interessante, mas suas expressões sexuais soam tão falsas quanto as dublês de corpo foram pra ela no filme, acredito que seria mais fácil colocar a jovem Stacy Martin envelhecida fazendo as cenas que agradariam mais. Jamie Bell chega a ser até ríspido em sua postura, já deixando claro na fala inicial que não vai ter piedade e muito menos ficar nu em cena, e em momento algum vemos ele sair de seu personagem com uma atuação perfeita. Willem Dafoe também agrada nos seus poucos momentos cabendo a ele algo mais como uma participação especial, mas agrada sempre por fazer as mesmas expressões que sabemos o que quer, não cabendo nunca algum personagem boa pinta para o ator. Mia Goth consegue surpreender em seus momentos, e é notável a quantidade de cenas suas que foram cortadas, pois de repente ela tá de um jeito, logo em seguida está de outro, e se somente com isso conseguiu agradar, talvez com tudo deve ter mostrado algo do mesmo nível que Stacy. Stellan Skarsgård continua como um bom ouvinte colocando apenas algumas pitadas de leve na história, mas seu final vai completamente contrário com o que inicia dizendo logo no começo da segunda parte, então acaba sendo a falha mais grave do longa que faz parecer que ou o diretor quis brincar com o público ou esqueceu que tinha escrito tudo o que foi lançado.

O visual continua bem harmônico e condiz com o ambiente em que a personagem vive, então não espere ver mesmo nas cenas mais bonitinhas, como são as com o bebê, ver um lugar todo limpinho e encantador, afinal sua história não é encantadora. E a equipe de arte se envolveu com minúcias para detalhar cada elemento que passa a ser importante nesse segundo filme continuando da mesma linguagem que vimos no primeiro, afinal repito, o longa é um só, mas que foi dividido por razões comerciais. A fotografia trabalha nas novas cenas em ângulos mais tradicionais, fugindo um pouco do excesso de foco nas partes que o primeiro tentou colocar, mas nem por isso não temos alguns planos bem bonitos, como nas cenas da montanha.

Enfim, a segunda parte foi boa para dar um fechamento, descobrirmos como a protagonista foi parar inicialmente no beco, indo completamente contra tudo que muitos imaginaram, dá boas lições do mundo machista que vivemos, e faz uma finalização estranha, mas tradicional de Lars, que não faz nada comum, então continuou sendo ele mesmo. Repito, que o filme não pode ser visto separadamente, então quem não estiver com a lembrança boa do que viu em janeiro, reveja a primeira parte para a decepção do que verá nesse segundo não ser ainda maior e dormirem nas poltronas confortáveis dos cinemas. Fico por aqui hoje, mas nessa semana ainda temos muitos filmes para conferir, então abraços e até breve pessoal.

PS: Para fechar a nota do primeiro foi 8, com 5 desse, analisando o filme no geral ficamos com 6,5 e arredondando no geral o longa completo vale um 7 já que prometeu demais e acabou passando nos cinemas de menos.


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Minutos Atrás

3/21/2014 01:10:00 AM |

É interessante quando vamos ao cinema sem saber o que esperar de um filme, principalmente quando é algo alternativo do cinema nacional. Com "Minutos Atrás" o diretor nos ludibria a todo momento com o tema sobrevivência, mas na realidade nos coloca frente à passagem de um mundo para o outro que já está morto em cores com uma nuance perfeita da fotografia realçada para cinza que ficamos questionando o porquê falta cor, mas está explícito na forma contada pelos personagens que puxam para o lado cômico algo que poderia ser tenebroso e tenso como a morte. Porém nem tudo são flores, já que o filme tem alguns pequenos deslizes e também por ser alternativo demais talvez não consiga chamar o público para vê-lo.

Alonso e Nildo seguem em uma estrada. A cada passo o tempo passa, nada acontece e eles não sabem onde chegarão. Eles estão em sua carroça, guiada pelo cavalo Ruminante. Correm contra o tempo, em seus últimos dias de vida. Alonso possui o dom das palavras e Nildo se encanta com um universo de possibilidades. Mas assim como as palavras e as ideias o seduzem, também o cansam. Durante o caminho, eles então começam a refletir sobre a vida, os caminhos que escolheram, seus arrependimentos e sonhos interrompidos. Percebem que a saudade que sentiam do passado de nada adiantou para guiar o futuro.

A "estreia", devido ser seu segundo filme, mas o primeiro ainda não ter sido lançado, de Caio Sóh no cinema é bem feita pelo fato de conseguir trabalhar seu roteiro próprio, que já foi uma peça de teatro, em sintonia com a disposição que o trio de atores deram para o texto, pois é inegável que numa atualidade onde os atores nacionais estão mais preparados para ser personagens dirigidos criados pelo roteirista, o que vemos aqui é a criação de personagens pelas mãos dos atores onde tudo vai acontecendo de forma tão interativa que se não estivéssemos vendo o filme numa tela de cinema poderíamos dizer que os atores estão indo na mesma vibe que a plateia de um teatro e a cada ato seu personagem vai crescendo para que chegue a um lugar fechado que o diretor felizmente escolheu para não largar seu filme aberto para conclusões. Um fator que poderia agradar mais seria não ter dividido o filme em atos, pois fica cansativo e chato explicitar o que vai acontecer em cada momento, o longa teria uma fluidez diferente e seria mais perfeito ainda.

Já disse que os atores simplesmente deram o máximo de si para dar uma sintonia ímpar para o longa ser quase uma extensão de um palco, claro que com muito mais dimensão, e isso é o que torna o filme único. Não podemos dizer que os diálogos são brilhantes, pois temos algumas piadas bem tradicionais que já ouvimos diversas vezes, mas a forma de interação que eles às colocam na trama que deixa tudo muito bem encaixado. Vladimir Brichta finalmente caiu num papel na medida para seu estilo de humor, não deixando ele nem fora de foco com piadas inteligentíssimas, nem recai para apelações novelescas, o que acaba agradando demais num papel aberto para as mais variadas possibilidades. Otávio Muller é um ator que me deixa extremamente irritado com papéis sempre iguais, mas finalmente o seu estilo coube num personagem que agrada de um jeito irreverente que acabamos nos sensibilizando por ele e até torcendo por algo bom. Paulo Moska é um músico completamente diferente, que ou você adora o estilo musical ou detesta, e posso confessar que nunca fui muito fã do que fazia, porém hoje suas músicas caíram tão bem para o filme que seu personagem acabou fazendo parte totalmente da trama não apenas pelas ótimas expressões que faz como uma trilha genial para que o longa se destacasse.

O visual do longa é algo que ficamos o tempo todo perguntando como foi feito, pois tudo é cinza, completamente morto, somente destacando alguns elementos em tons de pele e um pano vermelho e isso fica muito bem encaixado para orquestrar os elementos cênicos que acabam sendo mais cenário mesmo do que importantes realmente para algo destacado que os artistas façam. Porém a fotografia de Rodrigo Alayete, que também está estreando em longas, é tão maravilhosa que ultrapassa as barreiras e nos deixa obcecados com os olhos fixos em tudo que ocorre na completa duração do filme.

Outro ponto importantíssimo é a trilha composta por Paulo Moska e André Abujamra que ditam o ritmo com algo que nos faz pensar como pode uma música virar parte completa de um filme, e em momento algum conseguimos pensar nele sem toda a orquestralidade que fez do filme algo particularmente próprio e diferenciado.

Enfim, fui assistir ao longa com 50 pedras no bolso para serem tacadas e voltei pra casa com elas pesando uma tonelada a mais, pois um filme diferente do que estamos acostumados conseguiu ter levar o teatro pra dentro da telona com uma naturalidade impressionante de se ver em filmes nacionais que tentam essa façanha, e só por isso já vale mais do que uma recomendação para ver, aliado então a fotografia e trilha sonora mágica, fica aberto o convite para que onde estiver passando que assistam. Claro que como disse e repito mais uma vez, é um longa diferente dos padrões novelescos tradicionais da comédia nacional, então pode ocorrer de muitos não gostarem de nada também, então se você gosta de uma pegada mais introspectiva dentro do humor a chance de gostar é maior. Bem é isso, começamos bem essa semana que será bem cheia e corrida, então abraços e até breve pessoal.


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Thérèse D.

3/16/2014 08:08:00 PM |

A França é famosa por fazer filmes complicados de o grande público entender, mas quando resolve ir na contramão e colocar filmes bem tranquilos quanto à reviravoltas costuma decepcionar por amarrar uma linearidade exagerada às tramas, e com isso o filme acaba ficando morno demais. Um exemplo claro é a última obra do diretor Claude Miller, "Thérèse D." que mesmo com um roteiro baseado em uma obra prima francesa, acabou ficando tão monótono que passamos o longa inteiro esperando algo acontecer para sairmos da sala com a certeza de não ter visto nada demais em nossa ideia inicial do filme.

O filme nos mostra que em uma época onde os casamentos eram feitos para unir as terras e aliar as famílias, Thérèse casa-se muito cedo e torna-se a senhora Desqueyroux. Mas essa jovem mulher inquieta, não cede às convenções da sociedade de sua época e para se libertar do destino que lhe foi imposto, ela será capaz de tudo.

A história poderia ter sido apimentada se utilizado todas as nuances de pensamentos que a protagonista tem para uso no filme, mas preferiram utilizar apenas 2 a 3 momentos e focar mais nas leituras das cartas que apenas oprimiram a personagem, fazendo dela praticamente um objeto cênico com movimentos e assim o roteiro que era considerado uma obra prima do escritor premiado François Mauriac foi ficando cansativo e sem nada acontecendo para dar um ânimo ao filme já começamos a torcer para que algo inesperado surja na finalização, mas o diretor deixou o final, embora coerente com a trama, mais aberto ainda para nenhuma conclusão que o espectador poderia querer ver.

A atuação de Audrey Tautou sempre nos convence de seus personagens e ela conseguiu junto da equipe de maquiagem trabalhar bem sua agonia frente a situação que viveu praticamente convivendo em matrimônio forçado, mas tudo que faz é meramente pensamentos e ideologias, então a atriz não demonstra nem 1% da capacidade que tem. Gilles Lellouche faz um marido bem tradicional da época e consegue nos motivar a torcer para que tudo que a protagonista faz funcione o mais rápido possível, poderia ter trabalhado mais o sentido afetivo das cenas finais para que ficássemos talvez mais intrigados com o que é mostrado, mas não conseguimos imaginar a força do seu amor por ela e assim sendo ele acaba da mesma forma que surgiu na história, apenas sendo alguém no filme. Anais Demoustier começa com gás total na trama, aparentando existir até um certo romance entre as amigas, mas vai sumindo tanto de cena que se não fosse sua última tradicional cena quase esquecemos do seu personagem e da importância que poderia ter para a trama se fosse contada de forma diferente, não consegui observar se isso pode ter sido problema da direção de eliminação da personagem ou se o roteiro realmente desandou com ela. Stanley Weber é outro que teria um enorme potencial na trama, mas nem coadjuvante podemos classificar ele, pois adentra a história de uma maneira tão rápida quanto a sua saída de cena. |Dos demais não temos muitas cenas que valha a pena destacar de cada um, mas ver Catherine Arditi fazendo a tradicional sogra que conhecemos nas cenas finais é algo bem cômico de se ver.

O visual de época da trama é bem interessante e remete aos casarões provincianos da França tradicionalista dos anos 20, e a equipe de arte trabalhou com detalhes nos objetos usados, na forma de vestir e posturas comportamentais dos personagens que conseguiram mostrar precisamente tudo, mas como a trama gira de forma adversa, tudo acaba servindo de elemento cênico tão rapidamente que nem dá para chegarmos a enaltecer tudo que é colocado visualmente na tela. A fotografia soube segurar bem a iluminação de velas e o fogo como elemento marcante, mas poderiam ter trabalhado mais com a cor laranja ao invés do marrom claro que daria mais contraste.

Enfim, é um filme que teria potencial para discutir muito o matrimônio arranjado e questões familiares, mas abandonou tudo para seguir uma linha mais intimista, e com isso acabou se perdendo e cansando o espectador. Recomendo apenas para quem quiser ouvir um idioma francês falado mais pausadamente que dá para tentar entender as palavras, diferente dos filmes mais atuais, e somente pra isso, pois como filme é algo que ficou bem mediano de acompanhar com as altas expectativas de acontecer algo e acabar sem acontecer. O longa permanece em cartaz no Cine Belas Artes até o dia 19, então quem quiser ver fica o convite. Encerro aqui essa semana cinematográfica que começou mais cedo e agora será assim sempre às quintas-feiras e então estarei de volta com novos filmes na próxima quinta-feira. Então bom resto de semana para quem não viu todos os filmes ainda, abraços e até breve pessoal.


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Need For Speed em 3D

3/16/2014 01:34:00 AM |

Se tem um gênero de filme que qualquer produtor gela a alma na hora de comprar os direitos são as adaptações de jogos de videogame, pois os fãs não perdoam qualquer coisa que possa estragar seus bons momentos nele. Porém se teve um filme que podemos olhar detalhes muito presentes da cenografia original do jogo é "Need For Speed", que nos momentos que o longa sai da história criada com os atores e entra pra dentro do carro, e praticamente viramos o piloto, o que vemos ali é exatamente o que víamos no jogo, claro que agora com carrões reais mesmo voando e sendo destruídos, o que fez o orçamento ir nas constelações. A história existente por trás também agrada bastante, e acabamos conhecendo alguns detalhes bem interessantes que no jogo não lembro de existir, mas aqui ficou bem divertido de acompanhar.

O filme gira em torno de Tobey Marshall, um mecânico que compete com carros de alta potência em um circuito não oficial de corridas de rua. Em sua luta para manter a oficina de sua família funcionando, Tobey hesitantemente se associa ao rico e arrogante ex-piloto da NASCAR Dino Brewster. Mas bem quando Tobey está prestes a fechar uma grande venda com a revendedora de automóveis Julia Bonet que poderia salvar sua oficina, uma corrida desastrosa permite que Dino monte uma armadilha e culpe-o por um delito que ele não cometeu, e pelo qual Tobey é enviado a prisão enquanto Dino continua expandindo seus negócios para o oeste. Dois anos depois, Tobey é libertado e empreende uma busca por vingança, mas sabe que a única possibilidade de destruir seu rival, Dino, é derrotando-o na pista de alto risco conhecida como De Leon: a competição mais emblemática do circuito de corridas clandestinas. Contudo, para atingir seu objetivo em tempo, Tobey deverá superar um desafio de alta octanagem e cheio de ação, que incluirá escapar da perseguição de policiais de costa a costa e fazer frente a uma recompensa perigosa que Dino ofereceu por seu carro. Com a ajuda de sua leal equipe e da surpreendentemente engenhosa Julia, Tobey supera obstáculos a cada passo e demonstra que, mesmo no mundo suntuoso dos carros superpotentes, quem sempre perde também pode ganhar.

É interessante observar quando uma história acaba bem encaixada numa trama que aparentemente não teria como ser contada, e os roteiristas criaram algo bem coeso que nos envolve, diverte bastante e aliado a uma produção que com certeza jogou muito os jogos antes de ir pro desenvolvimento não tinha como dar errado. Claro que para realizar todas as façanhas o orçamento foi bem recheado, mas o propósito acabou sendo de um visual ímpar para a trama e creio que dê muito resultado, já que o jogo foi um dos mais jogados durante anos e o boca a boca entre os que jogaram fará com que o público vá conferir o que o diretor Scott Waugh que já foi dublê em mais de 40 filmes e séries não teve medo algum de colocar agora os seus dublês para fazer em seu segundo longa como diretor, e com isso temos explosões, capotamentos, batidas e tudo mais em proporções bem velozes e com carros caríssimos, que como o próprio organizador e locutor da corrida vai falando quantos milhões vão ficando pelo caminho.

As atuações estão num nível bem aceitável e interessante de se acompanhar, afinal a tensão mesmo ocorre no que os carros podem fazer, e esse não nos decepcionam. Claro que Aaron Paul entrou numa onda bem nervosa cheia de trejeitos com seu personagem e consegue ficar bem empolgante na sua busca alucinada por vingança, e com isso tudo sua sensibilidade para fazer algo mais dramático com o personagem acaba ficando por água abaixo. Dominic Cooper mesmo se esforçando não consegue ser alguém que possamos odiar por 2 horas, sentimos no máximo pena de seus atos e torcemos para se dar mal, mas não possui um rosto que clame por isso, então ficou um ator que acaba não combinando com o personagem. O acento no sotaque de Imogen Poots caiu muito bem na trama e sua interpretação foi na medida correta para sua personagem, claro que a trama não iria focar nela, mas agradou bastante em seus momentos. Scott Mescudi é o ponto cômico da trama e consegue fazer grandes momentos frente às câmeras, porém sua cena no meio dos créditos é totalmente desnecessária. Rami Malek faz algumas coisas tão absurdas que ficamos pensando que tipo de insano colocaria algo desse estilo no roteiro e o ator mais maluco vai lá e faz, mas também acabou um pouco apagado no contexto geral do filme. Agora se existe alguém apagado do filme e merece um grande destaque negativo é Dakota Johnson que deve estar até agora se perguntando o porquê de seu agente ter colocado ela no filme, são 3 cenas mudas e praticamente estática, uma cena que fala 3 palavras e uma com 2 frases, ou seja, um enfeite total no filme. E o destaque positivo vai para toda a maestria na locução e preparação de corridas de Michael Keaton que incorporou um personagem muito bacana na trama.

O ponto forte do filme e que com certeza consumiu a maior parte do orçamento foi a direção de arte que não economizou em nada para ter os carros mais perfeitos que o jogo já teve e preparar os cenários com tudo que os fãs pudessem notar que tinha no jogo, inclusive optando por câmeras em planos tradicionalíssimos que víamos no jogo. Com isso, claro que muitos carros podem até não ter sido usados os reais novos, optando sempre pelas carcaças de ferro velho que são dados uns tratos para parecer novinhas e poderem detonar em cena, mas que dá muita dó de ver aqueles carrões indo por água abaixo dá mesmo. A fotografia trabalhou bem com os leds azuis nos carros e com nuances bem posicionadas para não destoar em momento algum com os períodos por onde o filme passa, até tendo um time-lapse bem bacana no miolo. Efeitos especiais de primeira linha também são conferidos, afinal no jogo o que não faltava eram saltos, explosões e trombadas, não deixando nada faltar aqui. Mas se por um lado tudo ficou bom, roubaram bonito ao falar que é um filme 3D, pois tirando alguns momentos que ficamos dentro do carro e temos uma boa perspectiva de profundidade de pista, as demais cenas são praticamente enfeitadas e se não fossem as legendas duplicadas daria até para assistir o filme tranquilamente sem o óculos, ou seja, apenas pagar para nada a mais, então como sempre falo nesses casos, se tiver cópia sem a tecnologia por aí não pense duas vezes.

As trilhas sonoras do longa agradam bastante para dar o ritmo frenético que o diretor queria, não lembro todas que tocavam durante os jogos, mas algumas reconheci que foram aproveitadas. E assim aliado a adrenalina causada pelas corridas, o longa nem parece ter os 131 minutos de duração, o que sempre poderia ocorrer com uma trilha errada.

Enfim, tirando o detalhe do 3D e algumas cenas com erros técnicos, por exemplo retrovisores sumindo em alguns momentos e aparecendo na cena seguinte, o resultado do filme foi bem produtivo, divertido e agradável de acompanhar. Quem sabe agora com esse filme em mente, outros produtores arrisquem a sorte com outras séries de videogame e se acertarem a mão será sempre bem vindo. Recomendo o longa mais para quem gosta de corridas e claro já tenha jogado ao menos uma vez o jogo, pois aí a sensação será bem melhorada, mas quem nunca jogou e gosta de um filme bem dinâmico talvez goste também do que é mostrado. Fico por aqui encerrando as estreias do interior, mas ainda irei conferir um bem atrasado que apareceu no Belas Artes por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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Alemão

3/15/2014 01:03:00 AM |

O gênero de filme favela/marginal é um dos estilos que mais funciona no Brasil desde muito tempo atrás, e com os acontecimentos dos últimos anos, as mentes criativas praticamente ficaram bloqueadas para criação e com muita certeza iremos ver nos próximos anos diversas vertentes do que aconteceu e foi mostrado pelos nossos jornalistas em versões ficcionais, que claro já colocam em letras garrafais ao início de cada filme que embora tenha sido muita pesquisa não se trata nada de fatos reais. Enquanto filmes estrangeiros gostam tanto de baseado em fatos reais, aqui na nossa terra o pessoal prefere ficar escondido atrás dos panos, mas claro sempre tem um motivo né, afinal nos filmes de lá qual o símbolo que mais aparece? A bandeira nacional, e aqui, qual é um dos primeiros símbolos que aparece bem grande? O patrocinador nacional chamado ANCINE! Então embora sempre algum filme nosso seja baseado em algo real, se envolver alguma tramoia governista, irão forçar em letras maiores possíveis que tudo é 100% ficcional, senão o aclamado dinheiro pra fazer um novo filme não vem de jeito algum. Bom já falei até demais da minha opinião sobre algo que o filme "Alemão" não chega bem a explicitar como nosso amado Tropa 2 fez, mas como disse para um amigo no Facebook, embora arrumaram um motivo como bode expiatório para culpar as pacificações, sempre haverá um paninho sujo que ficará caído atrás da geladeira e dificilmente iremos pegar ele para lavar. Ou seja, a pacificação dos morros foi boa para quem? Ou pra que serviu? Será que algum dia iremos enxergar tudo? Com certeza não, afinal quem tem força pra ficar virando a geladeira sempre pra catar o paninho que caiu lá trás e podemos comprar um novo por apenas 1,99. Com tudo isso que disse, embora não seja a protagonista da história, Mariana Nunes consegue dizer algumas frases bem coesas para o tema e com isso ajudar a pincelar que o que é mostrado na abertura do filme pode ter sido a força maior, mas será que foi só ela o motivo?

O filme em suma como obra ficcional nos mostra cinco policiais que estão infiltrados na comunidade do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, com a missão de elaborar o plano de invasão das forças de segurança, que resultará na instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Mas os traficantes descobrem sobre a operação secreta e começam uma busca incessante para eliminá-los. Isolados e sem contato com o mundo exterior, eles precisam encontrar uma maneira de fugir.

Eliminando todo o caráter político que induzi no início do texto, agora vou analisar somente o lado ficcional do filme, já que entendo bem mais de cinema do que de política. E entrando nesse assunto já vou direto de voadora no peito do diretor José Eduardo Belmonte perguntando como ele conseguiu fazer uma obra tão bem trabalhada e não pedir para que todos os críticos do planeta tirassem sua obra anterior de seu currículo? Um dos poucos filmes que desejei dar nota 0 chamado "Billi Pig". Mas posso falar com honra que irei esquecer seu nome daquele filme e a partir de hoje só lembrarei de toda a vertente bem trabalhada de câmeras num espaço minúsculo que conseguiu fazer aqui, deixando ao mesmo tempo um filme sufocante, bem condizente com a realidade e que se o espectador não for como alguns que estavam atrás de mim na sessão, que são movidos apenas a novelas bonitinhas e fizeram o seguinte questionamento: "se fosse pra acabar assim não precisaria fazer o filme", o Brasil estaria repleto de filmes interessantes e talvez, muito talvez, voltando no lado politizado, não estaria na bagunça que está. Claro que os fatos colocados em pauta, foram bem criados pelos roteiristas, mas souberam orquestrar tudo de forma interessante, que mesmo com a tonelada de palavrões que estamos acostumados a ouvir em filmes nacionais do gênero, a linguagem coube perfeitamente para ser usada dentro da utilização normal que se espera.

Quanto das atuações, o drama de sufoco costuma ser bem utilizado para tentar trabalhar mais os personagens que estão ali no pequeno espaço, mas poderiam ter aberto mais algumas histórias de cada um ali, o que talvez até tenha sido feito, mas para caber no formato de tempo escolhido precisou ser limado no final, e com isso não chegamos tanto a nos afeiçoar com cada personagem, e é aí que talvez o longa acabe destoando do que poderia transformar ele de um bom filme para algo excelente. Milhem Cortaz já é figurinha repetida nas tramas nacionais e sempre com um perfil bem explosivo, ele acaba assustando mais do que cativando os olhares pra si, sua atuação sempre é bem trabalhada e consegue dizer muito do personagem, mas ele foi um dos que menos mostrou seus motivos de tudo. Caio Blat em momento algum consegue aparentar ser um policial do estilo que caberia na trama, e mesmo que sua história seja rapidamente pega pelos espectadores, ainda não é convincente o personagem que lhe foi dado. Marcelo Mello Jr. é um dos personagens que poderia dar um ótimo caldo numa história anterior bem mais forte, mas acabará sendo vítima de comentários bem preconceituosos quanto a forma que foi jogado no longa, mas tirando alguns bons momentos mostrados, acabou não tendo tanto destaque. Otávio Muller sempre cai nos seus próprios trejeitos e acho que os diretores nacionais leem os roteiros e já falam esse papel é do Otávio, não que isso seja ruim, mas como já diria Leandro Hassum, a culpa da cagada sempre recai para o gordinho e isso cansa um pouco. Gabriel Braga Nunes tem cenas interessantes e bem doloridas, mas assim como ele diz em uma das suas falas, nem ele mesmo sabe o porquê está ali, e o filme funcionaria bem sem ele, tirando a sua última cena que precisaria ser feita por outro homem. Antônio Fagundes podemos considerar mais como uma participação, afinal tem 3 ou 4 cenas, dentre as quais até mostra ser o bom ator que é, mas qualquer um que fizesse o papel sairia da mesma forma. Cauã Reimond fez algo que infelizmente pontuo muito mal para sua carreira, pois o papel caberia para qualquer um, menos pra ele, pois mesmo o chefão sendo playboy, o ator que é um dos produtores do filme, com certeza se colocou no papel, então vemos um "vilão" do crime que não parece um articulador e sim um mimadinho que acabou sendo eleito rei do tráfico por algum motivo não explicado na trama, e tirando sua cena de tortura, o restante que faz no filme é motivo de risada. Mariana Nunes como disse no início serviu bem de elo para algumas frases bem ditas do roteiro para nos fazer pensar, e com isso acabou agradando ter alguém ali fora dos policiais, mas seus momentos aflitivos poderiam ter sido um pouquinho mais bem trabalhados para deixar as cenas mais tensas. Falei de quase o elenco todo, mas preciso destacar um jovem que foi muito mais o antagonista da história que o próprio Cauã e esse sim fez mérito por parecer o traficante malvado mesmo que conhecemos, e ele é Jefferson Brasil que infelizmente, ou felizmente pra ele ganhar vários papéis sempre, é que fica até marcado como já disse Santoro um estilo de papel para o ator que é, e acaba sendo até preconceituoso demais.

Bom, o filme foi filmado em 17 dias apenas dentro do próprio Complexo do Alemão, ou seja, cenografia perfeita para o filme, já que estão no local real onde tudo aconteceu, apenas tendo o trabalho das câmeras para não mostrar nada de novo que foi criado, como no caso o Teleférico pra turistas passearem pela favela, ou seja, a ironia master que mais uma vez fizeram questão de frisar nos textos finais. E os elementos cênicos usados para detalhar os locais couberam de forma bem interessante para a trama, sempre dando mais foco nas armas que todos tinham e que o local onde ficaram escondidos era um cubículo mal projetado, o que ficou muito bem retratado e agrada bastante para a ideia do longa. Os efeitos de explosão poderiam ser mais bem trabalhados, afinal não acredito que uma arma daquela faça uma explosão tão bonitinha como foi mostrada, e quanto a tiros cenográficos ou o motoboy era um ninja muito bom ou o atirador não sabia brincar mesmo com a metralhadora que tinha em mãos, pois errar tantos tiros assim com o que tinha em mãos ficou um pouco falso demais. A fotografia usou bem da pouca luz ambiente para sufocar mesmo e soube trabalhar as nuances de cada ponto com a iluminação correta para não deixar ninguém brilhante em cena já que estávamos com uma pequenina luz apenas na cena.

As trilhas sonoras escolhidas não poderiam ser outras dentro de funk, rap e hip-hop e todas as letras sempre bem encaixadas para cada momento que necessitava por algo cantado. Enquanto coube nas trilhas orquestradas, um estilo sonoro que envolveu bem cada ato, e me remeteu a vários outros longas interessantes, principalmente envolvendo filmes de máfia, o que pode ou não ter algum sentido para a escolha dentro da trama, ou seja, agrada também bastante.

Enfim, é um filme que o público odiará ou sairá bem contente com o que viu podendo discutir horas sobre tudo, e com isso não espero que veja muitas salas lotadas para ele, pois o trailer já insinua bem o que será mostrado e com isso alguns já irão fugir de ir. Eu recomendo ele principalmente para quem é contra filmes novelescos onde tudo acontece bonitinho, claro que gosto também desse estilo, mas quando um filme tem de tocar na ferida, ele não pode ficar em cima do muro, e aqui o acerto nesse quesito foi muito bem feito. Falei demais hoje, me desculpem pelo texto longo, mas dessa vez o filme me proporcionou diversas reações que precisava colocar no texto, então vejam o filme e voltem aqui para polemizarmos principalmente sem dar spoilers né galera. Fico por aqui agora, mas ainda temos mais uma estreia e um filme artístico bem atrasado para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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12 Anos de Escravidão

3/14/2014 01:35:00 AM |

O período da escravidão foi algo que deixou muitas manchas nos países que existiu, e em alguns podemos até dizer que existem não da forma como foi, mas de maneiras menos monstruosas. Com essa ideia em mente, o que podemos dizer de "12 Anos de Escravidão" é que o diretor não se absteve de detalhar todo o sofrimento do protagonista, muito menos de revelar os abusos que sofriam, transformando o longa em algo bem interessante de assistir, mas de longe não é o melhor filme do ano que fizesse valer o Oscar de Melhor Filme que ganhou, ficando claro que muitos votaram nele como o melhor por culpa de ficarem marcados como preconceituosos por não votar. Em síntese a sensação de assistir ao filme se dá quando ao acabar, as pessoas saem da sala como se tivesse acompanhado um velório, conscientes do que viram, entenderam e mudos por não ter o que falar sobre nada do que aconteceu, apenas com a sensação de saber que sempre foi um ato errado que existiu e que somente depois de muito tempo conseguiram reverter a crueldade que ocorria, afinal como sabemos muitos demoraram anos e anos para acabar ficando livre realmente.

O filme é baseado na inacreditável verdadeira história de um homem que luta por sobrevivência e liberdade. Na época pré-Guerra Civil dos Estados Unidos, Solomon Northup, um homem negro livre do norte de Nova York, é sequestrado e vendido como escravo. Diante da crueldade (personificada por um dono de escravos desumano) e de gentilezas inesperadas, Solomon luta não só para se manter vivo, mas também para manter sua dignidade. No décimo segundo ano de sua odisseia inesquecível, Solomon encontra casualmente com um abolicionista canadense, que muda sua vida para sempre.

A história é tão bem contada que essa sim mereceu o prêmio pela adaptação do roteiro, que é onde optaram por colocar detalhes sutis, mas de uma força de expressão imensa em cada ato e forma de atuar de cada um dos donos de escravos. E juntamente com isso o diretor Steve McQueen conseguiu trabalhar os pontos fortes sem que fizesse um filme de horrores chocante, mas trabalhando com consciência para adequar tudo dentro de um padrão artístico bem favorável com o que a trama necessitava para não ficar nem boba demais apenas com ideologias, nem um mar de sangue desnecessário, afinal todos sabem bem como os escravos sofriam nas mãos de seus donos. Outro ponto muito favorável do diretor é como ele trabalha com o elenco, deixando o protagonista sempre em foco, mas dando abertura de destaque em diversos momentos para cada um dos coadjuvantes aparecer e demonstrar que faz bem, e com isso a trama se desenvolve redondinha tendo pontos brilhantes durante toda a trajetória.

Já que entramos no detalhe dos atores, Chiwetel Ejiofor se põe em destaque aberto para todas as possibilidades de forma crua e pura com expressões bem fortes e marcantes, mas ao mesmo tempo não entra no tão famoso cliché que poderia detonar completamente seus trejeitos, e com isso acabou ganhando muitos pontos nas premiações para ser indicado e deve sair rapidamente da excessiva quantidade de papéis coadjuvantes que já fez para mais alguns protagonistas com certeza. Lupita Nyong'o foi mais uma das grandes sacadas de filmes ao escolher quem deve ser a coadjuvante a concorrer prêmios, pois a atriz em si aparece em poucas cenas, mas sempre quando está em cena, a câmera brilha em cima de sua atuação abrindo o destaque para que a jovem coloque em suma tudo que pode fazer muito bem e agrada com ênfase no seu semblante interpretativo, só é uma pena que no seu segundo filme já tenha sido tão mal aproveitada para já se queimar. Michael Fassbender é icônico nos papéis que lhe desafiam, e aqui ele está num papel fortíssimo que o deixou muito bem em cena, a ponto de que se não tivesse sido o ano de Leto nas premiações, ele seria ganhador facilmente de tudo. Já falamos diversas vezes que Paul Dano tem melhorado consideravelmente a cada filme que faz, e aqui mesmo sendo poucas cenas pegamos um ódio pelo seu personagem que se fosse numa novela brasileira o jovem teria de ficar sem passear pelas ruas com medo de apanhar da população, muito bem encaixado o papel que faz com seus trejeitos. Benedict Cumberbatch é outro nome fantástico que tem nos entregado excelentes atuações e aqui ele ficou num nível muito interessante de dono de escravo coerente mas ao mesmo tempo sendo um dono de escravo, e com isso ao mesmo tempo que talvez ficássemos felizes com o que ele faz, no fundo ainda fica uma pontinha de rancor. Sarah Paulson consegue chamar a atenção para si em alguns bons momentos, e se tivesse mais cenas é capaz até de virar um personagem marcante do filme, pois segura sua face delicada com marcas nervosas bem interessantes nos seus diálogos. E pra finalizar no quesito atuação precisamos destacar o produtor do filme Brad Pitt, que participa de um fechamento bem interessante que se não fosse favorável poderia ser mais um vilão falastrão com sua cara sempre de canalha que infelizmente não passa confiança para ninguém, mas o protagonista confiou.

A trama visual que nos foi entregue é um ponto bem emblemático no longa, pois trabalharam bem nas locações e nos figurinos, mas não evidenciaram tanto em momento algum alguma marca clássica da época, tanto que se não estivesse marcado na sinopse que ocorreu próximo da Guerra Civil e não soubermos através das aulas de História que esse foi um ponto marcante na libertação dos escravos nos Estados Unidos, em momento algum conseguimos denotar pontos chaves visualmente, mas isso não estraga nada, pois tudo é muito bem usado para retratar a sujeira onde vivem os escravos, os maus tratos sofridos por cordas bem rudes, vestidos de panos simples para as escravas que não possuem destaque e roupas exuberantes para os patrões, e por aí vai com os elementos cênicos usados. As locações incorporaram excelentes fazendas bem montadas para retratar bem como os donos de escravos possuíam muitos bens, apesar de mostrar mais no tamanho e menos em detalhes cênicos. A fotografia trabalhou bem com cores fortes e nos momentos mais escuros puxando pro tom avermelhado que contratou bem, quase chamando o público para um debate sangrento mas sem forçar a barra no filme todo, e para aliviar dramaticamente sempre entre uma cena forte e outra mostrando paisagens das fazendas, e em outros momentos jogando o tradicional algodão para contrastar com os escravos.

A trilha sonora de Hans Zimmer mesmo não sendo um de seus melhores trabalhos está lá bem pautada e tocada com minúcia tanto para segurar a trama quanto para emocionar nos momentos mais marcantes e com isso ele clama nossos olhos para o que o diretor quisesse evidenciar no momento exato, ou seja, o de sempre nas suas trilhas maravilhosas.

Enfim, é um filme tocante, forte, muito bem produzido e dirigido à partir de uma história que sozinha fala mais que qualquer filme, mas que caiu nas mãos certas para fazer algo marcante nos cinemas. Como já disse é um excelente longa, mas não acho que foi o melhor do ano para ganhar tantos prêmios e acredito sim que se não tivesse ganhado um prêmio marcante, em questão de tempo nem lembraríamos da existência dele. Bom pelo menos foi uma boa estreia para a primeira quinta-feira de estreias, com uma sala felizmente bem cheia para o horário, e principalmente por ter sido um filme que já foi lançado há algum tempo, ou seja, muitos poderiam ter visto de forma ilegal, mas deixaram para ver nas salas dos cinemas. Fico por aqui agora, mas ainda nessa semana temos mais algumas estreias para conferir e colocar aqui minha opinião, então abraços e até breve pessoal.


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Tinker Bell: Fadas e Piratas em 3D

3/08/2014 09:58:00 PM |

A Disney é famosa tanto pelos filmes que lança para as telonas quanto para os menores que fazem e lançam diretamente na TV em seu canal. Mas alguns desses pequenos acabam tomando forma tão interessante que os executivos viram que teria espaço e público para lançar nos cinemas alguns filmes e um deles foi a série da Tinker Bell que agora está nas telonas com "Tinker Bell: Fadas e Piratas". O mais interessante do filme é que pra quem acompanhou desde o primeiro em 2008, que era totalmente um filme infantilizado, a série foi tomando rumos novos e se adequando a história original de onde a personagem surgiu que foi "Peter Pan", e agora com esse último longa temos a preparação completa para o grande encontro com Peter que deve acontecer no próximo filme, pois nesse já conhecemos tudo que pode ter acontecido antes na Terra do Nunca, inclusive com situações bem bacanas de ver, e claro com todas as demais fadas que já agradaram nos filmes anteriores da série.

O filme nos mostra que quando uma mal compreendida fada, guardiã do pozinho mágico, chamada Zarina, rouba o crucial pozinho mágico azul do Refúgio das Fadas e foge para se unir aos piratas da Skull Rock, Tinker Bell e suas amigas fadas precisam embarcar em uma aventura única para devolver o pozinho ao seu lugar de direito. Contudo, em meio à perseguição a Zarina, o mundo de Tinker vira de cabeça para baixo. Ela e suas amigas descobrem que seus respectivos dons foram trocados e precisam correr contra o tempo para recuperar o pozinho azul e voltar para casa para salvar o Refúgio das Fadas.

A diretora Peggy Holmes trabalhou de forma concisa para agradar tanto os pequenos que se divertem com muita cor e magia, quanto os pais e pessoas mais velhas que forem assistir, pois ao conectar os elementos de Peter Pan, mostrando o início de tudo, acabamos ficando entretidos também com o que mais será apresentado, e assim tudo acaba tomando uma forma interessante e bem agradável de acompanhar. Mesmo quem não tenha visto nenhum filme da série vai conseguir entender bem os dons de cada fada e aprender de onde provém cada um com a nova fada introduzida e assim a diversão está garantida quando todas têm seus dons invertidos. A história é bem trabalhada e longe da infantilidade que tínhamos no início da série, aqui conseguiram manter ao menos um nível para crianças com imaginação, não forçando a barra para que riam apenas de bobices jogadas na tela.

Os personagens todos possuem um carisma bem interessante para atingir cada pessoa, fazendo com que nenhum fique fora de um estilo e divirta a todos na sessão. Vale destacar a nova fada Zarina que com um visual pirata ficou bem bacana e mostra uma personalidade interessante. Os piratas coadjuvantes cada um agradando com sua comicidade e principalmente o jovem James que muitos conhecerão bem nas cenas finais. Outro grande destaque está para o fofo crocodilo que se apaixona pela fada dos animais e que além de bonitinho, o bicho terá futuro dentro da série pela sua alimentação inconveniente. A dublagem nacional é bem interessante e divertida, dando vozes características pra cada personagem, mas confesso que gostaria de ouvir a voz do nosso querido Tom "Loki" Hidleston como pirata.

Filme infantil geralmente preza por muitas cores, e esse não seria diferente, já que tudo brilha, cada personagem tem algo predominante e os cenários são sempre bem trabalhados cheio de elementos cênicos e natureza por toda parte. Vários elementos ainda são encaixados na trama para ligar os detalhes que serão necessários mais pra frente e com isso, acabam sendo colocados muitas vezes em primeiro plano para que observemos bem eles e reconheçamos. O 3D está bem trabalhado na profundidade, ampliando mais ainda os cenários tornando-os bem grandiosos, mas já que temos fadas que voam muito, poderiam ter usado da tecnologia para que elas saíssem mais da tela e jogasse no mínimo pó brilhante para dar uma brincada maior, já que as crianças gostam de pegar as coisas que saem da tela, e aqui brincaram um pouco no início, mas depois apenas acompanharam o filme ficando bem quietinhos, que como já disse é sinônimo de que o filme prendeu a atenção da garotada.

A canção "Who I am" é bem gostosa de ouvir e encaixou perfeitamente na trama, e sua versão nacional cantada pela jovem Mayra Arduini, vocalista da banda College 11 fez um excelente trabalho, deixando sua voz doce encantar ainda mais a música com o tema do filme.

Enfim, é uma animação que com certeza agradará todas as crianças que forem conferir, claro que alguns garotos que não são fãs de muita fantasia talvez fique um pouco enjoado, mas as garotas irão vibrar muito com as conversas de moda e toda interatividade das fadinhas. Mas esse é apenas um detalhe, já que o filme vale bem para todos e recomendo aos pais que levem a garotada pra conferir esse e já se preparar para o próximo que deverá ser bem bacana. Fico por aqui nessa semana de poucas estreias, mas pelo menos ela é mais curta, já que a data de estreia nacional mudou agora para as quintas-feiras, então abraços e até quinta pessoal.


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Walt nos Bastidores de Mary Poppins

3/08/2014 01:17:00 AM |

Certas biografias podem aparecer de forma diferente no cinema, não sendo necessariamente contando a vida completa de uma pessoa, mas sim alguma passagem mais trabalhosa que valha a pena ser contada. Poucos souberam que Walt Disney demorou 20 anos para conseguir os direitos de filmagem de Mary Poppins nos anos 60, e a dificuldade da execução na última tentativa é retratada no filme "Walt nos Bastidores de Mary Poppins" de uma maneira bem leve, descontraída e gostosa de acompanhar, no melhor estilo Disney de construção dos seus filmes. E se um filme de Disney feito pela Disney não poderia ser diferente, ao causar toda uma simbologia mágica interessante para que nos conectemos aos personagens e suas histórias numa montagem bem bonita de se envolver.

O filme nos mostra que durante 20 anos, Walt Disney tentou adquirir os direitos de Mary Poppins da escritora australiana P.L. Travers, que sempre se recusou a vendê-los para que Disney fizesse "um de seus desenhos bobos". Entretanto, a crise financeira faz com que ela tenha que negociar. Desta forma, Travers viaja até os Estados Unidos e passa a trabalhar juntamente com a equipe escolhida por Walt Disney para que Mary Poppins possa chegar às telas. Minuciosa e com muita má vontade, ela começa a encontrar problemas de todo o tipo. Como o contrato lhe dá o direito de cancelar a cessão dos direitos caso não concorde com a adaptação, Disney e sua equipe precisam aceitar seus caprichos para que o filme, enfim, saia do papel.

A história roteirizada por Kelly Marcel e Sue Smith em si é bem leve, mas o diretor John Lee Hancock conseguiu transformar o filme em algo tão bem trabalhado na montagem que da mesma forma que fez "Um Sonho Possível" ser algo tão humano e doce, aqui a amargura da escritora acaba ganhando um tom tão adequado para a trama que mesmo sabendo que o filme foi rodado, acabamos torcendo mesmo para que ela não venda sua história e dificulte a vida de Walt, mas vamos nos agradando com a condução e o fechamento é tão bem feito que agrada demais. Um ponto bem colocado está na direção de atores que faz da trama não ficar somente focada na história que foi desenvolvida, mas sim na personalidade de cada um, seja no passado ou no que está decorrendo.

Quando em um filme a direção de atores se sobressai, o que vemos na tela são os personagens tomarem rumos incríveis nas mãos dos que os interpretam, pois tudo cai bem e vemos a incorporação tomar uma forma encorpada e agradável. Podemos considerar Emma Thompson como a grande esquecida do Oscar desse ano, pois a entrega de características que dá para a protagonista é tão uniforme que em momento algum vemos a atriz em cena, mas uma representação amargurada de uma escritora que vai desenvolvendo e se descobrindo na mesma intensidade que repassa para o espectador tudo que deseja mostrar. Tom Hanks sempre trabalha dando muito aos seus personagens, mas mesmo colocando um Disney interessante na tela, acredito que o grande nome por trás de Mickey e outros personagens seja bem diferente do que foi apresentado, então poderia ter sido feito uma pesquisa mais incorporada de personificação para nos convencer que realmente ali estava Walt Disney. Annie Rose Buckley faz sua estreia usando expressões tão doces e interessantes que ficamos deslumbrados com sua interpretação, quase virando a protagonista integral da história se o foco não fosse a produção do filme. Colin Farrell faz um Sr. Banks incrivelmente trabalhado no álcool e o melhor cheio de diálogos maravilhosos com sua filha, mostrando a tamanha vontade da garota de salvar ele, é outro ator que mereceria ter sido destacado em premiações. Além desses que citei, vários outros se destacam nos devidos momentos, mas são casos à parte que poderiam ser analisados mais numa roda de amigos e não aqui, pois o texto ficaria imenso, mas sem falar de Paul Giamatti que consegue mais uma vez pegar um personagem que tecnicamente seria nada no filme e torná-lo magnífico seria hipocrisia demais já que todas suas cenas são únicas e emblemáticas.

Um ponto interessantíssimo de se pensar é como recriaram alguns locais da Disneylândia antiga, mas como nunca fui lá não posso dizer que ainda tenham conservado os lugares por onde rodaram algumas cenas. E além desse cenário, nos demais escolhidos para rodar o filme, a equipe de arte trabalhou com minúcias nos elementos cênicos para que tudo ficasse perfeitamente cômico para as cenas cômicas e ao mesmo tempo se encaixassem bem para os momentos mais sutis, de forma que o próprio boneco do Mickey parece manter mais de uma expressão de acordo com o momento, posso estar ficando louco, mas reparei nisso. A fotografia manteve tons pasteis bem colocados para o presente e forçou um pouco no sépia avermelhado nas cenas antigas, mas sem apelar muito, porém deixando tudo com ares tenros e gostosos de acompanhar, ou seja uma delícia visual.

A trilha de Thomas Newman pode ser que muitos críticos reclamem de ter utilizado a original do filme "Mary Poppins" e colocado apenas algumas notas a mais, pontuando alguns momentos e em outros deixando a original, mas felizmente isso funcionou muito bem tanto para emocionar como para dar o ritmo correto pra trama, então como diz o velho ditado, "nada se cria tudo se copia", aqui utilizando dele e da consciência ecológica, ele reciclou algo que já era bom e ficou na medida.

Enfim, gostei muito do que vi na tela, até mais do que esperava e tinha ouvido falar. Não é um filme que você vá falar horrores dele durante anos, mas utilizando dos padrões Disney de qualidade de dramas cômicos, tivemos um resultado bem satisfatório de acompanhar e nos emocionar com o que vemos na tela. Recomendo para todos que gostem de ver como funciona geralmente processos criativos junto de autores de obras, para que quando viajarem em pensamentos de querer adaptar algum livro, saibam que a coisa não é tão simples quanto parece, e claro também para quem gosta de um bom drama levinho. Fico por aqui agora, mas ainda falta um último filme nessa semana para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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